Ginástica laboral: uma alternativa na prevenção de doenças ocupacionais Gimnasia laboral: una alternativa para prevenir enfermedades ocupacionales |
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Acadêmicas do curso de Educação Física Univeridade do Estado do Pará (Brasil) |
Adrieli Bueno Lunelli Monica Priscila Moreira de Souza |
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Resumo Neste trabalho, procuramos discorrer acerca da Ginástica Laboral (GL) buscando embasamento teórico em alguns autores com relação às suas definições, objetivos e os fatores que devem ser considerados na sua implantação, manutenção e continuidade. Abordaremos também, um breve histórico do desenvolvimento da prática da GL no Brasil e no mundo, destacando os benefícios que esta atividade pode proporcionar para a saúde do trabalhador e, conseqüentemente para o aumento da produtividade. Além de tratar sobre as diversas doenças ocupacionais, destacando suas causas, formas clínicas, estágios evolutivos, bem como suas formas de tratamento, apresentando a GL e a ergonomia como alternativas eficazes nesse processo. Encerramos este artigo, ressaltando como deve ser o perfil do profissional de Educação Física que atuará com a GL, levando em consideração a metodologia a ser utilizada, para que o programa alcance, de fato, os objetivos desejados. Unitermos: Qualidade de vida. Doenças ocupacionais. Ergonomia.
Abstract In this work, we talk about the Labor Gymnastic (GL) seeking theoretical in some authors with respect to their definitions, objectives and the factors that must be addressed in their implementation, maintenance and continuity. We will also, a brief history of the development of the practice of GL in Brazil and worldwide, highlighting the benefits that this activity can provide for the health of the worker, and therefore to increased productivity. While addressing on the various occupational diseases, highlighting its causes, clinical, evolutionary, and its forms of treatment, with the GL and ergonomics as effective alternatives in the process. We close this article, highlighting how it should be the profile of physical education professional who will serve as GL, considering the methodology to be used for the program to reach, in fact, the desired goals. Keywords: Quality of life. Occupational diseases. Ergonomics.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010 |
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No decorrer do tempo, com a mecanização dos movimentos tornando-os repetitivos e com os desgastes físicos originados do aumento da jornada de trabalho, provocam no trabalhador reações fisiológicas e psíquicas negativas, tais como: estresse, má postura corporal, sedentarismo, DORT e a LER.
Neste sentido, viemos abordar a GL como uma alternativa de resgatar o equilíbrio corpo e mente, prevenindo as doenças ocupacionais, através de atividades físicas executadas durante a jornada de trabalho, contribuindo para a melhoria das relações interpessoais, tornando o ambiente profissional agradável e, consequentemente, mantendo os níveis motivacionais mais elevados.
O presente artigo foi realizado através de análises bibliográficas que deram suporte teórico ao tema abordado, difundindo a importância, os benefícios e as vantagens da GL para as empresas que aplicam o programa e para os trabalhadores que participam do mesmo. Buscamos, com este trabalho, proporcionar um maior conhecimento acerca desta temática, além de dar ênfase nos benefícios de se implantar um programa de GL, para que, assim, estimulemos a sua utilização.
Dessa forma, queremos despertar o interesse pela prática de atividade física dentro das empresas, com o intuito, não somente de garantir uma maior produtividade, mas evitar que futuramente tenhamos uma sociedade deficiente nos setores de trabalho.
Histórico e desenvolvimento da ginástica laboral
A Ginástica Laboral (GL) não é uma atividade recente. Conforme Lima (2005) o primeiro apontamento encontrado foi um pequeno livro chamado Ginástica de Pausa, que teve sua edição na Polônia no ano de 1925. A GL era destinada a operários, surgindo também alguns anos depois na Holanda e na Rússia. Porém, foi no Japão, em 1928, que a GL surgiu como uma atividade diária com o intuito de descontrair e cultivar a saúde de funcionários dos correios.
