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Gestão esportiva: competências e 

qualificações do profissional de Educação Física

Gestión deportiva: competencias y cualificaciones del profesional de Educación Física

 

*Discente da Faculdade de Educação Física

**Orientadora e Docente da Faculdade de Educação Física

Universidade de Santo Amaro

(Brasil)

Thais Melo Ferraz*

Pedro Costa Lopes*

Ana Carolina Teotônio*

Profª. Ms. Solange de Oliveira Freitas Borragine**

thais_898@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este artigo tem o objetivo de verificar as competências e qualificações necessárias do profissional de Educação Física para a atuação na área de gestão esportiva. Para essa finalidade utilizamos como metodologia, a revisão bibliográfica. Constata-se que a expansão do mercado do setor esportivo e de fitness, o tornou muito participativo na produção de riqueza no Brasil e no mundo inteiro, não aceitando mais gestores “amadores”, passando a exigir profissionais altamente capacitados a fim de gerir as empresas relacionadas ao ramo. Cursos de graduação e especialização já oferecem boa base para a formação desses profissionais. Porém, quais são as competências que eles devem ter para tornarem-se gestores de qualidade? Concluímos que não são apenas as competências adquiridas durante a formação acadêmica que formam o gestor, há também competências advindas de seu ambiente e convívio social. A partir disto, exploramos todas as competências pertencentes ao bom gestor através de ferramentas teóricas sobre a gestão, bem como seus principais processos aplicáveis à administração esportiva. Podemos registrar que esse gestor pode ser um administrador especializado na gestão esportiva, ou também um educador físico, o qual já possui grande conhecimento técnico específico da área. Ao segundo deve-se somar especialização em gestão esportiva, a fim de se aprofundar na administração e gestão, reunindo todas as capacidades necessárias a tal função.

          Unitermos: Profissional de Educação Física. Gestão esportiva. Competências. Cualificações.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010

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Introdução

    De uns anos para cá, empregou-se na mídia e espalhou-se na sociedade como um todo a importância de manter-se saudável e praticar atividades físicas, com o intuito de alcançar maior longevidade e prevenir diversas patologias, como as doenças crônico degenerativas, que crescem a cada dia entre a população mundial, se tornando uma epidemia dos tempos modernos. Decorrente disso, observamos uma crescente demanda populacional à prática de atividade física, e grande parte das pessoas buscam estúdios de treinamento personalizado, academias de ginástica e clubes esportivos, a fim de ter o acompanhamento e direcionamento de um educador físico.

    Diante desse quadro, o mercado exige um profissional preparado e capaz de gerir uma empresa do ramo esportivo e fitness. Porém, será que os profissionais da área da Educação Física possuem qualificações necessárias para atuar nessa vertente?

    Conforme destacado por Schell (1995), os gestores têm um compromisso com o crescimento da organização, e a maneira de transplantar a estrutura do gerenciamento para a criatividade do gestor se dá por meio de uma combinação de técnicas gerenciais e flexibilidade empresarial, o que significa uma vida inteira lidando com pessoas.

    Nos dias de hoje, separar a existência do ser humano do seu ambiente de trabalho é uma missão impossível. De um lado, o trabalho toma a maior parte do tempo da vida das pessoas, que dependem dele para sua subsistência e sucesso pessoal, já as organizações voltadas à prática esportiva dependem diretamente dessas mesmas pessoas para operarem, produzirem, atenderem seus clientes, prestarem serviços; enfim, dependem essencialmente das pessoas para funcionarem e assim obterem seu estimado retorno.

    Os administradores dessas instituições que oferecem serviços voltados à prática do exercício físico e ao esporte geralmente são ex-professores ou técnicos que não possuem obrigatoriamente a qualificação necessária para sua função ou administradores sem um conhecimento mais aprofundado sobre a área de Educação Física, logo, nem sempre capacitados para conquistarem a meta desejada pela empresa.

    Portanto, a metodologia empregada para este fim é a de revisão bibliográfica, com o objetivo de verificar quais competências e qualificações o profissional de Educação Física deve ter para que atue na área da gestão esportiva ou fitness, a fim de atender ao mercado profissional que vem crescendo a cada dia.

