Benefícios da musculação na terceira idade Beneficios de la musculación en la tercera edad |
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*Discente da Faculdade de Educação Física **Orientadora e Docente da Faculdade de Educação Física Universidade de Santo Amaro, UNISA (Brasil) |
Fabio Henrique Nakada Coelho* Bruno Vitorio de Almeida Natalli* Profª. Ms. Solange de Oliveira Freitas Borragine** |
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Resumo O objetivo desta pesquisa é analisar os benefícios da prática da musculação na terceira idade. Para esta finalidade utilizamos como metodologia a revisão bibliográfica. A população de idosos tem crescido consideravelmente, não só no Brasil como em todo mundo, e este fato tem mobilizado muitas pesquisas no sentido de estudar maneiras do idoso permanecer por mais tempo com boa saúde e melhor qualidade de vida. O processo de envelhecimento, muitas vezes, limita o individuo na realização de ações simples, que antes eram rotineiras, assim, para a busca de melhor expectativa de vida dos idosos, vem crescendo significativamente o interesse pela prática de exercícios físicos e, dentre essas práticas podemos sugerir a musculação. Apesar de certa relutância no desenvolvimento deste trabalho para os indivíduos idosos, talvez por falta de conhecimento, podemos constatar que, por meio da musculação obtêm-se um aumento significativo nos ganhos de força, massa muscular e densidade óssea, possibilitando que o idoso realize suas atividades diárias com mais qualidade e por mais tempo, além de combater patologias crônicas degenerativas, típicas deste período da vida. Verifica-se, portanto que o exercício físico é fator importante para melhor qualidade de vida dos idosos. Unitermos: Terceira idade. Musculação. Envelhecimento.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Diante das atuais pesquisas verifica-se que o Brasil passa por um processo de rápido envelhecimento populacional. Estimativas apontam que, neste século o Brasil será o sexto maior em número de idosos. Constata-se também que a atividade física regular torna o idoso mais dinâmico, diminuindo assim a incidência de doenças, oferecendo melhor qualidade de vida e auto-estima. Sendo assim, a musculação é recomendada para o idoso a fim de manter e/ou aumentar sua força muscular, melhorando o desempenho nas atividades cotidianas.
Logo, está pesquisa de revisão bibliográfica tem o objetivo de analisar a importância da musculação para a terceira idade, bem como, destacar seus benefícios para esta população.
Para o idoso participar de alguma atividade física é necessário um estímulo motivacional para que a prática se torne um hábito comum de seu dia a dia. Observa-se que os idosos estão procurando ter um estilo de vida ativo com a prática de atividade física regular, pois ela proporciona uma melhor aptidão física.
Estudos recentes apontam que hoje aproximadamente 70% das pessoas acima de 60 anos no Brasil ainda são sedentárias. Esta estatística é assustadora se considerarmos as conseqüências do sedentarismo, que variam desde o risco de infarto do miocárdio até acidentes vasculares e o câncer. Isto se agrava nas pessoas de terceira idade, pois nesta fase o organismo já não é mais como antes, seus corpos não são mais tão flexíveis e seus movimentos não são mais tão ágeis.
Atualmente, a musculação é uma atividade indicada para os idosos, pois sabe-se que o treinamento com pesos é eficaz na prevenção e tratamento de doenças como a osteoporose, obesidade, hipertensão arterial e diabetes, e tem como objetivo aumentar a massa muscular, densidade óssea, aperfeiçoando o desempenho relacionado à força, melhorando as condições funcionais do aluno, fazendo com que ele realize os esforços da vida diária com mais segurança, disposição, facilidade e sem a dependência de terceiros.
Os benefícios apresentados podem ser fisiológicos como o controle dos níveis de glicose, maior capacidade aeróbia, maior flexibilidade e equilíbrio; podem ser psicológicos, como relaxamento, redução na ansiedade e melhor saúde e diminuição no risco de depressão e por fim, os benefícios sociais, indivíduos mais seguros e mais integrados com a comunidade e funções sociais preservadas.
Nesse sentido, nós profissionais de Educação Física, devemos conhecer esse público e suas expectativas em relação à prática da atividade física, para desenvolvermos uma atividade segura e de boa qualidade.
