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O valor do exercício físico aplicado a 

mulheres com distúrbios relacionados à menopausa

La importancia del ejercicio físico aplicado a mujeres con trastornos relacionados con la menopausia

 

*Mestrando em Ciência da Motricidade Humana

da Universidade Castelo Branco, RJ

Prof. da PUC (Pontifícia Universidade Católica) RJ

**Professor e Orientador do Mestrado em Ciência da Motricidade Humana

da Universidade Castelo Branco RJ. Coordenador do LABFILC,

Laboratório de Temas Filosóficos em Conhecimento Aplicado

***Pesquisadora do LABFILC ligado ao mestrado em Ciência da Motricidade Humana

da Universidade Castelo Branco RJ

(Brasil)

Hermes Frederico Pinho de Araújo*

hermesfrederico@uol.com.br

Heron Beresford**

heronb@terra.com.br

Íris Lima e Silva

irislimaucb@yahoo.com

 

 

 

 

Resumo

          A menopausa é o período de vida que se manifesta pela amenorréia que provoca, alterações fisiológicas e metabólicas, além de transtornos neuropsíquicos,vasomotores e vulvovaginais. Pode, a longo prazo, ocasionar, doenças como a osteoporose e lesões cardiovasculares, principal causa de morbi-mortalidade. Diante desta problemática o objetivo deste estudo foi desenvolver uma reflexão acerca da importância da aplicabilidade de exercícios físicos a mulheres com distúrbios relacionados à menopausa. Para assegurar a consecução deste objetivo se optou por realizar um estudo exploratório, operacionalizado por meio de uma pesquisa bibliográfica. Concluiu-se que o exercício físico regular fornece várias respostas favoráveis que contribuem para o envelhecimento saudável e influencia positivamente a auto-percepção física geral, a qual, por sua vez, afeta a auto-estima da mulher no período da menopausa, Tem como conseqüência a promoção de uma melhor qualidade de vida para tais entes, revelando-se, pois, como um valor em suas vidas

          Unitermos: Valor. Exercício físico. Mulheres. Menopausa.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O envelhecimento populacional, nos últimos anos, tem aumentado o número de mulheres que vivenciam a passagem para a menopausa, ampliando a demanda para atendimento específico a essa população, uma vez que 10% da população mundial tem mais de 50 anos. (MENDONÇA, 2004)

    Considera-se que, atualmente, 95% das mulheres em países desenvolvidos atingem a menopausa e 50% delas ultrapassam os 75 anos de vida. (SOBRAC, 2004)

    Segundo dados da OMS, na América Latina, a média etária na qual as mulheres experimentam a menopausa é aos 50 anos, similar à média mundial. Há evidências, porém, de que mulheres mais magras e subnutridas entram na menopausa mais cedo. (ALMEIDA, 2003)

    Com a aproximação da menopausa ocorre o climatério, quando as mulheres podem apresentar irregularidades menstruais, distúrbios neurovegetativos e alterações psicoemocionais, período este relacionado a um risco aumentado de desenvolvimento de certas enfermidades, como a osteoporose e, especialmente, doenças cardiovasculares.

    Apesar de depender de outros fatores a prevalência da osteoporose em mulheres menopausadas é maior do que em mulheres na pré menopausa Depois da menopausa a massa óssea e a massa muscular diminuem (com conseqüente aumento da massa gordurosa), de forma lenta e gradual, ocorrendo em cerca de 5 a 10% por década de vida. (BANDEIRA E CARVALHO, 2007; STEIN, 2003).

    Quanto às doenças cardiovasculares, pode-se observar um incremento progressivo do seu aparecimento na menopausa, quando o risco é 3 a 4 vezes maior do que na pré-menopausa em função de alterações na concentração plasmática de lipoproteínas, de fatores homeostáticos, da insulina e da glicemia (SIMÕES e BARACAT, 1999).

    Diante da problemática apresentada, o objetivo deste estudo foi desenvolver uma reflexão acerca da importância da aplicabilidade de exercícios físicos a mulheres com distúrbios relacionados à menopausa.

Metodologia

    Para assegurar a consecução do objetivo deste estudo se optou por realizar um estudo exploratório, operacionalizado por meio de pesquisa bibliográfica. Entende-se esta estratégia como sendo extremamente adequada no sentido de rever, analisar, interpretar e criticar considerações teóricas, paradigmas e mesmo criar novas proposições de explicação e de compreensão dos fenômenos das mais diferentes áreas do conhecimento. Também fundamentam posteriores aprofundamentos dos estudos por meio de investigações experimentais ou mesmo descritivas.

