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Perfil dos profissionais fisioterapeutas que atuam 

em instituição de longa permanência para idosos

Perfil de los profesionales fisioterapeutas que intervienen en una institución de larga permanencia para personas mayores

Physiotherapists professional profile of the institution that act in long stay for elderly

 

*Fisioterapeutas graduados pela PUC-Goiás

*Fisioterapeuta, Educador Físico, Mestre em Fisioterapia

Docente do curso de Fisioterapia da PUC-Goiás

Doutorando em Ciências da Saúde da UFG

(Brasil)

Alyson De Souza Moraes*

Anna Carlla Miranda Veras*

Renato Alves Sandoval**

rasterapia@ig.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo foi identificar a inclusão do profissional fisioterapeuta na equipe que atua em ILPI’s, analisar o perfil social, acadêmico e terapêutico desses profissionais. É um estudo quantitativo descritivo de perfil epidemiológico, com pesquisa de campo utilizando um formulário, contendo 25 questões, envolvendo fisioterapeutas que trabalham em ILPI’s na cidade de Goiânia. Obteve nos resultados predominância do sexo masculino, a média de idade foi de 30 anos. O tempo de formação revelou acima de 4 anos, todos cursaram ou cursa um pós-graduação, em diferentes áreas. Destacou a formação em universidades particulares, sendo maioria não possui publicação e tem outro local de trabalho. A jornada de trabalho na ILPI’s foi de 30 horas semanais, e carga horária diária total variou de até seis horas e de sete a dez horas, relatando dois dias de descanso semanais. O diagnóstico clínico prevalente em os idosos apontados foi neurológico, tratamento mais utilizado teve unanimidade motor e respiratório, recurso e técnica citados foram variados. Conclui-se a falta de profissionais fisioterapeutas nas ILPI’s, demonstrando que prevaleceu o sexo masculino, especialização em áreas diferentes, a necessidade de publicação na área geriátrica, o predomínio de acometimentos neurológicos entre os idosos, sendo o tratamento fisioterapêutico voltado para motor e respiratório, técnicas e recursos variando entre manual, mecanoterapia e eletroterapia. Por fim, o estudo mostra-se como um incentivador aos acadêmicos e formados em fisioterapia, e como sendo a gerontologia uma área promissora, rica e tão fundamental para o equilíbrio social.

          Unitermos: Instituição de longa permanência para idosos. ILPI’s. Fisioterapeutas. Perfil profissional.

 

Abstract

          The objective was to identify the inclusion of the Physiotherapy team working in LSIE, analyze the social profile, academic and treatment of these professionals. A quantitative study of descriptive epidemiological profile, with field research using a form containing 25 questions involving physiotherapists working in LSIE in the city of Goiania. Results obtained in predominantly male, mean age was 30 years. Training time has shown over four yers, all attended or attends a post-graduate student in different areas. Emphasized training in private universities, and most did not have any publication and has another workplace. The workday at LSIE was 30 hours per week and total daily working hours ranged from up to six hours and seven to ten hours, reporting two days of rest per week. The clinical diagnosis prevalent in the elderly was appointed neurological treatment most used was unanimously motor, respiratory and technical feature mentioned were varied. It is the lack of physical therapists in the LSIE, demonstrating that prevailed among men, specializing in different areas, the need for publication in the area elderly, the prevalence of neurological impairments among the elderly, physical therapy focused on motor and respiratory techniques and resources ranging from manual, mechanotherapy and electrotherapy. Finally, the study shows up as an incentive for students and graduates in physical therapy and gerontology as a promising area, rich and so fundamental to the social balance.

          Keywords: Long-stay institution for the elderly. LSIE. Physiotherapists. Professional profile.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010

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Introdução

    Através de um levantamento da população brasileira, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2007 no Brasil havia 17.110.819 idosos, representando 9,3% da população total. No Estado de Goiás essa população era de 307.568 representando 9% da população no Estado. Observa-se uma tendência de crescimento desta população na cidade de Goiânia, provavelmente devido ao processo de migração da área rural para a capital (NATAKANI et al., 2009).

