Exercício físico e o controle da pressão arterial em hipertensos El ejercicio físico y el control de la presión arterial en hipertensos Exercise and blood pressure control in hypertensive |
|||
*Fisiologia do Exercício - Prescrição do Exercício Da Universidade Gama Filho, UGF **Orientador. Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício, IBPEFEX ***Licenciados em Educação Física pela Universidade UNIVAG Centro Universitário de Várzea Grande |
Guilherme Lumina Pupatto Junior* *** guilhermepupatto16@hotmail.com Sérgio Luis Flores da Silva* *** Prof. Dr. Francisco Navarro* ** (Brasil) |
|
|
Resumo Introdução: Este projeto foi elaborado visando explorar os fatores que desencadeiam a hipertensão arterial. Objetivo: Verificar a importância dos benefícios do exercício físico, focados no controle da pressão arterial em indivíduos hipertensos. Revisão da literatura: Elaborou-se uma fundamentação teórica, a fim de aprofundar o conhecimento sobre o assunto proposto nesse trabalho, base para uma metodologia que caracteriza a doença no estudo e identifica os diversos benefícios que os exercícios físicos disponibilizam aos pacientes que possuem a hipertensão arterial. Conclusão: Através do referencial levantado na pesquisa conclui-se que os efeitos benéficos dos exercícios físicos são meios eficientes no tratamento do controle da pressão arterial do indivíduo hipertenso, podendo haver uma diminuição no uso de fármacos ou até mesmo servir como tratamento desse indivíduo. Unitermos: Exercícios físicos. Hipertensão arterial.
Abstract Introduction: This Project has been developed focusing to explore the factors that provoke the high blood pressure. Objective: To verify the importance of the physical exercises benefits focused on the control of arterial pressure in high blood pressure people. Literature review: It was elaborated theorical bases to go deeper into knowledge about the issue proposed in this work, base for a methodology which characterizes the sickness in the study and identify the several benefits that physical exercises promote to patients that have high blood pressure. Conclusion: Through the references of the research, we conclude that the good effects of physical exercises are efficient means for the treatment of high blood pressure, there may be a fall in the usage of medicine or even serving as treatment of this individual. Keywords: Physical exercises. High blood pressure.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
1. Introdução
Segundo Passos, Assis e Barreto (2006) a hipertensão arterial (HA) é um problema proveniente da escassa saúde pública no Brasil, pelo fato de apresentar a ocorrência de alta prevalência fazendo com que milhares de pessoas estejam mais aptas a desenvolverem doenças cardiovasculares.
Com o envelhecimento normal das artérias há determinadas mudanças cardiovasculares, confirmando que as alterações fisiológicas deste envelhecimento é o principal fator de risco para o descontrole da pressão arterial.
Ainda segundo os autores outros fatores de risco como excesso de sal na comida, ingestão de bebidas alcoólicas, fumo e obesidade também contribuem para o desencadeamento da doença e servindo como forte indício para o aumento da prevalência em muitos indivíduos, principalmente a falta de exercícios físicos.
Assim, o tratamento da HA deve-se concentrar em hábitos de vida mais saudáveis, além de acompanhamento freqüente de profissionais especializados em várias áreas da saúde para a identificação dos melhores métodos para o tratamento da mesma.
De acordo com Monteiro e Filho (2004) o exercício físico quando mantido de forma freqüente permite que o corpo humano disponibilize respostas fisiológicas mais consistentes provenientes das adaptações autonômicas e hemodinâmicas que interferem no sistema cardiovascular do indivíduo, conseqüentemente oferecendo maiores benefícios no controle da pressão arterial.
Dessa forma, como a hipertensão arterial apresenta prevalência notória direcionada ao aumento da morbimortalidade na população, as atividades físicas podem ser utilizadas como práticas não farmacológicas no tratamento da hipertensão arterial servindo como elemento controlador da pressão arterial.
Baseado neste princípio, este artigo possui o objetivo de demonstrar a importância da prática de exercícios físicos no controle da pressão arterial de um indivíduo hipertenso, levando em consideração os benefícios adquiridos com atividades físicas direcionada à melhora da qualidade de vida dos mesmos.
A metodologia deste estudo será realizada através de uma pesquisa exploratória de caráter bibliográfico, visando levantar referenciais teóricos, a fim de obter um maior conhecimento sobre os diversos assuntos contidos nos tópicos apresentados por meio deste trabalho.
