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Contribuições da dança para a qualidade de vida de mulheres idosas

Aportaciones de la danza a la calidad de vida de mujeres mayores

 

*Discente da Faculdade de Educação Física

da Universidade de Santo Amaro, UNISA

**Orientadora e Docente da Faculdade de Educação Física

da Universidade de Santo Amaro, UNISa

(Brasil)

Mônica Ferreira de Souza* | Janaina Pereira Marques*

Andréa Francisca Vieira* | Dilma Cerina dos Santos*

Adriano Eduardo da Cruz*

Profª. Ms. Solange de Oliveira Freitas Borragine**

monicafsouza@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O estudo tem o objetivo de verificar a contribuição da dança, como atividade física, para a promoção da qualidade de vida em mulheres idosas. Para esta finalidade a metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica. Constata-se que a dança pode ser utilizada como promotora da qualidade de vida para a terceira idade, amenizando os problemas decorrentes do processo de envelhecimento nos aspectos psicossociais e biológicos. Podemos afirmar que a dança promove uma melhor qualidade de vida das mulheres idosas, estimulando as funções do organismo, prevenindo e/ou retardando o surgimento das doenças crônicas degenerativas comuns neste período da vida como o diabetes, a hipertensão, a osteoporose, como também ameniza problemas de ordem psicológicas normalmente relacionada à baixa auto estima, possibilitando uma melhora no aparelho locomotor e auxiliando na realização das atividades diárias. A dança contribui para amenizar os traumas do envelhecer de mulheres idosas, possibilitando-lhes mais alegria, tornando-as mais ativas, melhorando a saúde e o prazer de viver.

          Unitermos: Mulher idosa. Qualidade de vida. Dança.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Com os avanços tecnológicos da ciência e da medicina, o que antigamente era privilégio de poucos, passou a ser uma experiência de um número crescente de pessoas em todo mundo, logo, o envelhecimento da população mundial tornou-se um fenômeno novo que os países desenvolvidos estão se adaptando.

    O envelhecimento nada mais é do que um processo natural que nos acompanha durante toda nossa vida, no entanto, com a implantação das sociedades capitalistas alguns grupos tornaram-se excluídos da sociedade e, ao observar a visão do papel social do idoso no século XXI, é notória a exclusão desse grupo.

    Um dos fatores determinantes para este fato é que, com o passar do tempo, essas pessoas apresentam uma diminuição significativa de sua capacidade funcional.

    A proposta de prolongar a vida das pessoas é coerente, desde que seja consolidada com a promessa de desfrutar de uma melhor qualidade de vida, e esteja inserida no contexto social. Porém, o que se vê é a rejeição, o desrespeito e a exclusão social dos indivíduos idosos.

    De um modo geral a sociedade não tem valorizado esta grande parcela da população e, como conseqüência deste fato, há uma tendência para a diminuição da qualidade de vida desse grupo. Isso gera no ser humano uma necessidade de busca ou resgate de sua identidade, de seu autoconhecimento tanto nos aspectos físicos como nos psíquicos, além da tentativa de se manter uma vida social ativa.

    É importante observar que, muitas vezes, o idoso não necessita somente melhorar a força, equilíbrio, resistência e destreza para manter sua capacidade funcional e ter uma boa qualidade de vida, mas também precisa de carinho, atenção, cuidados, lazer, contato social e auto-estima, fatores que as atividades físicas podem proporcionar.

    A prática de atividade física é um dos caminhos para amenizar os diversos impactos gerados nesta fase, proporcionando e melhorando a qualidade de vida desse público, com propostas diversas que visem o objetivo de cada idoso, além de vencer desafios motivados por si próprios.

    Uma das sugestões para se trabalhar com este público é a prática da dança, já que esta desenvolve o individuo integralmente. Como atividade física, a dança talvez seja a mais completa de todas, por dar manutenção da força muscular, sustentação, equilíbrio, potência aeróbica, movimentos corporais de total amplitude e mudanças do estilo de vida.

    A dança também permite que o idoso descubra a capacidade de suas articulações, os seus limites, o prazer de poder extravasar suas emoções e seus sentimentos através de seu corpo.

    Nesse sentido o objetivo do presente estudo é verificar a contribuição da dança, como atividade física, para promoção da qualidade de vida em mulheres idosas. Para tanto utilizaremos como metodologia a revisão bibliográfica.