No Brasil, os primeiros indícios de GL foram algumas atividades esportivas realizadas no âmbito interno de empresas brasileiras, na fábrica de tecidos Bangu, no Rio de Janeiro em 1901. Os trabalhadores reuniam-se em torno de um campo de futebol para praticar atividades físicas. A primeira proposta de exercícios baseados em análises biomecânicas foi estabelecida pela Escola de Educação FEEVALE, no ano de 1973, na qual foi elaborado o projeto de Educação Física Compensatória e Recreação (LIMA, 2005).
Lima (2005) vem ainda ressalvar que em 1989, a Associação Nacional de Medicina do Trabalho declarou que o Ministério da Saúde disseminaria a prática de atividades físicas a fim de prevenir doenças crônico-degenerativas. Afirmando ainda que os benefícios mútuos seriam percebidos a curto prazo desde que houvesse o efetivo apoio dos sindicatos patrimoniais e dos trabalhadores.
No decorrer de sua trajetória a GL foi desenvolvendo grande destaque e conquistando seu espaço nos ambientes de trabalho. Porém, apenas algumas empresas e instituições têm se preocupado em oferecer condições ideais de trabalho aos seus funcionários, ou seja, em investir à longo prazo no aumento de sua economia através da implantação da GL.
Conceitos, definições e objetivos da GL
Devido ao avanço tecnológico e a competitividade no mercado de trabalho, que estabelece um padrão de competência e produtividade a serem alcançados, a saúde do trabalhador fica muitas vezes comprometida, devido às fortes pressões no contexto do trabalho, gerando desgastes físicos, mentais e emocionais. Desta maneira, a GL tem grande importância na melhoria da qualidade de vida e consequentemente no aumento da produtividade.
Segundo Lima (2004) a GL é a prática de exercícios físicos, realizada coletivamente durante a jornada de trabalho, levando em consideração as necessidades de cada indivíduo e as particularidades de cada setor de trabalho, tendo como uma das finalidades, a prevenção de doenças ocupacionais, visando o bem-estar individual por intermédio da consciência corporal, proporcionando também conhecer, respeitar, amar e estimular o seu próprio corpo.
Em contrapartida, Oliveira (2003) afirma que a GL visa não somente a promoção da saúde, mas a melhoria das condições de trabalho, além da preparação biopsicossocial dos participantes, contribuindo direta ou indiretamente para a melhoria do relacionamento interpessoal e desta maneira proporcionando o aumento da produtividade com qualidade.
Desta forma, uma alternativa econômica e eficiente para as empresas seria a adoção de um programa bem elaborado de GL, o que contribuiria para a redução dos gastos com assistência médica, acidentes e afastamentos por lesões, além de melhorar a imagem da instituição perante os funcionários e a sociedade em geral, pois uma empresa que zela por seu grupo de funcionários estará investindo em seu sucesso no mercado de trabalho.
A implantação do programa de GL, segundo Figueiredo e Mont’Alvão (2008) é um importante fator que leva à valorização do significado do trabalho, pois inevitavelmente aproxima o trabalhador do mesmo, além de diminuir a linha que separa consciência corporal e trabalho, pois é através do corpo que o homem é capaz de realizar seu trabalho sendo assim, aprender a lidar com suas necessidades e limitações, parece ser um caminho promissor.
Atualmente, a GL vem ganhando reconhecimento de sua importância em relação aos seus benefícios coletivos, tanto para o trabalhador como para as empresas que aderem a esta prática. De acordo com Oliveira (2003) a GL quanto à sua finalidade apresenta-se em três formas de classificação:
Ginástica Preparatória ou de Aquecimento: realizada no início da jornada de trabalho com o objetivo de preparar o trabalhador, os grupos musculares que serão solicitados durantes as tarefas, além de proporcionar ao trabalhador uma maior disposição para a realização das atividades diárias;
Ginástica de Pausa: praticada no meio do expediente de trabalho com o objetivo de aliviar as tensões e fortalecer os músculos solicitados durante o trabalho;
Ginástica de Relaxamento ou Compensatória: realizada após o expediente de trabalho com o objetivo de proporcionar relaxamento muscular dos trabalhadores.
