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Caracterização dos recursos dos recreios escolares

Caracterización de los recursos de los recreos escolares

 

*Colégio de Aplicação, Centro de Ciências da Educação

da Universidade Federal de Santa Catarina

**Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho

***Bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia

(Brasil)

Edson Souza de Azevedo* | Alberto Nídio Silva** ***

Carina Ferreira Lima** | Tiago Brito**

Beatriz Oliveira Pereira** | Natália Fernandes**

Eduarda Coquet**

azevedo.edson@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Estudos sobre a infância, e Organizações Internacionais têm desenvolvido mundialmente, iniciativas para dar voz às crianças e promover iniciativas que promovam a melhoria das actividades lúdicas. A componente lúdica no homem é uma característica fundamental da sua essência que não pode nem deve ser esquecida. Sabe-se que a criança passa grande parte do seu dia na escola, onde as relações com os colegas, com os adultos e com o espaço envolvente são fundamentais para o seu desenvolvimento. Muitas das suas actividades lúdicas e dos seus tempos livres são passados na escola muito propriamente no espaço/tempo de recreio. É no recreio que as relações com os colegas são mais livres e espontâneas e é aí também onde a importância dos materiais se torna mais evidente. Entretanto, é também nos recreios onde se verificam mais conflitos entre pares. Devido à influência que os recreios têm no desenvolvimento da criança torna-se urgente reflectir e intervir nestes espaços/tempos. Neste estudo teve-se como objectivo diagnosticar as condições dos espaços físicos que se destinam a utilização dos alunos e também a sugestão de intervenção e requalificação dos espaços degradados em 4 escolas do Concelho do Porto. As escolas contam com Ensino Básico de 1º Ciclo e Jardins de Infância, Instituições Públicas, com um total de 988 alunos, sendo 70 no JI e 928 na EB1, oferecem componente sócio-educativa (ACT - Enriquecimento Curricular). Constatou-se que: as escolas apresentam vedação em condições satisfatória, quanto a conservação dos espaços de recreios a apreciação global é boa, as condições das instalações e superfícies de impacto estão em más condições. As condições de segurança, higiene e sanitárias razoáveis. Conclui-se que urge, intervenções no sentido de requalificar os espaços destinados aos recreios de maneira a proporcionar um aspecto mais saudável e adequado às condições de uso e permanência das crianças nestes locais.

          Unitermos: Recreios escolares. Educação Física. 1º ciclo. Escola Básica.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010

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Apresentação

    O termo recreio apresenta muitos sentidos, principalmente às crianças e denota por um lado estado de liberdade, lazer, euforia também, é o espaço “físico” onde acontecem as aulas de Educação Física, momentos estes em que as crianças ampliam suas dimensões de sala de aula, mas, paradoxalmente, muitas vezes este quadro é bem ao contrário manifestado por angustias e tristeza levados pelo isolamento e a não participação das crianças. Estes quadros são percepções de situações que muitas vezes são reflexos das condições em que as escolas oferecem e oportunizam as práticas de recreios em suas dependências, ora bem conduzidas e estruturadas outras sem condições e sem o zelo necessário até para evitar as práticas de abusos e constrangimentos nestes ambientes e momentos entre as crianças.

    Conforme LOPES (2006) citando (Pereira et al, 1997), o recreio assume dois significados: um de espaço, o local onde ocorre o aluno desenvolve as atividades livremente, e outro de tempo, ou seja, é o intervalo entre as aulas do currículo. Pode-se dizer que o recreio é sinônimo de pausa, intervalo, descanso, mas também agitação. Ainda Lopes (2006: 39) aponta que os recreios escolares com suas características “constituem-se como momentos e oportunidades ótimas de estimulação e desenvolvimento de estilos de vida ativos”.

    A natureza dos recreios não esta direcionada e por ela perde sua própria identidade e seu sentido. É necessário, pois reinventar os recreios. Os recreios são lugares de desenvolvimento integral motor, social, intelectual e emocional e podem desempenhar um papel fundamental na prevenção dos maus tratos entre companheiros (bullying).