    Acreditamos que a dança seja uma atividade prazerosa e motivante que possibilita às mulheres idosas uma melhor qualidade de vida e desempenho nas atividades de vida diária, contribuindo para uma maior autonomia e, consequentemente, maior autoestima. Esses fatores contribuirão também para a preservação de suas capacidades funcionais e uma menor incidência de doenças provocadas pela inatividade.

O processo de envelhecimento das mulheres

    O envelhecimento, de acordo com Fortes (2008) é um processo fisiológico e não está necessariamente ligada a idade cronológica. Geralmente ele está unido a modificações do corpo como o aparecimento das rugas, dos cabelos brancos e diminuição das capacidades físicas.

    O século XX foi marcado por profundas transformações. Dentre elas, o fenômeno do envelhecimento populacional que se destaca na população brasileira, ocasionando aumento da expectativa de vida da população e conseqüentemente um maior número de idosos no país. (LIMA e BUENO, 2009)

    Entre os anos de 1940 e 1960, de acordo com Chaimowicz, (1997) citado em Lima e Bueno (2009), o Brasil sofreu queda nas taxas de mortalidade, mantendo as taxas de natalidade e fecundidade ainda relativamente altas. A partir da década de 60, o país passa a apresentar redução das taxas de natalidade e fecundidade, o que ocasionou o aumento do número de idosos e, consequentemente, o envelhecimento populacional, alterando seu índice de envelhecimento da população que era de 6,4 em 1960 para 13,9 em 1991 – incremento superior a 100% em apenas três décadas.

    Segundo os autores, o declínio da queda da taxa de mortalidade se deu pelas ações médico-sanitaristas realizadas, e a partir da década de 40 pelo desenvolvimento tecnológico da atenção médica na rede pública, o que não significa melhoria na qualidade de vida da população.

    Conforme registros de Carvalho e Wong (2008) constata-se que no Brasil o número de crianças menores de cinco anos reduziu e, comparativamente o número de pessoas acima de 65 anos aumentou. Veras (2007) complementa a informação quando apresenta que o Brasil é um jovem país de cabelos brancos, e em todos os anos cerca de 650 mil novos idosos são incorporados à população brasileira.

    A Organização das Nações Unidas (ONU) considera o período de 1975 a 2025 como a Era do Envelhecimento, segundo Siqueira, Botelho e Coelho (2002). Diante deste recente fato verifica-se, de acordo com Lima e Bueno (2009) que os idosos vivem constantemente em situações de desvalorização social, depressão, falta de assistência a diversas atividades de lazer, sofrem para acessar os planos de saúde e, principalmente, convivem com o preconceito.

    Jardim, Medeiros e Brito (2006) apresentam em seus estudos que algumas pessoas ainda julgam o envelhecimento como sinônimo de doença, o que não pode ser considerado, uma vez que existem maneiras de envelhecer com saúde, e cada indivíduo reage às transformações de forma diferente, o que o torna atuante e responsável por manter sua qualidade de vida.

    Podemos encontrar, hoje, idosos ativos fisicamente, que praticam atividades físicas, e outros com características clássicas da “melhor idade”, se considerando velhos demais para realizarem estas atividades. (FORTES, 2008)

    Conforme registro de Gobbo e Carvalho (2005), considerado um fenômeno universal e com a amplitude que tem aumentado o envelhecimento, a população idosa no Brasil crescerá em torno de 16 vezes até o ano de 2025.

    De um modo geral, a atual população apresenta vantagens em relação às gerações passadas, pois os indivíduos têm mais consciência sobre as dimensões de saúde tendo atitudes que os deixam mais saudáveis. Paralelamente a isso temos a medicina, as atividades físicas e as condições de vida em geral que trazem o resultado: mais vida com mais saúde. (BOCALINI, SANTOS e MIRANDA, 2007).

    No Brasil, segundo Camarano (2006) citado em Lima e Bueno (2009), as mulheres representam a maior parte da população idosa e, em 2000, 55% da população era do sexo feminino, estimando-se que em 2050 a população idosa tenha um avanço de 18% para 30,8%, resultando em meados do século pelo menos duas mulheres para cada homem entre os mais idosos.

    Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, de acordo com Garrido e Menezes (2002) citado em Lima e Bueno (2009), nascem mais homens, mas as mulheres vivem mais, e isso se deve pelo fato delas levarem um estilo de vida menos arriscado que os homens, de terem atitudes mais preventivas, e de suas características de vida se apresentar de forma diferente, pois, normalmente realizam menos trabalhos pesados, fumam menos, se consultam mais com médicos quando sentem algum sintoma ou desconforto, fazendo com que vivam mais que seus parceiros. Um estudo da Organização Mundial da Saúde - OMS, porém, mostram que as mulheres acabam vivendo mais tempo com doença que os homens, afetando a qualidade de vida das mesmas.

    Conforme Bocalini, Santos e Miranda (2007), o envelhecimento conduz a uma perda progressiva das aptidões funcionais do organismo, situação que é acentuada com o sedentarismo. Tais alterações acabam por limitar a capacidade funcional da mulher idosa em realizar suas atividades habituais do dia a dia como limpar, cuidar da casa e de si mesma.

    Sendo o sedentarismo uma das principais causas para as doenças crônicas degenerativas como problemas cardiovasculares, diabetes, hipertensão, osteoporose, acidente vascular cerebral, dentre outros, a prática de exercícios físicos além de combatê-los, contribui de maneira significativa para a manutenção da aptidão física funcional da idosa, fazendo com que ela tenha uma melhora no funcionamento geral do seu corpo.

    O American College of Sports Medicine (ACSM) registra que, para indivíduos idosos, um bom programa de exercícios de flexibilidade, de resistência aeróbia e exercícios de força devem ser enfatizados para a manutenção da massa muscular, isso resulta em avanços na saúde física da mulher idosa, deixando-a mais disposta, com um corpo mais saudável melhorando sua qualidade de vida e sua autoestima. (BOCALINI; SANTOS e MIRANDA, 2007).

    De acordo com Lima e Bueno (2009) o envelhecer da mulher é também influenciado por fatores sociais não somente por fatores físicos ou pela cronologia. Antes, envelhecer para a mulher significava desempenhar fortemente o papel de avó, mas atualmente para algumas mulheres traz o desejo de realizar os sonhos e vontades postergadas.

    Os autores também afirmam em seus registros que as idosas mais jovens, com idade entre 60 a 64 anos, morrem geralmente de problemas isquêmicos do coração, seguindo de doenças cerebrovasculares, o que pode ser evitado com a prática de exercícios físicos.

    Geralmente após a morte do parceiro a mulher fica sozinha, ao contrário do homem, que tende a se casar novamente, neste caso algumas mulheres reclamam de solidão, enquanto outras enxergam este fato como a possibilidade de liberdade e autonomia para a realização de atividades que antes não conseguiam fazer. (IBID)

    Na terceira idade, segundo Lima e Bueno (2009), a mulher se sente desvalorizada, pois a juventude é muito focada pela sociedade atual, a menopausa influencia muito nas condições físico-psíquicas, tornando as idosas muito mais fragilizadas quanto ao envelhecimento do seu próprio corpo. Neste caso a atividade física, bem como a dança, ajuda as mulheres na superação dessas dificuldades trazendo-as para o envolvimento com outras pessoas da mesma idade, com as mesmas dificuldades e experiências.

    A preocupação para a aquisição de uma vida saudável, e o incentivo para a prática de exercícios físicos regulares é uma boa estratégia para o envelhecimento saudável das mulheres idosas, e uma das possibilidades para garantir sua alegria e disposição de forma ativa é a prática da dança. A mulher idosa necessita de programas e atividades que englobem todas as suas necessidades para continuar vivendo bem.

Dança como atividade física

    Segundo Garaudy (1980) apud Gobbo e Carvalho (2005) a dança antecede o ser humano, pois há milhões de anos os animais já a utilizavam para procriação ou alimentação da sua espécie. A dança atualmente, além de ser uma atividade física lúdica, proporciona a comunicação através de gestos do corpo.

