Estudo bibliográfico sobre a prática esportiva enquanto forma de lazer e recreação para uma melhor qualidade de vida na terceira idade Estudio bibliográfico sobre la práctica deportiva como forma de tiempo libre y recreación para una mejor calidad de vida en la tercera edad |
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*Professora de Educação Física, Especialista em Motricidade Infantil Professora de Educação Física da rede municipal de ensino da cidade de Cachoeirinha Coordenadora Pedagógica do Projeto Quero-Quero, Programa Segundo Tempo na UFRGS **Doutor em Ciência do Desporto Professor da EsEF - UFRGS |
Simone Maria Pansera* Carlos Adelair Abaide Balbinotti** (Brasil) |
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Resumo Este artigo de revisão tem por objetivo buscar um referencial teórico para a prática esportiva enquanto forma de lazer e recreação para uma melhor qualidade de vida na terceira idade. Pretende-se buscar conhecimento a respeito do envelhecimento e de seus efeitos para os indivíduos; os efeitos da atividade física regular para os idosos; e de que forma o lazer, a recreação e o esporte podem contribuir para uma melhor qualidade de vida. Tem-se observado um incremento no número de pessoas idosas e é importante que esta população possa ter uma vida com qualidade. A atividade física e o esporte vêm contribuir para que inúmeros efeitos físicos, psíquicos e emocionais, provocados pelo envelhecimento, sejam amenizados. Desta forma, torna-se importante que a prática de atividades física e esportiva seja feita em local apropriado, acompanhada de pessoa especializada e com todos os cuidados que exige. Unitermos: Atividade física. Qualidade de vida. Terceira idade.
Resumen Esta revisión tiene por objeto la búsqueda de un marco teórico para el deporte como una forma de recreación para una mejor calidad de vida en la vejez. El objetivo es buscar el conocimiento sobre el envejecimiento y sus efectos en las personas, los efectos de la actividad física regular para los adultos mayores, y cómo el esparcimiento, la recreación y el deporte pueden contribuir a una mejor calidad de vida. Se ha producido un aumento en el número de personas de edad avanzada y es importante que esta población pueda tener una vida de calidad. La actividad física y el deporte contribuyen para que sus efectos físicos, sufrimiento psicológico y emocional causado por el envejecimiento, se mitiguen. Por lo tanto, es importante que la práctica de actividades físicas y deportiva se realica en un lugar apropiado, acompañada por una persona especializada y con todo el cuidado que requiere. Palabras clave: Actividad física. Calidad de vida. Tercera edad.
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010 |
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Introdução
A nossa sociedade atual vem sendo marcada pelo incremento de pessoas idosas se comparado a décadas passadas. Este fato levanta questões importantes, seja do ponto de vista pessoal, seja do ponto de vista sócio-econômico. Segundo Devide (2000) essa é uma questão paradoxal, ou seja, ao mesmo tempo que a expectativa de vida aumenta, os idosos vivem em um mundo estranho para eles. A sociedade precisa estar atenta às implicações práticas deste fato a nível social, se reestruturar e reeducar para recebê-los, e ainda, é necessário preparar o idoso para esta nova configuração social. É que este ciclo de vida aumentado possa ser vivido com qualidade e não se tratar apenas de um período de aumento de estados patológicos e morbidade. A sociedade tem o dever e a necessidade de olhar para esta população e fazer algo em prol da sua qualidade de vida. É em busca de um maior conhecimento a respeito desta população que este trabalho de revisão será dirigido, enfocando a prática esportiva como um meio para melhorar a qualidade de vida, sem ingenuamente pensar, que esta prática resolverá todos os problemas relacionados à questão do envelhecimento na sociedade, mas acreditando que ela é parte importante deste processo.
Para a realização de um trabalho prático é preciso um estudo mais específico a respeito do envelhecimento; dos fatores que podem proporcionar melhor qualidade de vida; da prática esportiva do lazer e da recreação para a terceira idade. Segundo Faria Junior (2001) é preciso estar atento para a expansão massiva e descontrolada da oferta de programa de atividades físicas para pessoas idosas, na maior parte organizada por leigos, pessoas sem o menor tipo de qualificação ou treinamento para o trabalho com esta população.
O objetivo central deste trabalho é buscar na literatura clássica e atual um referencial teórico atualizado para a prática esportiva enquanto forma de lazer e recreação para uma melhor qualidade de vida na terceira idade. Mais especificamente, pretende-se buscar conhecimento a respeito do envelhecimento e de seus efeitos para os indivíduos; os efeitos da atividade física regular para os idosos; e de que forma o lazer, a recreação e o esporte podem contribuir para uma melhor qualidade de vida.
Envelhecimento populacional
O incremento no número de pessoas que atingem a terceira idade é um fato de fundamental importância que vem marcando, atualmente, a maioria das sociedades do mundo. Em comparação a algumas décadas, a expectativa de vida da população tem aumentado de forma importante. Essa longevidade tem sido atribuída a fatores como o progresso da medicina, uma alimentação mais saudável e equilibrada e, sobretudo, a consciência da prática de uma atividade física quando se atinge a terceira idade (GUEDES, 2007), e para Matsudo (1997) o estilo de vida e o ambiente tem uma influência muito grande na prevenção de inúmeras enfermidades, sendo que a principal mudança no estilo de vida está associada a maior participação dos indivíduos em algum tipo de atividade física.
Para entendermos melhor como se dá este processo de envelhecimento, serão discutidos alguns temas relevantes que vão desde o entendimento dos termos utilizados no tratamento com este público, os efeitos a nível físico, psicológico, emocional e social deste processo.
1. Entendendo os termos
Ao se estudar a velhice e os efeitos provocados pelo envelhecimento é preciso, em primeiro lugar, entender e conceituar os termos que serão utilizados ao longo das narrativas.
Ao longo da história as terminologias e representações utilizadas para designar a pessoa em idade avançada vêm sofrendo muitas alterações. No Brasil, essas alterações que aconteceram nas terminologias tiveram forte influência francesa. Na França o "velho" ou "velhote" era designado ao indivíduo que não possuía bens ou que era indigente, estava associado à decadência e a incapacidade para o trabalho. Já o termo "idoso" era designado àqueles que tinham certa posição social, que administravam seus bens e desfrutavam de respeito. No Brasil, o termo "velho" pode ser entendido com conotação afetiva ou pejorativa dependendo da entonação e do contexto abordado (MAZO, 2001). Porém, Devide (2000) relata que a categoria velho no Brasil ainda é associada a decadência, a pobreza, a dependência e a incapacidade. Pode-se observar que este termo traz consigo uma forte imposição de que, ao se atingir essa fase da vida, o indivíduo torna-se um ser decadente, incapaz de produzir, inútil aos olhos dessa sociedade capitalista.
