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A Educação Física no espaço escolar

La Educación Física en el ámbito escolar

 

Licenciatura Plena em Educação Física

Universidade do Estado do Pará

(Brasil)

Josilene Corrêa dos Santos

jleneshow@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O texto apresenta a importância que a disciplina Educação Física tem nas instituições educacionais; a intenção aqui é refletir sobre alguns aspectos que contribuíram e contribuem para a valorização ou não dessa disciplina que atualmente tem sua participação nas escolas tão questionada por estudiosos da área educacional. Procura apresentar um pouco da responsabilidade do profissional dessa área do conhecimento no que diz respeito à atribuição de valores concedidos a esta disciplina, seja no âmbito escolar ou mesmo fora dele. O que se depreende a partir dessa reflexão é que ainda temos muito a melhorar, para que esta disciplina conquiste de fato seu espaço nos currículos escolares. Nossas ações pedagógicas precisam ter objetivos voltados para a formação integral dos indivíduos.

          Unitermos: Educação Física. Professor. Escola.

 

Abstract

          The text presents the importance of Physical Education has educational institutions, the intention here is to discuss some aspects that have contributed and contribute to recovery or not this discipline that currently has your participation in schools so questioned by scholars in the field of education. Attempts to present some of the responsibility of the professional in the field of knowledge regarding the allocation of values given to this subject, either within school or outside it. What can be seen starting this discussion is that still a lot to improve, to conquer this course really your space in school curricula. Our actions must have educational objectives related to the integral formation of individuals.

          Keywords: Physical Education. Teacher. School.

 

          Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção de nota para a disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica II do Curso de Licenciatura Plena em Educação Física. Universidade do Estado do Pará. Docente: Zafallon Júnior

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010

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    O presente artigo tem por objetivo refletir a importância que a educação física tem para as instituições de ensino atualmente e busca refletir ainda sobre o papel do educador físico na escola enquanto agente direto do processo educacional.

    O estudo está embasado em pesquisas bibliográficas de autores conceituados no assunto referente à educação Física escolar como Duckur (2004) , Castellani Filho (1994), Barbosa (2001), Medina (1993), entre outros.

    Algumas questões nortearam a pesquisa. Tais como: o que tem faltado nas escolas para que seja dado o valor devido à educação física? Por que essa disciplina não tem o mesmo valor que as demais? O que o profissional dessa área tem feito para melhorar a atual situação dela em seu espaço? A educação física tem mesmo seu espaço nas escolas?

    É importante salientar que este estudo não pretende esgotar a temática proposta, pois, ela é demasiadamente ampla para ser discutida aqui. Trata-se, na verdade, de uma breve síntese e de uma contribuição à reflexão sobre a presença dessa disciplina bem como de sua importância nas escolas brasileiras.

Educação Física no Brasil

    A educação física no Brasil teve sua origem a partir das escolas militares. Onde as atividades corporais de ginástica foram efetivamente praticadas pelos militares a partir de 1841. Pois, acreditavam que a ginástica poderia aumentar a força e o vigor dos indivíduos.

    Em 1851, a ginástica foi incluída nos currículos escolares. Neste período, ela foi entendida como um elemento de extrema importância na formação de um indivíduo forte e saudável. Período este em que o Brasil se associa - de modo subordinado - ao capital internacional e com a chegada de grandes corporações ao país, a Educação Física passa a ser responsável por cuidar do corpo do trabalhador, ou melhor, da força de trabalho. Não há nesse momento a concepção humanista das primeiras décadas do século e sim uma concepção instrumental e voltada para o atendimento das necessidades do mercado.

    Para Castellani Filho (1994), a importância das práticas de atividade física incentivadas pelas empresas, a fim de revigorar o trabalhador e aumentar sua rentabilidade, teve maior expressão para a educação física. Ganhando destaque cada vez mais, a partir de então, a figura do esporte. Neste período as aulas de Educação Física para a juventude, consistiam em ensinar a ginástica formativa e fundamentos de jogo (modalidades esportivas coletivas).

