Docência na Educação Física do Ensino Médio: desafios e possibilidades Docencia en Educación Física en la Escuela Media: desafíos y posibilidades |
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* Professora de Educação FísicaProfessora do departamento de Metodologia de Ensino da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM/RS Mestre em Educação **Acadêmica de Educação Física Licenciatura da UFSM (Brasil) |
Ângela Bortoli Jahn* Cícera Andréia de Souza** Simoni Lago** |
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Resumo O trabalho constitui-se no relato de duas experiências docentes na área de Educação Física do Ensino Médio, desenvolvidas em Santa Maria. O referido relato tem como objetivo socializar as práticas vivenciadas durante a realização do Estágio Supervisionado I, em uma Escola Pública, com uma turma de 1º e outra de 3º ano do Ensino Médio, apontando algumas dificuldades e muitos desafios da docência. A importância deste trabalho reside no fato de que a reflexão sobre a prática colabora para o aperfeiçoamento da mesma, assim como a socialização do conhecimento é indispensável para o sucesso da educação. Unitermos: Educação; Educação Física; Ensino Médio.
Resumen Palabras clave: Educación. Educación Física. Escuela Media.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
A partir dos estudos e práticas até então realizados no Curso de Educação Física Licenciatura e através das observações de aulas de Educação Física na Educação Básica, partimos para o primeiro estágio supervisionado.
O estágio supervisionado I – Ensino Médio, pertence ao currículo do Curso de Educação Física Licenciatura da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Nossas experiências realizaram-se nas turmas de primeiro e terceiros anos do Ensino Médio, em uma Escola da Rede Pública Estadual de Ensino.
As aulas de Educação Física do Colégio realizam-se em um ginásio onde são proporcionadas, segundo os Planos de Estudo da Escola, aulas de futsal, voleibol, handebol, basquete, futebol de campo, e também o xadrez e o tênis de mesa. A nós, estagiárias, coube trabalhar o esporte voleibol.
Segundo Tubino (1992) o esporte pode ser entendido sob diferentes conceitos, seja de rendimento/performance, educacional ou participativo. O esporte Performance ou de Rendimento, segundo o autor, exige uma organização complexa e altos investimentos, é cercado por interesses comerciais visando o espetáculo, a vitória a qualquer custo. O esporte participativo tem por objetivo o bem estar social de seus praticantes, está ligado ao lazer e ao tempo livre; objetiva a descontração, a diversão, o desenvolvimento pessoal e as relações pessoais. Já o esporte educacional, é definido como meio de formação de cidadania, é a prática do esporte com sentido educativo.
Visando o alcance dos objetivos da educação e da educação física propostas pelas Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e no Projeto Pedagógico da Escola, entendemos que a prática de esportes na Educação Básica deve assumir o caráter do esporte educacional. Sendo assim, partimos para a elaboração dos nossos planos de trabalho.
O que viemos a descobrir é que realmente planejar não é tarefa fácil. Exige pesquisa, conforme FREIRE (1996, p.29) “Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”. Além disso, exige avaliar e considerar os conhecimentos dos alunos, e principalmente muita criatividade e curiosidade em inventar novas propostas pedagógicas e buscar por aquelas que podem dar certo. De acordo com FREIRE (1996, p. 32) “Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos”.
Partimos desses princípios para a elaboração do nosso plano de trabalho docente e dos planos de aula, sempre levando em conta os Planos de Estudo da Escola e reconhecendo o planejamento como processo de reflexão onde se estabelece “para onde ir” e quais as maneiras adequadas de alcançar os objetivos propostos. Sendo assim, através dos nossos relatos, temos a intenção de compartilhar algumas atividades que deram certo, também as que não alcançaram os objetivos propostos, justificando a importância do (re) planejamento para a prática docente. Esperamos, desta forma, contribuir com as aulas de Educação Física realizada no Ensino Médio.
2. Metodologia
As aulas de Educação Física são realizadas com essas turmas de Ensino Médio, semanalmente, nas quintas e sextas – feiras. Também acontecem reuniões semanais com a professora orientadora do estágio e com o professor de Educação Física da escola, que nos auxiliam na elaboração e planejamento das aulas, bem como a avaliação, discussão e reflexão das mesmas.
Canfield (1996) considera importante planejar as aulas de Educação Física e ressalta que o planejamento é a pedra fundamental, a razão de todo o trabalho pedagógico consciente. É o que orienta o professor na sua caminhada pedagógica em busca da aprendizagem de seus alunos. A referida autora destaca também, que o planejamento poderá sofrer alterações, adaptações e adequações, e isso percebemos quando estamos frente ao aluno, ministrando nossas aulas.
