Proposta de inclusão de elementos lúdicos nas aulas de iniciação esportiva em natação Propuesta de inclusión de elementos lúdicos en la clases de iniciación deportiva en natación |
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Acadêmico do sétimo período vespertino de Educação Física da Universidade Estadual de Goiás (UEG) Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia (ESEFFEGO) |
Thiago Fernandes de Paula (Brasil) |
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Resumo O presente trabalho tem como objetivo identificar se as atividades lúdicas contribuem para aulas para o ensino da natação através de aulas mais prazerosas e motivantes, que objetiva a formação psicológica, motora e social, tendo como principal meio didático os elementos lúdicos e recreativos, por meio de jogos e brincadeiras. Não desprezando o aprendizado técnico e sim uma parceria entre os dois. Conclui-se a partir desta pesquisa que as aulas de natação com a inserção de elementos lúdicos e recreativos promovem o desenvolvimento psicomotor, a imagem corporal, a alegria e o aperfeiçoamento das funções cognitivas e afetivas do aluno. Unitermos: Natação. Lúdico. Educação Física. Recreação.
Resumen El presente trabajo tiene como objetivo identificar las actividades lúdicas que contribuyen a la enseñanza de la natación con clases más motivantes y placenteras, que tienen como objetivo la formación psicológica, motora y social, utilizando como principal recurso didáctico los elementos recreativos y lúdicos, por medio de juegos. Sin despreciar el aprendizaje de la técnica y realizando una articulación entre los dos. Se concluye que a partir de esta investigación que las cases de natación con la inserción de elementos lúdicos y recreativos promueven el desarrollo psicomotor, la imagen corporal, la alegría y la mejora de las funciones cognitivas y afectivas del alumno. Palabras clave: Natación. Lúdico. Educación Física. Recreación.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O homem locomove-se no meio líquido por ação de braços e pernas, baseando-se em leis físicas para seu melhor aproveitamento na superfície. Seu corpo representa um peso e que necessariamente consumirá força e energia para a sua locomoção.
Este artigo tem como objetivo identificar como a inclusão de elementos lúdicos nas aulas de iniciação esportiva em natação pode contribuir para ativar o processo evolutivo psicomorfológico do aluno, auxiliando o desenvolvimento de sua psicomotricidade e reforçando o início de sua personalidade.
Segundo Cenni (1993, p. 46), a água “É um meio no qual é impossível se fazer menos e deixar acontecer mais, pode-se permitir o ‘fluir’”. O autor compreende o “fluir”, no sentido de desfrutar dos prazeres em meio líquido de forma lúdica, criando um novo sentido para o contato com esse mundo amplo e ambivalente que é a água.
O ato de nadar, de manter-se, locomover-se e submergir dentro d’ água, pode acontecer numa pratica sistemática de natação, onde existem objetivos pedagógicos, que são atingidos conforme o método de ensino (FREIRE, 2008, p.1).
Existem muitas maneiras, formas e lugares para se brincar com a água, o que desperta o interesse e a atração de muitos a experimentá-la, senti-la, vê-la fluir, e desfrutar de suas emoções, fazendo com que o aluno possa sentir prazer em estar na água, sendo assim o meio liquido é um meio agradável, e que ele possa sentir vontade de voltar a estar neste meio, que não é o que ela vive no seu dia a dia, onde o aluno possa despertar vários tipos de reações com relação ao medo da água, ou uma grande curiosidade em saber como desfrutar deste meio.
Por isso cabe ao professor conduzir a criança da melhor forma, para que ela sinta prazer em estar na água.
O papel do lúdico nas aulas de natação
Após observação das aulas de iniciação esportiva em natação do Parque Aquático da Agência Goiânia de Esporte e Lazer em Goiânia, observou-se a presença de aulas extremamente técnicas, faltando a presença de elementos lúdicos e recreativos.