Por volta dos anos 60, o Brasil, também por influência francesa, passa a utilizar o termo idoso em seus documentos oficiais, porém, ele é ainda pouco usado. Segundo Mazo (2001), na Constituição Federal de 1988 é assegurado como dever da família, da sociedade e do estado cuidar do idoso, e a partir daí o termo velho é substituído por idoso nos textos oficiais.
Observa-se que até atualmente os termos, velho e idoso apresentam diferenças no seu significado d acordo com a camada social e econômica. O termo idoso é designado de forma mais respeitosa, para pessoas mais ricas, com certa posição social, aqueles que aprenderam a desfrutar esta nova etapa da vida de forma positiva, aceitando as limitações. Já o termo velho designa pessoas mais pobres e com maiores traços do envelhecimento, aquele que se entrega ao isolamento, desengaja-se da sociedade, espera pela morte (DEVIDE, 2000; MAZO, 2001).
Nos dias atuais, outra terminologia vem sendo utilizada, é a terceira idade, que representa uma nova visão do idoso. Não mais submetido apenas a solidão, a discriminação, e a marginalidade, mas envolvido em novas práticas de lazer, desfrutando de férias e de serviços especiais de saúde. Assim, o termo terceira idade representa a velhice como uma nova etapa de vida, expressa pela prática de novas atividades sociais e culturais, onde se constroem novos significados de auto-valorização, onde se aprende a conviver com perdas e transformações (MATSUDO, 1997; MAZO, 2001).
Neste estudo será usado o termo terceira idade por ser uma terminologia, atualmente bastante utilizada e por não trazer consigo conotações tão negativas quanto outros termos. Como coloca Ceolin e Dias (2001), os movimentos de terceira idade nasceram e nascem da necessidade coletiva de resgatar e talvez até redimensionar o papel do idoso em nossa sociedade, enfim, idosos unindo-se e conquistando novos espaços, papéis, um novo tempo.
Outras terminologias importantes a serem investigadas são os termos velhice o envelhecimento. Segundo Guedes (1997) a velhice é um estado e o envelhecimento é um processo (p.215). Pode-se dizer então, que o envelhecimento corresponde as mudanças que seguem a velhice, ou seja, o conjunto de todas as modificações morfológicas, fisiológicas e psicológicas que aparecem como consequência da ação do tempo nos seres vivos (MATSUDO, 1997; VARGAS NETO 2000). O que não se pode deixar de ressaltar é que o processo de envelhecimento é de natureza interacional, inicia-se em diferentes épocas e ritmos, acarreta resultados distintos para as diversas partes e funções do organismo e ainda, é um processo bastante individualizado que pode ser alterado de acordo com o estilo de vida e as influências do meio onde se vive (GUEDES, 1997).
Desta forma, o envelhecimento não deve ser visto como mera passagem do tempo. É uma manifestação de eventos que ocorrem ao longo de um período em momentos e ritmos diferentes para cada indivíduo e para cada órgão. Envelhecer não é seguir um caminho já traçado, mas construí-lo permanentemente.
2. Efeitos do envelhecimento
Uma das primeiras constatações que fazemos na vida é que a maioria das coisas que conhecemos se modifica com o passar dos anos. O envelhecimento é parte onipresente de nosso mundo material e vivo e, acabamos percebendo que este fenômeno está ocorrendo também conosco, é a única doença fatal da qual todos nós compartilhamos. Como já foi citado anteriormente, cada ser humano envelhece de maneira diferente, pois o envelhecimento não é somente biológico, mas é também influenciado pelo estilo de vida do indivíduo e pelo meio ambiente em que vive. Inúmeros são os efeitos que o envelhecimento traz para o indivíduo. Vamos analisar de forma sucinta algumas características que se desencadeiam ao longo deste período. Apesar deste processo dar-se de forma complexa e integrada, os aspectos morfológicos e funcionais, psicológicos e sociais serão analisados separadamente.
2.1. Mudanças morfológica e funcionais ao longo da vida
As mudanças morfológicas e funcionais que acontecem com o decorrer da idade podem ser devidas a 3 fatores: fenômeno do envelhecimento; presença de doença; estilo de vida sedentário ( MATSUDO, 1997).
As principais alterações que ocorrem em diferentes sistemas serão discutidas a seguir:
Sistema cardiovascular: a consequência constante do envelhecimento do aparelho circulatório é diminuição da capacidade funcional do coração (GUEDES, 1997), onde ocorre uma diminuição do gasto cardíaco, da frequência cardíaca, do volume sistólico, do débito cardíaco e da utilização de oxigênio pelos tecidos (MATSUDO, 1997). Esses sintomas podem ocorrer em consequência de algumas alterações tais como: aumento do colágeno no pericárdio e no endocárdio; degeneração das fibras musculares, com atrofia e hipertrofia das remanescentes no miocárdio; depósito de gordura e de substância amilóide; acúmulo do pigmento lipofuscínico; espessamento e calcificação, especialmente nas válvulas mitral e aórtica; limitação do ATP disponível; aumento da pressão arterial sistólica; maior incidência de arteriosclerose; estreitamento do diâmetro das artérias, com maior rigidez das mesmas (MAZO, 2001).
Na terceira idade começam a aparecer os principais problemas relacionados aos processos degenerativos das artérias, os ateromas, que obstruem os vasos sanguíneos, como também as doenças cardíacas (VARGAS NETO, 2000) e, segundo Guedes (1997) as doenças relacionadas com o coração são a causa de 50% da mortalidade depois dos 70 anos.
Sistema músculo-esquelético: a partir do 30 anos há uma redução progressiva da força muscular em torno de 10-20% (GUEDES, 1997; MATSUDO, 1997), essa atrofia muscular é causada pela diminuição do tônus e perda da força muscular (GUEDES, 1997). Para Matsudo (1997) outras alterações que ocorrem a nível muscular são: diminuição na habilidade para manter força estática; maior índice de fadiga muscular; menor capacidade para hipertrofia; diminuição do tamanho e do número de fibras musculares; diminuição na velocidade de condução; aumento do limiar de excitabilidade da membrana; diminuição da capacidade de regeneração; diminuição na atividade da ATP-ase miofibrilar; diminuição das enzimas glicolíticas e oxidativas, e nos estoques de ATP, CP, glicogênio, proteína mitocondrial. Ainda, segundo Vargas (2000) com as alterações do tecido fibroso da epiderme e da derme há uma perda da elasticidade com o surgimento de rugas e a pele se enche de manchas.
