TICs na Educação Física escolar: é preciso saber utilizar TICs en la Educación Física escolar: es necesario saber utilizar |
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Acadêmico do Curso de Educação Física Universidade Federal de Santa Maria (Brasil) |
Rosenan Brum Rodrigues |
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Resumo Os avanços tecnológicos se encontram em constante evolução, neste contexto surgiram as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), que é composta por meios de comunicação, ferramentas tecnológicas, informática de modo geral e vídeo games, assim a escola tenta se inserir neste âmbito a partir da utilização dos meios que compõem as TICs e por conseqüência estes vão se tornando agentes do desenvolvimento de aulas da disciplina de educação física escolar. O seguinte trabalho passa a tratar do tema a partir da conceituação do termo TICs, relata como a mídia está sendo encarada na escola em um caráter geral, passando pelo tratamento que o esporte vem recebendo dos componentes das TICs e como as aulas de educação física tem se apropriado do esporte veiculado nos meios que compõem as TICs. Procura-se buscar uma reflexão quanto ao uso destes meios dentro da disciplina de educação física, pois sabe-se que os esportes veiculados na mídia buscam mostrar o lado “espetáculo”, deixando em lugares obscuros a verdadeira identidade do esporte. Não se deve negar aos alunos o acesso a estes meios, por isso profissionais da área de educação física devem estar preparados não apenas para saber manusear os instrumentos componentes das TICs, mas também deve estar capacitado a apresentar o que é veiculado na mídia de maneira a possibilitar uma reflexão aos alunos e uma intervenção usando estes meios onde podemos inserir os diversos conteúdos referentes à educação física procurando buscar a essência do esporte deixada em segundo plano conforme a visão da mídia. Unitermos: TICs. Educação Física escolar. Esporte.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010 |
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Introdução
Chamadas de “tecnologias inovadoras”, de “novas tecnologias”, “elementos tecnológicos”, “mídias digitais”, “novas mídias”, as tecnologias de informação e comunicação (TICs) recebem inúmeras denominações mundo afora, pois, seus impactos vêm alterando significativamente o modo de vida e a produção do conhecimento e do saber. De modo geral, pode-se dizer que as TICs compreendem os recursos e possibilidades utilizados para comunicar e obter informações que dispõem de amplos sistemas tecnológicos, de satélite e digitais de funcionamento, por exemplo: a informática e seus derivados, a televisão e mídia impressa e sistema de telefonia (Bianchi, 2008).
A mídia está em toda parte, outdoor, rádio, jornal, videocassete, revista, TV aberta e por assinatura, internet, CD-ROM. Cada vez mais integradas ao cotidiano, por intermédio do seu discurso apoiado numa linguagem audiovisual que combina os sons, as imagens e as palavras, as mídias nos transmitem informações, alimentam nosso imaginário e constrói uma interpretação do mundo (Betti, 1996), podendo ser considerada esta um importante componente que pode ser usado na escola, onde o professor é responsável em proporcionar o uso da mídia nas aulas aos seus alunos.
O espetáculo esportivo como massificação social, apresenta algumas características que favorece sua comercialização e aceitação mundializada, tendo como elemento essencial à universalização da sua linguagem, A internacionalização esportiva é o fenômeno mais importante dos últimos anos (Betti, 2004), declarando a televisão como parte do processo transformador do esporte em esporte espetáculo, numa interação incessante, adaptando-se uns aos outros, dentro destas adaptações entram os diversos recursos usados em transmissões esportivas, a participação publicitária de grandes marcas, a supervalorização de atletas e mudanças de regras possibilitando uma melhor exploração publicitária.
No contexto da educação física as TICs podem ser definidas como importante recurso para a preparação de diversas ações pedagógicas, nesta ação cabe ao professor/educador problematizar constantemente situações para um despertar crítico sobre a espetacularização esportiva na TV, desenvolver ações pedagógicas nas perspectivas apontadas da educação para a mídia, contextualizado em suas aulas não produzindo estereotipo de consumo, subsidiando rotineiramente aos educandos ações sobre os sentidos implícitos e explícitos do espetáculo esportivo (Santos Jr., 2008).
Assim este trabalho busca proporcionar uma reflexão quanto ao uso das TICs nas aulas de educação física escolar, procurando alertar para que se prepare profissionais para este trabalho com alunos de maneira a prepará-los de forma crítica para o bombardeio de informações que estão sujeitos em relação à mídia.