    O envelhecimento populacional é um fenômeno que está em destaque mundial, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), evidenciam que, em 2025, o Brasil terá 32 milhões de pessoas idosas, podendo ser classificado como o sexto país quanto ao contingente de idosos. Com isso, o aumento da população idosa em nossa sociedade constitui-se, num momento em um problema de saúde pública que poderá torna-se ainda maior com o decorrer do tempo (MONTENEGRO, 2007).

    Esse envelhecimento populacional requer a necessidade de um sistema de saúde mais estruturado para atender a demanda crescente de idosos, levando a uma maior expectativa de vida e melhoria diminuição da incidência de doenças relacionada a esse período, que gera modificações funcionais e estruturais no organismo, diminuindo a vitalidade e favorecendo o aparecimento de doenças (FREIRE; TAVARES, 2005).

    Considerando essa temática, a instituição asilar se torna um tema relevante, uma vez que, ao se relacionar o envelhecimento aos cuidados com a saúde, observa-se uma demanda aumentada por instituições de longa permanência para idosos (ILPI) no Brasil. Embora as políticas priorizem a família como signatária do cuidado ao idoso, há um consenso de que em muitos momentos, a ILPI se torna uma alternativa importante, devendo assegurar a qualidade de vida e satisfação, tanto dos idosos como de suas famílias (CREUTZBERG et al., 2007; MONTENEGRO; SILVA, 2007).

    O termo ILPI é proveniente de debates nas comissões e congressos da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia nos últimos anos. Uma ILPI "deve procurar ser uma residência, mostrando, tanto nos seus aspectos físicos quanto em toda a sua programação, detalhes que lembrem uma casa, uma moradia, a vida numa família". São estabelecimentos para atendimento integral institucional, com idade igual ou superior a 60 anos, dependentes ou independentes, que não dispõem de condições para permanecer com a família ou em seu domicílio (BORN; BOECHAT, 2002).

    Os idosos institucionalizados apresentam um perfil diferenciado, grande nível de sedentarismo, carência afetiva, perda de autonomia causada por incapacidades físicas e mentais, ausência de familiares para ajudar no autocuidado e insuficiência de suporte financeiro (PEREIRA et al., 2005).

    A tendência, da sociedade e dos profissionais que trabalham com o processo do envelhecimento nas diversas áreas do conhecimento (médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, terapeutas ocupacionais e outros), busca proporcionar, o bem estar biopsicossocial dos idosos, potencializando suas funções globais, a fim de obter uma maior independência, autonomia e uma melhor qualidade para essa fase de vida (PEREIRA et al., 2005).

    Sendo assim para Coelho et al. (2008), a fisioterapia, dentro de suas especialidades, como exemplo, a geriatria e ergonomia, tem um importante papel na prevenção de quedas dos idosos, sendo que as quedas podem ocorrer por fatores associados ao envelhecimento, às doenças e ao próprio ambiente. Sua atuação abrange as conseqüências físicas, como as fraturas, contusões e seqüelas de lesão neurológica, influenciando, na melhora das conseqüências psicológicas.

    Karsch (2003) ressalta que a capacidade funcional do idoso, no seu significado mais, amplo, inclui sua habilidade de execução de tarefas físicas, de preservação das atividades mentais, e necessidade de uma situação adequada de integração social. Podendo assim, definir estratégias de promoção de saúde dos idosos, visando a retardar ou prevenir as incapacidades.

    A fisioterapia dispõe de ferramentas para realizar tanto a avaliação da preservação das atividades mentais (mini-mental), quanto ao grau de dependência funcional, por exemplo, pelo índice de Katz. A mesma encontra-se apta a desenvolver um plano de intervenção condizente com os resultados da avaliação (COELHO et al., 2008).

    Portanto, torna-se importante considerar o nível de funcionalidade dos idosos, a fim de estimulá-los a manterem o máximo de independência, respeitando as limitações inerentes desta faixa etária.

