Estudo comparativo das interferências da freqüência semanal de aulas de ginástica de academia sobre os componentes da aptidão física em mulheres de 30 a 40 anos Estudio comparativo de las interferencias de la frecuencia semanal de las clases de gimnasia sobre los componentes de la aptitud física en mujeres de 30 a 40 años |
|||
*Professora Titular da Universidade Federal do Acre, UFAC **Professora Titular da UNINORTE ***Professor Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN. RN (Brasil) |
Ms. Shirley Regina de Almeida Batista* shirleyreginabatista@hotmail.com Ms. Jaqueline dos Santos Valente Barros** Dr. Sc. Paulo Moreira Silva Dantas*** |
|
|
Resumo O presente estudo teve como objetivo comparar intra e inter grupos as interferências da freqüência semanal de aulas sobre as variáveis da aptidão física em mulheres de 30 a 40 anos em um programa de ginástica de academia. Trata-se de uma pesquisa descritiva, comparativa, com uma tipologia longitudinal realizada com 51 indivíduos do sexo feminino com uma média de idade de 34,41 anos, que freqüentavam as aulas do projeto de extensão Atividade Física na Promoção da Saúde realizado na Universidade Federal do Acre. A amostra foi subdividida em três grupos da seguinte forma: GC – Grupo controle (n=18), G1 – Grupo experimental 1 (n=16) e G2 – Grupo experimental 2 (n=17). Para as avaliações dos componentes da aptidão física, foi realizada a mensuração de nove dobras cutâneas, peso, altura, teste de sentar e alcançar, teste de impulsão vertical, teste de flexão de braço, teste abdominal. Foram avaliadas as seguintes variáveis: somatória das dobras cutâneas (SDC), índice de massa corporal (IMC), flexibilidade, força e resistência muscular localizada (RML). Para a análise dos dados aplicou-se a razão entre o resultado do pós-teste dividido com o resultado do pré-teste obtendo assim a comparação entre os grupos investigados. Para observação das possíveis mudanças intra e inter grupos foi utilizado como teste de hipóteses a comparação com o nível de significância de p < 0,05. Os resultados apontam mudanças significativas para algumas variáveis investigadas intra e inter grupos, principalmente entre os grupos experimentais e o de controle, indicando, portanto que a freqüência constitui-se num fator de mudanças. Unitermos: Componentes da aptidão física. Ginástica de academia. Freqüência semanal.
|
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010 |
1 / 1
Introdução
O grande desenvolvimento tecnológico e da informática ocorrido principalmente nas últimas décadas do século XX, produziu mudanças importantes nos hábitos de vida da humanidade levando o homem ao aumento da hipocinesia (3).
Proliferam programas institucionais de atividades físicas no sentido de aumentar a participação das pessoas em atividades físicas para melhorar o estilo de vida (1).
Tais programas têm como pressupostos os benefícios advindos à saúde. A prática de atividade física refere-se aos aspectos antropométricos, neuromusculares, metabólicos e psicológicos (2).
A prática de exercícios físicos além de combater o sedentarismo, contribui de maneira significativa para a manutenção da aptidão física, seja na sua vertente de saúde como nas capacidades físicas (3,4). Portanto para o controle dos riscos relacionados à saúde causados pelo sedentarismo, deve-se adotar um estilo de vida mais ativo que repercutirá em melhoria dos sistemas orgânicos, aprimorando a aptidão física (3). No entanto podemos usar a ginástica de academia como um meio para contribuir com um melhor estilo de vida.
Para obtenção de uma melhor aptidão física devem-se conhecer os componentes desta aptidão, que podem ser definidos, medidos e desenvolvidos separados um dos outros no qual se refere a: aptidão cardiorrespiratória, força, resistência muscular localizada, flexibilidade e a composição corporal (9). Alguns desses representam as variáveis do respectivo estudo.
Esses parâmetros são utilizados para a prescrição adequada de atividade física devendo ser levado em consideração às variáveis, duração, intensidade e freqüência semanal. Inúmeras combinações dessas variáveis podem proporcionar resultados positivos. Deve ser considerada a combinação de várias atividades, como exercícios cardiovasculares e neuromusculares de modo a proporcionar dispêndio calórico semanal de pelo menos duas mil quilocalorias, considerado um nível satisfatório (3).
Uma das principais características que devem nortear o trabalho de condicionamento físico é a freqüência do treinamento que preconiza uma freqüência semanal variando de três a cinco vezes (7). Estudos mostram que a freqüência semanal no início do processo é preconizada duas a três sessões semanais, podendo, com o passar do tempo e com a melhora da condição geral do aluno (a), aumentar esta freqüência para até cinco ou seis vezes (8).
