A influência de um programa de ginástica laboral sobre a percepção corporal e a dor nas costas La influencia de un programa de gimnasia laboral sobre la percepción corporal y el dolor de espalda The influence of a laboring gymnastics program in the corporal perception and low back pain |
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*Doutora em Ciências do Movimento Humano pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano, da ESEF/UFRGS Professora do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – ESEF/UFRGS **Acadêmica de Educação Física da Universidade Luterana do Brasil, ULBRA ***Graduado em Educação Física pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, UNISINOS |
Cláudia Tarragô Candotti* Letícia de Lima Machado** Matias Noll*** (Brasil) |
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Resumo A presente investigação buscou avaliar a influência de um programa de ginástica laboral sobre a percepção corporal e a dor nas costas de trabalhadores de um Centro Clínico. O estudo caracteriza-se por uma pesquisa do tipo quase experimental, com pré e pós-experimento, e com apenas um grupo experimental. Os procedimentos de coleta de dados foram: (1) questionário para a avaliação da percepção corporal (APC), constituído de 20 questões sobre a percepção do indivíduo sobre o seu próprio corpo; (2) questionário informativo de dor, constituído de 9 questões fechadas. A amostra foi composta por 20 indivíduos que trabalham em um Centro Clínico. Para a análise dos questionários, as perguntas foram codificadas, transformadas de nominais para numéricas, tabuladas e submetidas a tratamento estatístico, a partir de tabelas de freqüência e ao teste de Wilcoxon Signed Ranks. Os resultados do questionário de dor demonstraram que no pré-experimento 80% dos indivíduos referiram dor, enquanto que no pós-experimento 70% dos indivíduos referiram dor, não sendo esta redução de dor significativa (p = 1,000). Os resultados da APC demonstraram que houve diferença significativa entre pré e pós-experimento apenas para a questão sobre a importância da aparência corporal. Conclui-se que, nas condições experimentais do presente estudo, o programa de Ginástica Laboral não teve efeito sobre a dor nas costas e sobre a percepção corporal dos trabalhadores do Centro Clínico. Unitermos: Dor nas costas. Percepção. Ginástica.
Abstract This investigation aimed at evaluating the influence of a Laboring Gymnastics’ program in the corporal perception and low back pain of workers of a Clinic Center. The study is characterized by a quasi experimental research with pre and post experiments using only one experimental group. The procedures to collect data were: (1) questionnaire related to corporal perception evaluation constituted by 20 questions about the individual’s perception of his/her own body; (2) informative questionnaire about pain, constituted by nine closed questions. Samples were composed by 20 individuals from both genders who work in a Clinic Center. For the questionnaire’s analysis, questions were codified and transformed from written to numbered ones, then tabulated and submitted by a statistic treatment based on frequency tables and the Wilcoxon Signed Ranks test. Results obtained from the pain’s questionnaire demonstrated that in the pre-experiment 80% referred to feel pain, while in the post-experiment this number fell to 70%. The reduction wasn’t significant (p = 1,000). Corporal perception evaluation outcomes demonstrate that there was a significant difference between pre and post-experiment only for the corporal appearance matter. Considering the experimental conditions of this study, it is possible to conclude that the Laboring Gymnastics’ Program did not cause effect in the low back pain and the corporal perception of the Clinical Center’s workers. Keywords: Low back pain. Perception. Laboring gymnastics.
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010 |
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Introdução
O estresse e a correria do cotidiano fazem com que os indivíduos tenham cada vez menos tempo para cuidar da saúde, tanto física quanto mental. Aliado a isto, os avanços tecnológicos, a busca pela produtividade e qualidade impõe condições extremamente prejudiciais à saúde humana, ou seja, por tornar a vida das pessoas mais fácil, a tecnologia leva os indivíduos à inatividade física e ao sedentarismo, os quais estão diretamente relacionados a problemas de saúde como: osteoporose, hipertensão arterial e obesidade, entre outros. Em conseqüência a isso, a dor é um fator cada vez mais comum dentre as queixas de trabalhadores em geral, sendo a dor nas costas um dos sintomas mais lembrados quando se aborda o tema corpo humano (CÃNETE, 2001).