    Com isso, surge uma preocupação não apenas com a quantidade de anos que se vive, mas com a qualidade de vida com o avançar da idade, principalmente em ILPI, onde se faz importante à intervenção da saúde de forma holística e humanizada.

    Os desafios inerentes da idade e o número crescente de idosos na sociedade brasileira, nos fez refletir sobre a importância do fisioterapeuta no atendimento a esta população. Partindo desde pressuposto, juntamente com as experiências vivenciadas em campos de estágio, limitamos este estudo em ILPI’s, em que ressaltaremos a inserção e a necessidade do profissional fisioterapeuta.

    A atuação fisioterapêutica em Instituição de Longa Permanência Para Idosos surge como uma alternativa de modalidade de assistência à saúde para o tratamento de idosos, abrangendo assim intervenções preventivas e curativas, objetivando restabelece ou manter as condições de saúde e as capacidades funcionais.

    O levantamento da atuação do fisioterapeuta nas ILPI’s, mostra-se importante por identificar os aspectos sócio-econômicos, educacionais e terapêuticos, contribuindo para o desenvolvimento da profissão, seja ela com objetivos práticos e/ou científicos.

    Este trabalho tem por objetivos, identificar a inclusão do profissional fisioterapeuta na equipe de saúde das ILPI’s; analisar o perfil, social, acadêmico e terapêutico dos fisioterapeutas que atuam nestas instituições.

Métodos

    Estudo quantitativo descritivo de perfil epidemiológico, que utilizou como fonte de informações um formulário estruturado pelos autores e coleta de dados colhidos diretamente dos profissionais fisioterapeutas envolvidos.

    A amostra foi constituída por 5 fisioterapeutas que atuam em 4 instituições de longa permanência para idosos, devidamente regulamentadas na cidade de Goiânia Goiás. Como critério de inclusão levou-se em consideração a presença do serviço de fisioterapia na instituição. Foram consultadas 9 instituições, sendo que 5 instituições alegaram não possuir o serviço de fisioterapia, 3 instituições mantêm o serviço disponível aos internos, sendo que uma instituição possui dois fisioterapeutas. Vale ressaltar que uma das cinco instituições, possui estagiários da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, que realizam estágio curricular em Preventiva, sendo alunos do sétimo e nono período, os mesmo desempenham atividades coletivas e de ergonomia na ILPI, e não um atendimento individualizado, sendo assim não preenche nosso critério de inclusão.

    Para o conhecimento do perfil epidemiológico dos fisioterapeutas, foi utilizado um formulário construído por 25 questões com as seguintes variáveis: idade, sexo, estado civil, trabalha em outra instituição, possuem outra profissão, tempo de formado, carga horária de trabalho, títulos, publicações, número de atendimentos, patologias mais comuns, recursos e técnicas utilizadas, que foram respondidas no período de fevereiro a março de 2010 (Anexo1).

    Os pesquisadores entraram em contato inicialmente com as instituições e posteriormente com os fisioterapeutas, onde foi agendado o dia e o horário da entrevista. No dia, local e horário agendado se procedeu ao esclarecimento sobre a pesquisa, a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e as perguntas pertinentes ao formulário.

    Os formulários preenchidos foram analisados e os resultados submetidos a análises descritivas. As questões não preenchidas foram computadas como não preenchidas ou não analisadas.

Resultados

    Foram analisados 5 formulários referentes a profissionais fisioterapeutas, que trabalham em ILPI’s, sendo que dois profissionais trabalham na mesma instituição.

    A tabela a seguir, mostra a identificação dos profissionais fisioterapeutas que atuam nas ILPI’s, sendo elas divididas em idade, sexo estado civil e religião (Tabela 1, Figura 1).

