Influência da atividade física na autoestima de idosas participantes do programa de atividade física orientada, desenvolvido no Centro de Convivência do Idoso ‘Nina Maria Cruz’ no Gama, Distrito Federal Influencia de la actividad física en la autoestima de mujeres mayores participantes del programa del actividad física orientada, desarrollado en el Centro de Convivencia de Personas Mayores ‘Nina Maria Cruz’ en Gama, Distrito Federal |
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*Professora de Educação Física. FEDF **Prof. Titular da Universidade Católica de Brasília (Brasil) |
Elisamar Pinto Moraes* Carmen Jansen de Cárdenas** |
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Resumo O presente estudo tem como objetivo analisar a Influência da atividade física na autoestima de idosas participantes do programa de atividade física orientada desenvolvido no Centro de Convivência do Idoso – “Nina Maria Cruz” – no Gama- Distrito Federal. Foram estudadas por cinco meses, 20 senhoras, com faixa etária igual ou maior que 60 anos e que fazem parte do Grupo de Convivência de Idosos. Foi possível ao final do estudo, identificar os efeitos da atividade física na autoestima e auto-conceito das praticantes. Foram identificadas mudanças no comportamento, referentes ao auto-cuidado, socialização e auto-valorização. Conseqüentemente, conforme relatos, devido melhora na autoestima, observou-se também mudanças quanto a solidão e depressão. Mudanças estas que tornam aconselhável que mulheres sem contra-indicação médica, pratiquem e mantenha a atividade física como forma de melhorar sua qualidade de vida e bem estar geral. Unitermos: Atividade física orientada. Autoestima. Autoconceito.
Resumen Palabras clave: actividad física orientada. Autoestima. Auto-concepto.
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010 |
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Introdução
Verifica-se hoje uma elevada taxa de longevidade, considerando-se que a população mundial está envelhecendo. Tal mudança demográfica exige alterações de comportamentos político-sociais em todas as áreas da atividade humana. As políticas públicas buscam ações para atender esta demanda crescente e proporcionar melhor qualidade de vida ao idoso melhorando sua auto-estima e que viabilize uma mudança de hábitos e valores com relação ao corpo.
Segundo Okuma (2004), estudos em gerontologia têm demonstrado que a atividade física junto com hereditariedade, alimentação adequada e hábitos de vida apropriados podem melhorar em muito a qualidade de vida dos idosos. Embora existam questionamentos em relação ao papel da atividade física no processo de envelhecimento, já há muitos dados que configuram seu benefício incontestável para aqueles que a praticam, em relação à saúde física, mental, psicológica e social.
O enfoque principal da atividade física regular deve ser na promoção da saúde, e mesmo para indivíduos com saúde debilitada, a prática de exercícios é muito importante, pois pode controlar, amenizar, evitar progressão da doença e/ou reabilitar o paciente. A atividade física e lazer sociabilizam o idoso, melhoram a autoestima e faz com que estes se sentem mais independentes. Vários estudos mostram que com a atividade física há melhora física, psicológica e social. Os benefícios não são apenas biológicos e fisiológicos: existe uma grande ajuda psicológica com a prática regular de exercícios e atividades de lazer, o idoso mantém a auto-estima, autoconceito positivo e um sentimento de auto-eficácia. Pois com o envelhecimento ocorrem mudanças corporais e com a atividade física o idoso aprende a gostar mais de seu corpo obtendo satisfação pessoal. A prática regular de atividade física e lazer é capaz de minimizar os efeitos do envelhecimento. O que garante aos idosos a possibilidade de continuar desenvolvendo suas atividades de vida diária. Mas mesmo havendo essa associação entre atividade física e saúde, grande parte da população idosa ainda é inativa.