Com intuito de promover saúde e condições de trabalho, melhorar o relacionamento interpessoal e reduzir os indesejáveis acidentes de trabalho, empresas e indústrias têm aderido a programas de Ginástica Laboral, uma vez que tem sido referido que a Ginástica Laboral influencia de forma positiva a qualidade de vida dos indivíduos, contribuindo para o aumento da produtividade (OLIVEIRA, 2002). Desse modo, promover saúde e qualidade de vida através da Ginástica Laboral deve ser prioridade entre as organizações, para assim constituir-se um caminho no combate aos problemas relacionados à saúde no trabalho (PRESSI & CANDOTTI, 2005).
Para Lima (2005), a Ginástica Laboral através de exercícios dirigidos e adequados para o ambiente de trabalho, objetiva promover adaptações ao corpo e a mente de seus participantes, sendo elas: (1) Adaptações Fisiológicas: estimulando para o aumento da temperatura corporal, tecidual e da circulação sanguínea no momento em que a região está sendo exercitada; (2) Adaptações Físicas: melhora da flexibilidade, mobilidade articular e postura; (3) Adaptações Psicológicas: colaborando com a mudança da rotina e da integração entre os colegas, sendo esta uma preocupação da empresa em relação ao seu funcionário.
Levando-se em consideração que no Brasil os adultos destinam a maior parte de suas vidas ao trabalho (BARROS, 1997), entende-se que os fatores sócio ambientais e o contexto onde as relações e vivências de trabalho se estabelecem, contribuem para o impacto significativo da qualidade de vida, uma vez que a qualidade de vida é influenciada por aspectos objetivos, tais como condições de saúde, salário e moradia, e por aspectos subjetivos, tais como humor, auto-estima e auto-imagem.
A atividade física cada vez mais tem sido considerada necessária para o desenvolvimento humano, uma vez que traz benefícios psíquicos e físicos ao indivíduo, melhorando sua qualidade de vida e condições de saúde (POLITO & BERGAMASCHI, 2003). Além disso, a atividade física interfere positivamente na percepção corporal, promovendo aumento da auto-estima, possibilitando ampliação e descobertas para cada indivíduo. A percepção corporal refere-se a imagem corporal, ou seja, a representação mental do próprio corpo, que pode alterar-se frente a influência dos estados emocionais, conflitos psíquicos e do contato com o mundo.
Assim a Ginástica Laboral, entendida como uma forma de atividade física constitui-se como importante ferramenta na busca da qualidade de vida, de melhora da saúde e da prevenção de doenças ocupacionais. Nesse sentido, o objetivo desse estudo é verificar os efeitos de um programa de Ginástica Laboral sobre a percepção corporal e a dor nas costas de trabalhadores de um Centro Clínico.
Métodos
Amostra
A amostra desse estudo foi intencional, composta por 20 indivíduos de ambos os gêneros que trabalhavam no mínimo á 06 meses no Centro Clínico, e apresentavam média de idade, massa corporal e estatura, de 33,5 ± 6,2 anos, 68,3 ± 5,9 kg, 164,2 ± 0,1 cm, respectivamente. A carga horária diária de trabalho era de 06 (seis) horas na função de tele-operador do setor de marcação de consultas da empresa, sendo o tempo de serviço médio nesta função de 24,3 ± 5,7 meses. Todos os indivíduos participam voluntariamente e assinaram um Termo de Consentimento para a realização deste estudo.
Instrumentos e materiais
Foram utilizados dois instrumentos de avaliação, sendo um para avaliar a dor nas costas e outro para avaliar a percepção corporal dos trabalhadores. O questionário informativo de dor foi proposto e validado por Candotti e Guimarães (1998) e constitui-se de nove perguntas fechadas, as quais indagavam sobre a existência de dor, sua intensidade e localização.
Para a avaliação da percepção corporal foi utilizado um questionário validado e proposto por Probst et al (1995) constituído por vinte questões sobre a percepção do indivíduo sobre seu próprio corpo, apropriado para indivíduos do sexo feminino e masculino.
Procedimentos de coleta
Este estudo foi dividido em três momentos: pré-experimento, experimento e pós-experimento. No pré-experimento, período anterior ao início do programa da Ginástica Laboral na empresa, após obtenção de autorização junto à direção do Centro Clínico para a realização da pesquisa, a pesquisadora convidou os trabalhadores a participarem do estudo, entregando-lhes o termo de consentimento. Após, para aqueles que concordaram em participar do estudo, foram entregues os dois questionários, que deveriam ser respondidos individualmente e sem participação da pesquisadora. Os questionários foram recolhidos no mesmo dia.