    Com esta crescente exigência de mercado de trabalho do profissional de Educação Física e diante da necessidade de se identificar pessoas para a atuação como gestor nesta área, esta pesquisa pretende contribuir para a obtenção de um maior conhecimento sobre o que é necessário buscar para que o profissional tenha uma efetiva atuação e conseqüentemente, contribua para a obtenção dos resultados desejados pela empresa.

    Acreditamos que os profissionais atentos e preocupados que buscam conhecimentos sobre gestão empresarial, terão maiores e melhores oportunidades na sua área.

1.     Gestão esportiva

    Segundo Zouain e Pimenta (2003), a gestão esportiva existe há muitos séculos, desde os gregos, quando Herodes, Rei da Judéia, foi presidente honorário de jogos que atraíam multidões para ver os combates entre os gladiadores ou animais, quando uma cerimônia maravilhosa abria as competições, seguidas de disputas atléticas que serviam de entretenimento para milhares de pessoas.

    Nos dias de hoje o conceito de gestão esportiva incorporou-se ao conhecimento acadêmico e, com bases neste apontamento, vamos compreender o que é o termo gestão esportiva. Segundo Parkhouse (1996) apud Zouain e Pimenta (2003)

    “A gestão engloba todas as áreas relativas ao esporte tais como: turismo, hotéis, equipamentos, instalações, investimentos públicos e privados no setor de fitness, merchandising, esportes escolares e profissionais. Enquanto a administração esportiva seria mais limitada e sugere um foco nas relações esportivas escolares”. (p.6 )

    Zouain e Pimenta (2003) ainda destacam a visão de Parkhouse (1996) sobre gestão esportiva, onde esta se compõe de dois elementos básicos: esportes e gestão. Conseguir as coisas executadas por meio das pessoas e com elas via planejamento, organização, direção e avaliação (controle), é a definição contemporânea de gestão esportiva.

    Podemos então compreender que a gestão esportiva inclui as funções de planejamento, organização, direção e controle no contexto de uma organização com o objetivo de prover atividades esportivas e de fitness, bem como produtos e serviços.

2.     Formação acadêmica do gestor esportivo

    Primeiramente, como conceito histórico, em 1985 o governo brasileiro se preocupou com a formação em administrador esportivo quando o Conselho Regional de Desportos montou uma comissão de Reformulação do Desporto integrada às áreas ligadas a Educação Física e ao desporto. Dentre outros assuntos e considerações, o documento indicava que uma das formas de desenvolvimento do esporte seria a preparação de recursos humanos capazes de estimular e coordenar programas dessa manifestação em comunidades.

    A área de Administração Esportiva, de acordo com Bastos (2004), envolve a aplicação dos conceitos e teorias gerais da Administração ao Esporte e aos diferentes papéis que ele desempenha na sociedade contemporânea. Seu estudo engloba conhecimentos multidisciplinares, que passou a ser divulgado com maior consistência a partir dos anos sessenta do século passado.

    Através da grandeza que o esporte tem no contexto social dos dias de hoje, estão também envolvidos, de maneira geral, além dos conceitos e teorias da Administração, conhecimentos relativos à Economia, Marketing, Legislação e Política.

    Segundo Parkhouse (1996) citado por Zouain e Pimenta (2003), a carreira de gestor esportivo tem sido fundamentada em cursos de graduação e especialização, em dois pilares de sustentação: a Educação Física e a Administração.

    Neste contexto, diferentes universidades, faculdades, entidades profissionais, sindicatos, dentre outras passaram a oferecer de maneira significativamente crescente a disciplina Administração Esportiva e cursos de administração esportiva no nível de extensão universitária, de especialização, de curta duração, para públicos das áreas de educação física e esporte e não profissionais que atuam em organizações esportivas. (BASTOS, 2004)

    A especificidade das características que o esporte assume de acordo com Rezende (2000); Pires e Lopes (2001); Pitts (2001); Souci (2002), citado por Bastos (2004), conforme o setor social em que está inserido – privado, público ou terceiro setor – leva à necessidade da inclusão na formação do futuro profissional da administração esportiva de estudos e aprofundamentos em outras áreas como: medicina; psicologia e sociologia do esporte; comunicação, tecnologia, contabilidade, relações públicas, promoção de eventos, turismo e lazer, entre outras.