TICs e mídia-educação: definições e conceitos
O termo TIC’s (Tecnologias da Informação e Comunicação) vem sendo objeto de estudo de pesquisas há bem pouco tempo, por isso ainda há certo desconhecimento de profissionais da área da educação quanto à definição do termo, assim como não utilizam em suas praticas curriculares.
Segundo Bianchi & Hammes (2007), as TICs podem ser consideradas um conjunto de ferramentas tecnológicas, cada vez mais presentes no cotidiano, e imprescindível para um grande número de profissionais de diferentes áreas de atuação, as autoras continuam sua fala comentando que compõem as TICs ferramentas tecnológicas que podem e/ou são utilizadas na educação como o quadro, o giz, os materiais didáticos, as novas TICs formadas pela informática (que abrange todo tipo de computador e periféricos), também as teleconferências, as videoconferências e as mídias tradicionais (mídia impressa, rádio, televisão, telefone), nos dias atuais ainda podemos incluir o vídeo game, etc.
Para Miranda (2007) o termo refere-se à conjugação da tecnologia computacional ou informática com a tecnologia das telecomunicações e tem na Internet a sua mais forte expressão. Quando estas tecnologias são usadas para fins educativos, nomeadamente para apoiar e melhorar a aprendizagem dos alunos e desenvolver ambientes de aprendizagem podemos considerar as TICs como um subdomínio da Tecnologia Educativa. Kellner (2001) inclui no universo das TICs o termo mídia-educação, afirmando que estes termos devem se constituir em elementos de reflexão e crítica no âmbito educativo, onde pode-se propor a tematização da mídia na escola com objetivo de formar cidadãos críticos e autônomos em relação à mídia que nos é imposta.
Quanto à mídia-educação Rivoltella, cita o termo como prática social e disciplina curricular na formação de cidadãos trabalhando os conteúdos e as linguagens da alfabetização midiática, capacitando os sujeitos para lidar com as mídias criticamente e discutindo temas como igualdade, direitos de acesso, participação e cidadania – temas do campo da mídia-educação.
Belloni (2001) concentra sua opinião quanto ao termo novas TICs aqui explanado através da fala de Bianchi & Hammes (2007) dizendo que estas proporcionam o desenvolvimento de uma maior autonomia, favorece o aparecimento de outras competências tais como organizar e planejar o seu tempo, suas tarefas, fazer testes, responder a formulários entre outros. Entretanto, o fascínio que estas máquinas exercem sobre as crianças e adolescentes pode levar a situações de mania e/ou dependência, na medida em que as pessoas se desligam facilmente da realidade física e socioafetiva, para se ligarem em alguma dessas realidades virtuais, propiciadas por uma dessas máquinas “maravilhosas”. Tais constatações geram um novo desafio e/ou atributo para o campo da educação tanto do ponto de vista da intervenção, isto é, da definição e implementação de políticas públicas, quanto do ponto de vista da reflexão, ou seja, da construção de conhecimento apropriado à utilização adequada daquelas máquinas com fins educativos.
Como podemos ver os termos TICs e mídia-educação não devem ser tratados isoladamente, já que um vem complementando o outro no campo de atuação da educação, pois para que se possa usufruir de todo o aparato tecnológico que as TICs impõem à sociedade deve-se oferecer através da mídia-educação uma preparação da clientela para usufruir de maneira correta estes recursos que estão se incorporando cada vez mais massivamente ao nosso cotidiano.
As mídias e a escola
Parece ser clara a importância da mídia como um dos dispositivos mais presentes na cultura contemporânea. É através dela que nos inteiramos do que está acontecendo no mundo, aprendemos novos gostos, atualizamos nossas modas, mudamos ou até introduzimos novos jeitos de falar e de alguma forma até um habitus em relação ao corpo e suas formas de se comportar (Bourdieu, 1983).
Vivemos num mundo crescentemente informado: somos bombardeados diariamente por milhares de imagens, palavras e sons produzidos pelas mídias. Fala-se mesmo no nascimento de uma nova cultura: a cultura das mídias (Santaella,1996). As mídias estão em toda a parte se destacando através de uma linguagem audiovisual por meio de sons, imagens e palavras, assim vão nutrindo nosso imaginário, propiciando em um primeiro momento um grande número de informações sem estrutura lógica, podendo ser interpretado individualmente.
Neste contexto, na era do computador e da televisão, a escola deverá subsistir como lugar de reagrupamento e comunicação, no qual a individualização e o parcelamento dos conhecimentos vão poder corrigir-se e unificar-se. Porque a multiplicação dos meios de informação não leva a um aumento da comunicação entre as pessoas, mas a um aumento das recepções individuais de mensagens (Babin & Kouloumdjian, 1989).