Tabela 1. Identificação dos profissionais fisioterapeutas nas ILPI’s

 

Identificação do profissional

Idade

Sexo

Estado Civil

Religião

1

38

M

Casado

Espírita

2

26

M

Solteiro

Espírita

3

33

M

Casado

Católico

4

31

F

Casada

Ausente

5

25

F

Solteira

Católico

    Nos resultados obtidos constatou que 60% (3) dos profissionais foram do sexo masculino e 40% (2) do sexo feminino. (Figura 1).

Figura 1. Sexo dos profissionais fisioterapeutas.

    Em relação à faixa etária, 40% (2) dos profissionais fisioterapeutas apresentaram de 25 até 29 anos, 40 % (2) acima 30 a 34 anos e 20 % (1) entre 35 a 40 anos. (Figura 2).

Figura 2. Faixa etária dos profissionais fisioterapeutas.

    No que se refere ao estado civil, 60% (3) são casados e 40% (2) encontra-se solteiros. (Figura 3).

Figura 3. Estado Civil dos profissionais fisioterapeutas.

    A religião apresentou 40% (2) como católicos, 40 % (2) espírita e 20% (1) e 20% ausente (Figura 4).

Figura 4. Religião dos profissionais fisioterapeutas.

    O tempo de formação encontrado foi 40 % (2) permaneceram até 3 anos, 20% (1) 4 à 6 anos, 20% (1) 7 à 10 anos e 20% (1) acima de 10 anos (Tabela 2, Figura 5).

Tabela 2. Tempo de formação dos profissionais fisioterapeutas nas ILPI’s

Tempo de formação

  

ATÉ 3 ANOS

4 à 6 ANOS

7 à 10 ANOS

ACIMA de 10 ANOS

1

 

 

 

X

2

X

 

 

 

3

 

 

X

 

4

 

X

 

 

5

X

  

   

  

Figura 5. Tempo de formação dos profissionais fisioterapeutas.

    Quando questionados se possui pós-graduação, 60% (3) responderam sim e 40% (2) não. Sendo que 60% (3) em outra área de atuação (Tabela 3, Figura 6).

Tabela 3. Graduação dos profissionais fisioterapeutas nas ILPI’s.

    

Possui Pós - Graduação

Sim

Não

Área

Outra Área

1

X

 

 

X

2

 

X

 

 

3

X

 

 

X

4

X

 

 

X

5

  

X

   

  

 

Figura 6. Pós-graduação dos profissionais fisioterapeutas.

    Sendo que os 40% (2), estão cursando pós-graduação, mas em outra área de atuação (Tabela 4, Figura 7).

Tabela 4. Graduação dos profissionais fisioterapeutas.

  

Cursa Pós - Graduação

 Outra Área

Sim

Não

Área

1

 

X

 

 

2

X

 

 

X

3

 

X

 

 

4

 

X

 

 

5

X

   

  

X

 

Figura 7. Pós-graduação dos profissionais fisioterapeutas.

    A formação universitária em universidade particular, 80% (4) sobrepôs a formação pública (1), (Tabela 5, Figura 8).

Tabela 5. Formação dos profissionais fisioterapeutas.

  

 

Formação Universitária

Pública

Particular

1

 

X

2

 

X

3

 

X

4

X

 

5

  

X

 

Figura 8. Formação dos profissionais fisioterapeutas.

    Foi constatado que 40% (2) possuem publicação e 60% (3) não possuem. Consiste que 40% apenas 20%, ou seja, 1 tem publicação na área geriátrica (Tabela 6, Figura 9).

Tabela 6. Desenvolvimento científico dos profissionais fisioterapeutas

Possui Publicação

  

Sim

Não

Área

Outra Área

Quantas

Meio

1

X

 

X

 

5

Anais

2

 

X

 

 

 

 

3

X

 

 

X

2

Artigo

4

 

X

 

 

 

 

5

  

X

  

  

  

  

 

Figura 9. Formação dos profissionais fisioterapeutas

    Quanto ao tempo que está ligado a ILPI, 20% menor 6 meses (1), 40 % 1 ano (2), 20% 2 a 3 anos (1) e 20% acima de 3 (1) (Tabela 7, Figura 10).