Menopausa

    O termo menopausa deriva do grego (mens = mês e pausa = parada). Esse período corresponderia, segundo os autores, a um evento natural e universal do ciclo de vida da mulher, relacionado a um esgotamento da capacidade reprodutora, o que se manifesta clinicamente pela ausência da menstruação. Essa ausência da menstruação pode ser descrita como uma amenorréia hipoestrogênica e hipergonadotrófica; perdurando por mais de um ano, essa amenorréia caracterizaria a menopausa. (SIMÕES e BARACAT, 1999)

    A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a menopausa como a cessação permanente da menstruação.

    A intensidade desses sintomas depende da interação, não somente dos fatores biológicos, mas também psicológicos e sociais, relacionados à vida de cada mulher em particular. (SIMÕES e BARACAT, 1999; ALMEIDA, 2003)

    Lopes (2007) relata que os sintomas podem ser divididos, de acordo com o aparecimento, em precoces, intermediários e tardios. Os neuropsíquicos são os primeiros a surgir, sendo representados pelos distúrbios vasomotores, cefaléia, ansiedade, depressão, fadiga, insônia, dentre outros; é, nesse período, que surgem as irregularidades menstruais. No entanto, os sintomas vasomotores (ondas de calor ou fogachos, seguidas de sudorese e taquicardia) costumam ser a principal queixa das mulheres no climatério, sendo os clássicos sinais da deficiência estrogênica.

Exercício Físico e Menopausa

    Com relação às respostas biofísicas aos exercícios, entende-se que têm importante papel, principalmente para mulheres no climatério, visto que, nessa fase, elas apresentam modificações antropométricas e bioquímicas que comprometem sobremaneira a qualidade de vida dessa população. (ZANESCO e ZAROS, 2009).

     As mudanças antropométricas incluem diminuição da massa livre de gordura, aumento da gordura corporal e redução da estatura, acarretando elevação no índice de massa corpórea (IMC). Alterações no perfil lipídico e deficiência de estrogênio são as principais mudanças bioquímicas que parecem comprometer a saúde das mulheres nessa fase de vida, estando direitamente relacionadas ao risco de doenças cardiovasculares. (Simkin-Silverman, 2003)

    Considerando-se que as mulheres vivem mais do que os homens e a importância da qualidade de vida na longevidade, intervenções para reduzir a incidência desse tipo de doença nessa população são prioritárias na área de políticas públicas. (ZANESCO E ZAROS, 2009)

    Diversos trabalhos mostram que mudanças no estilo de vida são fundamentais para a manutenção da saúde da população em geral, sendo que a prática de exercício fisco regular é uma intervenção desejável e eficaz na prevenção e/ou tratamento de diversas patologias, entre elas a hipertensão arterial, o diabetes mellitus tipo 2, as dislipidemias e a aterosclerose. (Zanesco e Antunes, 2007).

    A produção e liberação de óxido nítrico (NO) pelas células endoteliais é fundamental para a manutenção da homeostase do sistema cardiovascular por meio de sua regulação do tônus vascular e inibição da adesão e agregação de plaquetas. O NO é considerado o mais potente vasodilatador produzido pelo endotélio, e o controle de sua produção está diretamente relacionada a diversas patologias, como hipertensão arterial, aterosclerose e doença arterial coronária. (Zanesco E Antunes, 2007)

    Segundo Moncada et al (1988) apud Zanesco e Zaro (2009) as enzimas conhecidas como sintases do NO (NOS) são capazes de catalisar a oxidação do nitrogênio terminal do grupamento guanidino do aminoácido L-arginina formando quantidades equimolares de NO e L-citrulina . Uma vez produzido e liberado da célula endotelial, o NO difunde-se rapidamente para a célula muscular lisa, na qual interage com o grupamento heme da guanilato ciclase solúvel (GCs) estimulando a sua atividade catalítica, levando à formação de guanosina monofosfato cíclico (GMPc) que, por sua vez, diminui os níveis intracelulares de Ca2+, levando à vasodilatação.

    O exercício físico é um estímulo importante para o aumento do fluxo sanguíneo e, conseqüentemente, promove elevação da produção de NO, que desencadeia vários efeitos, como relaxamento vascular e inibição da agregação plaquetária, prevenindo a hipertensão arterial e a aterosclerose. (ZANATO E ANTUNES, 2007)

    Estudo recente observou que mulheres após a menopausa apresentam baixas concentrações plasmáticas de NO e GMPc, as quais foram positivamente associadas aos baixos níveis plasmáticos de estradiol. (L'HERMITE et al. 2008 apud ZANESCO e ZAROS, 2009)

    O efeito protetor da prática do exercício físico regular, contínuo ou intermitente, sobre o sistema cardiovascular, está diretamente relacionado à maior produção de NO pelas células endoteliais e/ou sua biodisponibilidade para as células musculares lisas, por meio do aumento do fluxo sanguíneo nas paredes dos vasos sanguíneos, que respondem a estas alterações por elevação da atividade da eNOS ou das enzimas antioxidantes. (ZANESCO e ZAROS, 2009).