Sobre a televisão Ferrés (1996), propõe que a escola eduque para a reflexão crítica: levar o aluno a compreender o sentido explícito e implícito das informações e estabelecer relações coerentes e críticas entre o que aparece na tela e a realidade do mundo. Ele propõe que a escola eduque na linguagem audiovisual característica da televisão, ensine os mecanismos técnicos e econômicos de funcionamento do meio, ofereça orientação e recursos para a análise crítica dos programas, e que eduque com o meio, incorporando o recurso audiovisual à sala de aula para otimizar o processo ensino-aprendizagem.
Orozco-Gómez (1997), nessa mesma direção, aponta que os meios de comunicação de massa (MCM), em particular a televisão, colocam importantes desafios à escola e aos professores, os quais não podem ser combatidos ou ignorados com base em estereótipos e pré-juízos; pelo contrário, a escolas e os professores devem preparar-se para assumir o papel de mediadores críticos do processo de recepção dos/as alunos/as.
Babin e Kouloumdjian (1989) lembram também que a cultura jovem é cada vez mais uma “cultura audiovisual,” que vem modelando nas novas gerações outros comportamentos intelectuais e afetivos, novos modos de ver e compreender o mundo. Conjugar tal linguagem audiovisual, que mobiliza a afetividade e a intuição, com a racionalidade e a reflexão crítica etc. é desafio que se impõe aos educadores. A dificuldade que aparece aos educadores é o fato de que a imagem da televisão provoca, inicialmente, um impacto emocional, que comove, envolve todos os nossos sentidos, arrepia, faz rir ou chorar. Nesta fase, não adianta apelar à razão, porque a imagem não se dirige ao intelecto. Apenas numa segunda fase é possível ao telespectador refletir criticamente, racionalizar. Como na maior parte das vezes não se chega a essa segunda fase, os educadores tendem a rejeitar a televisão, educar para este “segundo tempo” deve ser uma tarefa da escola.
Segundo Ribeiro & Santos (2007), a sociedade contemporânea está a cada dia, imergida em um “ecossistema” comunicativo. Crianças, jovens e adultos são influenciadas por ideais, se rendendo aos apelos televisivos, modificando o seu comportamento, maneira de vestir-se, de comunicar-se, de alimentar-se entre outros. Portanto, a escola, local propício a formação, deve promover em seu interior, o debate sobre tais influências, bem como os professores devem ser preparados para utilizar os recursos midiáticos como uma nova ação pedagógica durante o processo de aprendizagem e/ou formação dos alunos.
Com isso, podemos notar que o professor pode ser considerado um mediador entre as mídias e aos alunos, não podendo negar o acesso a elas, e sim encarar os desafios impostos por elas, o que deve ser feito é uma seleção do que pode ser trabalhado em aula deixando de lado o que é superficial e manipulador.
Espetáculos: mensagem das mídias
Como in-formar é dar forma, formalizar, construir uma realidade a partir de alguns códigos; é uma forma de ordenar o caos, organizar ou estruturar elementos dispersos procedentes do meio ambiente, segundo certos critérios (Ferrés, 1996). As mídias (televisão, rádio, jornais, internet) componentes das TICs, são responsáveis por grande parte das mudanças que os esportes vêm sofrendo ultimamente, onde jogos populares foram transformados em mercadorias, com ênfase cada vez maior no rendimento tanto na busca pela vitória, quanto na busca de lucros, podendo considerar que vencer e competir tornou-se objeto da indústria dos espetáculos esportivos, espetáculos estes que são a forma predominante que temos na mídia atual.
Segundo Kenski (1995) espetáculos esportivos são aqueles jogos ou esportes transmitidos pela televisão, a autora ainda comenta que este espetáculo é composto por ângulos novos para captação de imagens, maneira coloquial e entusiasmada de narradores, os sons, as músicas, capacidade de recortar instantes específicos das partidas, o barulho das torcidas e o visual do time e do jogador.
A autora ainda enfatiza que com esse destaque que o esporte vem ganhando dentro dos meios de comunicação de massa, este tem se tornado um lucrativo investimento que atrai o interesse de muitos patrocinadores, dispostos a atingir a esta massa através da veiculação de seus logotipos durante todo o tempo da partida, a partir disso as competições esportivas, como apropriação comercial, vem sendo pressionadas para reformular regras de jogos de maneira a favorecer ao máximo a sua exploração publicitária. Os esportes que não se adaptarem à televisão estarão fadados ao desaparecimento; da mesma forma, as televisões que não souberem buscar o acesso aos programas esportivos jamais conseguirão sucesso financeiro e de público. (Nuzzman, 1996, apud Pires, 2002).