    Diante da identificação dessas necessidades os autores acima citados, discutiram as qualificações pessoais necessárias aos profissionais desta área e apresentaram a tabela abaixo inspirada por Le Boterf exposto por Fleury (2002).

Apud VIEIRA, 2007

    Assim, vemos que não basta ao profissional ter um conhecimento acadêmico, diversas experiências profissionais, habilidades ou capacidades específicas. Estes fatores são de extrema importância, juntamente com as características pessoais para o sujeito e a organização em que irá atuar. Ou seja, a maneira que o indivíduo interage com a organização é de suma importância para uma definição de competência.

3.     O mercado de trabalho

    Segundo Vanderzwaag (1998) citado por Zouain e Pimenta (2003) para a área profissional as várias definições encontradas permitem observar as infinitas possibilidades de atuação profissional na gestão esportiva. Eles também identificaram uma variedade de situações esportivas, como programas de recreação esportiva comunitária, programas industriais esportivos, programas esportivos militares, patrocinadores corporativos (ex.: Torneio XYZ Internacional de Tênis), indústria de artigos esportivos e desenvolvimento de programas esportivos (Associações, Fundações e Institutos), agências sociais (ACM, SESC, SESI, SENAC, etc.), mídia esportiva e programas acadêmicos em gestão esportiva.

    Os campos de atuação do profissional gestor esportivo são variáveis, de acordo com a cultura, organização e as políticas de cada país ou região. No Brasil, seguindo o estudo elaborado por Rezende (2000), também podemos verificar os principais grupos de locais de atuação do gestor esportivo: nas organizações que existem em função da atividade física, esportiva e de lazer que, como exemplo, podemos apresentar os centros de treinamento e escolinhas; academias e clubes; ligas, federações e confederações, etc.; o segundo grupo de atuação compreende aquelas que possuem valores voltados para a atividade física, esportiva e de lazer – exemplo: prefeituras, governos estaduais, governo federal, clubes sociais, entidades representativas (SESC, SESI, sindicatos), hotéis, academias, shoppings, etc.

    A função de gestor esportivo, de acordo com Rezende (2000), exige profissional que tenha conhecimento sobre a área de gestão, mas também requer o conhecimento específico do setor ao qual está voltado, ou seja, como ele se organiza de maneira geral.

    Para tanto, é necessário que a pessoa que for ocupar essa vaga seja um profissional que entenda a estrutura da organização em relação à parte prática. E quem melhor para entender desse componente especifico do que o professor que já tenha atuado dando aulas sobre a modalidade em questão na organização? Quanto ao cargo de coordenador/gestor, estas funções deveriam ser ocupadas por profissionais especializados também em Administração Esportiva.

4.     Competências profissionais

    De acordo com Feustel (2004), profissionais como engenheiros, educadores, médicos, etc., que conhecem suas respectivas especialidades, quando passam a empreender o seu próprio negócio, como na abertura de uma empresa ou ainda, por promoções de cargos à nível superior em empresas / instituições como supervisor, gerente, coordenador ou diretor, precisam transformar-se em gestores adquirindo novos conhecimentos e posturas que suas especialidades não lhes ensinaram.

    Eles necessitam, neste caso, adquirir novas competências, que podem ser definidas como “um conhecimento, habilidade, ou atitude necessária para desenvolver apropriadamente uma atividade para se alcançar o sucesso na vida profissional”. (BUTLER citado por ZOUAIN e PIMENTA, 2003, p. 12) ou ainda, “competência é a inteligência prática de situações que se apóia nos conhecimentos adquiridos e os transforma com tanto mais força quanto maior for a complexidade das situações”. (FLEURY, 2002, p. 22).

    Além da citação acima, Fleury (2002) ainda comenta que competência também é um saber agir responsável e reconhecido que implicam mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agregue valor econômico a organização e valor social do individuo.