    Também é aceito que indivíduos com mais de 50 anos praticantes de exercícios físicos regulares (com freqüência, duração, volume e intensidade previamente estabelecidos e tendo como embasamentos os parâmetrosfisiológicos de cada pessoa tais como: VO2 pico e freqüência cardíaca alvo), diminuíram ainda mais os escores indicativos para ansiedade e passaram da classificação de levemente deprimidos a não deprimidos. E isso poderia ser atribuído à melhoras fisiológicas e metabólicas decorrentes do exercício físico, como, por exemplo, maior liberação de alguns neurotransmissores como a noradrenalina e a serotonina, uma vez que já está estabelecido na literatura a correlação entre alterações desses neurotransmissores e as patologias avaliadas. (CHEIK et al. 2003)

Conclusão

    O envelhecimento é um processo complexo que envolve muitas variáveis como, genética, estilo de vida e presença de doenças crônicas, que interagem entre si e influenciam significativamente o modo em que alcançamos determinada idade.

    A participação de mulheres no período da menopausa em atividade física regular fornece várias respostas favoráveis que contribuem para o envelhecimento saudável e influencia positivamente a auto-percepção física geral, a qual, por sua vez, afeta a auto-estima do indivíduo, resultando numa melhor qualidade de vida e bem-estar mental. 

    O conhecimento da atuação do Óxido Nítrico no exercício físico corrobora para uma melhor saúde já que se eleva durante a prática do mesmo, prevenindo a hipertensão arterial e a aterosclerose e, conseqüentemente, a diminuição de lesões cardiovasculares, maior causa de morbi-mortalidade do mundo.

    Concluiu-se, desta forma, que a prática de exercícios físicos regulares por mulheres no período menopáusico ou no climatério, pelos benefícios que acrescenta à sua saúde, seja física, mental ou social, revela-se como um valor à vida de tais entes.

Referências bibliográficas

  • ALMEIDA, A. B. de. Reavaliando o Climatério: Enfoque Atual e Multidisciplinar. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

  • BANDEIRA, F; CARVALHO, EF. Prevalência de osteoporose e fraturas vertebrais em mulheres na pós-menopausa atendidas em serviços de referência. Rev bras epidemiol 2007, 10 (1): 86-98.

  • CHEIK, N.C.; REIS, I. T.; HEREDIA, R. A. G.; VENTURA, M. L.; TUFIK, S.; ANTUNES, H. K. M.; MELLO, M. T. Efeitos do exercício físico e da atividade física na depressão e ansiedade em indivíduos idosos. R. bras. Ci. e Mov. 2003; 11(3): 45-52.

  • FOPPA, M. e STEIN, R. Climatério e exercício. In: ALMEIDA, A. B. de. Reavaliando o Climatério: Enfoque Atual e Multidisciplinar. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

  • L'hermite M, Simoncini T, Fuller S, Genazzani AR. Maturitas. 2008;60(3-4):185-201. Could transdermal estradiol + progesterone be a safer postmenopausal HRT? A review. Maturitas. 2008;60(3-4):185-201

  • LOPES, C. G. Integridade na saúde da mulher: a questão do climatério. Dissertação de Mestrado. Fundação Oswaldo Cruz, RJ, 2007.

  • MENDONÇA, E. A. P. Representações médicas e de gênero na promoção da saúde no climatério. Ciências e Saúde Coletiva, 9(1):155-166, 2004.

  • Moncada S, Palmer RM, Higgs EA. The discovery of nitric oxide as the endogenous nitrovasodilator. Hypertension. 1988;12(4):365-72

  • Simkin-Silverman LR, Wing RR, Boraz MA, Kuller LH. Lifestyle intervention can prevent weight gain during menopause: results from a 5-year randomized clinical trial. Ann Behav Med. 2003;26(3):212-20.

  • SIMÕES, R.D. e BARACAT, E. C. Climatério: mitos e realidades. In: GALVÃO, L. e DÍAZ, J. (org.) Saúde Sexual e Reprodutiva no Brasil: Dilemas e Desafios. São Paulo: Hucitec; Population Council, 1999.

  • SOBRAC (Sociedade Brasileira de Climatério), 2004. Consenso Brasileiro Multidisciplinar de Assistência à Saúde da Mulher Climatérica. São Paulo: Sociedade Brasileira de Climatério (SOBRAC). Disponível em: http://www.menopausa.org.br/institucional/, acesso em: 17/06/2008.

  • Zanesco A; Antunes E. Effects of exercise training on the cardiovascular system: pharmacological approaches. Pharmacol Ther. 2007; 114(3):307-17.

  • ZANESCO A; ZAROS, PR. Exercício físico e menopausa. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia 31 (5) Rio de Janeiro May 2009.

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