Nessa perspectiva, Betti (2004), relata que a mídia transforma o esporte em texto predominantemente imagético e relativamente autônomo em face de pratica real do esporte, descontextualizando o fenômeno esportivo do seu contexto histórico, sociológico e antropológico, o que é em parte compensado por câmeras em diversos ângulos, closes, replays, gráficos e estatísticas, o que confere uma falsa autonomia visual ao telespectador, efetuando um contato constante com as manifestações corporais e esportivas.
Bianchi (2008) coloca em seu trabalho que o esporte moderno se constitui numa fonte inesgotável de matéria-prima para a imprensa em geral, falada, escrita ou televisiva. Parece que a mídia compreendeu o poder do esporte em atrair pessoas do mundo inteiro ao seu redor, e o utiliza para ampliar sua audiência e conquistar novos consumidores.
Santin (2006) destaca que o jornalismo esportivo presente entre nós, tornou-se predominantemente futebolístico, considerando que se fizermos uma pesquisa quanto ao tempo em que um telejornal esportivo destaca o futebol, o resultado estará em torno de 90% de seu tempo, deixando os outros 10% para os outros esportes, sendo que em todos os destaques sempre são os atletas “super stars”, que segundo Kenski (1995), é aquele valorizado comercialmente, onde são veiculadas mensagens de patrocinadores, tido como um campeão, com ele é vendida a imagem símbolo, valorizada socialmente, de saúde, força, poder, vitória e prestígio.
O uso das TICs na Educação Física escolar
Crianças e adolescentes, atualmente tomam contato com elementos da cultura corporal de movimento como telespectadores e não como a vivência tal fato, além de distanciar cada vez mais a experiência de praticar esportes da de assistir, influencia a forma e o significado da prática esportiva das crianças e jovens, que querem imitar o que vêem na televisão, que sonham em serem Ronaldinhos e Romários.
Freqüentemente, comentários e dúvidas sobre novas práticas esportivas e corporais surgem nas aulas de Educação Física. Tais dúvidas se devem, ao grande espaço ocupado pela mídia no cotidiano de jovens, adultos e crianças, e permitem constatar o grande poder de influência crescente que a mídia exerce sobre a cultura corporal de movimento. Destaca-se a televisão, por transmitir inúmeras informações sobre a cultura corporal de movimento, apresentados repetidamente em comerciais de TV, programas esportivos e transmissões de jogos, regras, valores, táticas, técnicas, aptidão física, modelos e padrões corporais, aspectos históricos, entre outros assuntos (Santos Jr., 2008).
Segundo Betti (1998) o esporte, a dança, as formas de ginásticas, tornam-se, cada vez mais, produtos de consumo e objetos de conhecimento e informações, amplamente, divulgadas ao público em geral. Com o advento tecnológico, estamos nos tornando telespectadores de esporte-espetáculo, vendo todos os lances do jogo, da corrida de carros, do ciclismo, do voleibol, através da televisão ou internet.
Do ponto de vista que mais nos importa aqui, é fundamental perceber que o esporte espetáculo—e possivelmente no futuro outras formas da cultura corporal de movimento que progressivamente vão se tornando objeto das mídias—faz parte da cultura corporal de movimento contemporânea, e tal exige da educação física escolar uma nova tarefa pedagógica: contribuir para a formação do receptor crítico, inteligente e sensível frente às produções das mídias no campo da cultura corporal de movimento (Betti, 1998).
Além do uso do espetáculo produzido pela televisão nas aulas de educação física, temos a presença do jornal, a mais antiga manifestação de mídia presente em nosso cotidiano, nesse contexto Kenski (1995) afirma que a imprensa escrita tradicionalmente dedicava uma ou duas páginas dos jornais para apresentar os resultados dos campeonatos de futebol e, esporadicamente, de algum outro esporte em que as equipes nacionais se destacam. Atualmente os jornais dedicam seções diárias e até mesmo cadernos inteiros aos acontecimentos esportivos, nacionais e internacionais, ocorridos em diversas modalidades, sendo considerado um artifício de fácil aceitação ás aulas, assim como traz matérias em que pessoas despreparadas tratam de assuntos que omitem a verdadeira essência que tal manchete traz em relação ao esporte para a educação física, destacando apenas os feitos heróicos de atletas aos receptores das mensagens, mais um desafio que se impõe á educação física quanto ao uso de mídias nas aulas.