Segundo Okuma (2004) não há nenhuma fórmula predeterminada do que deve ser feito na terceira idade. Por essa razão, dois fatores são preponderantes na escolha da atividade física. Primeiramente, o idoso precisa olhar para si e ver qual a sua capacidade funcional nas atividades do dia-a-dia; outro fator fundamental é a avaliação da saúde. Estudos mostram que pelo menos 70% dos idosos têm um problema de saúde e a atividade física pode ser uma grande aliada do tratamento. Após a realização desses dois passos iniciais, o idoso deve escolher a atividade de que mais gosta. É importantíssimo que ele tenha prazer. Ao fazer algo que não gosta, o idoso pára após dois meses do início dos exercícios, por isso vale experimentar várias atividades físicas até encontrar a que melhor se adapta ao seu perfil. Após tomar a decisão, o idoso deve fazer uma avaliação clínica para saber qual a atividade ideal a ser adotada. Os que não gostam de ficar sozinhos podem formar grupos de amigos ou procurar instituições que tenham cursos ou atividades voltados para os idosos. No programa de atividade orientada oferecido ao grupo de senhoras do Centro de convivência do Idoso – “Nina Maria Cruz” foram disponibilizados: caminhada e dança (visando estimular e trabalhar o sistema cardiovascular), alongamento e ginástica localizada com e sem sobrecarga (sistema músculo-esquelético) e yoga (sistema nervoso).
Para o ser humano, a imagem corporal desempenha um papel importante na consciência de si. Schilder (1981) afirma que a imagem corporal é tanto imagem mental quanto percepção; se a percepção do corpo é positiva a auto-imagem será positiva, e se há satisfação com a imagem do seu corpo, a auto-estima será melhor. A imagem do corpo pode ser modificada pela prática de atividades físicas como a ginástica, danças entre outras que modificam a postura corporal. As atividades físicas e o lazer são eficientes para modificar a imagem corporal e diminuir a rigidez da forma física. Desenvolver a auto-imagem positiva é ter a certeza de ser capaz de levar uma vida plena e realizada em nossa sociedade, sendo esta imagem estimulante, inquietante ou decepcionante.
A auto-imagem é conceituada por Schilder (1981) como a representação e a figuração de nosso corpo formada em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para nós, enquanto que a auto-estima decorre da atitude positiva ou negativa que a pessoa tem de si mesmo. Autoestima é o que a pessoa sente a respeito de si mesma (Mosquera, 1976).
Os autores Davis (1997), Fox (1997) e Hasse (2000) apud Benedetti e col.(2003) afirmam que com o processo de envelhecimento há uma diminuição da auto-imagem e da auto-estima. O ser humano é dependente do seu corpo, das habilidades, do modo de ser e de se cuidar, bem como da integração e harmonia com relação ao seu “eu”. A atividade física se constitui em uma forma de envelhecer ativo, para que os idosos possam ter autonomia e independência por mais tempo com melhor auto-estima.
Objetivos
Analisar a influência da atividade física na autoestima de idosas participantes de programa do programa de atividade física orientada desenvolvido no Centro de Convivência do Idoso – Nina Maria Cruz - no Gama - DF.
Identificar como atividades físicas promovem a autoestima.
Pesquisar de que forma a atividade física orientada pode influenciar na autoestima das idosas participantes e como esta pode propiciar melhor qualidade de vida.
Tipo de estudo
Estudo analítico observacional – pois os participantes não são sorteados para o s respectivos grupos porque já pertencem a ele antes do inicio da pesquisa. Prospectivo pois o avaliador planeja e controla o métodos de avaliação.(causa – efeito)
A abordagem foi qualitativa, haja vista que a investigação recaiu sobre como e por que os efeitos foram produzidos. A pesquisa qualitativa constitui um termo genérico utilizado nas ciências sociais para abranger estratégias diversas de pesquisa. Existem literaturas independentes e detalhadas sobre o grande número de métodos e abordagens classificados com pesquisa qualitativa, tais como o estudo de caso, a política e a ética, a investigação participativa, a entrevista, a observação participante, os métodos visuais e a análise interpretativa. Os dados identificados serão caracterizados pelos aspectos descritivos relacionados com as pessoas ou com os temas enfocados e analisado a partir de elementos valorativos, não de quantificações. Não haverá, entretanto dicotomia entre as abordagens qualitativa e quantitativa. Pois dados quantitativos não eximem a essência qualitativa do objeto pesquisado.