Neste sentido, é recomendável que para que o programa de GL nas empresas seja eficaz, se deve adotar os três momentos de execução desta, para que alcance os objetivos necessários para a melhoria da qualidade de vida do trabalhador bem como da disposição para o trabalho. Porém fica a cargo da empresa decidir, de acordo com suas disponibilidades, o processo de implantação e a forma de execução que a mesma será realizada.
Fatores de risco no ambiente de trabalho
No decorrer de sua jornada de trabalho o funcionário tem grande pré-disposição a desenvolver doenças relacionadas aos esforços aplicados na execução de suas tarefas, problemas estes que podem trazer prejuízos ao rendimento no trabalho.
Infelizmente, são muitas as doenças e lesões desenvolvidas no ambiente de trabalho, sendo que estas podem partir de pequenos distúrbios de humor, o que causa danos no convívio interpessoal dos funcionários dentro e fora da instituição de trabalho, chegando até mesmo a distúrbios osteomusculares, o que causa a incapacidade no desempenho das atividades exigidas. Essas doenças do trabalho aparecem, na maioria das vezes, em pessoas que trabalham com computador e envolvem principalmente áreas como: mãos, punhos, cotovelos, ombros e joelhos.
Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são definidos por Silva Junior (2009) como transtornos funcionais, transtornos mecânicos e lesões de músculos, tendões, fáscias, nervos, bolsas articulares e/ou de pontas ósseas nos membros superiores, que resultam em dor, fadiga, queda de desempenho no trabalho, incapacidade temporária e, conforme o caso pode evoluir para uma síndrome dolorosa crônica, fase agravada por todos os fatores psíquicos (inerentes ao trabalho ou não) capazes de reduzir o limiar de sensibilidade do indivíduo. A LER (Lesões por Esforços Repetitivos) é a fase agravada da DORT, que agora é não mais um distúrbio, mas sim, uma lesão. No mundo, a terminologia mais utilizada é WRMD (work-related musculoskeletal disorders), cuja tradução seria “Distúrbios Musculoesqueléticos Relacionados ao Trabalho” ou “DORT”.
De acordo com Oliveira (2003) estas lesões acima citadas podem apresentar-se em quatro graus de acordo com seus estágios evolutivos:
Grau I – O portador da doença pode ter sensação de peso e desconforto no membro afetado, dor espontânea localizadas nos membros superiores ou cintura escapular, podendo aparecer com pequenas pontadas que não prejudicam o desempenho do trabalho.
Grau II – Neste grau, a dor é persistente e intensa e aparece durante a jornada do trabalho de forma constante.
Grau III – Neste estágio, a dor torna-se persistente, mais forte e com irradiação mais definida.
Grau IV – A dor é forte, intensa e contínua, por vezes insuportável, levando o paciente a intenso sofrimento.
As causas que levam às doenças do trabalho podem ser múltiplas e variadas. No entanto, grande parte dos casos são ocorridos devido ao uso excessivo e repetitivo de determinadas articulações do corpo. Outros fatores que contribuem para o aparecimento de lesões podem ser destacados: ausência de pausa durante a jornada de trabalho, postura inadequada, bem como móveis e equipamentos inadequados, jornada prolongada de trabalho, sustentação de peso, dentre outros.
As doenças por esforços repetitivos podem apresentar-se de diferentes formas clínicas, como afirma Oliveira (2003), podendo ser elas:
Tendinites – Inflamação do tecido próprio dos tendões, podendo ocorrer ou não a degeneração de suas fibras. Pode desenvolver-se em qualquer articulação do corpo, mas são mais comuns em punhos, joelhos, cotovelos e ombros.
Cistos sinoviais – São tumorações císticas, circunscritas, únicas ou múltiplas, geralmente não apresentam dor e localizam-se frequentemente no dorso do punho. Podem desenvolver-se em articulações, tendões e polias de ligamento e é conseqüência da degeneração mixóide de tecido sinovial.
Epicondilites – Inflamação local que se desenvolve em tendões, fáscias musculares, músculos e tecidos sinoviais. Ocorrem devido à ruptura ou estiramento dos pontos de inserção dos músculos flexores ou extensores do carpo no cotovelo. A epicondilite medial pode comprometer o nervo ulnar, enquanto que na epicondilite lateral pode haver o comprometimento do nervo radial.
