Estudo do grau de sobrepeso e obesidade dos alunos da Escola Secundária das Laranjeiras, utilizando o Índice de Massa Corporal Estudio del grado de sobrepeso y obesidad de los alumnos de Escuela Media de Laranjeiras, utilizando el Indice de Masa Corporal |
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Licenciado em Educação Física pelo Instituto Superior de Educação Física Mestre em Ciências do Desporto pela Faculdade de Motricidade Humana Universidade Técnica de Lisboa Professor de Educação Física na Escola Secundária das Laranjeiras |
Fernando Melo (Portugal) |
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Resumo O presente estudo teve como objectivo determinar o grau de sobrepeso e obesidade da população escolar da Escola Secundária das Laranjeiras, utilizando o Índice de Massa Corporal (IMC). Este estudo insere-se no “Projecto Escola Saudável”, pretendendo-se prevenir e combater a obesidade. A amostra foi constituída por 867 alunos, de ambos os sexos e com idades compreendidas entre os 13 e os 20 anos. Esta amostra representou 79% do universo dos alunos daquela Escola. As conclusões do Estudo foram as seguintes: 1) O sobrepeso e obesidade, em conjunto, atingem valores de 22,8% nas raparigas e 19,5% nos rapazes. 2) Nas raparigas a prevalência do sobrepeso e da obesidade é 15,6% e 7,2%, respectivamente. 3) Nos rapazes a prevalência do sobrepeso e da obesidade é 13,9% e 5,6%, respectivamente. Unitermos: Sobrepeso. Obesidade. Educação Física Escolar.
Abstract This study aimed to determine the degree of overweight and obesity in schoolchildren's Escola Secundária das Laranjeiras, using the Body Mass Index. This study is included in the “Healthy School Project”, which seeks to prevent and combat obesity. The sample consisted of 867 students of both sexes and aged between 13 and 20 years. This sample represented 79% of the population of students from school. The findings of the study were: 1) Overweight and obesity, together, reaching values of 22,8 % in girls and 19,5% in boys. 2) In girls, the prevalence of overweight and obesity is 15,6 and 7,2%, respectively. 3) In boys the prevalence of overweight and obesity is 13,9 and 5,6%, respectively. Keywords: Overweight. Obesity. Physical Education.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010 |
1 / 1
Introdução
A obesidade é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a epidemia do Século XXI. Apesar dos esforços, tanto a nível nacional como internacional, “esta doença tem evoluído imparavelmente, assumindo proporções preocupantes, invadindo faixas etárias antes minimamente afectadas, provocando aumentos insustentáveis das complicações com ela conectadas, nomeadamente da diabetes de tipo 2, e permitindo a ocorrência de quadros clínicos participados que naturalmente, se vão individualizando, como é o caso da síndrome metabólica e da diabesidade” (Vários, 2008).
Gutin e Barbeau (2003) referem que com o aumento da obesidade e baixo condicionamento físico verificado nos últimos 10 a 15 anos, as suas implicações no futuro da saúde pública são preocupantes.
Para Bouchard (2003), a epidemia actual da obesidade em crianças, adolescentes e adultos jovens só se irá manifestar mais tarde, uma vez que as consequências do excesso de peso corporal na saúde, não se manifestam imediatamente. Assim, e segundo aquele investigador, a obesidade manifesta-se posteriormente, por um número sem precedentes de casos de diabete do tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares, doenças da vesícula biliar, cancro da mama pós-menopausa, osteoartrites dos joelhos, dores nas costas e deficiências físicas e mentais.
Estudos realizados na década de oitenta no nosso país foram reveladores de uma perda preocupante das capacidades motoras da juventude portuguesa. Mais recentemente e de acordo com dados da investigação na área dos hábitos desportivos da população portuguesa, no ano de 1998 (Marivoet, 2001), “apenas 23% da população portuguesa entre os 15 e os 74 anos afirma ter uma actividade física regular, sendo a taxa de praticantes federados de apenas de 4%”.
Na Região Autónoma dos Açores são vários os sinais preocupantes, relativamente aos hábitos da prática de actividades físicas e desportivas dos nossos jovens.