Tabela 7. Tempo de serviço dos profissionais fisioterapeutas nas ILPI’s

  

 

Tempo que está ligado à ILPI

Menor 6 meses

1 ano

2 a 3 anos

Acima de 3

1

 

 

 

X

2

 

X

 

 

3

 

 

X

 

4

 

X

 

 

5

X

  

  

 

 

Figura 10. Tempo de serviço dos profissionais fisioterapeutas na ILPI

    De acordo com a Tabela 8, a jornada de trabalho na ILPI teve como evidência 30 horas semanais (80%) (4) e 20 horas semanais (20%) (1) (Tabela 8, Figura 11).

Tabela 8. Jornada de trabalho na instituição dos profissionais fisioterapeutas nas ILPI’s

 

 

Jornada de trabalho na ILPI

20 horas

30 horas

1

 

X

2

 

X

3

X

 

4

 

X

5

  

X

 

Figura 11. Jornada de trabalho na instituição dos profissionais fisioterapeutas nas ILPI’s.

    Ao interrogarmos se os fisioterapeutas possuíam outro local de trabalho, 60% (3) responderam sim e 20% (2) não (Tabela 9, Figura 12).

Tabela 9. Outros empregos dos profissionais fisioterapeutas.

Possui outro local de trabalho

  

Sim

Não

1

X

 

2

X

 

3

X

 

4

 

X

5

  

X

 

Figura 12. Outros empregos dos profissionais fisioterapeutas

    A jornada de trabalhou total foi, 40% (2) até 6 horas, 40% (2) 7 à 10 horas e 20% (1) acima de 10 horas (Tabela 10, Figura 13).

Tabela 10. Carga horária total dos profissionais fisioterapeutas.

  

Jornada de trabalho diária total

Até 6 h

7 a 10 h

Acima de 10 h

1

 

 

X

2

 

X

 

3

 

X

 

4

X

 

 

5

X

  

  

 

Figura 13. Carga horária total dos profissionais fisioterapeutas

    O tempo de descanso semanal referido pelos fisioterapeutas teve unanimidade, todos responderam dois dias de descanço 100% (5) (Tabela 11).

Tabela 11. Tempo de descanso dos profissionais fisioterapeutas

Quanto tempo de descanso semanalmente

1

2 dias

2

2 dias

3

2 dias

4

2 dias

5

2 dias

    A renda total dos profissionais foram, 60% (3) 3 á 5 salários, 20% (1) 6 á 8 salários e 20% (1) acima de 10 salários. Nenhum relatou até 3 salários (Tabela 12, Figura 14).

Tabela 12. Renda salarial dos profissionais fisioterapeutas.

   

Renda Total

Até 3 salário

3 á 5 salário

6 á 8 salário

Acima de 8

1

 

 

X

 

2

 

X

 

 

3

 

 

 

X

4

 

X

 

 

5

  

X

  

  

 

Figura 14. Renda salarial dos profissionais fisioterapeutas

    Verificou-se que os números de atendimentos tiveram uma média de 12 atendimentos diários (Tabela 13).

Tabela 13. Números de atendimentos realizados ao dia na ILP’s

 Quantos atendimentos ao dia na ILP’s

1

12

2

8

3

20

4

10

5

10

    Foi averiguado que diagnósticos clínicos prevalentes entre os idosos foi de 80% (4) neurologia e 20% (1) ortopedia (Tabela 14, Figura 15).

Tabela 14. Diagnósticos clínicos prevalentes nas ILPI’s.

   

Diagnósticos clínicos prevalente

Neuro

Resp

Ortop

Reum

1

X

 

 

 

2

 

 

X

 

3

X

 

 

 

4

X

 

 

 

5

X

  

  

  

 

Figura 15. Diagnósticos clínicos prevalentes nas ILPI’s

    Já o tratamento fisioterapêutico mais utilizado 100% (5) responderam motor e respiratório (Tabela 15).