Bursites – São decorrentes de processos inflamatórios que se desenvolvem principalmente nos ombros, podendo também acometer quadris, cotovelos, joelhos e pés. Nos ombros aparece com fortes dores, principalmente na realização de certos movimentos como abdução, rotação externa e elevação dos membros superiores.
Tenosseinovite de Quervain – Ocorre devido o espaçamento do ligamento anular do carpo no primeiro compartimento dos extensores. Evolui com processo inflamatório local que, com o tempo, atinge os tecidos peritendinosos e tecidos próprios dos tendões. A dor geralmente pode acentuar-se no polegar podendo ainda irradiar para o antebraço, cotovelo e ombros podendo haver a perda de força nestas regiões.
Dedo em gatilho – Impossibilidade de estender o dedo após uma flexão máxima. É decorrente de constrição da polia dos flexores que dificulta a passagem desses tendões, provocando desta maneira reação inflamatória local.
Contratura ou Moléstia de Dupuytren – É uma fascite palmar fibrosante que, com a sua evolução forma verdadeiros cordões palmares em direção aos dedos impedindo assim a extensão normal dos dedos acometidos.
Síndrome do Túnel do Carpo – É decorrente da compressão do nervo mediano ao nível do carpo, pelo ligamento anular do carpo que se apresenta muito espessado e enrijecido, por fascilite desse ligamento. Devido ao estreitamento do espaço ao nível do túnel do carpo há maior resistência ao livre trânsito dos flexores dos dedos que por ali trafegam conseqüentemente aumentando o atrito entre tendões e ligamentos e desenvolvimentos da tenossinovite e tendinites.
Síndrome do Canal de Guyon – É uma síndrome rara e equivalente a síndrome do carpo, porém atinge o nervo ulnar, quando este passa através do canal de Guyon ou Túnel em torno do osso pisiforme.
Síndrome do Pronador Redondo – Ocorre devido à compressão do nervo mediano da prega o cotovelo.
Síndrome da Tensão do Pescoço – Esta é uma doença que apresenta-se como uma fadiga muscular localizada, devido á estática e sistemática contração.
Síndrome Cervical – Ocorre devido à degeneração do disco cervical e se desenvolve a partir de uma combinação de hereditariedade constitucional e causas ambientais, levando a alterações do forame intervertebral ou do canal espinhal ou artérias vertebrais.
Síndrome do Desfiladeiro Torácico – Decorrente do plexo braquial em sua passagem pelo chamado desfiladeiro torácico, formado pela clavícula, primeira costela, músculos escalenos anteriores e médios e fáscias dessa região, que determinam estreito canal, e que pode tornar-se ainda mais exíguo quando encontramos pequenas alterações anatômicas ou outras alterações decorrentes de traumas locais e vícios da postura.
As formas de tratamento das lesões por esforços repetitivos podem ser realizadas de acordo com a intensidade em que se apresentam, variando desde o repouso à medicação e cirurgias. É importante também promover a educação dos trabalhadores, além de contar com a preocupação gerencial, bem como fazer modificações ergonômicas, se este for o caso.
Deve-se destacar que os fatores de risco no ambiente de trabalho não se resumem apenas em DORT e/ou LER, mas engloba múltiplos males ocasionados por aspectos psicossociais, biológicos bem como ergonômicos. Dessa forma, Lima (2005) apresenta as mais comuns: estresse ocupacional, sedentarismo e postura.
Estresse ocupacional
O estresse ocupacional é uma das causas mais freqüentes de desequilíbrio psicológico ocasionado, muitas vezes, pela organização física inadequada e pela falta de organização das tarefas mentais. Viver nos dias atuais, segundo Lima (2005) é estar em constante pressão, seja pelo aumento do volume de trabalho, pela agitação das grandes cidades ou mesmo pela violência existente no mundo inteiro.
É importante acrescentar que, para o indivíduo executar com sucesso suas tarefas é necessário que este, esteja com sua saúde física e, principalmente, mental equilibrada. Desta forma a GL torna-se uma alternativa que propiciará este equilíbrio através da redução dos fatores estressantes.
