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A subjetividade dos jogos: limitações da classificação e 

caracterização de jogos como sendo cooperativos ou competitivos

La subjetividad de los juegos: limitaciones de la clasificación y caracterización de los juegos como cooperativos o competitivos

 

Mestre em Educação Física pela

Universidade Federal do Espírito Santo

Pesquisador do Centro de Estudos em Sociologia

das Práticas Corporais e Estudos Olímpicos

Igor Barbarioli Muniz

igorbmuniz@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Os jogos cooperativos são considerados pela literatura específica como os mais adequados ao aprendizado cooperativo e solidário. Para legitimar este discurso se utiliza de um inventário de características criado por Fábio Brotto, principal divulgador dos jogos cooperativos no Brasil. Brotto compara as características dos jogos cooperativos com as dos jogos competitivos; nesta relação, o autor destaca a situação cooperativa como sendo uma atividade socialmente positiva, em detrimento da situação competitiva, carregada de conotações negativas. O objetivo do artigo é mostrar que o método utilizado pelo autor não dá conta de estudar o fenômeno jogo, tampouco caracterizá-lo a partir das ações dos jogadores. Como resultado se tem características que não são exclusivas de cada tipo de jogo, mas sim, pertencentes à subjetividade humana, às ações construídas conforme as diferentes situações relacionais.

          Unitermos: Jogos cooperativos. Jogos competitivos. Características.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    De um modo geral, os jogos cooperativos são considerados, pela literatura específica e pelos trabalhos acadêmicos sobre o assunto, os mais adequados para o aprendizado cooperativo e solidário, atuando, na visão de seus defensores, como uma prática re-educativa capaz de transformar o condicionamento competitivo em alternativas cooperativas, contribuindo para a construção de uma sociedade com valores sociais mais humanos.

    Os estudiosos dos jogos cooperativos têm enfatizado esses jogos em detrimento dos jogos competitivos, apropriando-se de argumentos que colocam os valores produzidos pela situação cooperativa como socialmente positivos enquanto aqueles lançados pela situação competitiva como responsáveis pela disseminação de contra valores educativos. Para legitimar o discurso das vantagens de um jogo sobre o outro trazem como argumento central as características de ambos os jogos, sendo o cooperativo sempre abordado de uma forma hegemonicamente positiva e o competitivo com conotações negativas.

    Fábio Brotto, considerado por muitos o principal estudioso e divulgador dos jogos cooperativos no Brasil, traz em sua pesquisa de mestrado um inventário de característica que marca a distinção de um jogo para outro, tendo grande parte de seus argumentos em defesa dos jogos cooperativos, sustentado por este instrumento. Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo mostrar que o método utilizado por Brotto (1999) para construção do inventário de características é insuficiente para analisar o fenômeno jogo, pois não dá conta de investigar elementos dinâmicos. Como resultado se tem características que foram levantadas, mas que não possuem evidências e material teórico consistente para sustentá-las.

Isso é jogo cooperativo, isto jogo competitivo: cuidados com a classificação e caracterização de jogos

    De uma forma geral, a literatura específica dos jogos cooperativos e os trabalhos acadêmicos a respeito demonstram preocupação com o desenvolvimento da sociedade contemporânea em meio a um contexto social marcado pela competição excessiva, individualismo, desigualdade social, exploração, dominação e violência. É incomodado com o excesso de incentivo à competição, com o crescimento da violência, dos atos desumanos, da dificuldade de interação harmoniosa, e em especial, com o reflexo desse contexto na educação, agravada pelo perfil mais agressivo com que os jogos e os esportes vêm sendo desenvolvidos, que Terry Orlick, considerado principal referência no estudo dos jogos cooperativos no mundo, vê nesses jogos uma possibilidade de mudança a favor de um aprendizado cooperativo e solidário.

    Correia (2006) corrobora com esta visão, pois entende os jogos cooperativos como uma das atividades “[…] mais adequadas para o desenvolvimento da cooperação e a superação desse processo de esportivização e do mito da competição” (p. 25). Brotto (1999), que no cenário nacional é considerado a referência nos estudos sobre o assunto, acredita que esses jogos devem ser utilizados como uma prática re-educativa capaz de transformar o condicionamento competitivo em alternativas cooperativas, harmonizar conflitos e solucionar problemas.

    O objetivo dos jogos cooperativos, segundo Orlick (1989), é “[…] prevenir que os problemas sociais surjam antes de se tornarem problemas” (p. 108) e, principalmente, “[…] criar oportunidades para o aprendizado cooperativo e a interação cooperativa prazerosa” (p.123). Brotto (1999) ressalta que “[…] resgatar, recriar e difundir os Jogos Cooperativos, é um exercício de potencialização de valores e atitudes essenciais, capazes de favorecer o desenvolvimento da sociedade humana como um todo integrado” (p. 65).