2. Revisão teórica
Através deste capítulo serão apresentados os principais conceitos e teorias encontrados em referenciais bibliográficos e fontes documentais necessários ao embasamento teórico deste trabalho e maior conhecimento dos assuntos abordados apresentados nos seguintes tópicos:
2.1. Hipertensão arterial
A hipertensão arterial também conhecida como hipertensão sistêmica apresenta alto grau de prevalência, sendo caracterizada pelo aumento da pressão das artérias, podendo ser medida através de um aparelho de pressão denominado esfigmomanômetro. Conforme o indivíduo envelhece, a incidência da doença aumenta em potencial, principalmente quando o mesmo não pratica hábitos saudáveis.
Para Zaitune (2006) a maioria dos casos de hipertensão acontece na população brasileira acima de vinte e dois anos, ocasionando um desencadeamento de diversas doenças além da hipertensão, fazendo com que o custo com aposentadorias precoces e internações fique muito alto.
Apesar da doença se desenvolver mais na população idosa, algumas crianças e adultos também pode fazer parte do quadro de incidência, devido a alguma ocorrência de danos cardiopáticos ou de problemas sanguíneos de nascença.
Com isso, a hipertensão ocorre quando os níveis da pressão dos pacientes ultrapassam os valores considerados referência para o restante da população.
Nos países mais desenvolvidos existe um decline nos casos de hipertensão arterial devido aos intensos programas de combate a essa doença, porem nos países em desenvolvimento existe um aumento considerável das doenças cardiovasculares o que para esses países é um desafio o controle dessas doenças (Amado e Arruda, 2004).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) esses valores correspondem a:
120 x 80 mmHg, constituindo um excelente nível de pressão.
130 x 85 mmHg, caracterizado por indícios de fatores de risco.
140 x 90 mmHg, caracterizado pela hipertensão.
Para a V Diretrizes Brasileira de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2006) a pressão arterial apresenta alguns estágios que contribuem para o diagnóstico da doença, entre eles:
Estágio 1, considerado leve, de 140 x 90 mmHg.
Estágio 2, considerado moderado, de 160 x 100 mmHg.
Estágio 3, considerado grave, acima de 180 x 110 mmHg.
Cabe enfatizar que qualquer pessoa pode ter uma pressão acima de 140 x 90 mmHg sem apresentar a doença, uma vez que é caracterizado hipertensão apenas quando os níveis elevados são encontrados em várias mediações ao dia, em variados momentos, posições e condições.
Esta situação permite o surgimento de problemas cardiovasculares entre eles, infarto e acidente vascular cerebral.
Para Miranda (2002) alguns diagnósticos como hipertensão do avental branco, avaliações da eficácia terapêutica, hipertensão arterial resistente e hipotensão arterial podem ser identificados com maior precisão com novos métodos de avaliação da pressão arterial, como o MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial) e o MRPA (monitorização residencial da pressão arterial)
Há dois tipos de hipertensão arterial, a hipertensão arterial do avental branco, que corresponde quando a média da pressão do paciente diagnosticada por meio da Monitorização ambulatorial de pressão arterial (MAPA) ou da Monitorização residencial de pressão arterial (MRPA) se encontra em estado normal, e quando se encontra elevada nas consultas médicas; e o outro tipo, a hipertensão arterial mascarada, quando a média da pressão diagnostica pelos mesmos métodos se encontram elevada e nas consultas médicas é determinada normal.
As mudanças arterioscleróticas comprometem o potencial de funcionamento dos rins de excretar sal e água, elevando a pressão arterial do paciente. Este processo tem início em uma queda de pressão que permite a liberação de uma enzima renal chamada renina que possui a responsabilidade de ativar um hormônio que contrai as paredes musculares das artérias, a angiotensina.
Com isso, a pressão arterial eleva-se através da liberação de aldosterona também pela angiotensina, que provoca a retenção de sal e água, prejudicando a pressão das artérias, causando a hipertensão.
Figura 1. Aumento da pressão arterial
Fonte: http://www.msd-brazil.com/msd43/m_manual/images/img_pressao_arterial.gif
A hipertensão arterial é uma doença que na maioria dos pacientes não apresenta qualquer tipo de sintomas, e quando ocorrem esses sintomas envolvem dor de cabeça, cansaço, falta de ar, sangramentos no nariz, entre outros sintomas que normalmente caracterizam o mal estar.