Sedentarismo
As transformações ocorridas pelo sistema capitalista, juntamente com o crescente desenvolvimento tecnológico que nos proporciona grandes facilidades no decorrer de nosso dia-a-dia, têm levado a sociedade a um acomodamento, ao qual tudo se resume em praticidade, fazendo com que os índices de sedentarismo cresçam a uma proporção inimaginável acarretando em problemas á saúde do indivíduo.
Para Lima (2005) é importante que haja a promoção de um estilo de vida mais ativo da sociedade em geral, sendo assim, a atividade física e/ou exercícios devem ser vistos como necessários e de grande importância, principalmente no setor produtivo da sociedade, pois estes são meios para atingir objetivos na melhoria da saúde e qualidade de vida dos trabalhadores.
Postura
A postura, segundo Lima (2005), é uma forma de expressão e linguagem do corpo, que determina como será realizado cada movimento e sua acomodação no ambiente. Portanto, é de vital importância que se leve em consideração a forma postural do funcionário, pois a má postura corporal pode desencadear todo um processo de desvio e síndromes dolorosas. Daí a importância da orientação acerca da postura correta e de avaliar a ergonomia do ambiente de trabalho, para uma melhor obtenção dos resultados na implantação da GL.
A ergonomia no ambiente de trabalho
Em agosto de 2000, a IEA (International Ergonomics Association), adotou a definição oficial apresentada a seguir:
A ergonomia é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar e o desempenho global do sistema. (FIGUEIREDO; MONT’ALVÃO, 2008, p.90)
Figueiredo e Mont’Alvão (2008, p.90) ainda caracteriza os profissionais da área como sendo “Os ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los compatíveis com às necessidades, habilidades e limitações das pessoas”.
Para que o programa de GL obtenha êxito no seu desenvolvimento é necessário que se leve em consideração a ergonomia do local em que o indivíduo executa suas atividades diárias, pois essa relação homem-trabalho encontra-se, na maioria das vezes, deficiente.
Muitos problemas relacionados ao trabalho têm se dado pela inadequação dos equipamentos e materiais utilizados durante a jornada de trabalho, provocando desconforto, insegurança, lesões e mutilações do trabalho. Devido a isso, Lima (2004) vem afirmar que as modificações a serem implantadas na empresa em relação à ergonomia, devem-se levar em consideração a especificidade de cada situação de trabalho, e identificar os fatores de risco presentes na atividade em questão. Devendo também haver a cooperação de todos os funcionários neste processo de mudança, pois é responsabilidade de todos detectar e eliminar os fatores de risco presentes.
O perfil do profissional de GL
A GL é uma atividade que requer um programa bem elaborado, por um profissional capacitado, um profissional de Educação Física, que atue de forma a atender às necessidades dos funcionários e da empresa. E de acordo com Oliveira (2003), o desenvolvimento do programa só trará resultados positivos se o profissional de Educação Física contar com o apoio de uma equipe multidisciplinar composta por médico do trabalho, técnico de segurança do trabalho, psicólogo, além dos próprios funcionários.
Uma importante responsabilidade do profissional de GL é, antes de tudo, fazer um diagnóstico dos setores de trabalho e suas particularidades, bem como verificar as necessidades dos trabalhadores de forma individual. Detectando as causas dos problemas, preocupando-se em como direcionar os recursos humanos e financeiros para uma melhor aplicabilidade da GL.
Oliveira (2003) enfatiza que é necessário, além de fazer um diagnóstico prévio, desenvolver avaliações contínuas no decorrer do desenvolvimento deste. Afirma ainda, que essas avaliações podem ser realizadas através de questionários aplicados aos funcionários acerca da saúde dos mesmos, avaliação subjetiva de questões psicológicas, bem como questionários acerca da avaliação dos resultados do programa.
Outro fator importante é como o profissional de Educação Física irá elaborar e desenvolver os exercícios. Uma alternativa é a utilização de atividades que envolvam dinâmica em grupo, estimulando a interação e a valorização do trabalho em equipe, bem como atividades recreativas utilizando-se de músicas, para a descontração, motivação e animação dos funcionários. Não deixando de adotar o alongamento como parte integrante do processo.
