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Jogos de oposição em ambiente escolar

Juegos de oposición en el ámbito escolar

Opposition games in a school environment

 

*Acadêmico do Curso de Bacharelado em Educação Física

**Professor Adjunto de Lutas
Departamento de Educação Física, def

Universidade Federal do Paraná, ufpr

Bruno Costa Passos*

Dr. Sérgio Luiz Carlos dos Santos**

ub_santos@yahoo.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo
          Este trabalho apresenta uma revisão bibliográfica sobre a aplicação do conteúdo de jogos de oposição como método de ensino de lutas em aulas de Educação Física, no contexto escolar, visando uma iniciação ao ensino da esgrima. Bem como dá um apanhado sobre jogos de oposição e esgrima; Viabilizando uma aplicação do esgrima mesmo em ambientes onde careçam de equipamentos adequados, através do uso de materiais de fácil acesso, como materiais recicláveis. Reduzindo custos e permitindo uma maior inclusão, socializando o esgrima, que por muitas vezes aparenta ser um esporte elitista e de alto custo.

          Unitermos: Educação Física. Jogos de oposição. Lutas. Esgrima adaptada. Escola.

 

Abstract

          This article presents an bibliographic review about application of opposition games content as a method to teach the purport of fighting in physical education classes, in scholar concept, in order to initiate fencing teaching. As like make an summary about opposition games and fencing; Enabling application of fencing even in an environment without proper equipment, through the use of accessible materials, like recyclable materials. Reducing costs and enabling a greater inclusion, socialization the fencing, how for many times can be considered an elitist sport an with high costs.

          Keywords: Physical Education. Opposition games. Fighting. Adapted fencing. School.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010

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I.     Introdução

    Este artigo visa buscar informações à respeito do conteúdo abordado nas aulas de Educação Física dentro do ambiente escolar, mais especificamente o conteúdo de lutas e jogos de oposição. Durante uma primeira análise já foi observado que não é tão comum a abordagem destes temas nas aulas, daí o interesse em buscar no esgrima uma maneira de empregar este conteúdo na escola, pois é um esporte que muitas vezes está presente no universo juvenil, como podemos observar em diversos desenhos animados e histórias em quadrinhos (Disney, 2004, BRB Internacional S.A., 1981, Arthur Medeiros – Charge Olímpica). Com o objetivo de apresentar soluções para a prática de aulas de lutas, principalmente o esgrima de uma forma que possa ser aplicado facilmente em todo âmbito escolar.

II.     Metodologia

    Para este artigo foi feita uma avaliação quantitativa baseada em um revisão bibliográfica, usando-se de vídeos, artigos, textos, leis, e outros materiais referentes ao tema.

III.     Discussão

    Observando o conteúdo das aulas de educação física, na maioria dos colégios, tanto da rede pública quando da rede privada, nota-se que os jogos de oposição nem sempre fazem parte do conteúdo das aulas de Educação Física.

    “Através dos questionários aplicados, chegou-se aos seguintes resultados da guia investigativa: Dos 50 professores questionados, 16 (32%) afirmaram que utilizavam as práticas de lutas em suas aulas e 34 (68%) relataram que jamais recorreram às aulas com estes conteúdos. Através desta resposta, observou-se que a grande maioria deixa de utilizar um dos conteúdos propostos nos PCN's, as lutas, preferindo manter a velha pedagogia da bola em suas aulas, pouco inovando ou não experimentando novas formas de ministrar suas aulas” (FERREIRA, 2006).

    Habitualmente o que se encontra nas escolas, é que as lutas estão presentes como matérias extra-curriculares; Os jogos de oposição em escolas como objeto de ensino ainda é menos presente, pouquíssimas são as aplicações lúdicas do conteúdo de lutas, assim como os jogos de oposição, uma parcela muito pequena dos professores faz uso desta forma. É uma pena pois inúmeros fatores deixam de ser trabalhados com os alunos, como é o caso do estímulo cognitivo (através da formulação de frases de armas, dentre outras estratégias presentes nestes jogos), até mesmo fatores psico-sociais, como a auto-estima e o autocontrole, que são conteúdos que poderiam ser facilmente elaborados através dos jogos de oposição. Mais distante ainda encontra-se o esgrima.