Segundo Tahara & Santiago (2006, p.5), “(...) inúmeros problemas dentro da natação, no que tange à fase de iniciação, ou seja, a adaptação e a forma como o ser humano se relacionam com o meio líquido, dentro de um contexto sistemático pedagógico das diversas escolas de natação.”
Para Correia (2008, p. 15), os exercícios aquáticos dentro de um ensino mecanicista, levam a um seqüencial de movimentos repetido e exaustivos sem levar em conta a afetividade e interação social dos alunos.
A água é um meio, que transmite tanto o prazer como desprazer, o medo, e para que as pessoas possam desfrutar das experiências e prazeres em meio líquido, propomos o lúdico e a água.
A maneira lúdica como se deseja trabalhar, aprendendo através de jogos e brincadeiras, é considerada conforme Oliveira (1985, p. 74), como:
“(...) um recurso metodológico capaz de propiciar uma aprendizagem espontânea e natural. Estimula a crítica, a criatividade, a sociabilização, sendo, portanto, reconhecido como uma das atividades mais significativas – senão a mais significativa – pelo seu conteúdo pedagógico social.”.
Conforme relata Brougére (1995, p.70): “Por meio da brincadeira a criança manipula e se apropria dos códigos sociais da transposição imaginária, manipula valores (o bem e o mal), brinca com o medo e o monstruoso [...]”.
Segundo Farias (1988, p.12), o educador de natação deve ser: “aquele que objetiva a formação do homem biopsicoanatomofisiologicamente, tentando torná-lo cada vez mais sadio, social e humano.
O desenvolvimento psicomotor e social da criança deve ser primordial, através do lúdico e recreativo ela terá o prazer em realizar as aulas de natação, e o jogo é um meio dela simular situações e aprender para a vida.
A criança aprende melhor brincando, e através da brincadeira ela vai obter o prazer e a alegria em fazer aulas de natação, dando mais prazer e liberdade, onde:
“[...] as atividades são caracterizadas pela ausência de vencedores, procurando imitar situações conhecidas, onde seu desenvolvimento poderá sofrer modificações quanto a sua duração, ajudando a desenvolver sua aprendizagem motora, sociabilização, ritmo e coordenação, utilizando as formas básica de movimento, como: andar, saltar, correr e mais específico na água, flutuação, deslocamento e respiração.” (DELUCA, 1999, p.17)
Piaget (1976. P.160), nos afirma a importância de oferecer brincadeiras e brinquedos, como método de ensino, na formação intelectual da criança, com a possibilidade que: “[...] jogando, elas possam chegar a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil.”.
Refletindo sobre a inserção do elemento lúdico nas aulas de natação, um grande obstáculo se instaura na prática das atividades aquáticas, as quais são, normalmente, desenvolvidas em clubes recreativos, academias e escolas de natação, pois com o objetivo emergente de atender as expectativas dos alunos, dos pais, de professores e da instituição, se preocupam em ensinar a nadar os estilos da natação, seguindo uma estratégia metodológica, mas nem sempre tendo o lúdico como norteador do programa.
“Mesmo com todo esse respaldo em relação a abordagem do elemento lúdico, muitas vezes, ele é inserido nas atividades aquáticas somente como facilitador da aprendizagem, como um meio para alcançar determinado objetivo dentro do processo ensino-aprendizagem dos nados, esquecendo-se do valor que o lúdico tem para o desenvolvimento global do ser humano.” (Freire, 2005, p.2)
O lúdico nas aulas de natação motiva a relação pedagógica, subentendendo-se que nessa relação existe um adulto que pode se permitir brincar com o aluno por meio da fantasia, da música, das histórias contadas, das dramatizações e dos jogos cooperativos.