Para Picoli e Guastelli (2002) o alongamento é de suma importância no programa de GL, pois o alongamento é uma atividade simples, suave, mas proporciona inúmeros benefícios a saúde do trabalhador. Dentre elas o autor apresenta:
Redução da tensão muscular;
Melhora a circulação sanguínea;
Melhora do retorno linfático;
Redução de lesões;
Desenvolvimento de consciência corporal;
Melhora da qualidade de vida;
Lembrando que os exercícios e alongamentos têm que respeitar o limite de cada indivíduo, bem como levar em consideração as necessidades de cada setor de trabalho. O profissional de GL, ao estabelecer sua proposta de trabalho, deve visar também o lado educativo, permitindo a cada funcionário expressar suas emoções, percepções e expectativas, valorizando a experiência vivenciada de cada um, bem como os interesses e o saber de todos. Por isso a importância de haver uma troca de conhecimentos, uma avaliação contínua e um bom relacionamento funcionário-professor, não havendo uma imposição, mas sim, uma troca de conhecimentos.
Considerações finais
O universo do trabalho tem se modificado inúmeras vezes ao longo de sua história e cada vez mais se tornado competitivo e exigindo maior rendimento e produção. Consequentemente o funcionário sofre constantes pressões por resultados, o que desencadeia muitas doenças relacionadas aos esforços no trabalho. Daí, a importância de se implantar um programa de GL nas empresas, a fim de prevenir as doenças do trabalho e garantir uma melhor qualidade de vida aos funcionários e uma maior produtividade à empresa.
Portanto, é necessário que o profissional de Educação Física tenha um programa de GL bem elaborado, que proponha e desenvolva diferentes métodos e exercícios de desenvolvimento pessoal e social, além de atuar de forma empenhada no decorrer do programa, avaliando os resultados periodicamente, pois cada trabalhador tem suas individualidades e cada setor de trabalho suas especificidades.
Apesar de todos os benefícios que a GL pode proporcionar ao trabalhador e às empresas que a aderem, e de toda a repercussão que esta vem ganhando no universo do trabalho, infelizmente ainda não são todas as empresas que se dispõem a promover condições ideais de trabalho a seus funcionários e investir, em longo prazo, no aumento de sua produtividade.
Podemos observar, ao longo deste artigo, que a GL é uma alternativa de promoção da saúde do trabalhador que pode ser implantada e desenvolvida em toda e qualquer empresa, seja ela de pequeno ou grande porte, mas, infelizmente, sua realidade tem ocorrido, apenas em grandes empresas, devido a não preocupação de algumas em disponibilizar recursos que promovam a melhoria das condições de trabalho de seus funcionários. Isso se dá, muitas vezes, pela GL não apresentar resultados imediatos, dificultando assim, sua adesão.
Diante do supracitado, é importante levarmos em consideração que em uma sociedade competitiva, o mercado de trabalho é complexo e exigente e desencadeia doenças que acabam se tornando frequentes e inevitáveis. Devido a isso, é cada vez mais necessário a utilização da GL para que não sejamos uma sociedade com altos índices de doenças ocupacionais.
Referências
FIGUEIREDO, Fabiana; MONT’ ALVÃO Claudia. Ginástica Laboral e Ergonomia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.
SILVA JUNIOR, Osvaldo Tadeu da. Ginástica Laboral II. 41 f. Lins: Salesiano, 2009.
LIMA, Deise Guadelupe de. Ginástica Laboral: Metodologia de Implantação de Programas com Abordagens Ergonômicas. Jundiaí: editora Fontoura, 2004.
LIMA, Valquíria de. Ginástica Laboral: Atividade Física no Ambiente de Trabalho. 2 ed. São Paulo: Phorte, 2005.
OLIVEIRA, João Ricardo Gabriel de. A Prática da Ginástica Laboral. 2 ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.
PICOLI, Elaine Borges; GUASTELLI, Claudia. Ginástica Laboral para Cirurgiões Dentistas. São Paulo: Phorte, 2002.
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digital · Año 15 · N° 147 | Buenos Aires,
Agosto de 2010 |