Terceira idade e o processo de envelhecimento
A população de idosos brasileiros com mais de 60 anos, de acordo Camarano et al. (2002) vem aumentando consideravelmente devido à influência da redução da taxa de fecundidade associada aos avanços da tecnologia na área da medicina, contribuindo significativamente com a diminuição da taxa de mortalidade. Sendo assim, a expectativa de vida tem se elevado no decorrer dos anos.
No Brasil, de acordo com registros de Okuma et al., (2002), em 1940 os idosos representavam 4% do total da população, no ano de 2000 a expectativa cresceu para 9%, estimando-se em cerca de 15 milhões de habitantes com mais de 60 anos e em 2020, acredita-se que esta população esteja em torno de 15% da população de brasileiros.
Com o processo natural de envelhecimento, diversas transformações são facilmente percebidas, como perda de peso, redução da massa corpórea magra, cabelos grisalhos, pele enrugada, etc. Estes fatores, segundo, Papaléo Netto (2005), é o reflexo de um somatório de alterações que ocorrerão mais rápidas ou mais lentamente em cada um de nós.
Assim, com o decorrer da idade os idosos sofrem um débito funcional em relação ao seu organismo causando alterações nos tecidos, enzimas, moléculas e células, isto ocorrerá ao longo de toda sua vida. Além desses fatores, hábitos de vida inadequados podem ocasionar mais facilmente, várias patologias físicas e psíquicas.
Cabe a nós, profissionais de Educação Física, usarmos da nossa profissão com competência, como um dos meios de minimizar e prevenir esse processo, tornando os indivíduos/idosos mais saudáveis, mais aptos, bem dispostos, independentes, reintegrados na sociedade, com melhores condições de vida e, conseqüentemente valorizando-se e sendo valorizado.
Santos (2000), citado por Mazo, Lopes e Benedetti (2001) registram que a maioria dos especialistas da área de atividade física ligada ao idoso utiliza a idade cronológica de 60 anos como base para seus estudos, a qual muitas vezes não corresponde a idade biológica do indivíduo, uma vez que outras condições podem influenciar diretamente sobre cada um de nós, mostrando que o envelhecimento acontece individualmente, de acordo com as características físicas, funcionais, mentais e de saúde de cada indivíduo.
A conseqüência natural do envelhecimento, de acordo com os autores, é um processo biológico onde os órgãos envelhecem com mais rapidez, mas outros fatores também interferem, no entanto, de forma diferente de um indivíduo para outro.
Os autores classificam o envelhecimento em: envelhecimento social, que ocorre de acordo com a cultura do indivíduo; o envelhecimento intelectual que se caracteriza em falhas na memória, concentração e falta de atenção, e o envelhecimento funcional, compreendido quando o individuo necessita de outras pessoas para realizar suas atividades.
De acordo com Meirelles (1999), o processo de envelhecimento se inicia a partir da sua concepção, sendo assim, o envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo onde surgem modificações tanto morfológicas como funcionais, bioquímicas e psicológicas, que determinam a progressiva perda da capacidade de adaptação ao meio ambiente, ocasionando uma maior incidência de processos patológicos.
Logo, a prática da musculação proporcionará ao idoso uma diminuição ou retardamento dos problemas ligados à saúde, contribuindo para um envelhecimento saudável, melhorando também a sua auto-estima.
Meirelles (1999), afirma que no processo de envelhecimento há uma maior predisposição a doenças e incapacidades, porém a pratica de atividade física promove o retardamento do processo de envelhecimento, possibilitando a normalização da vida do idoso e afastando os fatores de risco comuns na terceira idade.
Costa (2004) cita que o envelhecimento está associado a uma variedade de limitações físicas e psicológicas, em conseqüência disso torna-se difícil para estes indivíduos desempenharem certas ações, tornando-os incapacitados para a realização de atividades físicas e prejudicando sua qualidade de vida.
Para Aquine et al. (2002), muitas modificações ocorrem com o envelhecimento fazendo com que o organismo funcione de maneira diferenciada, o corpo torna-se menos flexível, os movimentos são mais lentos com a perda da agilidade, as articulações perdem mobilidade e elasticidade, os ossos ficam mais fracos, ocorre uma deterioração do aparelho bronco-pulmonar, com comprometimento de todo o sistema respiratório, o aparelho cardiovascular também diminui sua capacidade, causando várias alterações fazendo com que o individuo se sinta mais limitado.