Para Freire (2005, p.3) o professor pode assumir uma postura com relação ao ensino utilizando os elementos lúdicos como um jogador ou apenas um espectador que assiste as atividades sem participar e trocar experiências preciosas com seus alunos
Freire (2005, p.3) afirma que “[...] as aulas de natação para crianças é fundamental que o professor mergulhe na aventura dessa emoção em meio líquido, entrando na piscina e participando com as crianças das brincadeiras.”
É necessário enfatizar que o lúdico alcança objetivos, mas não se presta a atingir um objetivo em específico a priori e sim é possível com sua inserção alcançar aprendizagens essenciais com sua vivência, sem contudo, possuir finalidade imediata. (BROUGÈRE, 1995).
Metodologia
O presente trabalho foi realizado com base numa pesquisa realizada no Parque Aquático do Centro de Excelência Olímpica do Complexo do Rio Vermelho, pertencente a AGEL (Agência Goiana de Esporte e Lazer), situado na Av. Paranaíba, s/nº, centro, Goiânia, Goiás.
Foram realizadas visitas com observação das aulas, totalizando num total de seis, onde ao final delas o grupo discutiu os problemas observados como: a estrutura precária, falta de materiais pedagógicos, falta de aperfeiçoamento e atualização profissional dos gestores e professores, manutenção inadequada dos equipamentos e prática pedagógica antiquada para o contexto vigente atual.
Para a realização da pesquisa foram utilizados: cadernos, canetas, folhas avulsas, computadores, carro e transporte coletivo público.
Primeiramente fez-se a pontuação dos tópicos necessários para o desenvolvimento da pesquisa. Logo após, a formulação do questionário com dados importantes para a avaliação das aulas.
A metodologia da pesquisa proposta neste artigo consta de uma pesquisa de campo de caráter qualitativo, que segundo André e Ludke (1990), não se restringe apenas a ausência de números, mas sim ao tipo de dado coletado. Diferentemente das pesquisas quantitativas, visam à interpretação das ações humanas em detrimento da sua mensuração. Porém, não há como separar qualidade de quantidade, ambas devem se unir para a excelência da pesquisa, trazendo a possibilidade de focalizar a realidade de forma complexa e contextualizada.
Dados e discussão
Durante a fase de pesquisa de campo, foram abordadas, as duas coordenadoras de iniciação esportiva, em um dia de semana normal, das 07:20 h às 18:00 h, nas dependências do Parque Aquático. Foram então convidadas a participar da pesquisa, respondendo o questionário.
O local da pesquisa tem em sua maioria alunos advindos de classe média baixa, e seu horário de atendimento é no período matutino das 07:30 hs às 11:00 hs, no período vespertino das 14:00 hs às 18:00 hs e no período noturno das 18:00 hs às 20:00 hs, funcionando de terça a sexta, e nas segundas – feira é realizada a limpeza e manutenção.
Foram entrevistadas 2 pessoas, sendo ambas do sexo feminino, formadas em Educação Física pela ESEFFEGO (Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia) da UEG (Universidade Estadual de Goiás) na cidade de Goiânia no final da década de 70 e início de 80, todas as duas são funcionárias públicas efetivas no Estado através de concurso público específico para essa autarquia.
A observação das aulas se deu com as turmas de iniciação esportiva, com alunos numa faixa etária de sete a quinze anos de idade de ambos os sexos. Nesta Turma haviam-se matriculados quinze alunos, estando todos eles presentes durantes as aulas observadas.
Conclusão
A aula extremamente técnica, para os alunos que não possuem aptidão, podem tornar-se desagradáveis e desestimular os mesmos, causando assim um desconforto na criança, trazendo a ela uma sensação de vergonha que no intrínseco pode causar conflitos fazendo com que o aluno tenha alguma aversão a atividade da natação
O aluno não deve se sentir menosprezado durante a atividade, tudo que envolve uma pratica pedagógica necessita ser igual para todos. O método de ensino precisa englobar todos os alunos para que não haja desigualdade entre eles durante o processo de ensino-aprendizagem do indivíduo, em qualquer instituição, tanto publica quanto privada sendo assim, em qualquer faixa etária ou nível de aprendizagem que esteja podendo aumentar, o índice de faltas e até mesmo o de desistência seja alto.