O período de experimento consistiu em dois meses de prática da Ginástica Laboral, programa implantado no início desta pesquisa, de responsabilidade de uma empresa terceirizada. Sendo assim, a pesquisadora não teve qualquer influência ou participação na elaboração deste programa.
No período de pós-experimento, que consiste no momento imediatamente após o término de um período de dois meses em que os funcionários praticaram a Ginástica Laboral, novamente os mesmos questionários foram entregues aos trabalhadores, sobre as mesmas condições. Os questionários foram recolhidos no mesmo dia.
Procedimentos de análise dos dados
As respostas obtidas nos questionários foram codificadas, transformando as variáveis nominais em numéricas e possibilitando a tabulação destas variáveis em planilha eletrônica do software Excel para serem submetidas a tratamento estatístico.
A avaliação da percepção corporal (APC) fornece escores de 1 a 5 como possibilidades de respostas, sendo (1) nunca, (2) poucas vezes, (3) algumas vezes, (4) várias vezes, (5) sempre. As questões da APC foram agrupadas em duas categorias, contendo dez perguntas cada categoria. A primeira categoria foi nominada de SENTIMENTO e refere-se a percepção dos trabalhadores em relação ao próprio corpo (Quadro 1). A segunda categoria chama-se VISÃO e se refere à visão que cada trabalhador tem de seu próprio corpo (Quadro 2).
Questões da categoria SENTIMENTO |
01. Se comparo meu corpo com o pessoas de minha idade fico insatisfeito. |
04. Me sinto muito bem dentro de meu corpo. |
05. Tenho um forte desejo de ficar mais magra. |
08. Quando me olho no espelho, fico insatisfeita com meu corpo. |
10. Penso que sou demasiado gorda. |
11. Sinto meu corpo como uma carga. |
12. Sinto como se meu corpo não fosse meu. |
14. Meu corpo é uma ameaça para mim. |
17. Sinto-me tensa com respeito a meu corpo. |
18. Invejo aos outros por sua aparência física. |
Quadro 1. Questões do questionário de APC – Categoria Sentimento
Questões da categoria VISÃO |
02. Meu corpo parece ser uma coisa disforme. |
03. Meus quadris parecem demasiado grandes. |
06. Creio que meus seios são muito grandes. Creio que meus peitorais são muito grandes. |
07. Tento ocultar o meu corpo (ex. colocando roupas largas). |
09. É muito fácil para mim relaxar-me fisicamente. |
13. Algumas partes de meu corpo parecem estar inchadas. |
15. A aparência corporal é muito importante para mim. |
16. O aspecto de minha barriga é como se estivesse grávida. O aspecto de minha barriga é como se fosse uma bola. |
19. Há coisas de meu corpo que me assustam. |
20. Posso observar minha aparência em um espelho. |
Quadro 2. Questões do questionário de APC – Categoria Visão
Tratamento estatístico
O tratamento estatístico foi realizado no software SPSS 15.0. Para verificar as diferenças entre os períodos de pré e pós-experimento foi utilizado o Teste de Wilcoxon Signed Ranks. Também foi realizada estatística descritiva, através de tabelas de freqüência e moda para algumas questões da APC e do questionário de dor e média e desvio-padrão para caracterizar a amostra. O nível de significância adotado foi de 0,05.
Resultados e discussão
Os resultados do questionário de dor demonstraram que no pré-experimento 80% (n=16) dos indivíduos referiram dor, destes, 20% (n=4) na região dorsal, 35% (n=7) na região lombar, 15% (n=3) nas regiões dorsal e lombar, 5% (n=1) nas regiões cervical e lombar e 5% (n=1) em toda a coluna. Entretanto, no pós-experimento houve uma pequena redução deste quadro, com 70% (n=14) dos indivíduos referindo dor. No entanto, esta redução não foi significativa, pois não houve diferença significativa entre pré e pós-experimento para a variável dor (p = 1,000). Estes resultados estão contrários à literatura, que tem apresentado estudos onde a dor nas costas costuma ser afetada positivamente pela ginástica laboral. No estudo de Reis et al (2003) realizado com dez trabalhadoras do setor de costura houve uma diminuição das dores lombares após seis meses de prática da ginástica laboral. Nesse estudo, os autores relatam que das dez trabalhadoras, apenas uma apresentou dores lombares, porém com intensidade menor do que antes da ginástica laboral. Outro estudo, de Martins e Barreto (2007), que avaliou a dor nas costas de treze funcionários da área administrativa que vivenciavam ginástica laboral demonstrou que houve redução da dor nas costas de 85% para 46% após um período de três anos.