Isto é considerado pelos médicos um problema, já que pela ausência de sintomas, o paciente pode se esquecer de tomar os medicamentos de forma correta, aumentando as complicações da doença.
O freqüente aumento da pressão arterial pode ocasionar outras disfunções no organismo e desencadear sérias doenças. Assim, a aterosclerose é o principal fator de risco, uma vez que qualquer artéria do corpo humano pode ser obstruída pela mesma, havendo complicações em vários órgãos, entre eles:
Coração: podendo desenvolver um infarto agudo no miocárdio, além de miocardiopatias e insuficiência cardíaca.
Cérebro: podendo ocorrer um acidente vascular cerebral, mais conhecido como AVC.
Rins: desencadeia a insuficiência renal.
Olhos: reduz a visão do paciente e desencadeia outros problemas na retina.
As causas da Hipertensão Arterial envolvem aspectos primários e secundários.
De acordo com Silva (2006) na hipertensão primária, os pacientes apresentam aumento da rigidez das paredes arteriais. Assim, é preciso que o profissional responsável pela saúde do paciente analise o histórico familiar do mesmo, uma vez que a herança genética contribui para o aumento da probabilidade da incidência da doença.
Já, a hipertensão secundária é desenvolvida quando outro elemento causal predomina no corpo humano, lembrando que outros fatores também podem estar presentes. Dessa maneira, o grau secundário envolve inúmeras causas, entre elas:
Doença do parênquima renal
Hipertensão Renovascular
Aldoteronismo Primário
Gestação
Tabaco
Uso de medicamentos como anticoncepcionais, corticóides e antiinflamatórios.
Feocromocitoma, etc.
A cura para a hipertensão não existe atualmente, no entanto o tratamento é realizado através do controle de determinadas atitudes do paciente e com o auxílio de medicamentos receitados pelo médico que contribuem para o aumento da qualidade de vida do paciente.
Miranda (2002) sugere que um balanço nutricional adequado, atividade física regular e perda de peso são meios possíveis de serem alcançados pelos idosos para redução do uso de anti-hipertensivos, diminuição dos fatores de risco cardiovasculares e melhora considerável da qualidade de vida dessas pessoas.
Existem algumas medidas não farmacológicas, ou seja, aquelas que não possuem relação com medicamentos, que permitem maior controle da pressão arterial, como:
Redução da ingestão de sal nos alimentos.
Redução de ingestão de álcool.
Prática de exercícios físicos.
Controle do stress.
Controle do peso corporal, reduzindo riscos de obesidade.
Reduzir o uso de alguns medicamentos que aumentam a pressão arterial, como anticoncepcionais e antiinflamatórios.
Há também os casos que necessitam de medicamentos mais fortes como os fármacos podendo ser utilizados isoladamente ou com o auxílio de outros medicamentos.
Através de ensaios clínicos notou-se que os idosos necessitam de terapia medicamentosa pelo fator dos riscos cardiovasculares diversos, um método bem eficaz e benéfico é o controle rigoroso da pressão arterial acompanhado de uma mudança no estilo de vida principalmente nos caos de pressão normal alta e hipertensão arterial sistólica nível 1 (Miranda, 2002).
Dessa forma, normalmente os medicamentos utilizados envolvem a classe de:
Diuréticos
Inibidores de endotelina
Antagonistas do canal de cálcio
Betabloqueadores
Inibidores da enzima conversora da angiotensina II
Antagonistas do receptor AT1 da angiotensina II
Vasodilatadores diretos
Nitratos, etc.
2.2. Controle da pressão arterial através da prática de atividades físicas
Atualmente, indivíduos que mantêm hábitos de vida mais saudáveis possuem maior probabilidade de manter o controle da pressão arterial
De acordo com Silva, Machado, Rodrigues (2008) o estilo de vida corrido das pessoas no trabalho e o sedentarismo no ócio são causas de uma maior preocupação com a atividade física e o estilo de vida das pessoas, com o dinamismo no trabalho e o sedentarismo no ócio o homem cada vez mais está exposto a series de distúrbios do novo milênio, como doenças relacionadas ao aparelho cardiovascular, entre elas a hipertensão, que é um fator limitante para quem adquiri essa doença.