O nosso papel como profissional de Educação Física é intervir nesse processo de envelhecimento, contribuindo com a prescrição de uma atividade física sadia e segura, fazendo com que os idosos envelheçam de maneira mais saudável, tornando-os menos dependentes, retardando o envelhecimento, possibilitando-lhes uma melhora na sua qualidade de vida.
Para que essa possibilidade de uma melhor qualidade de vida aconteça, podemos mencionar o grande número de estudos e pesquisas que apontam os inúmeros benefícios da prática de atividade física regular. Dentre as mais variadas opções dessa prática, podemos sugerir a musculação.
A prática da Musculação
Podemos dizer que musculação é o termo mais usado para designar o treinamento com pesos, sendo assim, a musculação não pode ser caracterizada como uma modalidade esportiva, mas sim como uma forma de treinamento.
A musculação, segundo Cossenza (1995), é algo tão antigo quanto os relatos de civilização humana, há muitos séculos que o homem já faz exercícios com pesos progressivos como forma de fortalecer os músculos e conseqüentemente adquirir maior força, como forma de sobrevivência, pois o sucesso na caça e a defesa das terras não eram obtidos pelos mais fracos.
Já Bittencourt (1986) relata os métodos de treinamento utilizados por Milos de Crotona na época de 500 a 580 a.C.. Milos era um atleta Olímpico de lutas e utilizava o mesmo método utilizado nos dias de hoje, o de evolução progressiva de carga, sendo que este carregava um bezerro nas costas para aumentar os níveis de força de membros inferiores, e sua força aumentava na mesma proporção do aumento de peso do bezerro.
A musculação, de acordo com Santarém (1999) ocupa um lugar de destaque entre os métodos de treinamentos físicos mais populares existentes em todo o mundo.
A musculação é uma atividade que consiste em trabalhar a musculatura corporal, realizando exercícios contra uma resistência que pode ser empregada das mais variadas formas, como uma carga num halter ou em uma barra longa, em um aparelho com baterias de placas, tensores elásticos, aparelhos de ar comprimido, ou simplesmente contra a força da gravidade. (PINTO et al, 2008)
Godoy (1994) citado por Viana (2002) cita que a musculação é uma atividade física desenvolvida através de exercícios analíticos, que utilizam a resistência progressiva fornecida por recursos materiais, como a dos halteres, barras, anilhas, aglomerados, módulos, extensores, peças lastradas, ou até mesmo o próprio corpo.
Bittencourt (1986) ainda salienta que a musculação terapêutica atua como um trabalho de peso que visa o fortalecimento músculo - articular, após toda e qualquer intervenção cirúrgica nessas estruturas corporais, auxiliando o fortalecimento muscular durante o período de imobilização articular através de contrações isométricas que irão evitar que se acentuem as atrofias musculares e, como conseqüência possibilitem uma melhoria mais acelerada das lesões.
Devido ao histórico da musculação pode-se observar que, quando ela começou a ser praticada e até mesmo no decorrer de sua historia, essas práticas eram meramente para o ganho de força e massa e hoje esses mesmos objetivos são alcançados, só que de forma diferenciada e adaptada para os idosos.
A prática da Musculação e o idoso
Observando o crescimento expressivo da população idosa, conciliando com o acesso a informação, é perceptível um aumento de idosos na procura de exercícios como a musculação.
Estudos da Universidade de Stanford (EUA, 2005), de acordo com Mota et al. (2002) comprovam que a musculação para idosos, praticados algumas vezes por semana é ideal para ganhar massa muscular e melhorar o equilíbrio corporal. Os estudos relatam que quando os idosos mantêm uma rotina de treinamento adequado e regular, conseguem adquirir ótimos resultados para saúde e que, mesmo os indivíduos mais fracos, podem adquirir melhoria com a musculação.
Segundo Santarém (1999), os chamados exercícios resistidos, ou exercício de contra-resistência, geralmente são realizados com pesos, embora existam outras formas de oferecer resistência à contração muscular.