    Mas, por que os jogos cooperativos são considerados, por seus defensores, uma das atividades mais adequadas a uma educação (ou re-educação, como prefere Brotto) que diz ser transformadora? Brotto (1999), por exemplo, justifica a sua resposta através da construção de um inventário de características comparativas entre os jogos cooperativos e os jogos competitivos.

Jogos Competitivos

Jogos Cooperativos

  • São divertidos apenas para alguns.

  • A maioria tem um sentimento de derrota.

  • Alguns são excluídos por sua falta de habilidade.

  • Aprende-se a ser desconfiado, egoístas ou a se sentirem melindrados com os outros.

  • Os perdedores ficam de fora do jogo e simplesmente se tornam observadores.

  • Os jogadores não se solidarizam e ficam felizes quando alguma coisa de “ruim” acontece aos outros.

  • Pouca tolerância à derrota. Desenvolve em alguns jogadores um sentimento de desistência face às dificuldades.

  • Poucos se tornam bem sucedidos.

  • São divertidos para todos.

  • Todos têm um sentimento de vitória.

  • Há mistura de grupos que brincam juntos criando alto nível de aceitação mútua.

  • Todos participam e ninguém é rejeitado ou excluído.

  • Os jogadores aprendem a ter um senso de unidade e a compartilhar o sucesso.

  • Desenvolve autoconfiança porque todos são bem aceitos.

  • A habilidade de perseverar face às dificuldades é fortalecida.

  • Para cada um o jogo é um caminho de co-evolução.

Quadro 1. Inventário comparativo de características dos jogos competitivos e dos jogos cooperativos (BROTTO, 1999, p. 78).

    Brotto parece ter chegado a esses dados através da observação de jogos, já classificados como sendo cooperativos ou competitivos, em seguida, descreveu os acontecimentos que marcaram essas atividades, ou seja, observou o que Freire (2005) considerou como sendo “as partes do jogo”, pois analisou um fenômeno isoladamente, sem levar em consideração o seu contexto (os jogadores, o espaço, as regras, as experiências passadas de cada participante, entre outros elementos fundamentais para a análise). Sabe-se que o jogo é “[…] uma unidade complexa”, diz Freire (2005, p. 55), portanto não deve ser analisado por suas partes. O mesmo jogo praticado por dois grupos distintos jamais será o mesmo, pois quem faz o jogo são os próprios jogadores. Em alguns casos, os jogos são semelhantes quanto ao espaço no qual é desenvolvido e em relação às suas regras constitutivas, mas o convívio social é sempre marcado por conteúdos inéditos, fato que pode ser corroborado por ter, cada grupo, sua própria identidade social.

    Por isso, acreditamos que o método utilizado pelo autor para classificar tanto os jogos cooperativos como os jogos competitivos não é o mais apropriado, pois, conforme Freire (2005) “[…] a cada instante de observação do fenômeno lúdico outros pontos seriam acrescentados e isso não teria fim. No fim, o jogo seria um recipiente de todas as coisas e todas as coisas seriam reduzidas ao jogo” (p. 47). O método descritivo do qual Brotto (1999) se apropriou para apresentar as características do jogo cooperativo e do jogo competitivo pode se tornar exaustivo, pois, a cada nova situação relacional criada por seus jogadores se observaria novos elementos que seriam acrescentados às características desses jogos, não esgotando suas possibilidades. Kaula (1982) reforça que o método descritivo é considerado um esquema estático e não dá conta de classificar elementos característicos do jogo, que apresenta um caráter dinâmico e subjetivo.

    No entanto, como podemos observar no quadro acima, Brotto (1999) criou um inventário de características indicando que os elementos observados nos jogos cooperativos e nos jogos competitivos1 são predominantemente característicos de cada um. Em nossa opinião estamos diante de uma representação geral e não específica, a qual nos permite contestar algumas das características levantadas pelo autor, procurando ressalvas que possam proporcionar maior equilíbrio na relação que foi estabelecida entre os tipos de jogos.