    Os profissionais da área consideram que a combinação entre talento e organização tende a levar ao sucesso, à certeza da obtenção de resultados expressivos, desde que organização seja entendida como a sinergia entre trabalho em equipe, liderança e planejamento.

    De acordo com Vieira (2007), o profissional brasileiro esperado no Brasil é muito semelhante ao que já é encontrado em atividade em nosso país, citando assim diversas referências, que identificam estas competências necessárias que buscamos neste estudo, e apresentamos a seguir:

4.1.     Conhecimento esportivo

    Segundo Parks (1998) citado por Zouani e Pimenta (2003), as responsabilidades dos gestores esportivos podem ser divididas em quatro “clusters”: Atividades de Gerência geral; Gerência organizacional; Gestão de informações e; Ciências do esporte e exercício. Ou seja, uma das responsabilidades citadas refere-se ao conhecimento que o profissional deve ter sobre as ciências do esporte e as atividades em geral, claro que com ênfase em sua área de atuação, porém munindo-se de conhecimento nas demais vertentes.

    Vieira (2007) afirma que algumas escolas formam o educador físico conhecedor do esporte em todas as suas vertentes. Ou seja, munindo-se destes conhecimentos, o profissional torna-se apto a lidar com qualquer tema relacionado ao esporte e entender as atividades do negócio.

    Para o Dr. Eduardo Viana, segundo trecho citado por Zouain e Pimenta (2003) o gestor esportivo que tentar ingressar neste mercado sem conhecimento de esportes, ou mesmo sem ter vivenciado o ambiente, sofrerá a mais dura restrição, ou de acordo com suas palavras: “o novo profissional sofrerá dura resistência para ingressar no mercado, desde que já tenha algum vínculo com o ambiente esportivo, pois aquele que não o possui, não sofrerá resistências, na verdade, será repelido”. (p. 23)

4.2.     A arte de negociar

    A habilidade em negociação é uma importante e necessária competência para o gestor atingir seus objetivos, tomando decisões racionais eficazes no seu negócio. Segundo Vieira (2007), a negociação racional não nasce com a pessoa, mas faz parte de um processo de aprendizagem que ocorre em sua formação moral e acadêmica.

    O educador físico deve procurar adaptar o poder de negociação das aulas em colégios, dos treinos implantados, dos objetivos a serem alcançados, seria praticar sua função de gerenciar negócios. Transpor esse negociar diário junto com o aprendizado das particularidades do conhecimento em negócios, pode ser uma boa estratégia futura. (VIEIRA, 2007, pg. 9).

    Zouain e Pimenta (2003) também enfatizam a importância da comunicação deste gestor, registrando que é a habilidade para interagir a redação e o discurso de forma clara, concisa e de maneira a se alcançar um objetivo. A promoção de eventos esportivos é uma função que exige alto nível de comunicação, por exemplo, juntamente com seu poder de negociar.

4.3.     Planejamento estratégico

    O planejar consiste na antecipação e organização de ações futuras. Quando falamos de planejamento estratégico, falamos de um processo gerencial que diz respeito à formulação de objetivos para a seleção de programas de ação execução.

    Segundo Vieira (2007) deve-se respeitar premissas a fim de que o processo tenha coerência e sustentação. O profissional de educação física planeja as suas intervenções e propõem objetivos a serem alcançados, controlando se os resultados parciais desses objetivos estão sendo alcançados, fazendo os ajustes necessários. Sendo assim, ele está propício a adaptar as suas relações de planejamento para a capacitação do gestor.

    O ato de planejar é decidir antecipadamente o que se pretende fazer, antes da efetivação do trabalho, enxergando de forma clara o futuro, prevendo cada ação necessária, os meios envolvidos com o tempo de execução, para conseguir atingir os objetivos com sucesso (REZENDE, 2000).

    Ou seja, o planejamento estratégico trata-se do ato de saber identificar oportunidades futuras e possíveis ameaças, para si e para o cliente.