Musculação é o termo mais utilizado para designar o treinamento com peso, fazendo referência ao seu efeito mais evidente, que é o aumento da massa muscular. Assim, musculação não é uma modalidade esportiva, mas uma forma de treinamento físico. (MOTA et al., 2002)
Do ponto de vista funcional, os exercícios com pesos, desenvolvem importantes qualidades de aptidão, constituindo uma das mais completas formas de preparação física. Uma das características mais marcantes dos exercícios com peso é a facilidade com que podem ser adaptados à condição física individual, possibilitando até mesmo o treinamento de pessoas extremamente debilitadas. Pela ausência de movimentos rápidos e desacelerações, os exercícios com pesos apresentam também baixos risco de lesões traumáticas.
Segundo Launstein (2006), musculação tem por objetivo aumentar a massa muscular, a densidade óssea, aperfeiçoando o desempenho relacionado a força, melhorando a condição funcional do aluno, fazendo com que ele realize os esforços da vida diária com mais segurança, disposição e facilidade. Além disso, a incidência de lesões durante a aula é muito reduzida, em função da ausência de choques entre as pessoas, de movimentos violentos e mínimos riscos de quedas.
Nahas (2003) ressalta que, dentre os benefícios que a musculação pode trazer para essas pessoas, os de maior importância podem ser relacionados em benefícios fisiológicos, o controle dos níveis de glicose, maior capacidade aeróbia, melhoria da flexibilidade e equilíbrio; benefícios psicológicos proporcionando relaxamento, redução na ansiedade, melhoria na saúde e diminuição do risco de depressão; os benefícios sociais possibilitando indivíduos mais seguros, maior integração com a comunidade, além de funções sociais preservadas; e os benefícios relacionados aos aspectos de saúde como postura, locomoção, mobilidade, circulação periférica, visando melhorar a qualidade de vida dos idosos e torná-los indivíduos mais ativos.
Verifica-se, portanto que a velhice, além de alterações biológicas, traz mudanças psicológicas e sociais que contribuem para o relacionamento do idoso consigo mesmo, com a família, amigos e a sociedade.
Nadeau e Peronnet (1985) reforçam os benefícios que a prática de exercícios físicos traz na terceira idade, informando que eles possibilitam o aumento da massa muscular, reduzem o percentual de gordura corporal, aumentando a força do indivíduo, facilitando a sua locomoção, mantêm a pressão sanguínea e a freqüência cardíaca dentro de padrões aceitáveis para a idade, dificultando o acúmulo de colesterol no sangue, entre outros.
A musculação faz com que o indivíduo tenha mais força, devido ao aumento da massa muscular evitando quedas que, segundo Fiatarone apud Work (1991) dos indivíduos acima de 65 anos, 40% caem pelo menos uma vez por ano, podendo ocorrer lesões, principalmente fraturas que reduzem a mobilidade articular. Em conseqüência, ocorre uma sucessão de fatos tais como medo de executar movimentos novamente, sedentarismo e doenças, acentuados também pela má nutrição.
Conclusão
De acordo com os diversos referenciais consultados, constata-se a eficácia gradual de um programa de treinamento resistido para indivíduos idosos.
A importância da prática da musculação é evidente na vida do idoso, permitindo melhor desempenho físico, tornando-os menos suscetíveis às fraturas ósseas que geralmente acompanham a melhor idade. Essa prática também possibilita retardar / amenizar as doenças crônicas degenerativas, tão comuns nesta fase da vida.
Com o passar dos anos a força diminui cada vez mais e, se o indivíduo não se exercitar tenderá a ter maior comprometimento nas suas ações diárias. A força é um fator importante para as capacidades funcionais como: subir e descer uma escada, sentar numa cadeira entre outras coisas, logo é importante mantê-la por meio da prática de atividades físicas regulares, como a musculação, pois ela é vital para a saúde tanto física como mental contribuindo assim para uma melhor qualidade de vida.
Cabe ressaltar que essa prática só trará bons resultados se for planejada e ministrada por profissionais de Educação Física, devidamente habilitados, e que tenham conhecimentos específicos na área, a fim de suprir as necessidades almejadas pelos idosos.
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