A partir do pressuposto teórico acima, propõe-se a investigação da comparação intra e inter grupos das interferências da freqüência semanal sobre as variáveis da aptidão física em mulheres de 30 a 40 anos em um programa de ginástica de academia com freqüência de treinamento em duas e três vezes por semana, comparando a um grupo controle sem atividade física.
A freqüência semanal é o objeto de investigação do referido estudo justificando-se pela importância que os programas de exercícios físicos vêm assumindo para a melhoria do estilo de vida da população, sabendo-se que a cada dia disponibilizamos de um menor tempo para praticar exercícios físicos regulares.
É imprescindível que inferências sejam feitas quanto aos parâmetros: freqüência semanal da prática de um programa de ginástica de academia nas variáveis da aptidão física relacionada à saúde em mulheres sedentárias de 30 a 40 anos. É necessária, contínua e cuidadosa análise desses números de dias de sessões semanais de exercícios físicos, na suposição de que o resultado possa ajudar no planejamento de prescrições de exercícios físicos em relação à freqüência semanal utilizada habitualmente para ganhos ideais de aprimoramento dessas variáveis.
O questionamento se dará no seguinte contexto: Quais as interferências dos diferentes tipos de freqüência de intervenção semanal nas variáveis da aptidão física em um programa de exercícios físicos com mulheres de 30 a 40 anos?
Materiais e métodos
Trata-se de uma pesquisa de desenho experimental, que apresentou um caráter descritivo, comparativo e longitudinal. O caráter comparativo e longitudinal efetiva o intuito de realizar comparações intra e inter grupos das interferências da freqüência semanal sobre as variáveis da aptidão física em mulheres de 30 a 40 anos. O enfoque adotado foi o quantitativo realizada com 51 indivíduos do sexo, feminino com uma média de idade de 34,41 anos, que freqüentavam as aulas do projeto de extensão Atividade Física na Promoção da Saúde realizado na Universidade Federal do Acre.
A amostra submetida às análises foi subdividida em três grupos da seguinte forma: GC – Grupo controle composto por 18 mulheres sedentárias com uma média de idade de 35 ± 3,50, G1 – Grupo experimental composto por 16 mulheres com média de idade de 32,56 ± 2,66 anos que praticaram exercícios físicos em uma freqüência de duas sessões semanais e G2 – Grupo experimental composto por 17 mulheres com média de idade de 35,52 ± 3,37anos que praticaram exercícios físicos em uma freqüência de três sessões semanais.
Para intervenção da pesquisa foi utilizada aulas de ginástica de academia englobando 30 minutos de trabalhos cardiovasculares com rotinas aeróbicas de baixo e médio impacto e 30 minutos de trabalhos neuromusculares utilizando exercícios envolvendo os grandes grupos musculares em um período de 12 semanas.
Para as avaliações dos componentes da aptidão física, foram realizadas as avaliações necessárias como: mensuração das dobras cutâneas subescapular, tríceps, peitoral, axilar média, supra-ilíaca, abdominal, supra-espinhale, coxa e perna; mensuração do peso e da altura e aplicação do teste de sentar e alcançar, teste de impulsão vertical, teste de flexão de braço, teste de abdominal.
Os dados obtidos foram trabalhados segundo análise estatística na qual foi aplicada a razão entre o resultado do pós-teste dividido com o resultado do pré-teste obtendo assim a comparação entre os grupos investigados. Após esse procedimento, os resultados foram analisados no programa SPSS for Windows versão 16.0, no qual foi utilizado o teste de normalidade shapiro-Wilk para verificar dados paramétricos e não paramétricos, após análise, foi realizado o teste T para os dados paramétricos e o teste Mann-Whitney-U para os dados não paramétricos, com análise de variância combinado com o teste de Post Hoc de Scheffe.
As participantes do estudo foram informadas sobre os objetivos da pesquisa e procedimentos adotados para sua realização. Assim, todas que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecimento, obedecendo às normas para realização de pesquisa em seres humanos aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Acre sob o nº 23107.003136/2008-44 de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que trata de estudos realizados em seres humanos.
As avaliações foram aplicadas no laboratório de avaliação física do curso de Educação Física da Universidade Federal do Acre.
Para realização das avaliações do referido estudo foi utilizado os seguintes materiais: Adipômetro, estadiometro, cronometro, balança, colchonete, banco de wells.
Resultados
O gráfico 1 mostra os valores da média dos resultados intra grupos do grupo controle, grupo experimental 1 e grupo experimental 2 quanto à força. Para melhor visualização das variáveis paramétricas e não paramétricas um asteristico (*) encontra-se alojado ao lado das variáveis não paramétricas.