Os elementos que mantém a função de ajustar o sistema cardiovascular à práticas de exercícios físicos e fatores de limitação das funções cardiovasculares são formados por tarefas básicas ligadas a compreensão das funções adaptativas.
Para Shoji e Forjaz (2000) esses elementos constituem mecanismos multifatoriais contribuindo para que o sistema cumpra com suas funções de maneira correta e eficiente.
Os ajustes fisiológicos são concretizados quando as demandas metabólicas se encontram com o tronco cerebral por meio das vias aferentes indo em direção até a formação reticular bulbar, local onde os neurônios reguladores centrais podem ser encontrados.
Portanto, os efeitos da prática de atividades físicas podem ser categorizados em:
Agudos Imediatos: ocorrem por meio de uma associação direta com os exercícios físicos nos períodos peri e pós-imediato da atividade. Ex: aumento da freqüência cardíaca, da sudorese, da ventilação pulmonar.
Agudos Tardios: ocorrem também de forma associada direta com os exercícios, no entanto nos períodos que sucedem as primeiras 24 ou 48 horas após a atividade, podendo ser analisados na diminuição dos níveis tensionais, crescimento do volume plasmático, potencialização das atividades endoteliais e crescimento da sensibilidade insulínica composta na musculatura esquelética.
Crônicos: também são conhecidos como adaptações, pois são provenientes da exposição constante às atividades físicas. São caracterizados pelos aspectos morfofuncionais capazes de diferenciar uma pessoa praticante de exercícios físicos de um outro indivíduo sedentário. Ex: hipertrofia muscular, etc.
Para Bergamashi e colaboradores (1991) o débito cardíaco se eleva após o início de uma atividade física, devido ao maior volume sistólico e o aumento da freqüência cardíaca, a vasodilatação periférica dos músculos ativos no exercício permite que a pressão arterial diastólica não oscile muito no exercício dinâmico.
Cabe ressaltar que o exercício físico também possui elevado potencial para desenvolver a angiogênese, aumentando significativamente o fluxo sangüíneo em direção aos músculos esqueléticos e para o coração, além de permitir importantes adaptações autonômicas e hemodinâmicas, como já vistas, com o intuito de manter a homeostasia celular ligada com o metabolismo do corpo humano.
Com as funções metabólicas do corpo humano potencializadas pelo exercício físico, há o aumento do débito cardíaco, o fluxo sangüíneo é redistribuído, e a perfusão circulatória é elevada até os músculos que se encontram em movimento.
Através de estudos feitos com maratonistas viu-se que o fluxo sanguíneo muscular pode aumentar de 1l/min em repouso para 20 l/min durante a atividade física intensa (Guyton, 1993).
Portanto, a elevação da pressão das artérias está diretamente ligada com o aumento do fluxo sangüíneo, assim como ao aumento do débito cardíaco, já que “a elevação da pressão arterial média durante o exercício se deve a um aumento da pressão sistólica, uma vez que a pressão diastólica permanece constante durante o trabalho progressivo.” (Powers e Howley, 2000, p. 171)
Figura 2. Alterações da Pressão Arterial
Fonte: Powers e Howley (2000)
Basicamente, compreende-se que durante uma série de atividades físicas, o organismo se encontra a um meio repleto de adaptações cardiovasculares e respiratórias visando suprir as necessidades da alta demanda de músculos ativos. Quando essas adaptações se encontram em fase de repetição, os músculos se transformam permitindo que o corpo humano aumente seu potencial de desempenho por meio dos processos fisiológicos e metabólicos do indivíduo que deverão otimizar a distribuição de oxigênio por todos os tecidos em movimento.
Conclui-se que os mecanismos que envolvem a redução pressórica após o exercício físico estão associados com fatores hemodinâmicos, humorais e neurais.
2.2.1. Freqüência de exercícios
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, pacientes que apresentam hipertensão arterial devem praticar atividades físicas regularmente, desde que estas atividades façam partes de programas monitorados por profissionais, sendo sempre submetidos à avaliação clínica prévia.
De acordo com Silva e Lopez (2001) o efeito hipotensor é obtido através de uma freqüência mínima de 3 vezes por semana, levando em consideração que para os autores as freqüências maiores podem significativamente apresentarem maior potencial no controle da pressão arterial.
