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Lesões em atletas de handebol de equipes 

participantes dos Jogos do Interior de Minas Gerais

Lesiones en jugadores de balonmano de los equipos participantes de los Juegos del Interior de Minas Gerais

 

*Acadêmico de Educação Física - UNIBH

**Mestre em Educação Física - UNIBH/UNITAU

(Brasil)

Anna Carolina Ferreira Martins Corrêa*

anninha_g8@hotmail.com

Igor da Cunha Silva*

Igorcunha89@yahoo.com.br

Aroldo Luis Ibiapino. Cantanhede*

alicantanhede@yahoo.com.br

Adriana Carolina Cunha Rezende*

drikalind@yahoo.com.br

Luciano Chequini Espirito Santo**

lucianoces@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O handebol traz em sua temática o contato corpo a corpo entre os jogadores além de habilidades que ao se combinarem podem levar o jogador a lesões traumáticas e ao overtraining.. O presente estudo visou identificar as lesões mais comuns no handebol, de 3 equipes masculinas de alto nível do handebol de Minas Gerais em treinamentos e competições no ano de 2009. A amostra constituiu-se de 57 atletas de equipes de handebol sendo que 24 apresentaram lesões, sendo 48,37% destas aconteceram nos jogos, 50,5% ocorreram nos treinos. O tornozelo foi a região mais acometida (28%), seguido do joelho (18%), ombro (17%), região lombar (10%), quadril (11%), perna (10%), punho (4%) e dedos da mão (3%).

          Unitermos: Handebol. Lesões. Treinamento. Jogo.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010

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Introdução

    O handebol não tem uma origem precisa, contudo há indícios de terem sido os alemães seus principais difusores.

    O esporte ganhou bastante destaque e popularidade na Europa, sendo jogado primeiramente no campo e depois passando para a quadra. Isso se deu em função dos rigorosos invernos europeus e a disputa de espaço com o futebol (CONSTANTE, 2005) o que levou também a diminuição do número de jogadores.

    No Brasil o surgimento do handebol se fez por meio dos imigrantes europeus que para cá vinham (SANCHEZ e BORIN, 2008). O Brasil tem se tornado uma das potências do esporte nas Américas sendo campeão pan-americano da modalidade (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOL, 2009).

    O handebol é um esporte de contato muito dinâmico o que leva seu praticante a estar suscetível a impactos traumáticos diretos entre os jogadores e seus adversários ou indiretos como desequilíbrios e quedas provocados pelos seus oponentes ou saltos errados (SANCHEZ e BORIN, 2008).

    Há muitos fatores que influenciam nas ações do handebol que podem ocasionar lesões, contudo três tem um caráter especial. São os fatores pessoais, os fatores da modalidade em si e os fatores ambientais (COHEN e ABDALLA, 2003). Os fatores pessoais incluem idade, sexo, agilidade, coordenação, etc.; os fatores da modalidade incluem o contato com o oponente ou seus colegas, gestos técnicos, etc.; e os fatores ambientais, a temperatura, o local do jogo ou treino, etc.


    Objetivou-se com este trabalho verificar quais lesões e algumas variáveis a elas relacionadas acometem mais os atletas de handebol de 3 equipes de handebol que participaram do Jogos do Interior de Minas Gerais, 2009. Segundo Gantus e Assumpção (2002), o conhecimento epidemiológico das lesões do aparelho locomotor na prática desportiva é uma fonte de conhecimento para elaboração de programas de treinamento, bem como de prevenção às lesões e de tratamentos. Sendo assim esse estudo se justifica por buscar esse conhecimento (epidemiológico) com vistas a uma melhor preparação das equipes de handebol.

Materiais e métodos

    Para a obtenção de embasamento à produção deste artigo, 57 atletas do sexo masculino de handebol de 3 equipes de Minas Gerais, participantes do JIMI 2009 (Jogos do Interior de Minas Gerais), tiveram dados coletados tendo como objetivo a identificação de lesões.

    Avaliaram-se os atletas utilizando-se de fichas com os dados pessoais, os dados relacionados ao esporte, dados relacionados à lesão, momento da ocorrência da lesão, tipo de tratamento e tempo de afastamento.

    O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi entregue aos participantes bem como um questionário com 20 perguntas sobre a prática de esporte e das possíveis lesões decorrentes de sua prática.

    Os pesquisadores, em número de 8, entrevistaram a amostra nos dias 01 e 02 de maio de 2009, sempre após as partidas.

    Os resultados foram expressos em valores percentuais.

Resultados

    Analisaram-se as lesões ao momento de suas ocorrências, se foi em um jogo ou em uma sessão de treino, qual o tipo de lesão, se por ação traumática ou por overtraining, qual o tempo de afastamento em virtude da ocorrência da lesão, e finalmente se houve intervenção cirúrgica ou o tratamento foi de caráter conservador.

    Da análise dos 57 atletas, 41,5% apresentaram lesões, sendo que 48,37% das lesões aconteceram em jogos e 51,63% ocorreram nos treinos.

Gráfico1. Momento em que as lesões ocorreram

    Os atletas que apresentaram lesões traumáticas ficaram em um percentual de 98% enquanto os lesionados por overtraining ficaram no patamar de 2%.

Gráfico 2. Porcentagem de atletas com Overtraining e Lesões Traumáticas

    O tempo médio de afastamento se deu por um máximo de 9,04 dias sendo que 23 atletas ficaram afastados dos treinamentos e jogos.