4.4.     Tomada de decisão

    O processo de tomada de decisão, de acordo com Vieira (2007) resume-se em pensar na escolha mais coerente que irá proporcionar um retorno satisfatório à organização. Para isto, o indivíduo necessita obter informações completas sobre o problema, realizar análise das possibilidades da situação e criar critérios que sirvam como parâmetro durante o processo de tomada de decisão, a fim de se obter saldo favorável à organização.

    O processo decisório pode ser desenvolvido no educador, na medida em que a criatividade permeia suas ações. As etapas podem ser aprendidas e treinadas em qualquer indivíduo que tenha que lidar com solução de problemas.

    A complexidade das relações humanas no sistema gestor e sua implicação na tomada de decisões, fator este primordial da gerência, segundo Feustel (2004) torna a gestão uma arte. A menor decisão que é tomada, ainda que a nível individual, de grupo ou de instituição, afeta a qualidade de vida, obedecendo ao que se pode chamar de elementos de gerenciamento.

4.5.     Aprender a conviver com reclamações e críticas

    Os seres humanos, por si próprios, são por muitas vezes exigentes, até demais com ocorrências de seu dia a dia, porém temos que aprender a lidar com as reclamações e críticas que surgem dentro da organização. Muitas atitudes, apesar de bem fundamentadas, não irão agradar a todos, então o gestor esportivo deve saber conviver com as freqüentes barreiras e críticas de seu trabalho e/ou atitudes (VIEIRA, 2007).

    Porém a maior crítica que deve ser vista com muita atenção é a que vem do consumidor de seus serviços. Conforme registros de Vieira (2007) o gestor deve sempre buscar atender sua clientela, ou seja, na medida do possível, o cliente “sempre tem razão”. Saber lidar com as reclamações é uma das competências mais exigidas no mundo dos negócios.

4.6.     Conhecimentos legais e jurídicos básicos

    Vieira (2007) destaca que todo profissional deve conhecer a legislação que o cerca, a autonomia de exercer a profissão necessita disso. O conhecimento sobre a legislação especifica para empresas deve ser adquirido pelo educador físico, já que ele tem conhecimento sobre as leis esportivas e de incentivo fiscal, que o ajudará na próxima competência.

    É de extrema importância para qualquer profissional ter conhecimento básico das leis e normas pertinentes à sua área de atuação, para a própria segurança de seus clientes e de sua organização.

4.7.     Captação de recursos

    O profissional de educação física deve ter conhecimento do produto com que está trabalhando, assim como o público que o atinge. De acordo com Vieira (2007) para o profissional captar os recursos e deixar o financiador do projeto seguro das atividades físicas que serão aplicadas, o profissional tem que transmitir segurança e possuir técnicas para apresentação dos projetos, além de caminhar de acordo com as exigências de seu negociador.

    Estas técnicas para o profissional de educação física ficam mais fáceis, pois no decorrer do curso terão a possibilidade de se comunicar em público, faltando apenas algumas técnicas específicas que serão adquiridas com o passar de sua graduação.

4.8.     Atenção em motivar seus subordinados e funcionários

    A competência em questão é realizada pelo educador físico com facilidade, pois, diariamente seus funcionários são motivados a estarem fazendo o que lhes foi proposto, estimulando-os a melhorar em determinados momentos. Ou seja, a motivação começa a partir do estimulo que lhe é passado através de seu gestor.

    Segundo Zouain e Pimenta (2003) as organizações precisam de gestores que estejam preparados a ajudar seus proprietários e/ou dirigentes e sua equipe principal (times) a formular e alcançar suas metas e objetivos.

    Essa competência é tão evidente nos educadores físicos que é comum estes ministrarem palestras a demais indivíduos, por ser uma característica da profissão em si.

4.9.     Supervisão de recursos humanos

    Nos dias de hoje, separar a existência do ser humano do seu ambiente de trabalho é uma missão impossível. De um lado, o trabalho toma a maior parte do tempo da vida das pessoas, que dependem dele para sua subsistência e sucesso pessoal. Já as organizações dependem diretamente dessas mesmas pessoas para operarem, produzirem, atenderem seus clientes, prestarem serviços; enfim, dependem essencialmente das pessoas para funcionarem e assim obterem seu estimado lucro! (CHIAVENATO, 1999).