A nível ósseo pode ser observada a diminuição na densidade óssea causando a osteoporose, considerada por Guedes (1997) "a epidemia do século". Essa diminuição se deve a um desequilíbrio entre a reabsorção e a formação óssea durante o processo de sua remodelação. É possível se observar também uma diminuição na estatura que, se deve a compressão das vértebras e o achatamento dos discos intervertebrais. O tronco se curva para frente, há uma diminuição relativa dos membros inferiores afetando joelho e calcanhar, causando assim problemas de equilíbrio (que também é influenciado pela diminuição da visão e regressão do esquema corporal). A nível articular ser observa uma perda de mobilidade e elasticidade podendo vir a causar problemas degenerativos como é o caso da artrose. Pode-se observar ainda aumento da rigidez da cartilagem, dos tendões e dos ligamentos (GUEDES, 1997; MATSUDO, 1997).
Sistema nervoso: com o envelhecimento ocorrem perdas e alterações celulares e essas células não são substituídas. De acordo com Gudes (1997) há uma redução do débito sanguíneo cerebral diminuindo o consumo de oxigênio pelo cérebro. Ainda há uma diminuição do número de neurônios cerebrais o que provoca diminuição de reflexos, algumas perturbações de equilíbrio e perda de memória imediata com esquecimento, repetições de frases e histórias. O idoso torna-se mais lento na execução de algumas tarefas cognitivas como percepção, raciocínio e tomada de decisão. Algumas perdas que ocorrem com o passar dos anos pelo sistema nervoso são: o cérebro diminui em torno de 20% de seu peso, comparando um indivíduo de 20 com um de 90 anos; alterações e diminuição das sinapses nervosas; diminuição das substâncias químicas associadas à atividade neurotransmissora; diminuição do número e tamanho dos neurônios; diminuição dos receptores cutâneos, reduzindo a percepção da temperatura ambiente e da sensibilidade Tati; menor tempo de reação e velocidade de movimento, assim como, diminuição da agilidade e coordenação (MATSUDO, 1997; MAZO, 2001).
Sistema respiratório: a nível pulmonar pode-se observar uma diminuição da capacidade vital e da capacidade de difusão pulmonar; aumento do volume residual e do espaço morto anatômico ( MATSUDO, 1997); redução da caixa torácica e atrofia dos músculos esqueléticos acessórios na respiração (MAZO, 2001). Guedes (1997) aponta que, como consequência dessas alterações pode-se observar a dificuldade de eliminar a quantidade de gás carbônico produzido a partir de um esforço e uma deficiência importante de oxigênio. Essa insuficiência respiratória é observada principalmente quando o idoso realiza algum esforço máximo.
Esses são os principais sistemas, mais diretamente relacionados com a prática de Educação Física, alterados com o envelhecimento. Porém, existem inúmeros outros sistemas que sofrem constantes alterações com o passar dos anos.
Dentre essas alterações, o sistema imunológico torna-se menos eficiente, há desequilíbrios, modificações e redução na produção hormonal. O sistema reprodutor feminino e masculino se altera. O sistema gastrointestinal provoca diminuição no metabolismo de algumas drogas e também pode ocorrer insuficiência renal. Há ainda algumas alterações relacionadas com a aparência física, como por exemplo, diminuição da estatura, do peso, alongamento das orelhas e do nariz. A pele fica enrugada e ressecada, os cabelos ficam grisalhos, crescem menos e caem mais, a audição, o paladar e o olfato diminuem (GUEDES, 1997; MATSUDO 1997; MAZO, 2001).
Todas essas alterações pelas quais passa o organismo da pessoa, na terceira idade, também acarretam alterações psicológicas e sociais, ressaltando-se que é um processo individual influenciado por fatores ambientais e genéticos.
2.2. Alterações psicológicas e sociais do envelhecimento
Distintamente do estudo sobre o envelhecimento biológico, que se caracteriza pelo declínio e perdas de potencialidades morfofuncionais dos indivíduos, o estudo do envelhecimento psicológico tem como foco de atenção, não as perdas, mas as mudanças que podem ser descritas em termos de ganhos e perdas. Apesar do envelhecimento psicológico não seguir necessariamente o rumo do envelhecimento biológico, está interligado com ele. O bem estar psíquico e social da pessoa na terceira idade está diretamente relacionado com a possibilidade de manutenção de sua autonomia e independência. Para Gudes (1997) a possibilidade da pessoa ter uma vida fisicamente ativa, ser capaz de realizar as suas atividades de vida diária e exercitar-se são fatores que podem ter efeitos positivos sobre o que ela sente, sobre sua auto-avaliação e sobre como os outros a vêem. Segundo Neri (1993) as alterações psíquicas tem como uma de suas bases as alterações que se operam a nível biofísico. O indivíduo ao atingir a terceira idade sente horror pela incapacidade absoluta, pela ausência dos familiares, pela falta de atenção noturna e de não dispor de condições ou ajuda necessária para sobreviver (VARGAS NETO, 2000).
Okuma (1997), aponta um estudo longitudinal realizado na Alemanha no ano de 1990 a respeito do ajustamento e da satisfação na velhice, cujas principais conclusões mostram que, a saúde biológica é um dos mais importantes preditores do bem-estar na velhice, sendo que a saúde percebida e o modo como as pessoas lidam com os seus problemas de saúde são mais preditivos do que suas condições objetivas de saúde. A satisfação com a família e a interação entre status social, variáveis de personalidade, interações dentro da família, atividades desempenhadas fora da família interferem neste ajustamento. A situação econômica e psicológica é importante no bem-estar subjetivo, que determina como as pessoas lidam com a qualidade da habitação, com a vizinhança, com a independência econômica e as expectativas referentes à estabilidade financeira. A percepção da qualidade da vida diária é mediada pela capacidade de iniciar e manter contatos, que dependem de fatores motivacionais e cognitivos. E ainda, a avaliação que o idoso faz de sua situação atual é mais um importante mediador da satisfação de vida, que dependem dos acontecimentos importantes em sua vida, da quantidade de oportunidades e contatos sociais, de como lida com a morte, da perspectiva de futuro, da valorização do passado e do uso das possibilidades atuais.