Um estudo de 2001, realizado com jovens (idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos de ambos os sexos e distribuídos pelos 2º, 3º Ciclos e Secundário) da cidade de Ponta Delgada, refere que são efectivamente as actividades audiovisuais que ocupam a maior parte do tempo livre dos nossos jovens, nomeadamente “ver televisão e os jogos de computador” (Melo, 2001).
Mais recentemente, num outro estudo realizado por Maia & Lopes (2002), com alunos açorianos do 1º ciclo do ensino básico é referido que “cerca de 15% de crianças mostram excesso de peso, e cerca de 12% são obesas”. Os autores do referido estudo alertam para a gravidade da situação, tornando-se necessária uma actuação urgente, pois “ficar indiferente ao que se passa é uma falta grave em relação às crianças e aquilo que esperam de nós”.
Neste contexto, é importante questionar o papel da Escola, na criação de hábitos saudáveis e estilos de vida activos junto dos nossos jovens. Se parece não existir muitas dúvidas relativamente à importância da Escola no combate à obesidade, resta saber como fazê-lo. Este é um enorme desafio para a instituição escolar.
Este estudo pretende realizar o levantamento da situação no que se refere ao grau de sobrepeso e obesidade da população escolar da Escola Secundária das Laranjeiras, utilizando o Índice de Massa Corporal.
Metodologia
A amostra
A amostra foi constituída por 867 indivíduos, de ambos os sexos e com idades compreendidas entre os 13 e os 20 anos. Dos 867 indivíduos, 436 (50,3%) eram do sexo feminino e 431 (49,7%) eram do sexo masculino. A amostra representou 79% do universo dos alunos da Escola.
Gráfico 1. Caracterização da amostra (por idades)
Procedimentos experimentais
Os dados necessários para a realização deste estudo foram recolhidos durante o mês de Outubro de 2008, nas aulas de Educação Física, pelos respectivos professores. Os dados foram registados numa ficha própria, em folha Excel.
Em cada folha foram registados os seguintes dados:
AT = Ano e Turma. Exemplo: 7H; 8D; 9K.
Nome. Apenas o 1º e o último. No caso de Maria Clara Medeiros, deve ser registado Mª Clara Medeiros.
A Nasc = Ano de Nascimento. Apenas registar os últimos 2 dígitos .
Pes = Peso. Exemplo: 50,5 – 51,0 – 51,5 (utilizar a vírgula e não o ponto)
Alt = Altura. Exemplo: 1,65 – 1,66 – 1,67 (utilizar a vírgula e não o ponto)
Altura
Medida entre o vertex e o plano de referência solo, expressa em centímetros e arredondada até ao centímetro. O indivíduo deve estar descalço usando pouca roupa no momento da medição. Os calcanhares devem estar unidos e as pontas dos pés afastadas 60º e a cabeça orientada segundo o plano de Frankfurt ou horizontal. Para obter o valor da altura o esquadro deverá deslizar sobre a fita métrica até entrar em contacto com o ponto mais elevado do crânio do aluno. Sempre que possível pede-se ao observado que faça uma inspiração profunda durante o momento de mensuração.
Peso
Medida que traduz a massa corporal total, expressa em quilogramas e com aproximação às 500 gr. Será utilizada uma balança portátil da marca Seca e com capacidade de 0-150 Kg. O observador deve colocar-se de frente para o indivíduo que vai medir. Este coloca-se no centro da plataforma da balança com o peso bem distribuído sobre os dois pés e a olhar em frente. O indivíduo deve estar descalço e com roupas muito leves.
Índice de Massa Corporal (IMC)
O Índice de Massa Corporal (IMC) ou Índice de Quetelet é o processo mais utilizado para avaliar o excesso de peso/obesidade. É calculado a partir de seguinte fórmula:
O interesse deste índice é que assenta sobre medidas simples (peso/altura), é aplicável qualquer que seja o grau de obesidade e fornece uma avaliação habitualmente satisfatória da obesidade. Assim, o IMC tornou-se uma referência internacional e deve ser o método preferido. A correlação do IMC com a massa gorda é da ordem de 0.80 (Vários, 2008).
A partir de determinados valores de referência, segundo um padrão internacional (Cole et al. (2000), os indivíduos foram classificados como normo-ponderais; sobrepeso e obesos.