    O esporte foi elemento importante no quadro brasileiro do período e cumpriu, além do aprimoramento físico, a tarefa de desviar a atenção do ambiente coercitivo vivido pelo povo durante a ditadura militar. Dessa forma, o investimento e o apelo feito pelo Estado à instituição esportiva foi na direção do quesito "segurança", por meio do mascaramento da realidade.

    [...] A escola tinha por finalidade preparar, moral e intelectualmente, os alunos para assumirem seus respectivos papéis dentro desta nova sociedade – a sociedade capitalista. (BARBOSA, 2001, p.49).

    No período republicano começou a profissionalização da Educação Física. Até os anos 60 o processo ficou limitado ao desenvolvimento das estruturas organizacionais e administrativas específicas tais como: Divisão de Educação Física e o Conselho Nacional de Desportos. Os anos 70, a Educação Física era usada, não para fins educativos, mas de propaganda do governo sendo todos os ramos e níveis de ensino voltado para os esportes de alto rendimento. Nos anos 80 a Educação Física vive uma crise existencial à procura de propósitos voltados à sociedade. É a época da Educação Física humanista e da psicomotricidade, abordagem essa que se baseia na interdependência do desenvolvimento cognitivo e motor, critica o dualismo predominante na Educação Física e propõe-se, por meio de jogos e exercícios, contribuir para a educação integral do indivíduo. Nos anos 90 o esporte passa a ser visto como meio de promoção à saúde acessível a todos manifestada de três formas: esporte educação, esporte participação e esporte performance.

    Percebe-se que a Educação Física, tendo como referência as décadas iniciais do século XX e suas décadas finais, parte de uma concepção ingênua de educação a uma concepção crítica, de uma concepção harmoniosa de sociedade à uma concepção dialética, de uma concepção pautada na saúde à uma concepção pautada na cultura corporal. A Educação Física finalmente regulamentada é de fato e de direito uma profissão a qual compete mediar e conduzir todo o processo.

    Percebemos que a Educação Física nunca esteve separada do contexto histórico brasileiro e, por conseguinte, acompanhou em maior ou em menor medida os diferentes momentos do pensamento pedagógico em nosso país. Neste texto foram destacados três importantes momentos: a pedagogia escolanovista, a pedagogia tecnicista e a pedagogia histórico-crítica. A base original positivista que marca a Educação Física brasileira tem seu ponto de partida no século XIX, mas tem sua dimensão ampliada à medida que a Educação Física estrutura-se como uma área do conhecimento.

O papel do professor de Educação Física na escola

    Diante das tendências pedagógicas propostas para a educação brasileira, muitos professores ainda não sabem qual deve usar para ministrar suas aulas. Embora a maioria utilize-se de teorias não críticas e, acabam por reproduzir apenas o que lhe é imposto pela instituição.

    [...] A compreensão que se tem de educação e de escola é a de que são meros instrumentos, aparelhos ideológicos do Estado, em outras palavras, estão a serviço dos interesses da classe dominante e do sistema produtivo capitalista. (DUCKUR, 2004, p.8).

    Esse quadro precisa ser mudado. As Os professores precisam engajar-se na luta por melhoras para a educação física no currículo escolar, uma vez que sua inserção na educação é garantida por lei e por a mesma estar no mesmo patamar das demais disciplinas. E a melhor maneira para promover essas melhoras é participando ativamente da vida escolar, começando pelo desenvolvimento do PDE. O professor de Educação física deve participar dessa elaboração tão fundamental ao desenvolvimento da escola e da formação de alunos. Deve se preocupar com seu ambiente de trabalho (o espaço destinado às aulas de Educação Física).

    Com os conteúdos que serão ministrados aos indivíduos em formação. O professor como mediador do conhecimento, precisa se preocupar com o processo de planejamento das suas ações pedagógicas voltando-as a formação do indivíduo como um todo.

    [...] superar a idéia de que a ação educativa dos professores de educação física se dirige tão somente à dimensão motora, ou melhor, a uma formação corporal desvinculadas de outras dimensões que compõem a totalidade do ser humano, superando uma visão fragmentária de homem desvinculada dos determinantes políticos, econômicos e culturais. [...]. ( Duckur, 2004, p.63).