Gráfico 3. Quantidade de atletas afastados por motivo de lesões

    Quanto a localização das lesões a pesquisa chegou aos seguintes resultados: o ombro com 2 acometimentos; 2 entorses na região do punho; 1 inflamação na região do púbis; 3 estiramentos de coxa; 3 estiramentos na perna; 3 processos inflamatórios nos ligamentos cruzados anteriores; 4 lombalgias; e 5 entorses de tornozelo.

Gráfico 4. Porcentagem das lesões e suas localizações

    O tipo de tratamento das lesões apresentam um percentual de 2 intervenções cirúrgicas enquanto 21 tratamentos se deram de maneira convencional.

Gráfico 5. Porcentagem das formas de tratamento das lesões

Discussão

    A pesquisa de Nielsen e Yde (1988), afirma que há 4,6 lesões para cada 1000 horas de treino e 11.4 lesões para as mesmas 1000 horas de jogos.

    Reckling et al. (2003) verificaram que em 69,2 % das lesões aconteciam em jogos.

    Por sua vez Seil et al. (1998) verificaram 77% das lesões de jogadores de Handebol nos jogos e 23% nos treinamentos.

    Ao analisar-se o estudo de Ingham et al. (2004) verifica-se que de 149 lesões em atletas de handebol, 62,9% das lesões se deram em treinamento e 35% em jogos.

    O presente estudo então concorda apenas com a afirmação de Ingham et al. (2004), de ser a sessão de treino a que mais lesiona os atletas.

    Quando da análise da localização anatômica que mais sofreu lesões, Chen et al. afirmam ser o tornozelo a localização com mais incidências.

    Por seu turno Ingham et al (2004), afirmam que a localização anatômica mais afetada foi o tornozelo .

    Petersen et al (2005), tiveram indicativos resultados de estudo que o tornozelo foi a localização anatômica que mais sofreu lesões em atletas de handebol.

    Estes estudos corroboram com este trabalho que também teve o tornozelo como a localização de maior incidência de lesões.

    Torres (2004) afirma que afastamento da prática desportiva para tratamento e até intervenções cirúrgicas são necessárias ao pleno restabelecimento do atleta lesionado, evitando-se que haja a instalação de um estado crônico. Negrão (2002) afirma que o tratamento especializado “por suas práticas e métodos” pode recuperar e sanar as lesões.

    Este estudo concorda com os autores acima ao afirmar que na amostra uma porcentagem ficou incapacitada de participar das sessões de treinamento e de jogos.

Conclusão

    Conclui-se com este estudo que o Handebol é um esporte que ocasiona uma grande numero de lesões, principalmente no tornozelo por meio de entorses. Essas lesões podem afastar os praticantes por dias de suas atividades esportivas sendo que em alguns casos a intervenção cirúrgica se faz necessária.

    Diferentemente do que preconiza a maioria dos estudos analisados na discussão, é nos treinos que houve um maior número de lesões. Pode-se inferir com esse resultado que, possivelmente, uma estrutura de treinamento incorreta pode estar sendo adotada ou os materiais (pisos das quadras, tênis, etc.) podem estar sendo prejudiciais aos atletas.

    Sendo assim recomenda-se uma análise criteriosa do espaço físico onde os atletas estão treinando visando localizar possíveis estruturas que possam levar os atletas a lesões.

    Recomendam-se também, novos programas de treinamento com participação efetiva de Profissionais de Educação Física visando o aumento da qualidade das sessões de treinamento e a possível diminuição dos riscos de lesões.

Referências bibliográficas

  • CHEN, S., et al. Investigation of management models in elite athlete injuries. Journal Medicine Science. v. 21, n. 5, p. 220-226, maio 2005.

  • COHEN, M.; ABDALA, R. J. Lesões nos esportes: diagnóstico, prevenção e tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2003.

  • CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOL. Handebol. Disponível em: www.brasilhandebol.com.br. Acesso em: 10 de janeiro de 2010.

  • CONSTANTE, S. F. Incidência de lesões em atletas de Handebol participantes dos Jogos |Abertos de Santa Catarina do ano de 2004. Trabalho de Conclusão de Curso. Tubarão, 2005. Disponível em: http://www.fisio-tb.unisul.br/Tccs/SabrinaFidelis/tcc.pdf. Acesso em 12 de dezembro de 2009.

  • GANTUS, M. C.; ASSUMPÇÃO, J. D. Epidemiologia das lesões do sistema locomotor em atletas de basquetebol. Acta fisiátrica, v. 9, p.77-84. 2002.

  • INGHAN, S. J. M. et al. Epidemiologia das lesões durante a prática de handebol. Medicina de Reabilitação, v. 23, jan./abr. 2004.

  • NEGRÃO, S. S. Introdução a fisioterapia desportiva. 2002.

  • NIELSEN, A. B.; Yde, J. An epidemiologic and traumatologic study of injuries in handball. Int J Sports Med, v. 9,n. 5, p. 341-4, Oct. 1988.

  • PETERSEN, W. et al. A controlled prospective case control study of a prevention training program in female team handball players: the German experience. Arch Orthop trauma Surg, v. 10, Feb. 2005.

  • RECKLING, C. et al. Epidemiology of injuries in juvenile handball players. Sportverletz Sportschaden, v.17, n. 3, p. 112-7, Sep. 2003.

  • SANCHEZ, F. G., BORIN, S. H. Lesões mais comuns no Handebol. Anuário da Produção Docente, vol. II, n. 3, 2008.

  • SEIL, R. et al. Sports injuries in team handball. A one-year prospective study of sixteen men’s senior teams of a superior nonprofessional level. Am J sports Med, v. 26, n. 5, p. 681-7, Sep/Oct. 1998.

  • TORRES, S. F. Perfil epidemiológico das lesões no esporte. Dissertação (Mestrado em Ergonomia) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

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