Material necessário
O material a utilizar ficou disponível no Gabinete de Educação Física, nomeadamente duas balanças e dois esquadros. Para facilitar a medição da Altura, foram afixadas à parede junto da entrada do Gabinete, duas fitas métricas.
Tratamento estatístico
Após a recolha dos dados, procedeu-se ao tratamento inicial dos mesmos, através do Programa Microsoft Excel, versão 4.0, sendo apenas considerada a vertente:
Tratamento Descritivo – onde utilizamos a distribuição de frequências, em tantos por cento (%) e valores absolutos (n). Para uma melhor visualização dos resultados serão apresentados quadros e gráficos.
Apresentação e discussão dos resultados
Será feita a caracterização das variáveis em estudo nas diferentes idades e ainda a comparação entre géneros.
Serão também apresentados os valores percentílicos das referidas variáveis. Convém lembrar que os percentis são medidas de localização, permitindo o seu posicionamento após o ordenamento dos dados. Assim, cada professor pode analisar os resultados de cada aluno, no contexto amostral da escola. Nos quadros apresentados, os valores a bold e a azul indicam valores superiores àqueles encontrados pela equipa do Professor Maia, J. (2007 a)1, para as mesmas idades.
Altura
Pela observação dos Quadros 1 e 2, verifica-se o que era esperado, ou seja um aumento progressivo dos valores médios ao longo das idades, registando-se maiores incrementos nos masculinos. Este último facto é explicado pela entrada mais cedo das raparigas no início do salto pubertário, em cerca de dois anos, relativamente aos rapazes. Assim, enquanto que as raparigas aos 13 anos já estão praticamente no fim do seu salto pubertário, os rapazes encontram-se a iniciá-lo.
O salto pubertário é um fenómeno que ocorre em todas as crianças, mas devemos ter bem presente que varia de intensidade e duração de indivíduo para indivíduo – todas as crianças crescem, mas não crescem todas da mesma maneira.
Quadro 1. Caracterização da Altura (sexo feminino)
|
M |
SD |
MIN |
MAX |
V |
13 Anos |
153 |
7,72 |
130 |
169 |
5,1 |
14 Anos |
155 |
6,35 |
134 |
174 |
4,1 |
15 Anos |
158 |
6,01 |
137 |
174 |
3,8 |
16 Anos |
159 |
6,18 |
146 |
174 |
3,9 |
17 Anos |
161 |
7,67 |
135 |
179 |
4,8 |
18 Anos |
161 |
6,22 |
147 |
178 |
3,9 |
M = Média; SD = Desvio-padrão; MIN = Valor mínimo; MAX = Valor máximo; V = Coeficiente de Variação
Quadro 2. Caracterização da Altura (sexo masculino)
|
M |
SD |
MIN |
MAX |
V |
13 Anos |
154 |
9,13 |
136 |
180 |
5,9 |
14 Anos |
158 |
10,36 |
137 |
195 |
6,5 |
15 Anos |
164 |
8,68 |
142 |
185 |
5,3 |
16 Anos |
170 |
8,14 |
150 |
193 |
4,8 |
17 Anos |
171 |
7,61 |
151 |
187 |
4,5 |
18 Anos |
174 |
7,37 |
150 |
201 |
4,2 |
M = Média; SD = Desvio-padrão; MIN = Valor mínimo; MAX = Valor máximo; V = Coeficiente de Variação
Voltando, ainda aos Quadros 1 e 2, verifica-se que há uma grande variabilidade no seio de cada idade, mais nos rapazes do que nas raparigas. Considerando os valores máximos e mínimos, verifica-se que na idade de 14 anos (masculinos), há uma diferença de 58 centímetros (195 versus 137). Desta forma, esta informação é relevante para os Professores de Educação Física e para os Treinadores de atletas jovens, devendo-se admitir que, nem todos os jovens, embora tendo a mesma idade cronológica, estão no mesmo estádio de maturação. O que determina o salto pubertário, não é a idade cronológica do indivíduo, mas sim a seu estádio maturacional.