2.2.2. Duração dos exercícios
Estudiosos como Overton, Joyner e Tripton (1988 citado por Laterza e colaboradores, 2007) concretizaram seus trabalhos em animais hipertensos analisando que o exercício físico com duração de aproximadamente 40 minutos permite a redução da pressão arterial de maneira mais efetiva que em atividades com período de duração de 20 minutos.
Assim, como esses autores, Forjaz e colaboradores (1998) também demonstrou que quanto maior for o exercício físico maior será o efeito hipotensor.
Esses resultados podem ser identificados através da vasodilatação iniciada pelas atividades físicas nos músculos que se encontram ou não em movimento, proveniente do acúmulo de metabólitos musculares formados pela atividade, como potássio, lactato, adenosina, ou o calor dissipado provocado pelos exercícios físicos.
Normalmente a duração do exercício físico direcionado ao indivíduo hipertenso deve ser de 30 a 60 minutos.
2.2.3. Intensidade do exercício
Segundo Brandão Rondon e Brun (2003), a intensidade do exercício físico em hipertensos deve ser baixa, permitindo maior sucesso na obtenção dos efeitos hipotensores, já que a baixa intensidade provoca a diminuição da resistência vascular periférica, originada pela diminuição da vasoconstrição, potencializarão das funções epiteliais e mudanças na estrutura da microcirculação do organismo humano.
De acordo com o American College of Sports Medicine (2004) a intensidade envolve uma porcentagem de 60% a 80% do potencial funcional máximo de exercícios em hipertensos.
Já autores como Saraiva e Gabriel (2001) afirmaram que pacientes hipertensos conseguem obter melhoras notórias em alguns elementos hemodinâmicos, entre eles: freqüência cardíaca de repouso; freqüência cardíaca de exercício; pressão arterial sistólica e diastólica em atividade; pressão arterial e diastólica em repouso.
2.2.4. Benefícios do exercício físico
O American College of Sports Medicine (2004) considera que indivíduos que mantem hábitos de vida saudáveis com prática de atividades físicas regulares possuem menor probabilidade de aumentar seu potencial de desenvolvimento de doenças crônicas, principalmente quando estas patologias envolvem o estilo de vida sedentário vivido por muitos pacientes a nível mundial.
Dessa maneira, pacientes sedentários podem ser submetidos a programas de exercícios físicos com o intuito de reduzir a mortalidade por meio do fortalecimento das respostas pressóricas e conseqüentemente o aumento da longevidade.
Afirma ainda que a prática de exercícios físicos oferece inúmeros benefícios ao paciente portador de hipertensão arterial, entre eles:
Fortalecimento das funções cardiovasculares e respiratórias:
Aumenta o VO2máx provenientes das adaptações centrais e periféricas do organismo.
Reduz a ventilação a cada minuto em certa intensidade submáxima.
Custo ou dispêndio do oxigênio que circula no miocárdio para determinada intensidade submáxima absoluta.
Reduz significativamente a freqüência cardíaca e da pressão arterial para determinada intensidade submáxima.
Elevação da densidade capilar constituída pelo músculo esquelético.
Elevação do limiar de acúmulo de lactato no sangue.
Elevação do limiar de início dos sinais, assim como os sintomas das patologias.
Minimização dos Fatores de Risco para patologias coronarianas:
Diminuição da pressão sistólica e diastólica de repouso.
Elevação dos níveis de lipoproteína constituída de alta densidade e redução dos níveis séricos direcionados ao colesterol e triglicérides.
Diminuição da gordura corporal total do corpo humano, além da gordura intra-abdominal.
Redução da necessidade do elemento insulina, potencializando a tolerância a glicose.
Redução da Morbidade e da Mortalidade:
Prevenção Primária: envolve prevenir doenças cardíacas agudas, uma vez que os elevados níveis de atividades físicas estão ligados com a baixa incidência de doenças coronarianas, de doenças cardiovasculares, ou patologias combinadas entre si.
Prevenção Secundária: envolve incluir atividades físicas após doenças já desenvolvidas, pois normalmente após infarto do miocárdio, os pacientes que são submetidos a atividades físicas regulares reduzem fatores de risco para um novo acidente por meio da reabilitação cardíaca desenvolvida pelos exercícios físicos.
Outros Benefícios:
Redução da ansiedade.
Redução da Depressão.
Aumento da sensação de bem-estar.
Aumento da auto-estima.
Aumento da performance em atividades direcionadas a prática de esportes.