Em Mazo (2001) são apresentados algumas modificações a nível psicológicos peculiares do envelhecimento, dentre elas: a vida contemplativa, sem contudo significar depressão; a expansão da espiritualidade e da religiosidade; a maior interiorização dos valores morais; o aumento da solidariedade; a redefinição da vida conjugal de muitos anos e da vida sexual; uma maior seletividade nos relacionamentos afetivos e sociais; os familiares são o principal foco de atenção; uma maior freqüência de retorno ao passado; um aumento da necessidade de ser cuidado e de cuidar de outra pessoa; uma maior tolerância à rotina mesmo com decréscimo físico; as perdas físicas que começam a ser observadas; o aumento do número de óbitos de parentes e amigos queridos; entusiasmo e motivação tendem a diminuir, sendo necessário maiores estímulos ao idoso para fazê-lo empreender novas ações; o apego cada vez maior aos seus pertences e a conservação dos que já possuía com a necessidade de viver em um ambiente mais estável, sem mudanças súbitas e em lugar sem maiores complexidades; preocupação com a diminuição da vitalidade mental e física; perda de contatos sociais; percepção da incapacidade para realizar novos relacionamentos e novas atividades e um sentimento de isolamento e solidão.
Segundo Faria Júnior (1997) podem ocorrer diminuição da aceitação ou recusa da situação de velho, enfraquecimento da consciência, apego ao conservadorismo, estreitamento da afetividade, anomalias de caráter, desconfiança, irritabilidade e fatores individuais como sentimento de inutilidade, solidão, carência de amigos, elogios e baixa auto-estima.
Com relação aos aspectos sociais, estes estão inevitavelmente ligados aos aspectos psicológicos e biológicos. Segundo Mazo (2001) deve-se levar em conta que a mensuração do desempenho social não é fácil, pois trata-se de um conceito amplo, o qual envolve todas as atividades das relações humanas e que é influenciado por diferentes formas de ver o mundo.
Os fatores sociais em relação ao envelhecimento são aspectos discutíveis que apresentam diferentes perspectivas sobre a velhice e a integração social. O posicionamento social do idoso tem diversas posições para serem avaliadas como as relações, as atividades, os recursos e o suporte social ao qual ele está associado. Geralmente a identidade social do idoso é formada por suas percepções das informações que recebe de seus familiares, dos membros do grupo que pertence, da mídia de massa, etc.
Um fato bastante importante e que muda consideravelmente a vida do idoso é a questão da aposentadoria, que leva o indivíduo a se afastar de sua atividade profissional, podendo gerar um processo de despersonalização e marginalização social. Seria interessante que ele tivesse uma aposentadoria ativa, engajado em atividades de interesse como a participação de grupos de convivência, estudo, auto-estima, e atividades físicas e filantrópicas, realizasse cursos, enfim, uma série de atividades importantes e que fossem além de cuidar de netos e auxiliar filhos.
A família é outro ponto crucial no processo do envelhecimento. Ela é uma importante rede de suporte, a principal responsável pela manutenção, cuidado e proteção do idoso. Porém, muitas vezes isto não acontece, e o idoso pode passar por maus tratos e sofrer violência até mesmo dos próprios filhos. A sociedade também é uma importante fonte de isolamento social. Ela impõe moldes e padrões compatíveis, define o lugar e o papel do idoso, restringindo na maioria das vezes, a sua interação social. Isto pode ser devido ao desinteresse que o mercado de trabalho tem para com ele, pela degregação a ele delegada (MAZO, 2001).
O ideal seria que a pessoa idosa pudesse viver em sociedade, com seus direitos e deveres garantidos, tendo participação e integração com outras pessoas, segurança, renda própria e cuidado adequado.
Acreditando que é possível melhorar essa condição decadente que acompanha o processo de envelhecimento é que os próximos capítulos serão dirigidos. O que será discutido a seguir é, como o lazer e o esporte podem contribuir para que o idoso se integre melhor à sociedade, mantendo sua autonomia e interesse pela vida.
Esporte Lazer e Recreação para a Terceira Idade
1. Lazer e Recreação: discussões e entendimento
O lazer pode ser traduzido por uma forma de expressão do homem na sociedade em que vive. É uma experiência individual, criada a partir de suas opções e que tem como objetivo o prazer e a satisfação. O lazer tem um importante papel socializador e é determinado predominantemente, por uma grande motivação intrínseca, marcado por um sentimento de liberdade (BRAMANTE 1998). As vivências das atividades de lazer estão relacionadas aos bens culturais de cada um, são determinadas por fatores sócio-político-econômico e influenciadas por fatores ambientais.
Marcelino (apud Pinto 1998) entende o lazer como cultura, compreendida no seu sentido mais amplo, vivenciada no que chama de tempo disponível. Para o autor a disponibilidade de tempo implica a possibilidade de opção pelo lazer, contrapondo o tempo do lazer com o tempo das obrigações sociais, dentre as quais as de trabalho. A pessoa busca no lazer, basicamente como recompensa, a satisfação provocada pela situação.
Porém, ainda grande parte das discussões a respeito do tema lazer, normalmente, trazem consigo um fundo político e social onde fica evidente a tentativa de se impor ao entendimento da massa que, o lazer não tem um significado concreto, é apenas um tempo para não se fazer nada. Muitas vezes é visto como uma perda de tempo, algo não sério que faz parte da vida das pessoas. A respeito desta questão Werneck (2000) relata que o lazer é alvo de valores preconceituosos que imperam no senso comum oriundos de uma trama social e política que não leva em consideração os significados históricos, sociais e culturais do lazer. É necessário expandir este minúsculo entendimento de que o lazer está relacionado, apenas, com o tempo livre, o tempo desocupado e não vinculado ao trabalho, mas sim vê-lo como um modo de diversificar e de democratizar múltiplas vivências de conteúdos culturais, ampliando possibilidades para os sonhos, as experiências, as apropriações e recriações de saberes (PINTO 1998). A autora coloca que é preciso, também, valorizar a diversidade cultural nas formas de expressão para uma maior riqueza dessas experiências.
Outro ponto importante acerca do tema, é que, atualmente, ele sofre a interferência de vários fatores para a sua realização. Para Mazo (2001), o processo de urbanização; a limitação do espaço físico adequado; a desigualdade sócio-econômica, que privilegia quem tem condições de pagar pelo seu lazer; a necessidade de trabalhar neste horário para suprir o rendimento familiar; a falta de criatividade; acomodação; são alguns dos limitantes do lazer em nossa sociedade.
Mesmo sendo, o lazer, um tema bastante atual e muito comentado, o seu conceito não é bem esclarecido. Bramante (1998) coloca que, ao longo de 25 anos de estudo nesta área, conceituar lazer ainda é um desafio de extrema complexidade e que, a única certeza é que o lazer é algo muito particular na vida das pessoas. Para Mota (2001) o significado das atividades de lazer é determinado mais por fatores subjetivos como a liberdade e a percepção de competência na realização daquelas práticas de lazer, do que por fatores objetivos, como a prática em si mesmo ou a capacidade financeira do indivíduo. Mota (2001) coloca que o lazer pode ser considerado sob 3 perspectivas: o lazer como atitude; o lazer como tempo livre; e o lazer como atividade recreativa, demonstrando uma multiplicidade de significações que desencadeiam e exigem interpretações alargadas e que a recreação faz parte desta pluralidade. Werneck (2000) diz que o lazer é um amplo e interdisciplinar campo de estudos, pesquisas e aplicações.