Como refere Sobral (1988), "o preciso momento em que este salto se desencadeia varia de população para população e, de geração para geração". Dados fiáveis obtidos em diferentes países, mostram que desde 1900, crianças em idade pré-escolar, eram mais altas em média 1,0 centímetro e mais pesadas 0,5 quilogramas por década - Katchadourian (1977); Falkner e Bakwin, citados por Katchadourian(1977), referem que os ganhos durante a puberdade eram em média de 2,5 centímetros e 2,5 quilogramas, e para os adultos de 1,0 centímetro por década.
Os quadros 3 e 4 representam os valores percentílicos da Altura nos dois sexos.
Quadro 3. Valores percentílicos da Altura (sexo feminino)
|
P3 |
P10 |
P25 |
P50 |
P75 |
P90 |
P97 |
13 Anos |
1,38 |
1,45 |
1,48 |
1,53 |
1,57 |
1,64 |
1,66 |
14 Anos |
1,43 |
1,47 |
1,51 |
1,55 |
1,59 |
1,62 |
1,66 |
15 Anos |
1,50 |
1,51 |
1,54 |
1,58 |
1,61 |
1,66 |
1,70 |
16 Anos |
1,48 |
1,52 |
1,56 |
1,59 |
1,63 |
1,67 |
1,72 |
17 Anos |
1,48 |
1,53 |
1,55 |
1,61 |
1,65 |
1,70 |
1,75 |
18 Anos |
1,49 |
1,52 |
1,58 |
1,61 |
1,64 |
1,68 |
1,73 |
Quadro 4. Valores percentílicos da Altura (sexo masculino)
|
P3 |
P10 |
P25 |
P50 |
P75 |
P90 |
P97 |
13 Anos |
1,39 |
1,43 |
1,49 |
1,53 |
1,58 |
1,65 |
1,73 |
14 Anos |
1,40 |
1,45 |
1,52 |
1,60 |
1,65 |
1,69 |
1,72 |
15 Anos |
1,46 |
1,51 |
1,59 |
1,66 |
1,69 |
1,73 |
1,77 |
16 Anos |
1,54 |
1,61 |
1,65 |
1,71 |
1,76 |
1,80 |
1,84 |
17 Anos |
1,57 |
1,61 |
1,67 |
1,71 |
1,75 |
1,80 |
1,85 |
18 Anos |
1,60 |
1,66 |
1,70 |
1,74 |
1,79 |
1,83 |
1,87 |
Peso
A curva do peso, desde o nascimento até à idade adulta, assemelha-se à curva da estatura. No entanto, ao contrário da estatura, o peso não pode ser interpretado de modo satisfatório se apenas for considerado em função da idade. Com efeito, ele deverá ser analisado em relação è estatura do indivíduo.
Segundo Frohner (2003), o aumento da massa corporal inicia-se cerca de 2 anos mais cedo nas raparigas do que nos rapazes, razão pela qual aos 13/14 anos, as raparigas são mais pesadas do que os rapazes da mesma idade. Nestes, o aumento da massa corporal começa mais tarde e prolonga-se até ao final da adolescência (18/19 anos). Nas raparigas, o aumento do peso termina muito antes, aproximadamente aos 15/16 anos. Tal facto pode ser constatado nos quadros 5 e 6, aquando da comparação entre os dois sexos. Para além disso, e tal como se observou na estatura, regista-se uma grande variação dos valores médios em cada idade e nos dois sexos, conforme a magnitude dos desvios-padróes referidos nos quadros.
Convém relembrar, e tal como refere Maia (2007 b), “ao contrário da altura, o valor do peso é altamente sensível às influências ambientais, sobretudo as de ordem nutricional e de níveis reduzidos ou elevados de actividade física e exercícios”.