    Brotto (1999), talvez até sem intenção, acaba estabelecendo uma relação de oposição ao diferenciar em vários aspectos os jogos competitivos dos jogos cooperativos. Tal relação se estende inclusive sobre os efeitos libidinosos que esses jogos podem produzir em seus participantes, quando afirma que nos jogos cooperativos todos se divertem enquanto que a competição presente nos jogos competitivos proporciona situações capazes de eliminar a diversão e a alegria de jogar. Desta forma, Brotto coloca a felicidade como um produto garantido a todos os participantes dos jogos cooperativos, o que nos leva mais uma vez a dizer que estamos diante de uma generalização, sem dados empíricos que possam sustentar a afirmação do autor. Além disso, a felicidade pode estar presente em muitas outras ocasiões, como, por exemplo, na festa de Carnaval, em uma sessão de cinema e, até mesmo, contrariando o pensamento de Brotto, presente nos jogos competitivos, mas, mesmo assim é muito arriscado afirmar que todos se divertem, pois nem sempre se consegue agradar a todos.

    Então, desta forma, na visão de Brotto, o esporte é colocado como uma atividade que gera desconforto, desprazer em jogar, embora esta não seja a sua essência. Sabe-se que no entendimento de Elias (1992), o esporte é uma manifestação social movida pela emoção e paixão, e sem essas condições até mesmo uma vitória pode se tornar desinteressante. A pesquisa de Stigger (2002), feita em seu doutoramento, considerou que há uma heterogeneidade do esporte, que é quando a identidade social de cada grupo pode também determinar a representatividade do jogo para seus participantes; neste caso, um grupo social pode decidir a funcionalidade e a intencionalidade de determinado jogo, na medida em que seus membros participam porque se divertem, ou por estar na companhia de amigos, ou para promover a aptidão física, dentre outras tantas possibilidades, que não tem necessariamente como prioridade o resultado da partida.

    Uma das características levantadas por Brotto (1999) em seu inventário diz respeito à participação dos jogadores nos jogos competitivos, pois, segundo Brotto (1999) nem todos são aceitos devido à falta de habilidade, em contrapartida, o autor afirma que nos jogos cooperativos todos são aceitos independentemente de suas capacidades técnicas. Mais uma vez recorremos à pesquisa de Stigger para mostrar que as características adquiridas em um jogo estão relacionadas à representatividade expressada por seus praticantes. Nos Anônimos, grupo esportivo que pratica futebol aos finais de semana, Stigger (2002) pôde observar que a performance técnica não era pré-requisito para aceitação ou manutenção no grupo. Os participantes do grupo admitiram casos, mesmo que raros, de constrangimentos dirigidos aos menos habilidosos tecnicamente, mas jamais houve favorecimento pelo mais habilidoso em detrimento do menos habilidoso, muito pelo contrário, pois todas as vezes que presenciaram situações de preferência, estas foram relacionadas aquele integrante que possuía boa assiduidade, ou seja, para este grupo a participação é um aspecto a ser valorizado. Stigger (2002) relatou situações em que algumas partidas extrapolaram o número de participantes, se comparado à regulamentação do jogo formal, justamente para possibilitar a participação do máximo possível de pessoas.

    Talvez uma das características mais questionáveis mencionadas por Brotto (1999) para diferenciação dos tipos de jogos está na afirmação de que na situação competitiva, “Os jogadores não se solidarizam e ficam felizes quando alguma coisa de “ruim” acontece aos outros” (p. 78); enquanto isso, na situação cooperativa, desenvolve-se uma relação de autoconfiança, pois todos são aceitos nos jogos. Acreditamos que esse tipo de comportamento não é socialmente aceitável e, no caso específico do esporte, é considerado antiético pelos esportistas. Mas, será que o desprezo pelo oponente é um aspecto característico das atividades competitivas? Em nossa opinião, a despreocupação com o outro não é um problema gerado pela situação competitiva, mas por uma questão de comportamento ético e moral. De acordo com Precht (2009), para agir de forma considerada “boa” ou moralmente positiva, como ajudar o adversário por exemplo, é preciso aprender a sentir o que as outras pessoas sentem, mas isso depende da própria capacidade do homem de percepção dos sentimentos. Quando se tem sensibilidade para si mesmo se tem melhores condições de se comportar moralmente bem com os outros. Mas o autor ressalta que essa prática está relacionada a uma questão de dignidade, e esta, por sua vez, a uma questão de educação. Com isso, pode-se dizer que mesmo na competição, por mais que se tenha vontade de sair vencedor, de superar o oponente, não significa dizer que os adversários não se ajudem, não se despertem para o sentimento de solidariedade em relação ao outro.

    Acreditamos que existem perigos relativos à classificação de jogos como sendo cooperativos ou competitivos, sobretudo quando se apresentam características que marcam a distinção entre eles. Esse tipo de classificação se torna questionável, pois o método descritivo utilizado é considerado limitado, uma vez que não dá conta de interpretar as ações humanas, classificando-as como pertencentes a um comportamento padrão e característico de determinado jogo. Esta relação se torna insustentável, pois as relações sociais não são marcadas por esquemas de ações e hábitos homogêneos, mas sim por ações heterogêneas que ocorrem em contextos sociais e culturais do mais diversificados, e em constante mobilidade.