Em nossos planejamentos utilizamos o esporte educacional como um meio para a educação, já que este não possui regras nem características fixas. Sendo assim, permite ao educador, e principalmente aos alunos, uma maior liberdade sobre o esporte, possibilitando práticas de maneiras diferenciadas de como normalmente ele é incorporado pela sociedade, fazendo com que os alunos se manifestem de maneira crítica frente às regras dos esportes institucionalizados.
Procuramos adaptar atividades de outros esportes para a prática do voleibol educacional. Também propomos a participação dos alunos nessas modificações, mostrando que a prática do esporte pode ser contextualizada, refletida, mudada. Utilizamos para estas práticas materiais diversos como balões, bolas, bolinhas de diferentes tamanhos, bambolê, rede de voleibol, coletes, cordões, baldes, etc.
A importância de empregar vários materiais às aulas de Educação Física reside no fato de que a aula torna-se mais atrativa. A utilização desses materiais, acima citados, é importante não apenas nas aulas da educação infantil e do ensino fundamental, mas principalmente e inclusive no ensino médio, onde o aluno muitas vezes necessita de um estimulo maior para a participação das aulas, precisa ser desafiado a realizar novas atividades e refletir sobre elas.
3. Resultados e discussão
As aulas planejadas para as turmas de Ensino Médio deste Estágio tiveram como objetivo principal trabalhar o esporte voleibol sobre o viés do esporte educacional, permitindo aos alunos a reflexão sobre as suas experiências de movimento e compreensão das características dos diferentes tipos de esporte e seus respectivos papéis na sociedade.
A cada aula foi realizado diálogo inicial sobre os conteúdos a serem trabalhados. De acordo com BETTI (1991) o aluno precisa saber por que determinado assunto é importante, porque realizar uma atividade e não outra. A proposta de trabalhar o voleibol sob uma perspectiva diferente da qual os alunos estavam acostumados, obteve uma aceitação maior do que esperávamos. Percebemos a curiosidade dos alunos frente à sugestão.
Procuramos desde o princípio fazer com que os alunos refletissem sobre o conceito de esporte que tinham construído ao longo da prática da Educação Física no Ensino Fundamental e Médio. Aos poucos fomos introduzindo atividades que tinham como proposta um voleibol diferente do conceito de esporte que eles tinham conhecimento, na maioria dos casos o conceito estava atrelado ao que é apresentado pela mídia, pelos meios de comunicação, em especial a televisão.
No planejamento das primeiras aulas propomos atividades relacionadas ao voleibol, com regras diferenciadas. Este tipo de atividade permite que se conceba o voleibol praticado na escola, diferente do esporte de rendimento, ao mesmo tempo em que trabalhamos outros pontos importantes como à concentração, o tempo de resposta dos alunos frente às atividades propostas, a socialização, o dialogo e reflexão.
Durante a prática de atividades diferenciadas, adaptadas ao voleibol, percebemos os educandos desafiados e motivados para a prática das aulas de Educação Física.
Planejamos, também, algumas atividades nas quais não conseguimos atingir os objetivos propostos. Um exemplo disso foi a aula onde trabalhamos a cooperação. Enfatizamos a importância da realização de passes com o mesmo número de jogadores em quadra. O que aconteceu foi que sempre os mesmos alunos realizavam os passes, deixando os outros de fora da atividade. Ou seja, mesmo enfatizando a importância da cooperação, na hora da prática foram reproduzidas atitudes que não vinham ao encontro com o ato de cooperar.
Sendo assim, foi preciso à modificação, o replanejamento da atividade para que fosse atingida parte do objetivo, causando uma cooperação forçada. Isso mostra o quanto à competição está atrelada as nossas ações. Percebemos a importância de fortalecer o trabalho pedagógico sobre esse viés.
4. Conclusão
Ao relatarmos e refletirmos sobre as experiências do Estágio na Educação Física do Ensino Médio, conclui-se que a prática dos esportes sobre a perspectiva educacional mostra-se possível. Ao trabalharmos com essa perspectiva, percebemos que o problema encontra-se no fato de mudar a concepção, por parte de alguns alunos e professores, da relação esporte com a escola. Compreendemos que o nosso desafio enquanto educadoras é fazer com que o aluno perceba que o esporte envolve muito mais que competição, muitas vezes não precisando estar presente nas aulas de Educação Física.
Referências bibliográficas
BETTI, M. Educação Física e Sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.
CANFIELD, M. de S. Planejamento das aulas de Educação Física: é necessário? In: Canfield, M. de S. (Org.) Isto é Educação Física! Santa Maria: JtC Editor, p.21-32, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
LDB - Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEI No. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. D.O. U. de 23 de dezembro de 1996.
TUBINO, M, J, G; REIS, C. M. Esporte e cultura física. São Paulo: IBRASA, 1992.
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