Quadro 5. Caracterização do Peso (sexo feminino)
|
M |
SD |
MIN |
MAX |
V |
13 Anos |
47,6 |
15,1 |
25,0 |
119,0 |
31,7 |
14 Anos |
49,9 |
10,1 |
27,0 |
81,0 |
20,2 |
15 Anos |
56,2 |
13,2 |
34,0 |
97,0 |
23,5 |
16 Anos |
54,5 |
11,0 |
31,0 |
93,0 |
20,2 |
17 Anos |
56,1 |
10,8 |
36,0 |
86,0 |
19,3 |
18 Anos |
56,7 |
12,0 |
40,0 |
100,0 |
21,1 |
Quadro 6. Caracterização do Peso (sexo masculino)
|
M |
SD |
MIN |
MAX |
V |
13 Anos |
48,7 |
12,7 |
26,0 |
90,5 |
26,1 |
14 Anos |
48,4 |
12,7 |
28,0 |
88,0 |
26,3 |
15 Anos |
55,7 |
14,5 |
32,0 |
102,0 |
26,1 |
16 Anos |
62,5 |
16,5 |
34,0 |
150,0 |
26,4 |
17 Anos |
64,4 |
15,4 |
40,0 |
112,0 |
23,9 |
18 Anos |
66,6 |
13,4 |
37,0 |
133,0 |
20,2 |
Os quadros 7 e 8 representam os valores percentílicos do peso nos dois sexos.
Quadro 7. Valores percentílicos do Peso (sexo feminino)
|
P3 |
P10 |
P25 |
P50 |
P75 |
P90 |
P97 |
13 Anos |
30,0 |
34,0 |
39,9 |
43,0 |
51,3 |
60,7 |
84,2 |
14 Anos |
35,0 |
37,0 |
44,9 |
50,0 |
54,3 |
62,4 |
71,3 |
15 Anos |
38,0 |
44,0 |
48,0 |
53,8 |
62,5 |
76,0 |
89,5 |
16 Anos |
42,0 |
44,0 |
45,0 |
52,0 |
60,5 |
69,2 |
79,7 |
17 Anos |
40,1 |
45,2 |
49,0 |
54,0 |
61,0 |
73,0 |
79,0 |
18 Anos |
43,0 |
44,0 |
49,0 |
54,0 |
61,0 |
71,2 |
87,0 |
Quadro 8. Valores percentílicos do Peso (sexo masculino)
|
P3 |
P10 |
P25 |
P50 |
P75 |
P90 |
P97 |
13 Anos |
32,0 |
35,0 |
39,4 |
44,5 |
59,1 |
65,5 |
71,0 |
14 Anos |
34,6 |
37,6 |
40,0 |
44,0 |
53,0 |
66,0 |
80,3 |
15 Anos |
34,2 |
40,8 |
46,0 |
52,5 |
61,5 |
74,2 |
92,3 |
16 Anos |
42,6 |
46,3 |
51,2 |
62,5 |
69,0 |
75,0 |
98,2 |
17 Anos |
44,8 |
49,2 |
54,0 |
61,0 |
71,0 |
84,2 |
105,3 |
18 Anos |
50,0 |
54,0 |
60,0 |
65,0 |
70,0 |
81,4 |
94,8 |
Índice de Massa Corporal
O Índice de Massa Corporal (IMC) é o processo mais utilizado para avaliar o excesso de peso/obesidade, comparando o peso do indivíduo com a sua estatura, sendo dado pela seguinte fórmula:
Os quadros 9 e 10 apresentam a caracterização do IMC nos dois sexos, verificando-se, como já era esperado, um ligeiro aumento em função da idade.
Quadro 9. Caracterização do IMC (sexo feminino)
|
M |
SD |
MIN |
MAX |
V |
13 Anos |
20,20 |
5,45 |
14,13 |
48,28 |
27,0 |
14 Anos |
20,72 |
3,73 |
15,04 |
34,15 |
18,0 |
15 Anos |
22,45 |
5,09 |
14,66 |
37,25 |
22,7 |
16 Anos |
21,47 |
4,46 |
14,54 |
43,63 |
20,8 |
17 Anos |
21,70 |
3,36 |
16,33 |
30,48 |
15,5 |
18 Anos |
21,88 |
4,17 |
15,94 |
39,54 |
19,0 |
Quadro 10. Caracterização do IMC (sexo masculino)
|
M |
SD |
MIN |
MAX |
V |
13 Anos |
20,36 |
3,83 |
14,06 |
30,59 |
18,8 |
14 Anos |
19,25 |
4,14 |
13,41 |
33,27 |
21,5 |
15 Anos |
20,48 |
4,18 |
14,36 |
35,71 |
20,4 |
16 Anos |
21,42 |
4,80 |
15,11 |
48,42 |
22,4 |
17 Anos |
21,94 |
4,51 |
14,71 |
38,54 |
20,6 |
18 Anos |
21,89 |
3,91 |
15,78 |
38,44 |
17,9 |
A partir de determinados valores de referência internacionais, os indivíduos foram classificados como normo-ponderais; sobrepeso e obesos.