Como foi observado as aulas de natação com a inserção de elementos lúdicos e recreativos promovem o desenvolvimento psicomotor, a imagem corporal, a alegria e o aperfeiçoamento das funções cognitivas e afetivas da criança.
“[...] que o elemento lúdico pode ser valorizado adequadamente no processo de ensino da natação para criança e tomado de maneira séria e contextualizada como método de ensino e não com uma visão apenas funcionalista, salientando a falta de utilização de recursos lúdicos propostos pela natação para crianças, cujo enfoque principal é o desenvolvimento da técnica do nado e de estratégias de ensino e aprendizagem da natação considerando o elemento lúdico para alcançar os objetivos das aulas.”. (Freire, 2005, p.2)
O presente texto mostra a importância do lúdico e do recreativo por meio de jogos e brincadeiras como elemento essencial e fundamental no desenvolvimento do ser humano, permitindo explorar e conhecer o mundo aquático de forma mais sensível, por meio das sensações e emoções que se vivenciam nas aulas de natação.
Outra importante contribuição do lúdico é o avanço da apreensão das habilidades aquáticas.
Neste texto não temos a intenção de negar o técnico e nem afirmar o lúdico, ambos são de extrema importância, mas no momento do primeiro contato com a água, o aspecto de satisfação e prazer inicial remete as atividades recreativas e lúdicas.
Trabalhar com a emoção que está dentro da pessoa pode definir o seu progresso e permanência na prática da natação.
Segundo Freire (2005, p.2), “[...] um espaço de criação, sendo a escola de natação, enquanto instituição social e a postura do professor, enquanto compromisso social, co-responsáveis pelo futuro de cada aluno.”.
Conclui-se que o elemento lúdico pode ser valorizado adequadamente no processo de ensino da natação para a iniciação esportiva e tomada de maneira séria e contextualizada como método de ensino e não com uma visão apenas funcionalista.
Sugerimos o redimensionamento desta proposta de prática educativa da natação nos cursos de formação profissional, com foco nos esportes aquáticos, como alternativa para impulsionar os alunos no desenvolvimento do prazer em aprender, de deixar aflorar sua imaginação, fantasia, criatividade e expressividade, viabilizando uma alternativa pedagógica mais motivadora e consciente.
Referências
ANDRÉ, M.E.D.A.; LÜDKE, M. Pesquisa em Educação: Abordagens qualitativas. São Paulo: E.P.U. 1990.
BROUGÈRE, G. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez, 1995.
CENNI, R. Kan-Ichi Sato: Vida na água. São Paulo: Pioneira, 1993.
CORREIA, Elizete S. Resende. Fundamentos da Natação. Goiânia, GO. UEG/ESEFFEGO. 2008.
DELUCA, Adolfo H. Brincadeiras e Jogos Aquáticos. Rio de Janeiro, RJ.: 2ª ed. SPRINT, 1999.
FREIRE, M. Ti-bum: mergulhando no lúdico. In: SCHWARTZ, G. M. (Org.) Dinâmica lúdica: novos olhares. Barueri, SP: Manole, 2004. p. 131-146.
FREIRE, Marília; SCHWARTZ, Gisele M. O papel do elemento lúdico nas aulas de natação. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 86, 2008. http://www.efdeportes.com/efd86/natacao.htm
OLIVEIRA, V. M. O que é Educação física. São Paulo: Brasiliense, 1985.
PIAGET, J. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976.
SANTIAGO, Danilo R. Pereira; TAHARA, Alexander K. Lazer, lúdico e atividades aquáticas: uma relação de sucesso. Movimento & Percepção. Espírito Santo do Pinhal, SP. v.6, nº9, jul/dez. 2006.
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