    Entendemos, assim como Freire (2005), que o jogo é estabelecido a partir da subjetividade do jogador, fazendo com que esta atividade seja construída e reconstruída através das ações de todos os participantes. Porém, como se sabe, a ação de um jogador é orientada pela ação do outro, que por sua vez, está associada a uma série de conteúdos de sentido, que dão significado a cada ação; por exemplo, objetivos individuais, interesses específicos, afetividade, emoção, entre vários outros sentidos possíveis de serem atribuídos a uma ação (WEBER, 1991). Tais conteúdos não são permanentes, muito pelo contrário, são extremamente instáveis, mudando a cada situação relacional, possuindo uma relação de interdependência com a ação dos outros, que podem possuir conteúdos diferentes na relação estabelecida no momento. Contudo, podemos dizer que as características observadas por Brotto (1999) são legítimas, se levarmos em consideração as especificidades do grupo observado e do contexto em que o jogo ocorreu, mas isso não é suficiente para afirmar que as características levantadas por Brotto (1999) sejam particulares de um jogo, portanto, não podemos dizer também se o que estamos observando em determinada situação são jogos cooperativos ou jogos competitivos.

    É importante ressaltar a relevância dos estudos de Fábio Brotto para a compreensão e divulgação dos jogos cooperativos. No entanto, o método utilizado pelo autor não o ajudou na construção de uma classificação criteriosa e coerente, uma vez que suas possibilidades podem ser infinitas, com novas características podendo ser descritas e acrescidas a cada novo jogo cooperativo ou jogo competitivo observados.

Considerações finais

    Como foi possível perceber Brotto (1999) distinguiu o jogo cooperativo do jogo competitivo através da construção de um inventário de características que marca as peculiaridades de cada tipo de jogo. Foram atribuídas aos jogos cooperativos características que favorecem o aprendizado cooperativo e solidário, pois são atividades que, conforme a literatura específica, todos participam e se divertem, desenvolvem a confiança e aprendem a compartilhar as coisas. Já os jogos competitivos foram descritos como atividades capazes de eliminar a alegria de jogar, pois a vitória não é garantida a todos, além de produzir um sentimento de desconfiança entre os jogadores, tornando as ações individualistas.

    No entanto, o método utilizado por Brotto (1999) para construir o inventário de características de ambos os jogos não o ajudou muito, pois ignora o jogo como um fenômeno social dinâmico construído a partir das relações sociais dos participantes, que por sua vez possuem significados distintos podendo mudar de comportamento de acordo com a situação relacional do momento. Por tanto, não é possível construir características a partir de um jogo observado e atribuí-las a uma categoria de jogo, como o cooperativo ou o competitivo, pois, desta forma, estaríamos engessando as ações humanas.

    Para finalizar, podemos dizer que não há evidências, nem material teórico que sustente as características apontadas por Brotto, inclusive muitas delas puderam questionadas através da pequena fundamentação teórica adotada aqui.

Nota

  1. Brotto (1999) entende por jogos competitivos como sendo os esportes.

Referências

  • BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2004.

  • BROTTO, Fábio Otuzzi. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de Convivência. 1999. 209 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física). Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.

  • CORREIA, Marcos Miranda. Trabalhando com jogos cooperativos: em busca de novos paradigmas na educação física. Campinas: Papirus, 2006.

  • ELIAS, Norbert; Dunning, Eric. A busca da excitação. Lisboa: Difelm, 1992.

  • FREIRE, João Batista. O jogo: entre o riso e o choro. 2. ed. Campinas, SP: Autores associados, 2005.

  • KAULA, Prithivi. Repensando os conceitos no estudo de classificação. In: Conferência sobre pesquisa em classificação, 1982, Augsburg, ALE.

  • MUNIZ, Igor Barbarioli. Os jogos cooperativos e os processos de interação social. 2010. 259 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física). Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2010.

  • ORLICK, Terry. Vencendo a competição. São Paulo: Círculo do Livro, 1989.

  • PRECHT. Richard. Quem sou eu? E, se sou, quantos sou? Uma aventura na filosofia. São Paulo: Ediouro, 2009.

  • STIGGER, Marco Paulo. Esporte, lazer e estilos de vida: um estudo etnográfico. Campinas, SP: Autores asssociados, 2002.

  • WEBER, Max. Conceitos sociológicos fundamentais. In: ______. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: UNB, 1991. Cap. 1, p. 3-35.

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