Pela observação dos quadros 11 e 12, verifica-se que a prevalência de sobrepeso e obesidade nas raparigas é ligeiramente superior à dos rapazes. Naquelas, registam-se valores de 15,6 e 7,2% respectivamente, versus 13,9 e 5,6% nos rapazes. Se for considerada a amostra total (femininos e masculinos) a prevalência de sobrepeso e obesidade é de 15 e 6% respectivamente.
Quadro 11. Distribuição das prevalências das raparigas normo-ponderais, com sobrepeso e obesas
Femininos |
N |
% |
Normo |
% |
Sobrepeso |
% |
Obes |
% |
Nasc 96 13 anos |
60 |
13,8 |
45 |
75,0 |
10 |
16,7 |
5 |
8,3 |
Nasc 95 14 anos |
80 |
18,3 |
63 |
78,8 |
11 |
13,8 |
6 |
7,5 |
Nasc 94 15 anos |
86 |
19,7 |
58 |
67,4 |
17 |
19,8 |
11 |
12,8 |
Nasc 93 16 anos |
79 |
18,1 |
61 |
77,2 |
14 |
17,7 |
4 |
5,1 |
Nasc 92 17 anos |
53 |
12,2 |
44 |
83,0 |
8 |
15,1 |
1 |
1,9 |
Nasc 91 e Ant 18 anos + |
78 |
17,9 |
66 |
84,6 |
8 |
10,3 |
4 |
5,1 |
TOTAL |
436 |
100 |
337 |
77,2 |
68 |
15,6 |
31 |
7,2 |
Quadro 12. Distribuição das prevalências dos rapazes normo-ponderais, com sobrepeso e obesos
Masculinos |
N |
% |
Normo |
% |
Sobrepeso |
% |
Obes |
% |
Nasc 96 13 anos |
56 |
13,0 |
37 |
66,1 |
16 |
28,6 |
3 |
5,4 |
Nasc 95 14 anos |
53 |
12,3 |
45 |
84,9 |
4 |
7,5 |
4 |
7,5 |
Nasc 94 15 anos |
79 |
18,3 |
64 |
81,0 |
10 |
12,7 |
5 |
6,3 |
Nasc 93 16 anos |
74 |
17,2 |
61 |
82,4 |
10 |
13,5 |
3 |
4,1 |
Nasc 92 17 anos |
65 |
15,1 |
53 |
81,5 |
8 |
12,3 |
4 |
6,2 |
Nasc 91 e Ant 18 anos + |
104 |
24,1 |
87 |
83,7 |
12 |
11,5 |
5 |
4,8 |
TOTAL |
431 |
100 |
347 |
80,5 |
60 |
13,9 |
24 |
5,6 |
No gráfico 2 está representada a evolução do sobrepeso e da obesidade nos femininos, ao longo das diferentes idades. Os valores do sobrepeso são sempre superiores aos da obesidade, registando-se os maiores valores na idade de 15 anos. Relativamente aos rapazes, e pela observação do gráfico 3, há um valor que se destaca de todos os outros: a alta prevalência de sobrepeso na idade de 13 anos (28,6%). Parece-nos que aquele valor poderá ser explicado pelo facto do salto pubertário se intensificar a partir daquela idade, registando-se maiores incrementos da velocidade de crescimento até aos 15/16 anos.
Gráfico 2. Prevalência do sobrepeso e obesidade nas raparigas
Gráfico 3. Prevalência do sobrepeso e obesidade nos rapazes
Os quadros 13 e 14 representam os valores percentílicos do IMC nos dois sexos.