    Os parâmetros curriculares nacionais, apontam esta necessidade das aulas de lutas no contexto escolar até porque o conteúdo de lutas é essencial para a formação do cidadão, é nas lutas onde ele poderá vivenciar diversas situações, vividas no dia-a-dia, em relação a oposição, cooperação, companheirismo, até os valores, bastante presente nas lutas e nos jogos de oposição.

    “As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade”. (BRASIL, 1998)

    Além disso existe no marco legal do pais, o Estatuto da Criança e Adolescente - ECA que garantem, no papel, o acesso a educação para toda criança, e a Educação Física é parte integrante deste processo. Seguindo o pensamento em relação a atividade física, vemos que também no ensino fundamental há uma necessidade premente de aulas de Educação Física com um programa pedagógico adequado àquela faixa etária, como qualifica CAVALARO, (2009): “torna-se cada vez mais evidente e necessária a articulação entre educação física e educação infantil”; e porque não incluir o conteúdo de jogos de oposição na educação infantil?

    Baseando-se nesta necessidade sugere-se o esgrima como conteúdo para trabalho de Jogos de Oposição, pois ao utilizarmos de uma aula referencialmente lúdica estaremos englobando diversas formas de expressão e comunicação como sugerem os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para a Educação Física, por se tratar de um esporte de fácil entendimento e passível de ser aplicado em qualquer ambiente, mesmo sabendo das dificuldades financeiras do universo educacional público em nosso país.

    Se adaptarmos os conteúdos da Esgrima aos Jogos de Oposição, atividade bastante fácil e interessante, e de forma lúdica, aplicarmos todo esses conteúdos dos Jogos de Oposição, permeados pela esgrima utilizando materiais reciclados para a construção das “armas” e outros materiais pedagógicos do ensino de Esgrima, certamente teremos êxito e inovaremos às aulas de Educação Física Escolar, seja para qualquer nível de ensino. Como encontramos em BRASIL, (1998): “Os jogos podem ter uma flexibilidade maior nas regulamentações, que são adaptadas em função das condições de espaço e material disponíveis, do número de participantes, entre outros. São exercidos com um caráter competitivo, cooperativo ou recreativo em situações festivas, comemorativas, de confraternização ou ainda no cotidiano, como simples passatempo e diversão. Podem ser citados como exemplos de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do karatê”.

    Todavia o material teórico e as pesquisas a respeito da prática esgrima como prática pedagógica, no ensino dos Jogos de Oposição, nas aulas de Educação Física, é ainda um tanto limitado, entretanto, mesmo com o pouco que foi observado durante a pesquisa pode-se concluir que não haveria maiores dificuldades na inclusão desses conteúdos pedagógicos, mesmo em lugares onde o material para a prática deste esporte seja inexistente, pois até partindo de materiais recicláveis (garrafas Pet, caixas de papelão, bexigas, material de TNT) é possível se produzir “armas” para a prática dos Jogos de Oposição aplicados ao Esgrima, nas escolas, como pode ser observado na aula proposta pela professora Luciana Venâncio, como uma forma de entrevista à revista Nova Escola na sua versão online, existe até um “programa de aulas” sugerido na versão impressa desta mesma revista.

    É interessante também atentar-nos ao início da popularização deste esporte que, por muito tempo, sequer passou a ser assunto de discussão nas aulas de Educação Física, inclusive recentemente com o advento dos Jogos Pan-americanos, realizados no Brasil no ano de 2007, o povo brasileiro pode observar a existência dessa modalidade, o que torna nossa discussão bastante recente e necessária, sendo uma boa oportunidade para os educadores físicos usarem os recursos dos Jogos de Oposição aplicados ao Esgrima, como forma de abordagem pedagógica em suas aulas.

    Vale ressaltar que o Esgrima é um esporte formal que como todos pode ser adaptado, através dos Jogos de Oposição, pois para os professores de Educação Física, que em um grande numero não tiveram essa disciplina em sua formação, poderá ser fator gerador de insegurança acadêmica, fomentando receios de utilizar-se desses conteúdos pedagógicos em suas aulas. Isso pode ser suprido certamente com os Jogos de Oposição, como ensinam Oliveira e Dos Santos, (2006), nos cursos de formação continuada para professores da rede Municipal de Ensino de Curitiba: “para desenvolver conteúdos pedagógicos de Jogos de Oposição aplicados ao Esgrima e a qualquer modalidade de esportes de combate, na escola, não há necessidade de ser mestre de armas ou faixa preta com inúmeros graus, basta realizar cursos de formação continuada e dominar os conteúdos dos Jogos de Oposição”.