Amostra
O Grupo de participantes foi composto de 20 senhoras idosas, conforme classificação do Estatuto dos Idosos (Abreu, 2004), isto é, com 60 anos ou mais, não-institucionalizadas. Participantes do Programa de atividade física orientada, oferecido a comunidade e desenvolvido no Centro de Convivência do Idoso –“Nina Maria Cruz” na cidade do Gama – DF.
Foram considerados os seguintes critérios: pessoas de qualquer grupo étnico, de qualquer estado civil, praticantes ou não de qualquer religião, do sexo feminino, com idade mínima de 60 anos, participantes e freqüentes no Programa de atividade física há 1 (um ano). O critério de exclusão foi unicamente a incapacidade total de locomoção dos participantes
Protocolo de estudo
Inicialmente, a pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética da Universidade Católica de Brasília. Ao grupo de estudo foi esclarecido o motivo da pesquisa e feito um convite à participação nesta. Após anuência, foi solicitada a assinatura do Termo de consentimento Livre Esclarecido, conforme orientação da Resolução nº. 196 de 10 de outubro de 1996, com Conselho Nacional de Saúde. Após a primeira fase de esclarecimento e assinatura do Termo de consentimento Livre e esclarecido, foi realizado um breve levantamento sócio demográfico, visando coletar dados relevantes para caracterização e análise do perfil da população estudada.
Na terceira fase, foi aplicada a Escala de Autoestima de Rosenberg (ROSENBERG SELF-ESTEEM SCALE) adaptada por Carmen Jansen de Cárdenas (2007), através do qual foi avaliado o autoconceito e a autoestima destas Senhoras.
O grupo estudado participou de três aulas semanais de 60minutos cada. Dividida em 15minutos de aquecimento e alongamento, 25 minutos de atividade física orientada com objetivos específicos e 20 minutos de alongamento e relaxamento. Respeitando o limite e capacidade individual. Durante 5 (cinco meses)
Ao final dos cinco meses foi aplicada a entrevista semi-estruturada, visando verificar mudanças na autoestima das participantes.
Tratamento dos dados
Em uma primeira etapa, os dados sócio-economicos referentes ao perfil da idosas, foram coletados e estatisticamente computados. Na segunda etapa, foi aplicada a Escala de Autoestima de Rosenberg e os dados foram computados. Na terceira etapa, foram trabalhados os dados da entrevista semi-estruturada apartir de critérios indicados por Bardin (1977) em seguida os dados foram compilados.
Análise dos dados e resultados
A maioria das participantes apresentou idade média entre 60 e 64 anos (11 participantes), sendo que 4 delas (apresentava idade entre 65 e 69 anos) e 5 (apresentava idade entre 70 e 80 anos). Perfazendo 100% (N=20) a participação femina. A maioria das participantes - doze (60%) são casadas, seguida pelas viúvas - cinco (25%), divorciadas - duas(10%) e solteira – uma ( 5%). Quanto a alfabetização, dezoito (90%) são alfabetizadas e somente duas 10%, não. A maioria 85% possuem casa própria, e geralmente moram com a família – marido, filhos, às vezes com nora e netos; Somente três participantes trabalham fora de casa. As demais, são aposentadas, pensionistas ou dependem financeiramente do marido ou filhos. Das vinte participantes, somente quatro disseram não ter comorbidade alguma, as demais relataram hipertensão, hipertensão (única ou associada à labirintite, osteoporose ou reumatismo), e uma relatou doença cardíaca.
Analisando a Escala de Autoestima de Rosenberg, adaptada por Carmen Jansen de Cárdenas (2007), foi possível verificar que nenhuma das participantes encontra-se abaixo da média. Somente duas (P1 e P17) alcançaram pouco mais que 30 pontos. É importante lembrar que quanto mais próximo de 40 o resultado estiver, melhor a autoestima do indivíduo. Conforme o gráfico abaixo, nenhuma das participantes encontra-se abaixo da média. Somente duas (P1 e P17) alcançaram pouco mais que 30 pontos.