    “A própria palavra dança, em todas as línguas européias – danza, dance, tanz-, deriva da raiz “tan” que em sânscrito, significa “tensão”. Dançar é vivenciar e exprimir, com o máximo de intensidade, a relação do homem com a natureza, com a sociedade, com o futuro e com seus deuses.” ( GUARAUDY, 1890 apud GOBBO e CARVALHO, 2005, p. 6)

    A dança, de acordo com os autores tem como objetivo trabalhar o organismo do individuo harmoniosamente, respeitando as suas emoções, o seu estado fisiológico, desenvolvendo habilidades motoras, o autoconhecimento e ainda possibilitando benefícios como: prevenção e combate a situações estressantes; estimular a oxigenação do cérebro; melhorar o funcionamento das glândulas; reforçar os músculos e a proteção das articulações; auxiliar no aumento do desempenho cognitivo, da memória, da concentração e da atenção, proporcionar cooperação, colaboração, contato social; estimular a criatividade, a melhora da auto-estima, da auto-imagem e o resgate cultural.

    Os idosos normalmente chegam até a dança, conforme registro de Pinto et al (2008) por meio de barreiras impostas por eles mesmos ou pela sociedade tais como: preconceitos por causa da idade, por acharem que não conseguem por problemas de origem psicológica e ainda saudades do tempo em que eram jovens.

    Na terceira idade o corpo é afetado de um modo geral, sendo que os membros inferiores são os mais prejudicados, pois com o passar do tempo surgem limitações ligadas ao declínio das capacidades físicas, perdas na aptidão funcional, entre outras, e a dança pode beneficiar as idosas, retardando esses fatores que comprometem sua condição física. (BOCALINI, SANTOS e MIRANDA, 2007).

    Figueiredo e Souza (2001) afirmam que o trabalho de dança com os idosos vem provando que qualquer pessoa, independentemente da idade ou do sexo tem o direito de dançar e através da dança explorar o seu corpo, se sentir, se conhecer.

    Salvador (2004) complementa dizendo que a pessoa consegue extravasar toda a sua sensualidade, demonstrar todas as suas emoções, seus sentimentos e desejos, sejam eles positivos ou não através da dança. A prática da dança como atividade física diminui os fatores negativos gerando, em curto prazo, uma melhora na qualidade de vida do idoso, sendo contra-indicado apenas para as pessoas que sofrem de osteoporose avançada e alguns casos de angina no peito.

    A pratica de uma atividade física de forma regular auxilia na manutenção da massa óssea existente, fazendo com que a sua perda por causa do envelhecimento seja menor.

    Wannamethe e Shaper citado por Chiarion (2007), dizem que uma atividade física, sendo praticada de forma regular e sistemática, aumenta e mantém a aptidão física da pessoa, podendo elevar a melhora do bem estar funcional, o menor índice de mobilidade e mortalidade, tendo como ponto principal a promoção de saúde controlando as doenças relacionadas à idade.

    A dança como atividade física, de acordo com Salvador (2004) e Chiarion (2007), proporciona melhor elasticidade muscular, aumenta e melhora a circulação sanguínea e os movimentos articulares, além de diminuir o risco de doenças cardiovasculares, problemas no aparelho locomotor e o sedentarismo, reduzindo o índice de depressão e ansiedade.

    Os autores ainda afirmam que a dança como atividade recreativa aparece como uma alternativa de trabalho coletivo, que estimula a solidariedade, fazendo com que haja uma diminuição das tensões e das angústias, e consequentemente incentiva a idosa a buscar a socialização e o prazer de estar com pessoas da mesma faixa etária.

    A prática da dança para a terceira idade proporciona bem estar, pois por meio desta, elas conseguem resgatar suas lembranças prazerosas da juventude gerando um conforto na realização dos movimentos.

    Ao relacionar os aspectos físicos com a prática da atividade física, segundo Mazo, Mota e Gonçalves (2005), percebe-se que as idosas ficam mais dispostas e ativas para as atividades da vida diária e de trabalho, além de adquirirem uma melhor locomoção e um sono mais tranqüilo. Já, ao comparar a atividade física com os aspectos psicológicos, constata-se que as idosas estão mais satisfeita com sua auto-imagem e auto-estima e, consequentemente vêem um melhor sentido de viver.

    Analisando sob o aspecto psicológico, Chiarion (2007) e Silva (2007) apresentam que a dança melhora a auto-estima, a motivação e a auto determinação, fazendo com que elas se sintam livres, tranqüilas e realizadas, causando assim a aceitação da sua idade e das suas condições.