Tabela 15. Tratamentos fisioterapêutico mais utilizados nas ILPI’s.

   

Tratamento fisioterapêutico mais usado

Motor

Resp

Motor + Resp

Outros

1

 

 

X

 

2

 

 

X

 

3

 

 

X

 

4

 

 

X

 

5

  

  

X

  

    Quanto à técnica mais utilizada, foram citadas: Terapias Manuais, Bola Suíça, RPG, Mackenzie, Klapp, Fisioterapia respiratória, Kabat e PNF (Tabela 16).

Tabela 16. Tratamentos fisioterapêutico mais utilizados nas ILPI’s

  

Quais técnicas terapêuticas mais utilizadas

1

Terapias manuais e bola suiça

2

RPG, Mackenzie, Klapp

3

Fisio respiratória, cinesioterapia (ativa-assistida)

4

Kabat

5

FNP 

    Os recursos terapêuticos mencionados pelos fisioterapeutas destacaram-se: Cinesioterapia, FES e Infra-Vermelho (Tabela 17, Figura 16).

Tabela 17. Recursos terapêuticos mais utilizados nas ILPI’s

  

Qual recurso terapêutico mais utilizado

1

Cinesioterapia

2

FES

3

Infra-vermelho e TENS

4

Cinesioterapia

5

Cinesioterapia

 

Figura 16. Recursos terapêuticos mais utilizados nas ILPI’s

    Ao questionarmos, sobre sua realização profissional 100% (5) responderam que sim (Tabela 18).

Tabela 18. Satisfação com a profissão

  

  

Considera realizado profissionalmente

Sim

Não

1

X

 

2

X

 

3

X

 

4

X

 

5

X

  

Discussão

    O presente estudo teve alguns desafios, começamos nossa pesquisa por informações prestadas pelos professores da universidade, que tem um contato direto com a área e em algumas instituições através dos próprios profissionais fisioterapeutas. Obteve uma lista de 13 ILP’s, mas muitas apresentavam números telefônicos desatualizados, devido a isso, fez se a busca de informações mais fidedigna. Procuramos o Conselho do Idoso, a Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati) e a Secretaria de Assistência Social (SEMAS), com um ofício, conseguimos uma lista de 9 instituições devidamente regulamentadas, juntamente com respectivos endereços e telefones (Anexo 2).

    Empecilhos ocorrem em algumas ILPI’s, mesmo com a nossa identificação e explicação do objetivo, mas com paciência e cautela conseguimos entrevistar todos os fisioterapeutas, não houve grandes transtornos, apenas dificuldades no agendamento e horários disponíveis. Foram colaborativos e prestativos, tiveram pouca duvida quanto às questões do formulário, ressalta-se o interesse, sugestões e reflexões pela pesquisa no momento em que responderam ao formulário.

    Na pesquisa realizada pode-se averiguar que o sexo masculino predominou em relação ao sexo feminino, a média de idade foi de 30 anos, sendo a menor idade 25 anos e a maior 38 anos, teve maior porcentagem o estado civil de casado. Quando questionados quanto à religião houve adesão de todos, sendo que em um dos formulários, relatou ausente, o tempo de formação apresentou que 2 fisioterapeutas tem até três anos de formado, os outros 3 fisioterapeutas de quadro anos em diante.

    Foi observado que todos os fisioterapeutas possuem ou está cursando uma pós-graduação, sendo que todos eles em áreas diferentes, não envolvendo a área geronto-geriátrica.

    A formação universitária percebe-se que 80% (4) dos fisioterapeutas entrevistado cursaram universidade particular e 20% (1) pública. Rebelatto; Batomé (1999) descreve a responsabilidade do ensino e da produção de conhecimento para realizá-lo. É preciso desenvolver competência (aptidões) também sobre como se constrói, define e administra um currículo, o projeto de um profissional. Sem esquecer que, após o curso, continua a responsabilidade da universidade com relação à atualização, ao aperfeiçoamento e à especialização desses profissionais.