Embora os resultados do presente estudo não tenham demonstrado a melhora significativa da dor, houve uma melhora de 10%, o que se considera um resultado importante dado que a avaliação da dor ocorreu apenas dois meses após o início da prática da ginástica laboral, diferentemente dos demais estudos.
Outro fator que pode ter contribuído para esse resultado é a freqüência semanal da ginástica laboral, que no presente estudo era de duas vezes por semana. Tem sido referido que para que a flexibilidade da coluna seja melhorada, um bom alongamento deve ser efetuado no mínimo três vezes por semana, dentro de um programa de ginástica laboral (MARTINS & BARRETO, 2007).
As Tabelas 1 e 2 apresentam as posições e movimentos que causam melhora e piora da dor nas costas, respectivamente. Pode-se observar que a postura que melhora a dor mais citada foi a postura em pé (20%, n=4) e que a postura que piora a dor foi a sentada (20%, n=4). Esse resultado mostra que a percepção dos indivíduos avaliados sobre a postura sentada como causadora da dor nas costas esta de acordo com a literatura, que mostra que a postura sentada durante muitas horas, seja no uso do computador ou até mesmo para leituras, provoca vulnerabilidade e risco de se adquirir lesões, sendo contribuinte para as dores nas costas (SOUZA & JÓIA, 2008). Do mesmo modo, Braccialli e Vilarta (2000) demonstram que a coluna humana não foi construída para permanecer por muito tempo em uma única posição, e que a realização de ações que previnem e eduquem os trabalhadores com intuito de minimizar as afecções nas costas, possibilitando possíveis mudanças de hábitos inadequados, pode ser uma tentativa favorável.
Tabela 1. Tabela de freqüência das posições e ou movimentos que melhoram a dor nas costas referente ao período de pré-experimento
Posições e ou movimentos |
Freqüência |
Porcentagem |
Deitado |
3 |
15 |
Em pé |
4 |
20 |
Caminhando |
1 |
5 |
Alongando |
2 |
10 |
Total de respostas |
10 |
50 |
Total de participantes |
20 |
100 |
Tabela 2. Tabela de freqüência das posições e ou movimentos que pioram a dor nas costas
Posições e ou movimentos |
Freqüência |
Porcentagem |
Sentado |
4 |
20 |
Inclinado para baixo |
1 |
5 |
Deitado |
3 |
15 |
Total de respostas |
8 |
40 |
Total de participantes |
20 |
100 |
Hoje, o ritmo de vida do homem além de promover alterações fisiológicas que refletem diretamente no cotidiano, com o avanço tecnológico a mão de obra humana foi substituída por máquinas, fazendo com que o ser humano adote cada vez mais o sedentarismo, passando boa parte de sua vida sentado, assim, tendo em vista que o homem trabalha sentado, se locomove sentado e vai para casa sentar, as dores nas costas acontecem por utilizar a postura sentada em demasia (REIS, 2003).
Considera-se assim que a prática de exercício físico é significante e fundamental na prevenção de doenças osteomusculares em pessoas que trabalham sentadas e usuários de computador, pois alonga e relaxa a musculatura tensionada e os músculos estabilizadores da coluna, diminuindo a dor e a fadiga, contribuindo para o aumento do desempenho profissional (SOUZA & JÓIA, 2008).
Quanto à postura em pé, a literatura demonstra que a mesma deve ser vista no conjunto, iniciando pelo alinhamento vertebral do corpo, desde a parte superior da cabeça, passando pelo centro do corpo, até chegar à sola dos pés, e se alguma dessas partes estiver fora desse alinhamento o corpo sofrerá sobrecarga em um dos lados, comprometendo o equilíbrio corporal, afetando a coluna vertebral (VICKERY & MOFFAT, 2002).
Entretanto, considerando o estudo que relata uma pesquisa médica, onde se mediu a pressão dentro do disco exercida sobre o núcleo, verificou-se que as posturas em pé ou deitada são menos danosas para a coluna em relação a posição sentada (KNOPLICH, 1985).