Tabela 1. Pontuação das participantes na Escala de Rosenberg
Partic. |
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Pontos |
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29 |
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25 |
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27 |
29 |
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24 |
28 |
29 |
P = Participante
Gráfico 1. Pontuação total de Rosenberg X Pontuação alcançada pelas participantes
Os gráficos abaixo demonstram detalhadamente como as participantes pontuaram na Escala de Autoestima de Rosenberg. Nestes gráficos podem ser observado a auto-avaliação de cada participante em relação a sentimentos positivo (questões 1,3,4,7,10) e negativo(*). (questões 2,5,6,8,9). As questões são pontuadas da seguinte forma: Cada item de resposta, varia de 1 a 4 pontos. Conta com as seguintes opções de resposta: Discordo Inteiramente (1); Discordo (2); Concordo (3); Concordo Inteiramente (4). As questões marcadas com asterisco (*) são pontuadas inversamente – estas referem-se a sentimentos negativos.
No Item 1 da Escala - Em geral, estou satisfeito comigo mesmo(a). , 16 participantes (80%) responderam Concordo Inteiramente; 4 (20%) responderam Concordo e nenhuma marcou Discordo ou Discordo Inteiramente.
No Item 2* da Escala - Ás vezes eu acho que não sou bom em nada – Observa-se uma afirmação negativa onde 8 participantes (40%) responderam Concordo Inteiramente; 10 (50%) responderam Concordo; 2 (10%) responderam Discordo e nenhuma marcou Discordo Discordou inteiramente.
Analisando o terceiro item - Eu acho que tenho bastantes qualidades positivas. A maioria, 18 participantes (90%), mostrou ter boa autoestima. Sendo que uma senhora (5%) marcou Concordo e outra (5%) Discordou.
No quarto Item - Eu sou capaz de fazer coisas tão bem como a maioria das pessoas. Nove participantes (45%) concordaram Inteiramente, 7(35%) concordaram e 4 (20%) discordaram.
Item 5* da Escala de Autoestima - Eu acho que não tenho muitas coisas das quais possa me orgulhar – Segunda afirmação negativa da Escala. Seis participantes (30%) Concordaram Totalmente; 9(45%) maioria Concordou; 5 (25%) Discordaram e Nenhuma Discordou Totalmente.
No Item 6* - Às vezes me sinto desnecessário. Doze idosas (60%) simplesmente concordaram. Quatro (20%) - Concordaram Inteiramente e 4 (20%) Discordaram. Nenhuma discordou Inteiramente. Sentir-se desnecessária, inútil, frágil vem confirmar a conotação que o idoso dá a fase da velhice.
No Item 7 - Eu sinto que valho alguma coisa, pelo menos tanto quanto outras pessoas. Dezoito idosas (90%) Concordaram Inteiramente. E somente duas (18%) - Discordaram. Nenhuma respondeu que Concordava ou Discordava Inteiramente.
Na quarta questão negativa No Item 8* - Eu gostaria de me respeitar mais. Quatorze idosas (70%) concordaram Inteiramente. Cinco (25%) Concordaram e somente uma (1%) Discordou. Nenhuma respondeu que Discordava Inteiramente.
No Item 9* - quinta questão negativa da Escala de Rosenberg: No fundo tenho a tendência de me sentir um fracasso – Oito idosas (40%) Concordaram Inteiramente e igualmente oito (40%) simplesmente Concordaram com a afirmativa. Somente quatro (20%) Discordaram, demonstrando que não se sentem um fracasso. E nenhuma Discordou Inteiramente.
No Item 10 da Escala de Rosenberg - Tenho uma visão positiva em relação a mim mesma. Dezessete mulheres (85%) Concordaram Inteiramente e três (15%) Concordaram com a afirmativa. Nenhuma respondeu que Discordava ou que Discordava Inteiramente. O que mostrou que a maioria tem boa visão sobre si mesmo.
Em um terceiro momento, com objetivo de verificar a influência da atividade na autoestima das idosas pesquisadas, foi aplicada entrevista semi-estruturada e individual com questões direcionadas.