    Nos resultados encontrados referente à publicação foi constatado que 40% (2) possuem publicação e 60% (3) não possuem. Em um estudo recente realizado pela Revista Brasileira de Fisioterapia (RBF), (2009), onde traçou o perfil do pesquisador fisioterapeuta brasileiro, afirma o crescimento do número de pesquisadores doutores com graduação em Fisioterapia foi exponencial na última década, saltando de 57 pesquisadores em 1998 para 573 em 2008. Esse resultado demonstra um grande esforço por capacitação científica realizado pela comunidade de fisioterapeutas.

    Já dos dois fisioterapeutas que relataram publicação, apenas um esta na área geriátrica, a RBF mostra que a área de Fisioterapia Musculoesquelética apresentou 190 pesquisadores (33,2% do total) e acumulou o maior número de arti­gos publicados. A área de Fisioterapia Cardiorrespiratória, com 158 pesquisadores (27,6% do total de pesquisadores), apresentou o segundo maior número de artigos publicados. As áreas de Neurologia Adulto e Infantil, com 107 pesquisadores, publicaram 18,7% do total. As áreas de Fisioterapia Ginecológica e Geriátrica, com 47 pesquisadores, publicaram 8,2%, reforçando assim a necessidade de maior publicação na área da saúde do idoso pelos fisioterapeutas.

    Em relação ao tempo que está ligado a ILPI 20% menor 6 meses, 40% 1 ano, 20% 2 a 3 anos e 20% acima de 3, a jornada de trabalho na instituição teve predominância de 30 horas semanais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da Resolução RDC nº 283, de 26 de setembro de 2005, que diz respeito ao Regulamento técnico para o funcionamento das ILPI’s. As instituições podem oferecer uma ou mais modalidades assistenciais, a partir disso estabelecem carga horária de no mínimo 20 horas semanais para o profissional fisioterapeuta.

    Ao alisarmos os dados quanto a possuírem outro local de trabalho, 60% responderam positivamente, sendo que a jornada de trabalho diária total houve porcentagem igual (40%), dois trabalham até seis horas, e dois de sete a dez horas e apenas um acima de dez horas.

    Na renda total 60% apresentou de 3 a 5 salários mínimos, 20% de 6 a 8 salários mínimos e 20% acima de 8 salários mínimos, sendo que a média de atendimentos nas ILPI’s é de 12 atendimentos.

    Trelha et al (2003) discute que embora a Lei limite a carga horária de trabalho do fisioterapeuta em 30 horas semanais, com o objetivo de preservar a saúde e diminuir o gasto energético, na prática a realidade é diferente. Para complementar a renda mensal o fisioterapeuta trabalha em vários locais além da carga horária fixada, restando muitas vezes apenas dois dias de descanso semanal, confirmando a unanimidade das respostas.

    Em um estudo realizado por Santos (2008), que analisa a viabilidade da implantação do serviço de fisioterapia em uma instituição asilar, mostra 90% dos casos o profissional que atua na instituição é um profissional remunerado, em 5% atua profissional voluntário e 5% dos casos fazem associação de atendimento, o profissional remunerado e estagiário sem remuneração. Isso vem de encontro em algumas situações observadas nas ILPI’s, mesmo não fazendo parte do questionário interrogamos antecipadamente se o mesmo era remunerado ou voluntário, sendo que todos afirmaram a remuneração e vale ressalvar a presença de estagiários em algumas ILPI’s.

    O diagnóstico clínico prevalente entre os idosos citados pelos fisioterapeutas foram acometimentos neurológicos. Segundo Odenheimer et al. apud Rebellato et al. (2007) a clínica neurológica está relacionada com as principais modificações nas taxas de prevalência de doenças associadas à idade avançada. Determinantes condições neurológicas como demência e acidente vascular encefálico (AVE) são as principais causas de limitação funcional e de institucionalização na velhice.