    No aspecto social os autores registram que a dança revela às idosas uma forma de diversão, uma maneira de buscar novas amizades, manter as que já existem, um meio de inclusão na sociedade e na sua própria família que é o fator principal para elas.

    A dança como atividade física é importante para as idosas porque estimula as funções do organismo, previne o diabetes, a hipertensão, a osteoporose, causa uma melhora no aparelho locomotor, auxiliando assim em suas atividades diárias (OKUMA, 1998 apud SILVA 2007).

    Finalizando podemos notar que a dança é uma excelente promotora de qualidade de vida para as pessoas idosas, quebrando assim diversos paradigmas, onde os principais pontos a serem alcançados são a felicidade e a satisfação de estar bem e viver bem nesta fase da vida.

A dança para melhor qualidade de vida das mulheres idosas

    Existem diversos conceitos de qualidade de vida, algumas sugeridas por especialistas e outras por leigos, porém conforme Néri (2001) é um termo utilizado para quantificar e qualificar as condições de vida de um ser humano, nessa avaliação, qualidade de vida é analisada pelas variáveis: domínio físico, social e psicológico. Dentre as formas de avaliação, podemos registrar as que se baseiam na sensação de bem-estar e saúde, na satisfação com diversas áreas da vida, no diferencial entre o que o indivíduo deseja ou espera ter e o que tem, e ainda na funcionalidade.

    Nossas discussões neste artigo resultam em uma análise no âmbito do bem estar, e esta pode ser constatada por meio da atividade física que influencia diretamente na qualidade de vida das pessoas. Para a mulher idosa, além de possibilitar melhor desempenho físico e motor, também pode auxiliar no aspecto social por meio das experiências vividas com a prática da atividade, constatando-se uma maior troca de informação de culturas e de integração. No aspecto psicológico, essa integração facilita a mudança de hábitos de vida que resultam no autoconhecimento, no discernimento em redefinir sua auto imagem e consequentemente, resgatando sua auto estima. (COSTA, MIGUEL E PIMENTA, 2007).

    Esta auto estima, de acordo com Tessari (2005) é a capacidade que a pessoa tem de confiar em si própria, de se sentir capaz, de poder enfrentar os desafios da vida e saber se expressar de forma adequada, para si e para os outros, as próprias necessidades e desejos e ainda ter amor próprio.

    Embora a expectativa de vida para as mulheres é bem mais significativa do que para os homens, devido hábitos e a proteção que os hormônios femininos oferecem, elas são as que mais sofrem com os males da idade. Mas também são elas as que mais procuram reerguer a sua auto estima, pois segundo o Ministério da Saúde – Programa Saúde do Idoso – BRASIL (2003), uma característica da mulher na melhor idade é a solidão.

    Segundo Tessari (2005) 10 milhões de velhos são do sexo feminino, e, no grupo etário acima de 85 anos, para cada homem existem cinco mulheres vivas. O que as torna vulneráveis aos problemas causados pela solidão, como a baixa da auto estima.

    É de extrema importância que as idosas façam parte de grupos com pessoas de sua faixa etária, principalmente porque seus hábitos e costumes tendem a ser diferentes das pessoas com outra faixa etária. Estar com seus pares pode ser fundamental na elevação de sua auto-estima e por conseqüência melhor qualidade de vida. A atividade física em grupo, neste caso a dança, se encaixa perfeitamente neste contexto, pois ela tem características que as auxiliarão na obtenção de uma vida mais saudável e mais feliz.

    Segundo Franchi e Montenegro Junior (2005) existem cinco fatores que classificam a qualidade de vida e saúde do idoso, esses cinco fatores são recomendados para o idoso ter saúde, a saber: vida independente, casa, ocupação, afeição e comunicação, se alguns desses fatores estiverem deficientes a qualidade de vida do idoso é comprometida. Esses fatores mostram que muitos idosos com a saúde debilitada têm altos níveis de depressão e angustia e sentem bastante dificuldade em realizar tarefas do dia-dia.

    Sendo assim, como registra Almeida, Gutierrez e Marques (2009), podemos pensar em qualidade de vida como noção, entendimento, construção histórica, relacionada aos sentimentos psíquicos do sujeito encontrados na vida familiar, amorosa, social e ambiental e na própria existência, e que na fase idosa da vida de uma pessoa, ela possa ter todas as condições para continuar vivendo em condições merecidas.