Observa-se então, que exercícios físicos permitem melhorar a qualidade de vida, reduzindo o stress e fazendo com que os indivíduos se tornem menos sensíveis a ações adrenérgicas.
Para Irigoyen e colaboradores (2003) a ação benéfica da atividade física está diretamente ligada com o combate a obesidade, problemas emocionais, diabetes, pressão arterial, doenças cardiovasculares, entre outros distúrbios e patologias.
Dessa maneira, Weineck (1999) enfatiza que os exercícios físicos quando associados com fármacos e dietas rigorosas podem ser um excelente tratamento para a hipertensão arterial, uma vez que geralmente são treinamentos de resistências regulares e com intensidades médias que permite maior controle hipotensor.
2.3. Cuidados e fatores de risco
De acordo com Silva, Machado, Rodrigues (2008) apesar da prática de atividades físicas trazerem efeitos benéficos notórios ao pacientes com hipertensão arterial, alguns cuidados devem ser ressaltados e fatores de risco devem ser levados em consideração.
Alguns exercícios, como o caso da musculação com carga elevada para aquisição de massa corporal torna-se arriscado a saúde do pacientes, pois exigem muita força para obtenção da força, sendo totalmente contra-indicada para aqueles que possuem hipertensão.
Antes de iniciar programas de exercícios físicos, o hipertenso necessita procurar um cardiologista a fim de realizar um teste ergométrico, essencialmente se o paciente apresentar outros fatores de risco de problemas cardiovasculares.
Durante os exercícios físicos é essencial que o paciente tenha em sua companhia um professor de educação física para orientá-lo nas atividades de maneira a reduzir os riscos a sua saúde.
Compreende-se que todo paciente com hipertensão arterial pode realizar exercícios físicos, porém para isto é necessário que o mesmo esteja com sua pressão arterial em equilíbrio, não descartando o cuidado de mantê-la sempre controlada durante as atividades.
Para aqueles indivíduos hipertensos que enfrentaram problemas cardiovasculares, influenciando o comprometimento cardíaco, função renal ou derrame é preciso cuidados ainda maiores, uma vez que em alguns casos extremos as atividades físicas são contra-indicadas.
3. Considerações finais
A hipertensão arterial deve ser tratada de forma consciente, uma vez que possibilita o aparecimento de graves doenças como o acidente vascular cerebral (AVC), considerado uma das principais conseqüências do aumento da pressão arterial, sendo que a mesma e o principal fator de risco para outros tipos de doenças vasculares encefálicas.
Dessa maneira, a cura para a hipertensão não existe atualmente, no entanto o tratamento é realizado através do controle de determinadas atitudes do paciente e com o auxílio de medicamentos receitados pelo médico que contribuem para o aumento da qualidade de vida do paciente.
O objetivo principal do tratamento anti-hipertensivo é minimizar a morbimortalidade dos indivíduos que possuem a presença de alto risco de acidentes cardiovasculares, entre eles, principalmente pacientes diabéticos que apresentam microalbuminúria, insuficiência cardíaca, nefropatia e vasculopatias periféricas secundárias que acabam por desenvolver a hipertensão arterial crônica, além de contribuir na prevenção de possíveis acidentes vasculares cerebrais.
Portanto, a manutenção direcionada aos níveis de pressão abaixo de 140x90 mmHg está ligado com a redução das complicações que dão início aos problemas cardiovasculares.
Hábitos de vida mais saudáveis podem necessariamente oferecer maior qualidade de vida em relação a incidência da hipertensão arterial, uma vez que este fato é indispensável ao tratamento com fármacos, pois diminuem significativamente a pressão arterial, contribuindo na eficácia do tratamento medicamentoso.
O exercício físico desempenha importante função nos níveis de repouso da pressão arterial de um indivíduo que apresenta hipertensão leve ou moderada, pois pode reduzir a dose dos fármacos anti-hipertensivos até que o mesmo consiga manter o equilíbrio de sua pressão.
Compreende-se que em muitos casos as medidas farmacológicas foram substituídas pelas medidas não farmacológicas, como é o caso dos programas de atividades físicas que são recomendadas para pacientes com hipertensão arterial sistêmica leve.
Em indivíduos hipertensos, reduções clinicamente significativas na pressão arterial podem ser conseguidas através de programas moderados de exercícios físicos melhorando assim a qualidade de vida dos hipertensos e diminuindo o número morbidade e da mortalidade por essa causa.