Gráfico 1. Resultados do pré e pós-teste representados pelos valores da média para dados paramétricos e valor
da mediana para dados não paramétricos do grupo controle, experimental 1 e experimental 2 quanto a força
O gráfico 2 mostra os valores da média dos resultados inter grupos do grupo controle, grupo experimental 1 e grupo experimental 2 quanto à força.
Para melhor visualização das variáveis paramétricas e não paramétricas um asteristico (*) encontra-se alojado ao lado das variáveis não paramétricas.
Gráfico 2. Resultados inter grupos representados pelos valores da média para dados paramétricos e valor da
mediana para dados não paramétricos do grupo controle, experimental 1 e experimental 2 quanto a força
O gráfico 3 mostra os valores da média dos resultados intra grupos do grupo controle, grupo experimental 1 e grupo experimental 2 quanto à resistência muscular localizada dos membros superiores.
Gráfico 3. Resultados do pré e pós-teste representados pelos valores da média para dados paramétricos do
grupo controle, experimental 1 e experimental 2 quanto a resistência muscular localizada dos membros superiores
O gráfico 4 mostra os valores da média dos resultados inter grupos do grupo controle, grupo experimental 1 e grupo experimental 2 quanto à resistência muscular localizada dos membros superiores. Para melhor visualização das variáveis paramétricas e não paramétricas um asteristico (*) encontra-se alojado ao lado das variáveis não paramétricas.
Gráfico 4. Resultados inter grupos representados pelos valores da média para dados paramétricos e valor da mediana para
dados não paramétricos do grupo controle, experimental 1 e experimental 2 quanto a resistência muscular dos membros superiores.
O gráfico 5 mostra os valores da média dos resultados intra grupos do grupo controle, grupo experimental 1 e grupo experimental 2 quanto à resistência muscular localizada do abdômen.
Gráfico 5. Resultados do pré e pós teste representados pelos valores da média do grupo controle, experimental 1 e experimental 2 quanto a resistência muscular localizada do abdômen
O gráfico 6 mostra os valores da média dos resultados inter grupos do grupo controle, grupo experimental 1 e grupo experimental 2 quanto à resistência muscular localizada do abdômen. Para melhor visualização das variáveis paramétricas e não paramétricas um asteristico (*) encontra-se alojado ao lado das variáveis não paramétricas.
Gráfico 6. Resultados inter grupos representados pelos valores da média para dados paramétricos e valor da mediana para
dados não paramétricos do grupo controle, experimental 1 e experimental 2 quanto a resistência muscular localizada do abdômen
O gráfico 7 mostra os valores da média dos resultados intra grupos do grupo controle, grupo experimental 1 e grupo experimental 2 quanto à flexibilidade. Para melhor visualização das variáveis paramétricas e não paramétricas um asteristico (*) encontra-se alojado ao lado das variáveis não paramétricas.
Gráfico 7. Resultados do pré e pós teste representados pelos valores da média para os dados paramétricos e valores
da mediana para os dados não paramétricos do grupo controle, experimental 1 e experimental 2 quanto a flexibilidade
O gráfico 8 mostra os valores da média dos resultados inter grupos do grupo controle, grupo experimental 1 e grupo experimental 2 quanto à flexibilidade. Para melhor visualização das variáveis paramétricas e não paramétricas um asteristico (*) encontra-se alojado ao lado das variáveis não paramétricas.
Gráfico 8. Resultados inter grupos representados pelos valores da média para dados paramétricos e valor da
mediana para dados não paramétricos do grupo controle, experimental 1 e experimental 2 quanto a flexibilidade
O gráfico 9 mostra os valores da média dos resultados intra grupos do grupo controle, grupo experimental 1 e grupo experimental 2 quanto ao IMC. Para melhor visualização das variáveis paramétricas e não paramétricas um asteristico (*) encontra-se alojado ao lado das variáveis não paramétricas.
Gráfico 9. Resultados do pré e pós teste representados pelos valores da média para os dados paramétricos e valores da
mediana para os dados não paramétricos do grupo controle, experimental 1 e experimental 2 quanto ao índice de massa corporal
O gráfico 10 mostra os valores da média dos resultados inter grupos do grupo controle, grupo experimental 1 e grupo experimental 2 quanto ao IMC. Para melhor visualização das variáveis paramétricas e não paramétricas um asteristico (*) encontra-se alojado ao lado das variáveis não paramétricas.
Gráfico 10. Resultados inter grupos representados pelos valores da média para os dados paramétricos e valores da
mediana para os dados não paramétricos do grupo controle, experimental 1 e experimental 2 quanto ao índice de massa corporal
O gráfico 11 mostra os valores da média dos resultados intra grupos do grupo controle, grupo experimental 1 e grupo experimental 2 quanto a somatória das dobras cutâneas.