    A pratica de atividade física regular propicia uma melhor qualidade de vida contribuindo num todo, ou seja, biopsicosocial, alcançando níveis de melhoras significativas no dia a dia desse público, como nas atividades de vida diária, como tomar banho, vestir-se, levantar-se, lavar roupa, entre inúmeras situações que, quando jovem, achamos normal, mas com o passar do tempo perdemos por questões fisiológicas. (BRASIL, 2003)

    O Estatuto do Idoso, de acordo com Brasil (2003) faz uma menção bastante interessante nas disposições preliminares, artigo 3, referente a obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público em:

    “assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”. (BRASIL, 2003)

    O direito à liberdade compreende, de acordo com o estatuto, a faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários ressalvados as restrições legais; a opinião e expressão; crença e culto religioso; a prática de esportes e de diversões; a participação na vida familiar e comunitária; a participação na vida política, na forma da lei; a faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação – Capítulo II, do direito à liberdade, ao respeito à dignidade, artigo 10º, Brasil (2003).

    Portanto se a lei cita todas as condições cabíveis para uma qualidade de vida na terceira idade, podemos pressupor que nessa fase o desenvolvimento é pleno em todos os sentidos, mas sabemos que a realidade não é bem essa, pois faltam locais e instrumentos que ajudem essas pessoas em diversos aspectos, no entanto, quando as expectativas são atendidos, percebemos melhora em todos os sentidos, como por exemplo, quando a auto-estima é alta, decorrente de experiências positivas durante a vida, estando ligada às experiências acumuladas e as oportunidades que ainda as estimulam, ou seja, o convite para algo novo.

Considerações finais

    Constata-se que a sociedade estabelece padrões de beleza e o ser humano vive em busca da longevidade e a procura da fonte da eterna juventude. É fato que as pessoas estão conseguindo viver mais, no entanto, isso não quer dizer que estão vivendo bem, pois nem sempre ter uma vida longa é sinal de uma vida saudável, até porque começamos a envelhecer a partir do momento que nascemos.

    Além dos problemas que a própria idade traz nos aspectos psicológicos, sociais e físicos, o envelhecimento gera vários preconceitos ás pessoas idosas, pois a sociedade as vê como um produto do qual o prazo de validade já expirou, mas é preciso que se olhe para os idosos como pessoas de grande valor.

    Para que eles tenham uma vida digna, valorizada e reconhecida, e que eles próprios sintam-se bem consigo mesmos e com os outros ao seu redor, é importante que estejam inseridos na sociedade e envolvidos com atividades que lhes proporcionem prazer e melhor qualidade de vida. A dança na terceira idade, como atividade física, pode promover modificações no seu comportamento, nos aspectos físicos, fisiológicos, emocionais e sociais, possibilitando-lhes um envelhecimento saudável e cheio de vitalidade.

    Pode-se afirmar que a dança, conduzida como atividade física prazerosa e motivante, auxiliam as mulheres idosas na obtenção de melhor desempenho nas atividades de vida diária, possibilitando maior autonomia e conseqüentemente, prevenindo as doenças comuns nesta faixa etária, causadas normalmente pelo sedentarismo e pelo estresse.

    A prática da dança para mulheres idosas resulta em uma vida mais feliz, longa e ativa, fazendo com que se sintam mais confiantes, conseguindo administrar melhor os preconceitos que a velhice traz inclusive os que são gerados por elas em relação ao seu próprio corpo.

    Atualmente já é possível verificar a implantação de programas voltados para a terceira idade, e esses geralmente sugerem a dança como uma das atividades oferecidas além de outras. Neste sentido é importante divulgar e incentivar essas práticas para a manutenção da qualidade de vida dos idosos, e ressaltar também que os órgãos públicos devem promover mais programas gratuitos e de fácil acessibilidade para atingir cada vez mais a população idosa.

    Assim, para reverter positivamente os diversos problemas advindos do processo de envelhecimento, sugerimos a dança como atividade física. Acreditamos que essa poderá amenizar os traumas do envelhecer, melhorar a sua qualidade de vida, e consequentemente torna-las mais alegres, mais ativas, com melhor saúde e com um grande prazer em viver.

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