IV.     Considerações finais

    O Esgrima, como esporte formal, dificilmente poderá ser trabalhado no contexto escolar público, pelo alto custo de seu material, todavia, desenvolvido sob a forma de conteúdos pedagógicos através dos Jogos de Oposição, considerando os aspectos dos jogos como atividade lúdica e prazerosa, não haverá motivos para criar limitações na relação ensino-aprendizagem, se houver respeito às características biológicas, psicológicas e sociológicas dos educandos, certamente haverá receptividade à atividade que se tornará capaz de transmitir valores tão prezados nos Jogos de Oposição. Como vimos a possibilidade de podemos adaptarmos os conteúdos pedagógicos dos Jogos de Oposição para o ensino dos movimentos do Esgrima, teremos uma aula totalmente adequada ao contexto vivido pelas crianças e poderemos levantar as problemáticas vividas no dia-a-dia dos mesmos, o que é de grande valia para o processo de formação, ensino e educação (metodologia do Estudo de Caso de Latorre, 2005).

    Certamente é muito interessante poder trazer todo este conteúdo de Jogos de Oposição que pelo seu caráter de novidade, certamente irá encantar os alunos, mudando o perfil da tradicional aula de Educação Física tão somente realizada, na maioria dos casos com os decantados “quatrobols” das nossas escolas.

Referências bibliográficas

  • Ballester, L.; Sugiyama, T.; Koshi, S., Série de TV: D'Artacão e os Três Moscãoteiros, Wanwan Sanjushi, BRB Internacional S.A., Espanha: 1981.

  • BRASIL, Ministério da Justiça. Lei nº8.069/1990, Diário Oficial, Brasília: 13 de julho de 1990.

  • BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1998.

  • Cavalaro, A. G.; Muller, V. R. Educação Física na Educação Infantil: uma realidade almejada. Educar em Revista, Curitiba, n. 34, 2009 .

  • Acesso em 11 abril 2010. doi: 10.1590/S0104-40602009000200015.

  • Carreiro, E. & Alonso, D. Esgrima Adaptada, Nova Escola, nº213, Ed. Abril, São Paulo: Ferreira, H. S. (2006). As Lutas na Educação Física Escolar. Revista de Educação Física nº135, Novembro, 2006 – Fortaleza. p. 36 – 44Junho/Julho 2008.

  • Cook, D., Longa-metragem: Mickey, Donald, Goofy: The Three Musketeers, Disney, Estados Unidos da América: 2004.

  • Fundação Victor Civita, Vídeo: Aula Esgrima, Luciana Venâncio mostra como ensina os fundamentos de esgrima em sua aula de Educação Física. You Tube.

  • Latorre, A.; Del Rincón, D.; Arnal, J. (1997). Bases Metodológicas de la investigación Educativa. Barcelona: Hurtado Ediciones.

  • Medeiros, A. et All, Charge Olímpica: E aí dá pra encarar o esgrimista?, 2009.

  • Oliveira, S.R.L. e Santos, S.L.C. (2006). Lutas Aplicadas a Educação Física Escolar. Curitiba: Secretaria Municipal de Educação.

  • Souza JR, T. P. & Dos Santos, S. L. C., Jogos de oposição: nova metodologia de ensino dos esportes de combate. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 14 nº141, Buenos Aires: Fevereiro de 2010. http://www.efdeportes.com/efd141/metodologia-de-ensino-dos-esportes-de-combate.htm

ANEXOS

Planos de Aula

  • Esgrima adaptada

  • Bloco de Conteúdo

  • Educação Física

Conteúdo

  • Esportes - Jogos - Lutas - Ginásticas

Objetivos

  • Apresentar aos alunos a esgrima e seus principais movimentos.

  • Relacionar a história da luta com a cultura em que ela foi criada.

Conteúdo

  • Jogos de Oposição

Anos

  • 6º ao 8º.

Tempo estimado

  • 12 aulas.