Para Mazo (2001), a atividade de lazer como recreação utiliza atividades como jogos, dança, ginástica, esportes, caminhadas; de forma não compromissada de regras e performance, envolvendo diferentes faixas etárias e tendo o cuidado de atingir a todos que participam, priorizando a individualidade e as possibilidades dos indivíduos, desta forma a recreação é o fato, é o momento, a circunstância que o indivíduo escolhe espontânea e deliberadamente, através do qual ela satisfaz seus anseios voltados para o lazer. A recreação tem o papel de ser agradável para o indivíduo e deve respeitar a autonomia e a participação.
Em última análise, como o lazer acabou sendo entendido como um tempo livre, ele precisava ser organizado e controlado, e a recreação surge e ressalta-se valiosa neste sentido. Sendo encarada como uma questão política-social, a recreação representa uma possibilidade de ocupar as horas vagas de lazer das pessoas nas diferentes faixas etárias e direciona-se para o prazer, para o divertimento, para a ocupação saudável e útil desse tempo de ociosidade, tendo em vista a própria recuperação da força das massas produtivas (WERNECK, 2000). Pode-se perceber que atualmente, é crescente o interesse pela discussão que gira em torno da temática do lazer e da recreação, e isso se deve a inúmeras opções de estudo e de atuação profissional que o mercado de trabalho vem abrindo, especialmente quando se observa a preocupação no lazer e na recreação como um dos fatores fundamentais em busca da qualidade de vida.
Para os profissionais da área da Educação Física a discussão sobre este tema é de fundamental importância, já que esta área de atuação vem ganhando um espaço cada vez maior. Para Werneck (2000), a área da educação física vem contribuindo para o incremento da produção científica, pedagógica, social e cultural específica sobre a temática do lazer. Segundo Marcelino (2001), no Brasil, grande parte da educação para e pelo lazer, sobre tudo nos conteúdo físico desportivos, é efetuada pela disciplina da Educação Física, e historicamente, esta área é a que vem formando mais profissionais que trabalham na área e a reconhecem como tal.
Por isso, é importante que os profissionais dessa área contribuam para se mostrar o significado do lazer, em nossa sociedade, como uma forma de expressão humana, e que consigam demonstrar a inter-relação entre os conteúdos físicos-desportivos e os demais conteúdos culturais capazes de proporcionar o prazer buscado com o lazer. Principalmente no que se refere ao lazer para o idoso, pois esse tempo ocioso, aumentado ao se atingir a terceira idade, poderia ser ocupado com a prática de alguma atividade física, inclusive de um esporte, que além de proporcionar prazer favorece as suas condições de saúde física, psicológica e social.
2. O Esporte e o Lazer
Entender a prática esportiva como exclusividade de gente jovem, ainda faz parte de um consenso coletivo culturalmente universalizado, reforçado pela valorização da performance e dos recordes, super dimensionado-se a conquista em detrimento dos valores da participação. Porém, paralelo a isso, existem pessoas que praticam seu esporte, desvinculadas de tamanho apelo competitivo. Segundo Baur e Egler (apud Marques Filho,1999) as pessoas praticam suas atividades em círculo de amigos e colegas, em praças, em clubes, após o expediente normal de trabalho, aos fins de semana, nas férias, etc., sem a necessidade da formalidade de um espaço, de equipamento ou vestuário que o esporte de rendimento e institucionalizado exigem.
De acordo com Bento (2001) as atividades desportivas, lúdicas e corporais foram ao longo da história humana e continuam a ser portadoras de um caráter multifuncional, assim o desporto é uma forma específica de lidar com a corporalidade, é um sistema de comportamentos e rendimentos corporais influenciado pelas necessidades, interesses, finalidades, valores, normas, regras e convenções sócio-culturais. Stigger (2000) identificou em seu estudo que, grupos e indivíduos apresentam semelhanças e diferenças entre si no que se refere ao seu modo de viver o desporto. Assim, alguns se apropriam do desporto numa perspectiva séria e vinculada a idéia de produzir algo nesta atividade, já outros, o associam ao divertimento e fazem dele um fim em si mesmo, um passatempo, uma preocupação associada ao lazer, ao prazer, a alegria de jogar.
Mesmo sendo uma prática desvinculada de uma obrigação mais séria, não significa que constituam meras mercadorias a serem consumidas por participantes passivos, elas fazem parte da vida do indivíduo e segundo Stigger (2000) a prática esportiva aparece como mais uma maneira de expressar um determinado estilo de vida, relacionado com as escolhas que as pessoas e os grupos podem fazer dentro de um universo sempre limitado de escolhas possíveis.
3. O Esporte para a Terceira Idade
A desmistificação de preconceitos e mitos sociais relacionados com a terceira idade está em ousar fazer coisas que até então eram propriedades de quem é jovem. O desafio reside no fato de não somente proporcionarmos espaços de convivência e de contado interpessoal/integração social, a proposta deve transcender e ser um espaço pedagogizado de transformação, de criação de novos projetos, numa concepção de educação permanente. CEOLIN; DIAS, 2001).
É sabido que as atividades esportivas, lúdicas e corporais, sempre foram ao longo da história humana e continuam a ser portadoras de um caráter multifuncional. Visam emprestar a vida um sentido marcado pela consonância entre o exterior e o interior, entre a aparência e a essência, entre o aprimoramento corporal e o cultivo e a elevação da alma. Com o idoso não é diferente. O esporte deve ser visto não como uma mera modalidade de preenchimento do tempo livre, mas como instrumento da formação e do desenvolvimento em suas vidas.
Mesmo sabendo dos inúmeros benefícios que a prática esportiva pode trazer a esta população, é muito reduzido o número de pessoas idosas que participam de alguma modalidade esportiva ao longo de sua vida. A maioria deles são apenas espectadores esportivos. Segundo Bento (2001) o interesse dos idosos pelo esporte é maior em ver do que em participar. E ainda, é menor o número de mulheres idosas que praticam esportes.
O esporte pode ser trabalhado com os idosos em seus diferentes aspectos: rendimento, promoção de saúde e lúdico; de forma adaptada ou não. Vai depender do interesse e da motivação demonstrada por eles e também de suas condições físicas (MARQUES FILHO, 1999). Embora se saiba que muitos idosos estão engajados em esportes com o objetivo da performance e do rendimento, participando de competições, treinando exaustivamente em busca do sucesso e das vitórias, este trabalho se deterá no esporte como promoção à saúde, em busca de uma melhor qualidade de vida.