Atenta-se que o que menos comprometeria as estruturas do corpo, seria as posturas sentado e em pé, pois essa alternância leva a diminuição da fadiga em determinado grupos musculares, em detrimento da carga de outros, protegendo assim os discos intervertebrais (LIMA, 2005).
Os resultados da APC referentes às questões agrupadas na categoria visão demonstraram que houve diferença significativa entre pré e pós-experimento (p = 0,007) para a questão 15, a qual diz respeito a importância da aparência corporal. Este resultado é reforçado pela moda da questão 15, que no pré-experimento foi 5 (ou seja, resposta “sempre”) e no pós-experimento foi 3 (ou seja, resposta “algumas vezes”). A Tabela 3 apresenta a ocorrência das respostas da questão 15 da APC.
Embora se acredite que a ginástica laboral seja um instrumento que permita desenvolver questões de percepção corporal, os resultados do presente estudo não contribuem para esta crença. Muitos autores descrevem que a ginástica laboral melhora a consciência corporal, para Pressi e Candotti (2005), auxilia o indivíduo a desenvolver sua percepção corporal, potencializando seus movimentos através de exercícios constantes e repetitivos para a musculatura mais utilizada na jornada de trabalho, conscientizando-o que hábitos posturais corretos aumentam o bem estar, a auto-estima e a disposição. No entanto, a ginástica laboral, mesmo sendo apenas em um curto período de dois meses, afetou positivamente a percepção sobre a aparência corporal, ou seja, as pessoas passaram a não se preocupar tanto com a aparência corporal e possivelmente tenham substituído esta preocupação pelas questões relacionadas a saúde e bem estar.
Tabela 3. Tabela de freqüência das respostas da APC obtidos no pré e pós-experimento na questão 15 (“a aparência corporal é muito importante para mim”)
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Pré-experimento |
Pós-experimento |
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Escala da APC |
Freqüência |
Porcentagem |
Freqüência |
Porcentagem |
Nunca |
1 |
5 |
5 |
25 |
Poucas vezes |
2 |
10 |
4 |
20 |
Algumas vezes |
2 |
10 |
6 |
30 |
Várias vezes |
7 |
35 |
3 |
15 |
Sempre |
8 |
40 |
2 |
10 |
Total |
20 |
100 |
20 |
100 |
Lima (2005) acredita que a ginástica laboral através da prática da atividade física e da adoção de hábitos saudáveis, pode conscientizar o funcionário a conhecer o funcionamento e o condicionamento do próprio corpo, lendo a um conhecimento e uma aceitação maior e melhor do mesmo. Embora nenhuma outra questão da APC tenha apresentado diferenças significativas entre pré e pós-experimento, as questões 13 (p = 0,059) e 19 (p = 0,053) apresentaram um resultado interessante. A moda da questão 13 (“algumas partes do meu corpo parecem estar inchadas”) foi 3 (ou seja, resposta “algumas vezes”) no pré-experimento e 2 (ou seja, resposta “poucas vezes”) no pós-experimento, enquanto que a moda da questão 19 (“há coisas em meu corpo que me assustam”) foi 2 (ou seja, resposta “poucas vezes”) no pré-experimento, no pós-experimento foi 1 (ou seja, resposta “nunca”). Considerando que as duas questões são relacionadas à visão que os trabalhadores têm do próprio corpo, acredita-se que a prática da ginástica laboral tenha contribuído no que se refere à questão (“algumas partes do meu corpo parecem estar inchadas”).
Encontra-se na literatura, que em relação ao fisiológico do corpo humano, a ginástica laboral exercita os músculos agonistas e antagonistas solicitados na execução do trabalho, objetivando fortalecer os músculos que na maioria do tempo ficam relaxados e alongar e relaxar os que em maior parte do tempo estão em contração (COLOMBO, 2003).
Com relação à questão (“há coisas em meu corpo que me assustam”), a ginástica laboral beneficiando o fortalecimento muscular de forma progressiva e discreta, dando ao trabalhador maior flexibilidade e alavanca aos esforços feitos durante a jornada de trabalho (COLOMBO, 2003) pode fazer com que o trabalhador tenha uma visão melhorada em relação a si e ao seu corpo.