Quadro 13. Valores percentílicos do IMC (sexo feminino)
|
P3 |
P10 |
P25 |
P50 |
P75 |
P90 |
P97 |
13 Anos |
15,0 |
15,7 |
17,2 |
18,8 |
21,7 |
24,8 |
31,3 |
14 Anos |
15,7 |
16,8 |
18,1 |
20,4 |
22,0 |
25,4 |
29,6 |
15 Anos |
16,2 |
17,5 |
19,0 |
21,0 |
24,6 |
29,4 |
34,8 |
16 Anos |
16,1 |
17,6 |
18,1 |
20,8 |
23,2 |
26,8 |
30,5 |
17 Anos |
16,9 |
17,9 |
19,5 |
20,8 |
23,6 |
26,8 |
28,6 |
18 Anos |
16,9 |
17,6 |
19,4 |
20,9 |
23,3 |
26,1 |
31,8 |
Quadro 14. Valores percentílicos do IMC (sexo masculino)
|
P3 |
P10 |
P25 |
P50 |
P75 |
P90 |
P97 |
13 Anos |
14,7 |
15,9 |
17,2 |
19,8 |
23,1 |
24,8 |
29,1 |
14 Anos |
14,4 |
15,1 |
16,4 |
18,6 |
20,4 |
24,6 |
29,3 |
15 Anos |
15,6 |
16,1 |
17,6 |
19,6 |
21,9 |
26,1 |
30,6 |
16 Anos |
16,4 |
17,1 |
18,2 |
20,8 |
23,3 |
25,7 |
31,3 |
17 Anos |
16,9 |
17,7 |
18,9 |
20,8 |
23,8 |
26,3 |
34,4 |
18 Anos |
16,8 |
18,1 |
19,6 |
21,1 |
23,0 |
26,0 |
31,8 |
Conclusões
O sobrepeso e obesidade, em conjunto, atingiram valores de 22,8% nas raparigas e 19,5% nos rapazes.
Nas raparigas a prevalência do sobrepeso e da obesidade é 15,6% e 7,2%, respectivamente.
Nos rapazes a prevalência do sobrepeso e da obesidade é 13,9% e 5,6%, respectivamente.
Nota
Manual que “apresenta dados de estudos extensos realizados na RAA sob a égide da Direcção Regional do Desporto, em colaboração com a Direcção Regional da Saúde e a Direcção Regional da Educação, sob a orientação académica da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.”
Bibliografia
Bouchard, C. (2003) – Introdução, in Atividade Física e Obesidade. Editora Manole Ltda.
Cole e al. (2000) – Establishing a standard definition for child overweight and obesity worldwide: international survey. BMJ. 2000; 320:1240-3.
Frohner, G. (2003) – Esfuerzo físico y entrenamiento en ninos y jóvenes. Editorial Paidotribo.
Gutin, B.; Barbeau, P. (2003) - Atividade física e composição corporal em crianças e adolescentes, in Atividade Física e Obesidade. Editora Manole Ltda.
Katchadourian, H. (1977) – The biology of adolescence, W.H. Freeman and Company, San Francisco.
Maia, .J ; Lopes, V. (2002) – Estudo do crescimento somático, aptidão física e capacidade de coordenação corporal de crianças do 1º ciclo do Ensino Básico da Região Autónoma dos Açores. Direcção Regional de Educação Física e Desporto da Região Autónoma dos Açores, Direcção Regional da Ciência e Tecnologia, Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto.
Maia, J. et al. (2007 a) – Crescimento e desenvolvimento motor de crianças e jovens açorianos – Cartas de referência para uso em Educação Física, Desporto, pediatria e Nutrição. Direcção Regional do Desporto da Região Autónoma dos Açores. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Maia, J. et al. (2007 b) – Crescimento e desenvolvimento de crianças e jovens açorianos. Direcção Regional do Desporto da Região Autónoma dos Açores. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Marivoet, S. (2001) – Hábitos Desportivos da População Portuguesa. Instituto Nacional de Formação e Estudos do Desporto.
Melo, F. (2001) - Educação, tempo Livre e Juventude – Contributos para a caracterização sócio-desportiva da cidade de Ponta Delgada. Câmara Municipal de Ponta Delgada.
Sobral, F. (1988) – O adolescente atleta, Livros Horizonte, Lisboa.
Vários (2008) – Obesidade, Prevenção e Terapêutica. Editorial Presença.
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digital · Año 15 · N° 147 | Buenos Aires,
Agosto de 2010 |