Segundo Bento (2001) os fatores determinantes para a participação esportiva ou não de indivíduos na terceira idade, são as relações familiares, os hábitos e os interesses, sendo que, na escala das motivações, a "saúde" está em primeiro lugar. O autor coloca que há uma estreita relação entre o esporte e saúde, atribuindo à prática esportiva uma visão de estilo de vida sadia. O exercício físico e esportivo surge como um dos pontos principais na promoção de estilos de vida orientados para a prevenção de inúmeras doenças, de busca pela saúde, do aumento da quantidade e da qualidade de vida. Observa-se na literatura que, a preocupação com a melhoria da qualidade de vida das pessoas idosas, tem enfatizado a importância da prática contínua de atividades e exercícios físicos para melhoria do status de saúde e do bem estar dos idosos.
O esporte vai além da promoção da saúde física do idoso, ele é capaz de preencher as mais diferentes expectativas e, segundo Guedes (2001) o idoso passa a ver a vida de outra forma, com mais otimismo. O esporte oferece meios de se relacionarem com companheiros, proporcionando melhoras nas relações sociais e afetivas. Segundo Mazo (2001) o esporte para o idoso tem um cunho existencial, resulta na possibilidade de integrar o corpo e a alma; na inclusão e no respeito social; na saúde; no reconhecimento familiar; na vontade de poder; no prestígio; na longevidade.
O profissional que deseja realizar um trabalho com esta população terá que se capacitar para tal. Estar atento para as características da turma, as individualidades dos alunos, os interesses e as expectativas. Ter conhecimento dos processos físicos e mentais que ocorrem com o envelhecimento e saber realizar as adaptações necessárias. Marques Filho (1999), justifica que as adaptações nos esportes de quadra ou campo são necessárias pois em sua forma original exigem um dispêndio de esforço físico intenso capaz de provocar riscos à saúde do idoso. O autor coloca ainda que, as atividades esportivas destinadas aos idosos devem ser revestidas de caráter participativo, valorizando os aspectos da integração, do lazer, da solidariedade, da identificação dos valores culturais. É importante atentar para os aspectos das adaptações com o material, com os equipamentos, com a metodologia como uma estratégia motivacional que propicie aos idosos o acesso e a permanência na prática esportiva. Guedes (2001) apresenta algumas recomendações para os procedimentos inicias a serem observados e adotados para com o indivíduo que participa de programas de atividades esportivas para idosos. Alguns princípios como uma história rica em inatividade com grande variabilidade relacionada a participação em atividades físicas são normalmente evidenciadas nas pessoas idosas, apresentando um marcante decréscimo na sua participação em atividade física. Recomenda-se então, que o idoso se submeta a um exame médico antes de iniciar um programa de atividade física; a atividade física deve ser progressiva e adaptada a cada nível individual de tolerância; a participação dos idosos nas atividades físicas deve ser cuidadosamente monitorizada, desenvolvida em um sistema personalizado de prescrição e baseado em fatos e não em mitos; o líder do programa necessita providenciar um sistema efetivo de comunicação dos ensinamentos e de manutenção dos esquemas motores com aconselhamento e encorajamento para que o idoso possa alcançar objetivos de performance realísticos; estratégias e incentivos devem ser adotadas para manter o interesse dos idosos pela atividade física.
É preciso salientar também que o trabalho esportivo com idosos requer um conjunto de etapas a serem cumpridas. Essa etapas deverão ser seguidas por eles, de forma gradual, para que possam obter bons resultados em situações difíceis, sem esquecerem que a aprendizagem e a descoberta dos movimentos técnicos é um longo processo. A variação e o aperfeiçoamento dos níveis de exigência que o esporte solicita, deverá evoluir progressivamente da forma simples para a complexa (GUEDES, 2001). E ao idoso cabe saber respeitar seu próprio corpo, suas próprias limitações físicas, tendo a consciência dos acidentes que podem lhe ocorrer na prática esportiva. É importante que o idoso treine dentro de suas reais condições, com segurança para desenvolver as características que o esporte lhe oferece. O autor ainda coloca que os principais domínios adquiridos pelo idoso na fase da aprendizagem, nem são as qualidades técnicas, mas sim as qualidades físicas, psicológicas, sociais, cognitivas e de coordenação. É uma fase de revolução do corpo, que vai além da preparação física e técnica, da melhora do equilíbrio, da concentração e da eficiência mental, ele passa a viver em seu habitat de uma forma diferente, com elementos construídos com propriedades culturais e valores que emergem de diferentes grupos e classes sociais.
De uma forma geral, o esporte como atividade lúdica, poderá proporcionar inúmeros benefícios aos idosos, porém, tais benefícios somente serão garantidos através de um trabalho que leve em consideração: o idoso e seu processo de envelhecimento; as peculiaridades esportivas; a formação profissional; a atuação multidisciplinar e as adaptações necessárias.
Benefícios e possíveis riscos do esporte para idosos
1. Possíveis riscos do esporte para o idoso
A falta de equilíbrio e grande possibilidade de quedas são dois pontos importantíssimos a serem observados durante a prática. Segundo Guedes (2001) o equilíbrio é afetado a medida que a coluna vertebral se curva e o eixo de sustentação do corpo se desloca. O uso de remédios pode provocar vertigens e também afetar o equilíbrio. A diminuição do equilíbrio está inevitavelmente ligada ao aumento das quedas, que também é influenciada por fraqueza muscular, instabilidade das articulações do quadril e do joelho, desordens visuais, doenças cardiovasculares e ao consumo de alguns medicamentos. O equilíbrio passa a ser então uma das principais preocupações para quem trabalha com esporte para idosos, pois as quedas podem ter consequências graves como fraturas, traumas e até mesmo a morte. Isso pode levar o idoso a ter medo de participar evidenciando uma "bola de neve" onde, praticando esporte ele poderá cair, mas a redução da atividade leva a uma perda de força, flexibilidade e mobilidade o que irá aumentar o risco de quedas e fraturas.
Idosos com mais de 65 anos participam em praticamente todos os tipos de esportes, onde os limites físicos e mentais parecem não ser importantes para realizarem proezas dignas de jovens atletas. Porém, é necessária muita cautela, pois o esporte para o idoso é um trabalho complexo. É preciso cuidado especial com esforços exagerados, acima de seus limites físicos, podem provocar danos físicos e até mesmo a morte. Guedes (2001) apresenta uma pesquisa realizada por Cláudio Gil de Araújo que mostrou a morte por infarte de 7 idosos em competição master em um período de 16 meses. Para o autor o maior risco com relação as mortes, ocorre em indivíduos que fazem exercícios vigorosos de forma esporádica. Segundo Junior (2001) esses acidentes e óbitos podem ser explicados pelo fato de que se está apenas começando a conhecer a magnitude e as particularidade do processo de envelhecimento, não sendo exagero admitir que o idoso ainda é um desconhecido para muitos ramos da ciência.