Kenski (1995), ainda destaca a informática neste contexto, pois através de sua popularização está fascinando cada vez mais seus jogadores (alunos), em sua opinião softwares com competições esportivas garantem, aos seus jogadores, emoções similares às vividas concretamente, ainda fala que a habilidade com que participam destes torneios não é nada semelhante com a pequena habilidade que a grande maioria demonstra em suas atividades de educação física na escola, a autora ainda continua, dizendo que isto faz parte de uma outra realidade, com maior chance de sucesso do que a dura realidade concreta da prática esportiva.
Quanto ao uso da internet como interferência nas aulas de educação física Schwartz (2007) afirma que, nesse campo, crescem cada vez mais as vivências que utilizam o ambiente virtual para sua exeqüibilidade, surgindo novas opções a cada dia, assim como novos significados e interesses, atendendo a heterogeneidade dos usuários. Ou seja, é possível o acesso às experiências de diferentes sujeitos e grupos que discutem, no espaço virtual, sobre as aulas de Educação Física escolar e temas relacionados à cultura corporal, sendo uma fonte de pesquisa a ser explorada por essa área.
Para Zylberberg (2003) a internet é uma possibilidade de acesso ao conhecimento acerca da cultura corporal. A autora utiliza os recursos tecnológicos do computador para a elaboração de uma proposta de um ambiente de aprendizagem que supera a visão unidirecional e linear do conhecimento ao ter como base a visão multidimensional e complexa do conhecimento.
Bianchi (2008) considera que a inclusão das TICs na educação física tem seus problemas, pois em sua visão o esporte molda a nova forma de linguagem das imagens presente nas TICs, que mistura som, cores, palavras e fotografias. Uma conseqüência desse processo é a fragmentação do fenômeno esportivo, pois, as TICs selecionam imagens esportivas e as interpretam, propondo um certo “modelo” do que é esporte e do que é ser esportista, mas, sobretudo, fornecem ao espectador a ilusão de entrar em contato direto com a realidade.
Conforme Hatje (2000), estudar as relações interdisciplinares entre a Educação Física e a mídia é fundamental para entender a sociedade e pensar em novas formas de ensinar e aprender, novas metodologias, novas temáticas, visto que as TICs estão por toda parte e modificam nossa forma de estar no mundo. Busca-se, na área da Educação Física, desenvolver a capacidade crítica dos sujeitos, a partir de discussões sobre essa temática.
Em síntese, é possível concluir que as mídias colocam um problema pedagógico para a Educação Física escolar, pois se as informações e imagens provenientes das mídias são constituintes e constituidoras da cultura corporal de movimento, devem também ser objeto e meio de educação, visando preparar alunos para estabelecerem uma relação crítica e criativa com os discursos difundidos por esses meios.
Esta visão de espetáculo produzida pelas TICs quanto ao esporte, produzem uma certa desconfiança em seu próprio uso nas aulas de educação física, pois o que se tem possibilidade de acesso a todos são imagens, enfoques, situações retratadas nestes meios que não condizem com a realidade da maioria da população, por isso têm-se uma visão limitada quanto ao esporte se nos detivermos a utilizar apenas o que é destaque na mídia atualmente.
Considerações finais
Conforme o exposto neste trabalho pode-se notar o quanto as TICs estão presentes em nosso cotidiano tanto dentro da escola como fora dela, mesmo assim ainda não se tem um conhecimento vasto sobre sua aplicação junto à educação, e particularmente a educação física.
É importante considerarmos que as TICs são importantes artifícios de ensino que podem mudar o contexto de uma aula qualquer, devido seus aspectos de grande fascínio para a maioria de nossos alunos.
Na área da educação física deve-se ter um grande cuidado ao se utilizar os recursos que compõem as TICs já que pelo despreparo de profissionais, o uso deste recurso pode tornar-se pouco pedagógico, pois a imagem que é passada por estes quanto ao esporte não está inserida na realidade que vivenciamos nas aulas de educação física dentro das escolas.
Por isso torna-se muito importante a implantação de ações governamentais e projetos que visam o preparo de profissionais tanto para o manuseio destes recursos em suas aula, assim como seria importante o preparo para um melhor aproveitamento do que é levantado como destaque pela televisão, jornal, etc. proporcionando um debate quanto a estes temas e possibilitando uma reflexão crítica para nossos alunos, tornando-os capazes de transformarem-se em cidadãos individualmente independentes sem, depender da imagem transmitida para se verem nesta imagem.
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