    A Administração de Recursos Humanos, de acordo com Dessler (1998) citado por Chiavenatto (1999a), é a função administrativa devotada à aquisição, treinamento, avaliação e remuneração de empregados. Todos os gerentes são, em certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos estão envolvidos em atividades como recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento.

    Vieira (2007) afirma que uma das funções mais difíceis é a supervisão de recursos humanos, a de saber delegar e cobrar funções, pois engloba uma gama de competências, como a liderança, por exemplo, onde cada um tem a sua função e depende do outro para a conquista dos objetivos do grupo.

    Ferreira, Reis e Pereira (1997) apud Feustel (2004) deixam clara a posição de liderança que se refere à qualidade de conduta das pessoas, guiando as suas atividades em esforço organizado. A liderança depende do indivíduo, de seus seguidores e das condições em que ocorre. Estas características de líder pressupõem o entendimento da organização, o corpo humano que a compõem e suas inter-relações de forma a poder estimular ações coordenadas.

    Ou seja, o profissional deve conhecer as problemáticas de liderança e seus componentes de conhecimento, da autoridade, da motivação, da confiança e da incerteza. Deve ser capaz de construir e interagir equipes de trabalho e compreender a dinâmica de grupo.

5.     Considerações finais

    As relações entre o profissional de educação física e as competências encontradas nesta pesquisa, são apenas exemplos de que ele pode atuar como gestor esportivo. A formação acadêmica comum a todos os educadores físicos faz parte do desenvolvimento de competências, porém uma especialização na área de gestão se faz necessária para a inserção e melhor atuação desse profissional na área de gestão esportiva.

    Para a pesquisa na área, vislumbramos, pelas próprias tendências internacionais, quatro grandes vertentes temáticas: administração de clubes e associações esportivas; formação do profissional de administração esportiva; economia e marketing esportivo; administração, políticas públicas de esporte e terceiro setor.

    Especificamente para a área pública, há poucos estudos relacionando esta área com a gestão esportiva, fazendo-se necessário maior número de estudos, em busca da construção de conhecimentos que contribuam para a criação de políticas públicas em esportes mais funcionais para o país.

    Diante da fundamentação teórica encontrada, constatamos que as principais competências do gestor esportivo devem ser: o conhecimento sobre sua área de atuação; habilidade de negociar; planejamento para antecipar e organizar as ações pretendidas; poder de decisão; aprender a lidar com críticas e sugestões; ter conhecimento da área legal e jurídica e ter habilidade para captar recursos.

    Outra necessidade refere-se ao aprimoramento da formação do profissional, através da especialização (pós-graduação), para atuar na área, que acreditamos que se deve dar cada vez mais com ênfase nos conhecimentos multidisciplinares. Este aprimoramento poderá ser também baseado na fundamentação teórica para o estabelecimento de disciplinas específicas, nos cursos de formação de profissionais (graduação), com programas cada vez mais adequados à realidade e às perspectivas da área no país.

Referências bibliográficas

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  • REZENDE, J.R. Organização e administração no esporte. Rio de Janeiro, Sprint, 2000.

  • SCHELL, Jim. Guia para gerenciar pequenas empresas: como fazer a transição para uma gestão empreendedora. Rio de Janeiro: Campus, 1995.

  • TACHIZAWA, Takeshy; CRUZ JÚNIOR, João Benjamim da; ROCHA, José Antônio de Oliveira. Gestão de negócios: visões e dimensões empresariais da organização. São Paulo: Atlas, 2001.

  • VIEIRA, T.P. e STUCCHI, S. Relações preliminares entre a gestão esportiva e o profissional de educação física. Conexões: Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 5, n. 2, p. 113-128, jul./dez. 2007.

  • WRIGHT, P; KROLL, M. J.; PARNELL, J., apud VIEIRA (2007): Administração estratégica: conceitos. São Paulo: Atlas, 2000.

  • ZOUAIN, D. M.; PIMENTA, R. C. Perfil dos profissionais de administração esportiva no Brasil. In: World Sport Congress, Barcelona, 2003 Espanha.

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