As participantes foram identificadas na transcrição das entrevistas com as iniciais dos seus nomes e receberam uma numeração que se iniciou em P1 e terminou em P20. Na análise de dados as participantes foram identificadas pela numeração P1 a P20.
Na entrevista semi-estruturada e individual, obteve-se como reposta, alguns dos relatos abaixo, que possibilitou investigar a influência da atividade física na autoestima das participantes da pesquisa.
Na primeira pergunta: Motivos que a levou procurar o Programa de atividade física orientada?
“Devido doença. Eu era muito doente. Tinha depressão. Tenho osteoporose. Mas melhorei muito aqui na física, né. Muito mesmo. E outros problemas, quem tem problema e vem pra aqui, melhora muito. A gente distrai, além da saúde é uma distração. Me divirto muito aqui.” P2,72anos
“A necessidade e a idade me fizeram buscar a ginástica. Eh, a falta do que fazer, por que sou aposentada. Então eh, isso cobre muito o vazio da gente. È muito bom.”P17, 62anos
“Eu me sentia assim...Muito depressiva. Muito solitária. Muito sozinha. Daí umas colegas me falaram da ginástica aqui, e eu vim procurar. (...). No momento que comecei a fazer ginástica eu senti muita felicidade. Comecei a conviver com outras pessoas. Eu vivia muito sozinha. Hoje ta bem melhor. Tento não faltar as aulas.”P9, 61anos
Pode-se observar que os principais motivos para procura por atividade física orientada num clube para idosos são manter a saúde, presença de comorbidades e solidão. E conforme relatos, os objetivos têm sido alcançados.
Foi questionado se houve mudança na sua saúde e nos relacionamentos das participantes desde que iniciaram a prática regular da atividade física orientada no Centro de Convivência.
“Mudou. Eu sentia muita dor nas pernas, na coluna (na coluna assim, porque eu tenho osteoporose), mas agora eu quase não sinto dor nenhuma. Vivo só com meu marido. A ginástica é boa né. Porque pelo menos, além de ser uma atividade pra saúde da gente. O caso é complicado né. Eu quase num passeio. É só ginástica, visitar um doente e igreja. Meu véio não deixo ele sozinho o dia todo, quando tem passeio eu levo ele. Ele tem problema por causa do derrame.”P4,80anos
“Melhorou quanto à saúde.Coragem, mais ânimo. Trabalho muito em casa. Meu marido ta com 80 anos e dá muita preocupação pra gente. Então ficou tudo pra mim e ainda cuidar dele. Nem dá conta de tomar banho sozinho mais, ele dá conta. A bebida acabou com ele cedo. As vezes eu tinha a impressão que a depressão ia me pegar. (...) daí comecei a freqüentar a ginástica, daí a gente faz muita amizade, a gente ri muito. São tantas coisas que a gente se diverte” P5, 74anos
Foi pedido às participantes que relatassem como elas se viam desde que iniciaram a prática de atividade orientada:
“Pra falar a verdade – uns dez anos mais nova. Assim mais ativa, mais realizada.”P2, 72anos
“Ah melhor que antes.né. Ah estou mais alegre. Eh a gente conversa muito, distrai. Meu corpo mudou pra melhor.”P6, 74 anos
“Gosto demais de mim hoje. Sou amiga de todo mundo, sempre tem atividade pra gente aqui. Não me sinto sozinha.”P10, 74 anos
Foi perguntado as participantes se estas gostavam de si mesmas; o que mais gostavam e menos gostavam e o que mudariam.