É preciso, também, que se tenha um cuidado muito grande com os esportes de contato físico, principalmente para aqueles que não tiveram passado esportivo, pois o risco de queda durante o decurso do jogo é maior e ainda, a prática fica limitada pelas suas condições físicas e motoras. Outros cuidados importantes devem ser tomados como por exemplo a exposição do idoso a temperaturas extremas, pois o envelhecimento tem sido associado a uma progressiva deteriorização na adaptação tanto a ambientes frios, quanto a ambientes quentes e tal exposição poderia vir a causar a morte do idoso, principalmente os mais frágeis. É preciso também tomar cuidado com predisposição do idoso com relação a lesões periféricas.
Em resumo, a principal preocupação com o esporte na terceira idade é com o risco de quedas e fraturas que são substancialmente maiores nesta fase da vida. Mas, apesar desses riscos relacionados com o esporte, as pessoas que o praticam parecem não se importarem com isso. Para Devide (2000) o esporte raramente é representado como fonte de traumatismo, de lesões ou de seqüelas, ele atrai para si as idéias de saúde, longevidade e bem estar.
2. Benefícios da prática esportiva
A prática esportiva para os idosos tem um cunho existencial. O sonho de cada indivíduo é envelhecer com boa saúde mental, com qualidade de vida e acima de tudo, ter satisfação de viver. Os idosos reconhecem e sentem alterações positivas na esfera biológica, mental e psicológica, deixar de ter depressão, ter mais saúde e melhor aptidão física, ter capacidade funcional mais eficaz, significa sentirem mudanças pessoais significativas, passam a ter um novo modo de relacionamento consigo, com o outro e com o mundo que os cerca. Devide (2000) apresenta um estudo no qual se evidencia que idosos que se exercitam, geralmente justificam sua prática em função da manutenção da saúde, porém pode-se incluir ainda uma preocupação com a longevidade, com a estética e por razões emotivas.
A nível fisiológico e funcional o que se observa é que a atividade física regular e sistematizada mantém e até mesmo aumenta a aptidão física da população idosa, com uma potencial melhora no bem-estar funcional e diminuição das taxas de morbidade e de mortalidade. Todas as mudanças morfológicas e funcionais descritas anteriormente podem ser amenizadas e retardadas com a participação do idoso em um programa de atividade física regular, tratando-se aqui da prática esportiva. Para Okuma (1998) muitas das alterações nas estruturas e funções fisiológicas, que ocorrem com a idade, resultam da inatividade física.
Em cada um dos sistemas do organismo humano, ocorrem alterações significativas, provenientes da prática de atividade física, que serão descritas, esquematicamente, a seguir.
Com relação ao aparelho locomotor há o fortalecimento dos músculos em geral, especialmente das pernas e das costas, e do tecido conectivo; melhora a sinergia motora das reações posturais; melhora a velocidade de andar, os reflexos, a coordenação, o equilíbrio; incrementa a flexibilidade com melhora na mobilidade; ajuda no controle da artrite; contribui na manutenção e até mesmo no aumento da densidade óssea. Todos esses efeitos vem ajudar o idoso no seu dia-a-dia, facilitando a realização de suas AVDs (atividades de vida diária) como vestir-se, banhar-se, apanhar um objeto no chão; e também de suas AIVDs (atividades instrumentais da vida diária) como fazer compras, limpar a casa, utilizar meios de transporte. Ainda, esses efeitos contribuem significativamente na prevenção de quedas, diminuindo o risco de fraturas e de problemas articulares. Talvez o mais importante disso tudo, seja o aumento da independência do idoso, possibilitando uma vida mais confortável e satisfatória, ampliando sua atuação em sociedade.
A nível cardiovascular e metabólico pode ser observado diminuição da gordura corporal, mantendo assim o seu peso; aumento da sensibilidade a insulina, diminuindo assim os seus níveis, e uma melhora da tolerância à glicose, ajudando no controle dos casos de diabetes; aumento do volume sistólico, do VO2 max., da ventilação pulmonar; diminuição da frequência cardíaca no trabalho submáximo e em repouso; diminuição da pressão arterial e uma melhora no perfil lipídico. Todos esses efeitos tem-se mostrado de fundamental importância no tratamento e na prevenção de doenças como a diabetes, enfermidades cardíacas, hipertensão, enfermidades respiratórias, enfim, uma série de problemas relacionados com a saúde.
Segundo Guedes (1997), resumidamente, a atividade física ajuda a evitar a atrofia muscular, favorece a mobilidade articular, evita a descalcificação óssea, aumenta a capacidade cardiopulmonar e cardiovascular, previne a obesidade, aumenta a liberdade motora e permite maior independência no seu dia-a-dia.
Com relação aos aspectos psicológicos, parece haver uma relação positiva entre a atividade física e o bem estar psicológico, porém pouco tem se estudado sobre a relação da atividade física e a saúde psicológica na população idosa. Segundo Okuma (1997) idosos que praticam atividade física tem características de personalidade mais positivas do que os não praticantes; e ainda, idosos fisicamente ativos tendem a ter melhor saúde, grande habilidade para lidar com situações de estresse e tensão; demonstram pensamentos positivos e de auto-eficácia, auto-conceito, auto-estima e de auto-imagem. Estudos mostram também a associação entre a depressão e a atividade física em idosos, sendo que há uma redução deste distúrbio como efeito da atividade física. Segundo Neri (1993) há uma relação positiva entre aptidão física e saúde mental, com efeitos sobre a cognição, a percepção, o afeto, a personalidade, o auto-conceito, amenizando síndromes clínicas como a depressão, a psicose, o alcoolismo e a deficiência mental.
As pessoas sentem-se melhor consigo mesmas após a atividade física, isso pode ser devido a inúmeros fatores como a melhora da imagem corporal resultante da perda de peso e até mesmo do aumento da massa muscular, ou pelo simples fato de completar uma tarefa anteriormente pensada como impossível. Para Bento (2001) a atividade esportiva nos idosos melhora o sentimento de auto-avaliação e bem-estar geral, diminui os medos e receios, aumenta a disponibilidade para a comunicação e para a convivialidade, da maior estabilidade emocional e reduz os estados de depressão e agressividade. Para o autor, a aprendizagem de movimentos e habilidades esportivas nesta idade é verdadeiramente uma aprendizagem cognitiva e sócio-afetiva, e há quem sustente que os efeitos positivos do esporte no idoso são mais significativos no domínio psicológico do que puramente no fisiológico e motor.