    O mesmo autor ressalta que do ponto de vista funcional, a população idosa caracteriza-se, entre outros aspectos, por um decréscimo do sistema neuromuscular, verificando-se a perda de massa muscular, debilidade do sistema muscular, redução da flexibilidade, da força, da resistência e da mobilidade articular, fatores que, por decorrência, determinam déficits de coordenação, equilíbrio corporal estático e dinâmico.

    As perdas funcionais se acentuam com a idade devido a vários fatores, entre eles, desuso, diminuição do condicionamento físico e atividade neuromuscular, determinando complicações e condições debilitantes. Reforçando as considerações clínicas e manifestações ortopédicas dentre as afecções mais comuns nos paciente idosos.

    Carvalho (2007), conclui que atuação do fisioterapeuta com a terceira idade encontra tal profissional com uma série de desafios, os quais variam desde afecções osteomusculares até neurológicas e cardiovasculares.

    Diante dos resultados do tratamento fisioterapêutico empregado prevaleceu motor e respiratório. Segundo Netto (2002), a programação do tratamento fisioterapêutico deverá ser elaborada de acordo com as informações obtidas na avaliação, constando de técnicas e recursos fisioterapêutico dependendo da necessidade de cada paciente. Ioris (2003), afirma entre as medidas fisioterapêutica usada estão: mobilização passiva e ativa, quanto possível, mudança de decúbito; exercícios respiratórios; alongamentos; treino de equilíbrio e marcha.

    Em seu estudo Góis (2006) observou que quanto ao tipo de tratamento realizado em idosos, a fisioterapia motora é aplicada em 56% dos atendimentos, a seguir, com 40%, a fisioterapia motora associada à respiratória.

    A fisioterapia, cujo objeto de estudo é principalmente o movimento humano, vem a colaborar, lançando mão de conhecimentos e recursos fisioterapêutico, com intuito de melhor compreender os fatores que possam acarretar perda ou diminuição da qualidade de vida e bem-estar nos idosos (FREDRIGO et al. apud SANTOS, 2008). Assim, os recursos mais utilizados encontrados foram: Cinesioterapia, FES, Infra-vermelho e TENS.

    O fisioterapeuta que trabalham em ILPI desempenha numerosas funções, tais como avaliação, prevenção, reabilitação e orientação de pessoal. Sendo seus objetivos principais restabelecer/melhorar a capacidade funcional, prevenir para que essa capacidade não se deteriore mais ainda. Ioris (2003). Através disso as técnicas destacadas pelos fisioterapeutas foram: Terapias manuais e Bola Suíça, RPG, Mackenzie, Klapp, Fisioterapia Respiratória, Cinesioterapia ativo assistida, Kabat e FNP.

    Foi constado que todos consideram realizados profissionalmente, Vagetti (2007), observou em seu projeto que o exercício interdisciplinar tem contribuí para o crescimento tanto profissional como pessoal, de todos os envolvidos. Oferecendo conhecimentos e benefícios relacionados ao conhecimento do envelhecimento e influenciando as ações práticas e de pesquisa, colaborando qualitativa e quantitativamente nas relações interpessoais entre idosos e profissionais.

Conclusão

    Conclui-se que grande parte das instituições de longa permanência para idosos na cidade de Goiânia, não possui o serviço de fisioterapia. A maioria dos fisioterapeutas estudados é do sexo masculino, sendo sua formação em universidade particular e todos cursaram ou cursam uma pós-graduação em área diferente da atuação, 60% não possuem publicação científica, trabalham em média 30 horas semanais na instituição, sendo que a maioria tem remuneração de 3 a 5 salários mínimos.

    O diagnóstico clínico mais prevalente entre os idosos atendidos pelo fisioterapeuta foi de seqüelas neurológicas, destacando o tratamento motor e respiratório como sendo o mais utilizado. As técnicas e os recursos de tratamento citados foram: terapias manuais, bola suíça, RPG, Mackenzie, Klapp, fisioterapia respiratória, cinesioterapia, FNP, cinesioterapia, FES e Infra-Vermelho.

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