Gráfico 11. Resultados do pré e pós teste representados pelos valores da média para os dados
paramétricos do grupo controle, experimental 1 e experimental 2 quanto a somatória das dobras cutâneas
O gráfico 12 mostra os valores da média dos resultados inter grupos do grupo controle, grupo experimental 1 e grupo experimental 2 quanto a somatória das dobras cutâneas.
Gráfico 12. Resultados inter grupos representados pelos valores da média para os dados
paramétricos do grupo controle, experimental 1 e experimental 2 quanto ao somatória das dobras cutâneas
Quanto ao teste de hipótese intra grupos, observou-se a existência de diferença significativa onde p<0,05 na RMLMS para os grupos experimental 1 e experimental 2 ao passo que não há diferença para nenhum dos grupos investigados quanto a RMLA, FLEX, SDC e IMC.
Quanto ao teste de hipóteses inter grupos, observou-se diferenças significativas para p<0,05 entre o grupo controle e experimental 1 na força, RMLMS, RMLA, FLEX e SDC, no entanto não houve diferença para o IMC; apresentou diferença significativa para p<0,05 entre o grupo controle e experimental 2 para a RMLMS, RMLA, FLEX, SDC e IMC, entretanto não houve diferença para força; apresentou diferença significativa para p<0,05 entre o grupo experimental 1 e experimental 2 quanto a FLEX, no entanto não houve diferença quanto a força, RMLMS, RMLA, SDC e IMC.
Discussão
No gráfico 3 observa-se que para RMLMS no grupo experimental 1 e experimental 2 houve um aumento nos resultados, enquanto que, no grupo controle os valores demonstram não ter sofrido mudanças quando comparados pré com o pós-teste. Tais resultados mostram que mulheres que praticaram exercícios físicos numa freqüência de duas e três vezes semanais durante 12 semanas, obtiveram melhoras para essa variável e o grupo que se manteve sedentário permaneceu estável. Um fator importante observado nos resultados da RMLMS foi ao sentido que, o grupo experimental 2 apresentou maiores mudanças significativas do que o grupo experimental 1 como demonstra no gráfico 3. Corroborando com esse resultado, Fleck e Kraemer (18) defendem que a freqüência de treinamento recomendada para adquirirmos melhorias na aptidão física é a de no mínimo 3 vezes por semana, principalmente para trabalhos com força e resistência muscular localizada, que resultam em um aumento significativo da ação muscular voluntária máxima. Sinaki (13) corrobora dizendo que após um treinamento de 3 vezes por semana por 3 anos, a resistência muscular localizada em mulheres, teve um aumento significativo. Markofski (12), confirma que após 6 meses, tem uma melhora de cerca de 34,6% na resistência muscular localizada. Para o resultado do grupo que não praticou exercícios físicos não encontramos mudanças entre o antes e o depois, tendo em vista que o grupo controle foi composto por mulheres sedentárias, isto é, não praticaram nenhum tipo de exercícios físicos regulares durante três meses. Corroborando com o resultado, as literaturas (14 - 18) mostram que, em estudos que visam relacionar atividade física, indivíduos sedentários e saúde, chegou-se a seguinte conclusão: a atividade física melhora todas as variáveis relacionadas à saúde de indivíduos sedentários. Então a falta de alcançar melhores resultados na RMLMS para o grupo controle no respectivo estudo provavelmente se deu pelo fator sedentarismo.
Quanto ao teste de hipóteses inter grupos, apresentados no gráfico 4, os resultados mostram que grupo de mulheres que praticou exercícios físicos duas e três vezes semanais, aumentaram a RMLMS quando comparados ao grupo que não praticou exercícios físicos. Detectamos que o resultado do grupo que praticou exercícios duas vezes por semana foi inferior ao grupo que praticou exercícios três vezes por semana. Esse resultado corrobora com Fleck e Kraemer (19) quando afirma sobre a freqüência semanal recomendada para realização de exercícios físicos ser no mínimo 3 vezes por semana em RML para um aumento significativo da ação muscular voluntária máxima. Ivo e Lauro (26) em seus estudos que teve como objetivo analisar o desenvolvimento das capacidades físicas na ginástica localizada em mulheres iniciantes verificou que após o tratamento experimental de três meses houve um aumento significativo nos níveis de RML. Para os resultados entre o experimento 1 e experimento 2 não obteve-se mudanças inter grupos, nos revelando que o grupo de mulheres que praticou exercícios duas vezes por semana melhoraram o nível de RMLMS de forma similar ao grupo de mulheres que praticou exercícios três vezes por semana.