Os resultados da APC referentes às questões agrupadas na categoria sentimento não demonstraram diferenças significativas (p>0,05) para nenhuma das questões. Este resultado permite especular que os funcionários de uma forma geral sentem-se bem em relação ao seu corpo, considerando as perguntas que formam a categoria sentimento. Aplicando isso à condição psicológica de uma pessoa, parece que a ginástica laboral promove o aumento da auto-estima e da auto-confiança, levando ao aumento do desempenho e produtividade no âmbito empresarial (SOUZA & JÓIA, 2008).
Os resultados do presente estudo não corresponderam às expectativas iniciais, de que a ginástica laboral teria efeito positivo sobre a percepção corporal dos indivíduos. Nesse sentido, cita-se o estudo de Souza e Jóia (2008) onde é relatado que para eficácia positiva em geral, um programa de ginástica laboral deve estar em conjunto com outras atitudes preventivas, como: informações sobre a importância da ginástica laboral, DORT, deve ter um acompanhamento individualizado, participação voluntária dos trabalhadores, colaboração da empresa e medidas ergonômicas.
Conclusão
Os resultados do questionário de dor demonstraram que no pré-experimento 80% dos indivíduos referiram dor, enquanto que no pós-experimento 70% dos indivíduos referiram dor. No entanto, a comparação entre pré e pós-experimento demonstrou que esta redução não foi significativa.
Os resultados da APC referentes às questões agrupadas na categoria visão demonstraram que houve diferença significativa entre pré e pós-experimento para a questão sobre a importância da aparência corporal. Já pra as questões agrupadas na categoria sentimento, a comparação entre pré e pós-experimento não demonstrou diferença significativa para nenhuma das questões desta categoria. Portanto, os resultados encontrados nas condições experimentais do presente estudo sugerem que o programa de Ginástica Laboral não teve efeito sobre a dor nas costas dos trabalhadores de um Centro Clínico. Embora tenha ocorrido diferença na percepção quanto a aparência corporal, os resultados sugerem que a Ginástica Laboral também não teve efeito sobre a percepção corporal.
Referências
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Braccialli LM, Vilarta R. Aspectos a serem considerados na elaboração de programas de prevenção e orientação de problemas posturais. Revista Paulista Educação Física, São Paulo 2000; 14(1):16-28.
Candotti CT, Guimarães ACS. O emprego do método de relaxamento muscular de Leon Michaux no tratamento da dor lombar de atletas de ginástica rítmica desportiva. Revista Perfil 1998; 2(2).
Cãnete I. Humanização: desafio da empresa moderna: a ginástica laboral como um caminho. São Paulo: Ícone, 2001.
Colombo CM. A influência da ginástica laboral no relacionamento interpessoal e no incentivo a prática da atividade física. 2003. 72f. Monografia do curso de Fisioterapia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel.
Lima V. Ginástica Laboral: atividade física no ambiente de trabalho. São Paulo: Phorte, 2005.
Martins GC, Barreto SMG. Vivências de ginástica laboral e melhoria da qualidade de vida do trabalhador: resultados apresentados por funcionários administrativos do instituto de física da Universidade de São Paulo (Campus São Carlos). Motriz, Rio Claro 2007; 3:214-224.
Oliveira JR. A prática da ginástica laboral. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
Polito E, Bergamaschi EC. Ginástica Laboral: Teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.
Pressi AM, Candotti CT. Ginástica Laboral. São Leopoldo: Unisinos, 2005.
Probst M, Vandereycken W, Coppenolle HY, Vanderlinden J. The Body Attitude Test for patients with an eating disorder: Psychometric characteristics of a new questionnaire. Eating Disorders 1995; 3:133-144.
Reis PF et al. O uso da flexibilidade no programa de ginástica laboral compensatória, na melhoria da lombalgia em trabalhadores que executam suas atividades sentados. 18º Congresso Internacional de educação física. Foz do Iguaçu, jan. 2003.
Souza, BCC; Jóia LC. Relação entre ginástica laboral e prevenção das doenças ocupacionais: Um estudo teórico. Revista Digital de Pesquisa Conquer. Faculdade São Francisco de Barreiras. 2006; 1(1).
Vickery S, Moffat M. Manual de Manutenção e Reeducação Postural da American Physical Therapy Association. Trad. Walkiria Settineri. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.
Knoplich J. A coluna vertebral da criança e do adolescente. São Paulo: Panamed, 1985.
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