    Devem objetivar a formação integral do mesmo nos aspectos físicos, sociais, culturais e cognitivos.

    De acordo com Ribeiro (2004), há muitos aspectos nas práticas dos profissionais que devem ser considerados quando se trata de dar a importância devida à educação física no contexto das escolas. Um desses aspectos é a formação adequada deste profissional. Que deve ser embasada, segundo a autora, na formação reflexiva e que a mesma subsidie seu aprendizado. Entre outros que precisam ser percebidos, analisados e quando necessário reestruturados. O professor deve ter a preocupação com sua função de mediador e que por meio da reflexão crítica poderá proporcionar subsídios para transformações sociais necessárias, aos indivíduos em formação.

    Enquanto os profissionais da Educação Física não abrirem os olhos procurando penetrar em sua realidade de forma concreta através da reflexão crítica e da ação, não serão capazes de promover conscientemente o homem a níveis mais altos de vida, contribuindo assim com sua parcela para a realização da sociedade e das pessoas em busca de sua própria felicidade. (MEDINA, 1993, p. 63-64).

    Os professores, as Disciplinas e os Componentes Curriculares, devem ter compromisso com o desenvolvimento dos aspectos teórico práticos além de articulá-los aos Temas ou Eixos Transversais (saúde, meio ambiente, trabalho entre outros). O plano de curso, de ensino e das aulas inclusive os de Educação Física devem ser pensados segundo o Projeto Escolar e orientados de acordo com as características dos estudantes. Os professores devem estar sempre atentos ao seu papel de agente renovador e transformador. Procurando atingir seus objetivos específicos, e ao mesmo tempo ser capaz de auxiliar e abrir novas perspectivas para que cada indivíduo seja sujeito de sua própria história, ou seja, deve proporcionar uma formação que possibilite ao indivíduo ser um sujeito autônomo.

A importância da Educação Física como disciplina curricular

    Para falarmos de educação física precisamos nos referir a escola, pois é necessário que haja um espaço físico institucional, que é a escola, para que esta disciplina também exista. Sendo ela a responsável por preparar os indivíduos para a vida em sociedade e ao mesmo deve desenvolver suas aptidões individuais. A escola, portanto, deve ser vista como um lugar de informação, de produção de conhecimento, de socialização e de desenvolvimento integral de todos os estudantes. É, portanto nela que esta disciplina se fará presente, juntamente com as outras de outras áreas do conhecimento.

    Vago (2003) considera a educação física como uma das entidades culturais da escola, uma propriedade e produto do ambiente escolar, pois nele se constitui e se realiza, a ele pertence por ele se define. E neste sentido a escola deveria projetar suas ações para o conjunto da sociedade, construindo uma referência importante para a definição de identidades pessoais e coletivas, públicas e privadas, políticas e profissionais, entre outras. Projeções essas que estariam inseridas no conteúdo de cada disciplina inclusive na de educação física, sendo que este conteúdo não obterá grandes resultados se não houver um envolvimento profundo dos elementos responsáveis pelo processo de formação do indivíduo.

    O que faz uma disciplina torna-se significativa não é só o valor intrínseco do seu conteúdo, mas também a vibração que os seus responsáveis colocam no desenrolar do processo de ensino, permitindo que os alunos aprendam a se comprometer com o conteúdo proposto (MEDINA, 1993, p. 88-89).

    Porém, diante do panorama encontrado atualmente nas escolas brasileiras, no que tange a Educação Física como disciplina curricular, torna-se preocupante para nós educadores a importância que a ela se tem dado. Uma vez que a mesma tem seu papel garantido, pela Lei 9.394/96, na integração do currículo da educação básica como parte integrante da formação educacional.

    Vinculada à instituição educacional, a educação física cumpre o papel ora estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (lei n. 9.394/96), de componente curricular obrigatório, enquanto área de conhecimento que estuda e atua sobre um conjunto de práticas ligadas ao corpo e ao movimento, culturalmente construídas e historicamente desenvolvidas pelo homem (DUCKUR, 2004, p.2).