Para a RMLA os resultados intra grupos exposto no gráfico 5, nos mostra que nos dois experimentos demonstrou uma discreta melhoria nos valores encontrados, porém estatisticamente não constataram significância quando comparados o antes e o depois para cada experimento. Esses resultados supostamente podem ter ocorrido devido às mulheres envolvidas na pesquisa serem inicialmente sedentárias e destreinadas e o trabalho neuromuscular realizado ter acontecido em baixa intensidade.
Para os resultados inter grupos, os mesmos mostram valores opostos aos resultados intra grupos confirmando que o grupo de mulheres que praticou exercícios físicos duas e três vezes semanais, obtiveram melhores níveis de RMLA quando comparados ao grupo que não praticou exercícios físicos. Para os resultados entre o experimento 1 e experimento 2 não obteve-se mudanças, os valores nos revelam que o grupo de mulheres que praticou exercícios duas vezes por semana melhorou o nível de RML de forma equivalente ao grupo de mulheres que praticou exercícios três vezes por semana. Corroborando com os resultados, Conceição e Carvalho (11) mostram num estudo com objetivo de traçar o perfil dos níveis de RMLA e força de membros inferiores e superiores, em um grupo (n= 29) de mulheres praticantes de ginástica, os resultados obtiveram bons níveis de RML.
Quanto à força para os resultados intra grupos observam-se no gráfico 1, um pequeno aumento para os dois experimentos, enquanto que para o grupo controle os resultados se mantiveram estáveis. Entretanto mesmo com um pequeno aumento para os dois experimentos os resultados não mostraram significância quando comparados o antes e o depois. Isso pode ter ocorrido devido ao programa neuromuscular aplicado na pesquisa, provavelmente não ter sido eficaz para maiores ganhos de força. Devemos enfatizar que as cargas utilizadas no programa variaram entre um a quatro quilos tornando o trabalho de força um tanto prejudicado, pois estímulos fracos não há resposta, estímulos médios apenas excitam, ou seja, estímulo débil não acarreta conseqüência.
Quanto ao teste de hipóteses inter grupos, o grupo de mulheres que praticou exercícios físicos duas vezes semanais obteve melhores resultados no nível de força quando comparados com o grupo de mulheres que permaneceu sedentário. Corroborando com esse resultado Berger (6) mostra em um estudo que conclui que “duas sessões de exercícios por semana é um número melhor que três para causar aumentos em força. Dimichele (25) em seu estudo com objetivo de determinar a melhor freqüência de treinamento; comparando um grupo controle (n=10), um grupo que treinou uma vez por semana (n=16), um grupo que treinou duas vezes por semana (n=17), e um quarto grupo que treinou três vezes por semana (n=15), o mesmo demonstrou que não há diferença significativa entre duas e três vezes por semana em relação ao aumento da força, e que duas vezes por semana demonstrou melhor aderência. Isto corrobora com o estudo em questão quando afirmamos que mais dias por semana não significam maiores ganhos de força conforme mostraram os resultados, e, além disso, pode haver desistência ou abandono do treinamento já que as pessoas a cada dia possuem menor disponibilidade de tempo para praticar exercícios físicos regulares. Para os resultados do grupo que não praticou exercícios físicos com o grupo que praticou exercícios três vezes semanais, não apresentou melhoras na força corroborando com os resultados intra grupos encontrados na referida pesquisa. Okada e Fleck (18,19) afirmam que “três sessões de treinamento por semana é melhor do que duas”. Porém o resultado inter grupos encontrado na pesquisa não corrobora como a citação supracitada, pois quando comparamos os dois experimentos entre eles não revelou um aumento significativo entre os resultados, nos dando a clareza de que o comportamento inter grupos foi similar para ambos os experimentos.
Quanto à flexibilidade no teste de hipóteses intra grupos conforme apresentado no gráfico 9, ocorreu uma pequena evolução para o experimento 1, para o experimento 2 ocorreu uma evolução um pouco maior, porém estatisticamente insignificante. Corroborando com o resultado Okada e Matsudo (16,21), em estudos recentes, constatou que não há diferença significativa para flexibilidade em mulheres entre 30 e 79 anos mesmo após um ano de intervenção de duas vezes por semana com 50 minutos cada sessão.
Quanto ao teste de hipóteses inter grupos observa-se que, para o grupo de mulheres que não praticou exercícios físicos, o nível de flexibilidade foi inferior ao dos dois experimentos, mostrando que houve diferenças entre eles. Corroborando com o resultado, Nieman (5) afirma que a flexibilidade está relacionada com a idade e com a atividade física. No entanto as mulheres do referido grupo permaneceram inativas durante 12 semanas. Silva e Rabelo (23) afirmam que conforme a pessoa envelhece, a flexibilidade diminui, embora se acredite que isso ocorra mais devido a inatividade do que ao processo em si. Isto é, a perda da flexibilidade é caracterizada em parte pelo envelhecimento e mais fortemente pelo estilo de vida sedentário. Essa citação justifica um menor nível de flexibilidade encontrado nos resultados ao compararmos o grupo controle com os dois experimentos, pois o referido grupo foi composto por mulheres que permaneceram sedentárias.