“Ahhh demais, gosto de mim demais (sorriso). (...) gosto de andar bem arrumada, cheirosa. Bem arrumadinha. Até que mudei o perfume agora. Não uso maquiagem. Só Batom. Não gosto em mim da minha perna cheia de varizes. (...) Se eu pudesse só mudaria isso em mim.”P2,72anos
“Se eu não gostar de mim. Ninguém gosta né. Né verdade. Quem gosta da gente, é a gente. Não é o outros não.(...) E dá graças a Deus pela idade, por tudo. (...)Não gosto do meu nome e do me olhos.(...) Olho verde não é bonito. Olho bonito é preto. Não gosto do meu nome, pelo menos no sobrenome tem Maria, né. Mas Conceição e o outro nome eu não gosto. Se pudesse eu colocaria só Maria.”P4, 80anos
“Gosto de tudo no meu corpo né. Mas tenho vontade de pôr silicone. (gargalhadas)”`P16, 66anos
Foi pedido as participantes, que relatassem como elas achavam que as outras pessoas as viam.
“As outras pessoas me vêem uma pessoa boa, responsável, de caráter graças a Deus. Né. Eh, boa de coração, amiga. Eu procuro ser isso.”P6, 74anos
“As outras pessoas me vêem como uma pessoa alegre, simpática. Amiga. Todo mundo sabe, comigo não tem tristeza não”P10, 74anos
“Me vêem como uma pessoa muito animada. Tem gente mais nova que eu, e não coragem de fazer o que eu faço. Uma pessoa com disposição.”P14, 67anos
Foi questionado se a atividade física orientada oferecida ao grupo das participantes contribuiu de alguma forma para melhorar de alguma forma a vida destas mulheres, e se elas recomendariam a outras mulheres a prática da atividade física.
“Com certeza. Meus relacionamentos, minhas atitudes, muita coisa(...) Eu acho que as pessoas deviam sim fazer atividade física” P1,72anos
“Ganhei mais amigos fazendo ginástica.Todo mundo devia fazer.”P5, 74anos
“ Minha saúde melhorou bastante. Quase não tenho sentido dor no corpo. Arrumei outras amizades aqui. Eu convidaria outras pessoas pra aula. Até já convidei e já vieram algumas pessoas.”P19, 69anos
Conclusão
Após a análise dos dados coletados e comparação com outros estudos realizados sobre o tema, observou-se que há evidências que mostram relação positiva com a prática de atividades físicas regulares e autoestima. Segundo Negreiros (2003), participantes que realizam com freqüência suas atividades físicas, tendem a positivar sua autoestima.
O Centro de Convivência do Idoso têm grande importância na vida das participantes. Pois o Centro possibilita a inserção social do idoso. As participantes vêem o Centro de convivência como um lugar de encontros para compartilhar experiências, tristezas, alegrias, lazer, solidariedade, um local de aprendizagem e a atividade física não acontece de forma isolada, mas sempre em grupo.
Comparando os três instrumentos utilizados, foi possível perceber um singularidade entre eles. Destacando a importância da atividade física e o crescimento pessoal do grupo. Principalmente quando era pedido que as participantes se comparassem antes e após a entrada no grupo de atividade física orientada. Este estudo demonstrou que a atividade física regular influenciou de forma positiva a autoestima das idosas do grupo estudado.
A auto-estima positiva indica bem-estar, saúde mental e ajustamento emocional, implicando diretamente na satisfação com a vida.
A comunidade acadêmica, por meio de pesquisas, pode atuar com importante instrumento em favor deste segmento social, levando a uma nova forma de pensar. O idoso consciente e ativo resgata sua auto-estima.
Bibliografia
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. p. 42, 21, 29.
BENEDETTI, Tânia Bertoldo; PETROSKI, Édio Luiz; GONÇALVES, Lúcia Takase; Exercícios físicos, auto-imagem e autoestima em idosos asilados. Revista Brasileira de Cineantropometria Exercícios físicos, auto-imagem, 2003
CÁRDENAS, Carmen Jansen. Projeto: Espelho meu: quem é mais linda (o) que eu? 2007. Tradução livre de Carmen Jansen de Cárdenas.
MOSQUERA, J. (1976). Auto-imagem e auto-estima: sentido para a vida humana. Estudos Leopoldenses,37, 49 – 54. Apud Benedetti e col. (2003)
OKUMA, Silene Sumire. O idoso e atividade física: fundamentos e pesquisa. Campinas, SP: Papirus, 2004.
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