    Muitas instituições educacionais, principalmente as de ensino público, preocupam-se apenas com a inclusão desta disciplina no currículo, já que é obrigatória por lei, sem ter qualquer preocupação com a qualidade da mesma. Na verdade, atualmente, pouca ou nenhuma importância é atribuída a essa disciplina nas escolas. Ela é vista apenas como uma forma de descontração e lazer no ambiente escolar. Muitas vezes nem espaço garantido tem no Projeto Político Pedagógico da escola. Então, o que dizer do espaço físico a ela destinado?

    O objetivo desta disciplina dever ser além de mera diversão ou descontração, ele contempla, assim como as outras, a formação de indivíduos autônomos. Traçando metas para o desenvolvimento dos aspectos biológicos, na preparação da parte física, do aspecto psicológico, aumentando sua auto-estima e do aspecto sociológico, proporcionando ao aluno subsídios para sua sociabilidade. Lembrando que estes aspectos devem ser trabalhados ao mesmo tempo. Para tanto é necessário que novas ações pedagógicas sejam aplicadas a fim de que se alcance tal objetivo.

    Nós, educadores e profissionais de educação Física devemos mudar nossas ações pedagógicas, pautadas na crítica reflexiva de nossos atos educacionais, para que essa disciplina possa alcançar o valor que realmente tem para qualquer ser humano. Afinal, somos agentes renovadores e transformadores de uma comunidade escolar e consequentemente de toda uma sociedade. Portanto, cumpramos esse papel que cabe a cada um de nós.

Considerações finais

    A Educação Física hoje nas escolas muitas vezes tem se tornado apenas um momento de descontração. Não há uma valorização desta disciplina no currículo escolar. A escola e os profissionais não conseguem justifica-la ou mesmo dar-lhe uma identidade própria capaz de inseri-la no contexto escolar como disciplina com finalidades, objetivos, conteúdos e métodos eficazes para a formação de indivíduos autônomos. Essa realidade precisa se mudada.

    Como educadores físicos busquemos refletir sobre nossas ações pedagógicas, sobre em que temos acertado ou errado durante nossas atividades em aula, quais tem sido nossos objetivos ao planejarmos uma aula para nossos alunos. Temos pensado realmente na formação de indivíduos autônomo? Somos de fato agentes de transformações sociais?

    Devemos primar por uma educação diferenciada, capaz de valorizar essa disciplina que só tem a contribuir com a formação de um individuo autônomo, dono de sua história e de seus atos. É de metodologias diferenciadas que precisamos para as aulas? É de embasamento teórico para aprimorar nossa práxis? Se a problemática da educação física escolar está pautada nestes conflitos então tomara que possamos refletir e criar novas propostas de intervenção para mudarmos a realidade de ensino-aprendizagem do currículo educacional escolar.

Referências

  • BARBOSA, Cláudio L. de Alvarenga. Educação Física Escolar: as representações sociais. Rio de Janeiro: Shape, 2001.

  • CASTELLANI Filho, Lino. Educação Física no Brasil: a história que não se conta.4ª.ed. Campinas, SP: Papirus, 1994.

  • DUCKUR, Lusirene Costa Bezerra. Em busca da Formação de Indivíduos Autônomos nas aulas de Educação Física. Campinas: SP: Autores Associados, 2004.

  • MEDINA, João Paulo Subirá. A Educação cuida do Corpo... e mente: bases para a renovação e transformação da educação física,11ª. Ed. Campinas, SP: Papirus,1993.

  • RIBEIRO, Deiva Mara Delfini Batista. Formação Inicial em Educação Física: da Reflexão à Reflexão Crítica. Revista Especial de Educação Física, Maringá Edição n. 2. - 2005 p. 356 - 365, Dezembro, 2004.

  • VAGO, Tarcísio Mauro. A educação Física na Cultura Escolar: Discutindo Caminhos para a Intervenção e a Pesquisa. In: BRACHT, Valter: CRISORIO, Ricardo (coord.). A Educação Física no Brasil e na Argentina: Identidade, Desafios e Perspectivas. Rio de Janeiro: Prosul: 2003.

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