Um fator que nos chama atenção nos resultados da flexibilidade é que o maior ganho de flexibilidade está no grupo que praticou exercícios três vezes semanais. Corroborando com o resultado, Silva e Rabelo (23) mostram num estudo com objetivo de examinar os efeitos da freqüência de alongamento, conclui que manobras de alongamento com facilitação neuromuscular proprioceptiva são efetivas para aumentar a flexibilidade dos músculos isquiotibiais, independente da freqüência utilizada (uma, três ou seis). Porém, em médio prazo, a freqüência de três alongamentos semanais seria mais indicada para promover ganho mais rápido de flexibilidade em relação à freqüência de um, dois ou seis sessões semanais de alongamentos.
Para a SDC nos resultados intra grupos expostos no gráfico 11, percebemos que, para o experimento 1 e 2 houve uma discreta redução no valor da somatória das dobras cutâneas. A ocorrência negativa para melhora da SDC pode ter sido em função da ausência do controle da ingestão alimentar das voluntárias. Botero e Okada (20,18) comentam que um treinamento físico isolado, sem controle da ingestão alimentar, pode causar pouca perda de peso. Cabe ressaltar que o aumento do gasto energético mediante a ausência do controle de ingestão calórico, proporciona aos avaliados a oportunidade de ingerir mais calorias, como fator de contraposição á queima calórica na atividade física, de certa forma denegrindo o efeito do trabalho junto á composição corporal. Outro fator que pode explicar a não alteração da diminuição de gordura corporal pode ser a intensidade alvo dos exercícios (60%-80%). A perda de gordura corporal está relacionada diretamente com o alto gasto energético em sessões de treinamento conforme Okada e Botero (18,20). Provavelmente a falta de controle da ingestão alimentar juntamente com a intensidade aplicada nos exercícios realizados na intervenção da pesquisa podem ter ocasionados mudanças insuficientes da redução de gordura para os grupos investigados.
Quanto aos resultados inter grupos, observa-se que mulheres que se exercitaram duas e três vezes por semana obtiveram redução de massa corporal gorda em relação às mulheres que permaneceram sedentárias. Corroborando com o resultado encontrado, Mahan (24) confirma que o exercício ajuda a balancear a perda de massa corporal magra e a redução da gordura, podendo aumentar a massa corporal magra em proporção à gordura isto é, com a continuação do exercício, a quantidade limitada do aumento de massa muscular é superada pela diminuição da gordura, resultando em uma diminuição líquida no peso corporal. Quanto aos resultados encontrados entre os grupos experimento 1 e 2, observamos que não há diferença entre os resultados, mostrando que a freqüência semanal de duas vezes não influenciou em maiores ou menores percas de massa gorda quando comparadas com três vezes por semana.
Quanto ao IMC, no teste de hipótese intra grupos os resultados não sofreram alterações significantes para nenhum dos grupos investigados, porém na pesquisa de Betts, Parr e Burgess (22), também não obtiveram alteração na variável do IMC mesmo com uma restrição calórica em seus estudos. Barrow (27) coloca que o IMC é largamente utilizado em amplos estudos sobre saúde e é muito informativo, mas seu erro padrão é muito grande. O resultado encontrado pode ter ocorrido pelo fato de que, não foram detectadas modificações significantes para somatória das dobras cutâneas quando comparamos os resultados do pré com o pós-teste, esse fator supostamente pode ter contribuído no resultado do IMC, pois para calcularmos o IMC necessitamos do peso corporal, ficando claro que, se não perdemos massa corporal gorda provavelmente o peso não sofrerá mudanças e supostamente influenciará no resultado do IMC.
Quanto ao teste de hipótese inter grupos o IMC não sofreu alterações quando comparamos os resultados do grupo controle com o grupo experimental 1, mostrando que mulheres que praticaram exercícios duas vezes por semana não mudaram o índice de massa corporal em relação a mulheres sedentárias. Corroborando com o resultado, Mahan (24) confirma que inicialmente a atividade física aumenta a massa muscular e como a massa corporal magra é mais densa que a gordura, o peso corporal pode não mudar. Portanto se o IMC foi calculado através do peso corporal supõe-se que o aumento da massa muscular ocorrida influenciou nos resultados.