Material necessário

  • Bolas de tênis (ou de borracha) pequenas, jornal e giz branco.

Desenvolvimento

1ª etapa

    Pergunte se alguém conhece uma luta que utilize espadas e o que sabe sobre ela. Quando a Esgrima for citada, peça que os alunos contem mais sobre o que conhecem. Com base nessa conversa inicial, sugira que procurem no texto disponível no site da Confederação Brasileira de Esgrima questões relacionadas aos momentos históricos dessa luta e à origem da palavra esgrima e em quais momentos ela foi praticada apenas como esporte. Você pode debater essas questões ao longo de todas as aulas, trabalhando o conteúdo teórico junto com a parte prática.

Adaptação - Deficiência física

    Investigue as capacidades e limitações dos alunos e inclua também o texto presente no site do Comitê Paraolímpico Brasileiro. Leve os alunos a comparar os dois textos e a observar quais são as adaptações para lutadores com deficiência.

2ª etapa

    Hora de trabalhar a defesa e os golpes iniciais. Metade da turma deve formar um círculo, deixando os demais dentro dele. Os que estão formando o círculo não podem sair do lugar, e o objetivo de quem está dentro é tocar o ombro de quem está parado. Quem for tocado troca de lugar com quem tocou. Os alunos poderão se proteger utilizando as mãos e evitando ser atingidos.

Adaptação - Deficiência física

    Para alunos em cadeira de rodas com mobilidade nos membros superiores, por exemplo, é possível realizar as atividades com todos sentados, como ocorre nos Jogos Paraolímpicos. O grupo todo pode colaborar com sugestões de como incluir o colega nessa atividade.

3ª etapa

    Já com todos em duplas, um em frente ao outro, peça para um aluno encostar o pé direito com o pé direito do colega e a palma da mão direita com a palma da mão direita do colega. O objetivo é encostar no ombro do colega apenas com a mão esquerda. Experimente depois também com mãos e pés esquerdos. Essa atividade trabalha a agilidade de ataque.

Adaptação - Deficiência física

    Nessa etapa, é possível dividir a classe em dois grupos com funções distintas. Um deles faz a atividade completa e o outro fica sentado, treinando só com membros superiores.

4ª etapa

    Agora, a dupla deve estabelecer uma pista de luta imaginária de mais ou menos 5 metros. Dê para cada um uma bola de tênis. Cada um fica de um lado dessa pista e deve encostar a bola em um local determinado do corpo do outro. É importante que a turma estabeleça as regras de toque em conjunto e que fique atenta a elas ao longo da luta. Uma possibilidade de pontuação: ao tocar (ou ser tocado), o aluno deve parar imediatamente e voltar para o seu lado, começando o jogo de novo. Também defina com a turma o número de toques que deverão ser dados para depois trocar de dupla. Outros materiais podem ser utilizados, como o giz branco (se os alunos usarem camisetas pretas), o giz colorido (se estiverem com camisetas brancas) ou até mesmo uma espada adaptada com jornal e tinta guache.

Adaptação - Deficiência física

    Durante as atividades, o jovem com deficiência não precisa ficar no papel de observador, mas pode participar ativamente. Ainda assim, nos momentos que a participação dele não for possível, explique a situação sem desmotivá-lo e trabalhe outros aspectos importantes na luta, como o debate.

5ª etapa

    Converse com os estudantes em uma roda final sobre as principais dificuldades encontradas, enfatizando se foram respeitadas as regras tanto pelo adversário como pelo juiz, que pode ser você ou um aluno. Pergunte a relação com os textos lidos, se conseguiram adaptar as regras da esgrima institucionalizada e como poderiam adaptar outras lutas.

Adaptação - Deficiência física

    A conversa com o aluno com deficiência física deve ser juntamente com a turma, pois ele também foi incluído nas etapas anteriores. Contando sobre sua experiência e aprendizado na atividade, ele se sentirá pertencente ao grupo.

Avaliação

    Analise aspectos como participação, envolvimento e respeito aos colegas e às regras. A sugestão é montar, logo nos primeiros encontros, uma tabela de avaliação. Ela deve ser compartilhada com a turma, que conhecerá os critérios de forma objetiva.

Charge

MEDEIROS, Arthur et All, Charge Olímpica: E aí dá pra encarar o esgrimista? , 2009

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