Os benefícios que se evidenciam a nível fisiológico e psicológico também podem ser verificados a nível social. A prática esportiva propicia um contato social e uma interação com pessoas que vão além do seu restrito grupo familiar. Já que o isolamento, a solidão e a perda da autonomia repercutem negativamente no estado de saúde do idoso, o esporte é chamado a dar o melhor do seu teor de humanismo em prol de uma melhor qualidade de vida e aumento da longevidade em condições ótimas de saúde.
Para Guedes (2001) o esporte oferece ao idoso meios de se relacionarem com companheiros da mesma faixa etária, proporcionando-lhes uma melhora nas relações sociais indispensáveis ao equilíbrio pessoal e a manutenção de sua autonomia. O autor ainda coloca que o esporte apresenta algumas qualidades sociais como a compreensão da importância das relações humanas, do respeito, da amizade; torna-se pontual, inovador, independente, perseverante e disciplinado; respeita o meio no qual se encontra; aprende a trabalhar em equipe, integra-se, é mais tolerante e cooperativo.
Vários trabalhos tem evidenciado a importância da atividade física no processo de socialização do idoso e na ampliação de suas relações interpessoais, onde muitos idosos declaram que estar engajado em um programa de atividade física é enfrentar a problemática da solidão.
Mazo (2001) apresenta um resumo dos benefícios da prática esportiva regular, nos 3 aspectos (fisiológicos, psicológicos e sociais) vistos. Segundo a autora, esta prática retarda o surgimento das degenerações no sistema cardiopulmonar, esquelético e metabólico atribuídas ao envelhecimento; melhora ou mentém os elementos da aptidão física; amplia as relações interpessoais; melhora a auto-imagem e a auto-estima; diminui os medos, receios, estados depressivos e agressividade, mantendo o equilíbrio emocional; favorece a aquisição de novas aprendizagens de movimentos e habilidades esportivas; favorece a melhor autonomia, independência e disponibilidade para a comunicação.
É importante ressaltar que a prática de atividade física, incluindo-se o esporte, não vai impedir o envelhecimento, mas vai contribuir para uma melhor qualidade de vida, e que, embora os estudos se detenham mais aos benefícios fisiológicos, ao que parece os efeitos positivos a nível psicológicos e sociais são tidos como mais importantes para os idosos.
Considerações finais
Envelhecer é um fenômeno normal e natural, característico do ser humano e de todos os seres vivos em geral. O envelhecimento é também um fenômeno que se evidencia de maneira diferenciada e em momentos diferentes no decorrer da vida. Não ocorre, necessariamente, simultâneo a idade cronológica, ele apresenta considerável variação inter-individual (determinação genética) e é influenciado por fatores externos (hábitos e comportamentos da vida do indivíduo).
Como já foi visto anteriormente, os idosos tem vivido mais tempo com um crescente aumento populacional. Para a sociedade em geral e principalmente para o idoso, é importante que o ciclo de vida aumentado possa ser vivido com qualidade e não se tratar apenas de um período de aumento de estados patológicos e de morbidades que precedem a morte. O que os estudos analisados demonstram é que a simples participação do idoso em um programa de atividade física regular, influencia para que ele tenha um bom nível de saúde física, psíquica e social.
A idéia que se estabeleceu no presente estudo, de saber qual o papel da atividade esportiva, enquanto forma de lazer, para melhorar a qualidade de vida do idoso, veio sendo discutida ao longo do texto.
Ficou evidente que o lazer para o idoso assume um papel muito importante. Depois de uma vida dedicada ao trabalho, o idoso se depara com a aposentadoria e um tempo livre que antes não dispunha. Ele precisa então preencher este tempo livre com algumas atividades que lhe sejam significativas e prazerosas. Surge então, a possibilidade da vivência esportiva, não apenas para preencher este tempo livre, mas para propiciar ao idoso uma nova forma de interação e convívio, que vá além de uma responsabilidade para melhorar as condições de saúde física, mas que lhe proporcione uma melhora na sua qualidade de vida, sendo desfrutada com gosto, entusiasmo e alegria. O que não fica muito claro na literatura é a questão do esporte para o idoso. Poucos estudos se dirigem para esta área, principalmente no que se refere ao esporte como forma de lazer para esta população. Normalmente o que se evidencia é uma referência quanto a prática de atividade física e não, especificamente, a prática esportiva. Por isso, o que se sugere é que sejam feitas maiores investigações a este respeito, afim de melhor orientar profissionais que queiram desenvolver trabalhos práticos com esportes para idosos.
Com relação aos riscos de se praticar esportes nesta faixa etária, eles parecem ser maiores para indivíduos que participam de competições, objetivando performance, ou para aqueles que não tem uma prática regular, os esportistas de finais de semana. Com relação aos benefícios desta prática, os autores são unânimes em afirmar que a prática sistematizada de atividade física, incluo aqui o esporte, é de fundamental importância para o bem-estar físico, psicológico e social, melhorando assim a qualidade de vida do idoso.
Estudos sobre os benefícios que a atividade física pode ter para a pessoa idosa parecem se dirigir para um ponto em comum. Ela ameniza e retarda os efeitos do envelhecimento a nível fisiológico, previne e ajuda no tratamento de doenças, podendo até aumentar a expectativa de vida do sujeito.
Porém, em se tratando da atividade física e dos seus efeitos a nível psicológico e social, os estudos não são suficientes, e deixam a desejar, principalmente no que se refere aos riscos, se é que possam existir, que a atividade esportiva pode trazer para o idoso. Com relação aos benefícios, alguns são descritos, mas se faz necessário maior investigação. Apesar disto, ao que parece, para o idoso, o bem-estar psicológico e o convívio social são mais importantes do que os efeitos a nível fisiológicos.
Pode-se ressaltar, aqui, a questão da independência funcional, que assume particular relevância para a qualidade de vida da população idosa, ela é muito significativa e pode ser traduzida simplesmente pela capacidade do idoso realizar as tarefas diárias sem a ajuda de terceiros. Além disso, a interação social, o bem-estar psicológico e a satisfação na velhice, embora sejam aspectos bastante subjetivos, também são tidos como fatores que sofrem efeitos positivos com a atividade física.
A atividade física, e o esporte em particular, tornam-se um importante meio de oportunidade de desenvolvimento e aprendizagem, possibilitando um espaço para que o indivíduo possa movimentar-se, organizar-se, descobrir-se.
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