Entre o grupo controle com o experimento 2 os resultados mostrou que o grupo de mulheres que praticou exercícios três vezes por semana quando comparado com o grupo que permaneceu sedentário, obtiveram uma mudança no índice de massa corporal em relação as sedentárias, Mahan (24), comenta que um programa de atividade física pode produzir alterações substanciais na composição corporal.
Entre o experimento 1 e o experimento 2, os resultados mostram que não ocorreu alterações entre grupos, indicando que não existiu diferenças, ou seja mulheres que se exercitaram duas vezes por semana obtiveram ganhos equivalentes ao grupo que se exercitou três vezes por semana em relação ao IMC.
Conclusões
Este item baseia-se nas conclusões, que foram respondidas as questões iniciais referentes ao estudo que tem como objetivo geral, comparar intra e inter grupos as interferências da freqüência semanal sobre as variáveis da aptidão física e hemodinâmicas em mulheres de 30 a 40 anos.
Ao fazermos análise dos resultados intra e inter grupos quanto às variáveis da aptidão física em resposta aos testes de hipóteses para alcançar o objetivo geral do estudo, conclui-se que:
Durante a realização desse trabalho percebeu-se o quanto a atividade física regular ajuda na melhoria das aptidões físicas chegando-se a seguinte conclusão:
a. Para os resultados intra grupos:
Apenas a resistência muscular localizada dos membros superiores obteve resultados significativos, mostrando que o programa de exercícios físicos realizado na pesquisa foi eficaz no sentido de melhorar a RMLMS após 12 semanas de intervenção.
b. Para os resultados inter grupos:
Doze semanas de treinamento compostos por aulas de ginástica de academia aplicados numa freqüência de duas e três vezes semanais, mostraram-se altamente eficazes para melhorar a RMLMS, RMLA, flexibilidade e SDC, apontando mudanças nos resultados encontrados para ambos os experimentos investigados, mostrando que, quem não participou do programa obtive resultados inferiores em relação a quem participou.
Mulheres que praticaram exercícios físicos três vezes por semana obtiveram um melhor desempenho na flexibilidade em relação a quem praticou exercícios duas vezes por semana.
Mulheres que praticaram exercícios físicos duas vezes por semana obtiveram um melhor desempenho na força em relação a quem praticou exercícios três vezes por semana.
No que tange a quantidade de freqüências semanais, duas ou três vezes trazem resultados bem similares quanto à força, RMLMS, RMLA, SDC e IMC.
Recomendações
Recomendamos, portanto que a ginástica de academia pode ser praticada em uma freqüência semanal de duas ou três vezes por semana, pois é uma modalidade composta por diversos exercícios que modificam o condicionamento físico em mulheres entre 30 a 40 anos, nos mostrando através dos resultados o quanto essa modalidade pode proporcionar melhoria no estilo de vida de indivíduos sedentários, ficando claro que esse estilo de prática física é benéfico para os componentes da aptidão física.
Aos pesquisadores, sugerimos a continuidade do nosso estudo, e que os resultados encontrados nos levem a acreditar que novos estudos devem ser realizados com outras faixas etárias, com outras freqüências semanais, com maior número amostral, com outras modalidades de academia, em outras regiões e com o gênero masculino para um maior respaldo científico.
Referências
Bim RH, Junior NN. Atividade física relacionada à saúde de adolescentes estagiários da Universidade Estadual de Maringá. Acta Sci. Health Sci. Maringá. 2005;V.27.n.1.p.77- 85.
Barros JF et al. Determinação de padrões de referência nas variáveis neuro-motoras em portadores com deficiência mental no Distrito Federal. In: Mayo de 2001; Revista Digital - Buenos Aires - Año 7 - N° 36.
Barbosa CAG et al. Adaptações morfológicas e neuromusculares do treinamento em circuito e treinamento parcelado, sobre os padrões de força e hipertrofia muscular. Estudo desenvolvido em gêmeos monozigóticos. In: Julio de 2007; Revista Digital. Buenos Aires, Ano 12, n.110.
Vuori PI. Exercise and physical health musculoskeletal health and functional capabilities; 1995; 66:276-85, Res Q Exerc Sport.