Conclui-se que os efeitos benéficos dos exercícios físicos são meios eficientes no tratamento do controle da pressão arterial do indivíduo hipertenso, podendo haver uma diminuição no uso de fármacos ou até mesmo servir como tratamento desse indivíduo.
Referências bibliográficas
American College of Sports Medicine. Position Stand: Exercise and Hypertension. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 36, n. 3, p. 533-553, 2004.
Amado, T.C.F.; Arruda I.K.G. Hipertensão arterial no idoso e fatores de risco associados. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, V. 19 n. 2, p. 94-99, 2004.
Bergamashi, C.T.; Boim, M.A.; Denadai, B.S.; Picarro, I.C. Rim e exercício físico. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 13, n. 2, p. 33-38, 1991.
Brandão Rondon, M.U.P.; Brum, P.C. Exercício físico como tratamento não-farmacológico da hipertensão arterial. Revista Brasileira de Hipertensão, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 134-139, 2003.
Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, V. Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Nefrologia, 2006.
Forjaz, C.L.M.; Santaella, D.F.; Rezende, L.O.; Barreto, A.C.P.; Negrão, C.E. A Duração do exercício determina a magnitude e a duração da hipotensão pós- exercício. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 70, n. 2, p. 99-104, 1998.
Guyton, A.C. Fisiologia humana e mecanismos das doenças. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996.
Irigoyen, M.C.; Lacchini, S.; de Angelis, K.; Michelini, L.C. Fisiopatologia da hipertensão: o que avançamos? Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, São Paulo, v. 1, p. 20-45, 2003.
Laterza, M.C.; Brandão Rondon, M.U.P.; Negrão, C.E. Efeito anti-hipertensivo do exercício. Revista Brasileira de Hipertensão, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 104-111, 2007.
Miranda, R.D.; Perroti, T.C.; Bellinazzi, V.R.; Nóbrega, T.N.; Cendoroglo, M.S.; Neto, J.T. Hipertensão arterial no idoso: peculiaridades na fisiopatologia, no diagnóstico e no tratamento. Revista Brasileira de Hipertensão, São Paulo, v. 9, p. 293-300, 2002.
Monteiro, M.F.; Filho, D.C.S. Exercício físico e o controle da pressão arterial. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 10, n. 6, p. 513-516, 2004.
Passos, V.M.A.; Assis, T.D.; Barreto, S.M. Hipertensão arterial no Brasil: estimativa de prevalência a partir de estudos de base populacional. Epidemiologia e Serviços de Saúde. v. 15, n. 1, p. 35-45, Belo Horizonte, 2006.
Powers, S. K.; Howley, E. T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 3. ed. São Paulo: Manole, 2000.
Saraiva, J.F.K.; Gabriel, E.A. Exercício físico e hipertensão: relato de caso. Revista Brasileira de Hipertensão, São Paulo, v. 4, n. 3, 2001.
Shoji, V. M; Forjaz, C. L. M. Treinamento físico da hipertensão arterial. Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, São Paulo, v. 10, n. Supl.6, p. 7-14, 2000.
Silva, A.G.; Machado, L.F.; Rodrigues, V.D. Exercício físico como meio de prevenção e tratamento da hipertensão arterial. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 10, n. 126, 2008. http://www.efdeportes.com/efd126/exercicio-fisico-como-meio-de-prevencao-e-tratamento-da-hipertensao-arterial.htm
Silva, F.C.M.; Lopez, R. F. A. Efeito fisiológico imediato da aula de uma atividade física na água, em mulheres com hipertensão arterial. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 7, n. 43, 2001. http://www.efdeportes.com/efd43/efeito.htm
Silva, J.L.L. Considerações sobre a classificação da pressão arterial: implicações nas ações de enfermagem. Informe-se em Promoção da Saúde, n. 4, p. 1-3, 2006.
Weineck, J. Treinamento Ideal. Traduzido por Beatriz Maria Romano Carvalho. 9ª ed. São Paulo. Editora Manole, 740p, 1999.
Zaitune, M.P.A.; Barros, M.B.A.; César, C.L.G.; Carandina, L.; Goldbaum, M. Hipertensão arterial em idosos: prevalência, fatores associados e práticas de controle no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública. v. 22, n. 2, p. 285-294, Rio de Janeiro, 2006.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 15 · N° 148 | Buenos Aires,
Septiembre de 2010 |