Nieman DC. Exercício e Saúde. 1ª edição brasileira, São Paulo: Manole, 1999. (8)
Berger RA. Aplication of research findings in progressive resistance exercises to physical therapy. Journal of the Association of physical and Mental Rehabilitation. 1965; 19:p.200-203. (11)
Franchi KMB, JUNIOR RMM. Atividade Física: uma necessidade para a boa saúde na terceira idade. In: RBPS. 2005;18 (3): p. 152-156. (13)
Gonzalez FC, Gorla JI, Araùjo PF. Somatotipo do deficiente auditivo do projeto AMA da Universidade Paranaense. 2004. (35)
American College Of Sports Medicine. Guidelines for exercise testing and prescription. 6 ed. Baltimore: Lippincfort Williams & Wilkins, 2000. (40)
Ivo et AL, Lauro JR. A Capacidade Física de Mulheres Praticantes de Ginástica de Academia. Revista de Educação Física, Viçosa. 2002; v.10, n.1, pp 436. (47)
Conceição MCS et al. Carvalho RVG. Perfil do Nível de Força e RML em Mulheres Praticantes de Ginástica Localizada. Im: XXVI Simpósio Internacional de Ciência do Esporte, São Paulo. 2003; Revista Brasileira de Ciência e movimentos. CELAFISC, p.196. (50)
Markofski MM, Braun WA, Liang MTC, Dutto DD, Bassin SL, Moffatt LD, Plesums KE, Huynh HT, Weidenfeld G, Cooper D. Effects of six months of controlled exercise on muscle strength and bone density in pre-menopausal women. Medcine and Science in Sports and Exercise, Hagerstown, 2004; v.36, n.5, Suplemment, p.S59. (60)
Sinaki M, Wahner HW, Bergstralh EJ, Hodgson SF, Offord KP, Squires RW, Swee RG, Kao PC. Three-year controlled, randomized trial of the effect of dose-specified loading and strengthening exercise on bone mineral density of spine and femur in nonathletic, physically active women. Bone, Elmsford, 1996; v.19, n.3, p.233-244. (61)
Gigante DP, Barros FC, Post CLA, Olinto MTA. Prevalência de obesidade em adultos e seus fatores de risco. 1997; Revista de Saúde Pública, São Paulo, v.31, n.3, p.236-246. (62)
Silva MS, Aguiar PN. Análise da redução de gordura corporal em mulheres praticantes de atividade física em academias inseridas no mercado de trabalho. Lecturas: EF y Deportes: Revista Digital. Buenos Aires, v.9, n.64. 2003. http://www.efdeportes.com/efd64/gordura.htm (63)
Blair SN, Cheng Y, Scott HJ. Is physical activity or physical fitness more important in defining health benefits? Medicine and Science in Sports and Exercise, Hagerstown, 2001; v.33, n. 6.Suppl., p.S379-S399. (64)
King GA, Torres N, Potter C, Brooks TJ, Coleman KJ. Comparison of activity monitors to estimate energy cost of treadmill exercise. Medicine and Science in Sports and Exercise, Hagerstown, 2004; v.36, n.7, p.1244-1251. (65)
Okada GT, Aquino JAE, Barreto SMG, Duarte ACGO, Silva RG. Resultado de diferentes freqüências semanais de treinamento sobre a composição corporal e aptidão física em mulheres pré-menopausais entre 30 a 50 anos. 2008; V.14 n.3, p. 241-251, Motriz, Rio Claro. (66)
Fleck SJ, Kraemer WJ. Fundamentos do treinamento de força muscular. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. (67)
Botero JP. Efeito de diferentes intensidades de exercícios sobre variáveis da composição corporal e perfil lipídico em mulheres obesas. 66 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Fisiológicas) – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos, 2004.(68)
Matsudo SM, Matsudo VKR, Neto TLB, Araújo TL. Evolução do perfil neuromotor e capacidade funcional de mulheres fisicamente ativas de acordo com a idade cronológica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, 2003; v.9, n.6, p.365-376. (70)
Betts JJ, Parr RB, Burgess KT. Effects of moderate caloric restriction and exercise on blood lipids and glucose. Medicine and Science in Sports and Exercise, Hagerstown,2003; v. 35, n. 5, Suplemment 1, p.S376. (71)
Silva M, Rabelo HT. Estudo comparativo dos níveis de flexibilidade entre mulheres idosas praticantes de atividade física e não praticante. Movimentum, Revista digital de Educação física, Ipatinga: Unileste-MG – Ago./dez.2006; v.1. (72)
Mahan LK, Escott-stump M. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 11. ed. São Paulo: Roca, 2005. (73)
Demichele PL, Pollock ML, Graves JE, Foster DN, Carpenter D, Garzarella L, Brechue W, Fulto NM. Isometric torso rotation Strength: effect training on its development. Arch. Phys. Méd. Rehabil . 1997; 78: p.64-9. (76)
Ivo et AL, Lauro JR. A Capacidade Física de Mulheres Praticantes de Ginástica de Academia. Revista de Educação Física, Viçosa. 2002; v.10, n.1, pp 436.
Barrow et al. Medida e Avaliação em Educação Física e Esportes. Traduzido por Kathlen Tritschler, Barueri, 5ª edição, São Paulo: Manole, 2003.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, N° 146, Julio de 2010 |