    Este conceito foi definido por Smith & Sharp (1994) citado por PEREIRA, NETO, SMITH & ÂNGULO (2002) como o “abuso sistemático de poder entre os pares, ou seja, colegas de escola”. O recreio resulta ser o lugar onde se produzem práticas de agressões entre escolares. E se pretende encontrar soluções para este problema, é necessário prestar uma grande atenção ao cotidiano dos recreios nas escolas, de maneira que se convertam em lugares onde os direitos democráticos de cada criança sejam respeitados e não espaços onde algumas crianças passam os piores momentos de suas vidas escolares, sendo vitimas de outros colegas. É nesse espaço escolar que deixam de ser alunos para se assumirem como actores com poder para decidir e tomar as iniciativas que visam favorecer a sua auto-estima ou agredir os colegas.

    Os recreios escolares podem ser transformados em espaços com qualidade de ofertas de atividade lúdica e aprendizagens, tal qual, de acordo com PEREIRA et al (2002) deve-se observar os seguintes aspectos:

  • A necessidade de uma equipe que estude o problema;

  • melhorias nos recreios para proporcionar o acesso aos diferentes espaços;

  • acesso às crianças aos equipamentos móveis facilitando a participação nos jogos;

  • os recreios devem conservar áreas verdes, mantendo o contato das crianças com a natureza;

  • a limpeza e a manutenção são fundamentais;

  • a supervisão de observação deve existir, em especial nas escolas primárias, devem apresentar qualidade de opções de animação e apoio para a iniciativa das crianças;

  • as escolas devem oferecer atividades desportivas e culturais para as crianças;

  • cada escola deve desenvolver seu projeto individualizado e personalizado de acordo com a sua realidade, disponibilidade e necessidade.

    Na escola, onde a criança passa uma boa parte do dia, as relações com os colegas, com os adultos e com o espaço envolvente são fundamentais para o seu desenvolvimento, existem longos períodos de tempos livres (Pereira, Neto & Smith, 1997) sobre os quais urge refletir e tomar medidas:

  1. Em nível do melhoramento dos espaços de recreio;

  2. Quanto a oferta de práticas diversificadas (Pereira, 1997).

    À escola compete desenvolver competências na criança que lhe permitam gerir o seu tempo, em particular o tempo livre, favorecendo a sua auto-formação. Pires (2001) em investigação com escolares do 2º e 3º Ciclos, aponta para o facto de que nestes ciclos as crianças já em fase pré-adolescente, encaram o recreio e seus espaços de convívio e conflitos como sendo um lugar da conversa, do passear, do jogar. Constatando a autora que é depositado neste espaço e interim a busca de actividades de convívio harmonioso. Os jovens isto sim reivindicam a existência de espaços para jogos e principalmente, espaços cobertos para os dias de chuvas. Alerta a autora, de que este dado deverá ser tido em conta pelos responsáveis pela educação, pelo seu significado relativo a desumanização dos espaços escolares (p.217).

    Conclui com a constatação de que actuar como agressor na escola pode ser o início de uma vida de inadaptações, norteada por convicções sobre as virtudes da violência, que poderá acarretar um conjunto de problemas graves no futuro (p.220). Importante também, o número considerável de crianças que não se envolve em eventos do bullying, sofrendo com os efeitos deste ambiente de convívio inseguro e desagradável entretanto, para aquelas que são vitimizadas representa consequências danosas ao seu bem-estar.

    Os espaços de lazer nas áreas de residência são cada vez menores e mais perigosos (Neto, 1979; Pissarra, 1993). Pereira & Neto (1997:105) apontam para o fato de que “recentemente tem existido por parte das autarquias preocupações no sentido da construção de espaços nas zonas urbanas, nas escolas também é necessário prestar grande atenção aos recreios, um espaço que tende a ser esquecido como espaço pedagógico e de desenvolvimento da criança”.

    Este estudo faz parte dessa afirmação onde este contexto dos espaços físicos das escolas sendo fragmento de um projeto coordenado pela Professora Doutora Beatriz Pereira do Instituto de Estudos da Criança, que engloba as avaliações dos tempos livres, recreios escolares e o bullying nas escolas, sendo sido encomendado pela Câmara do Porto sob orientação da Universidade do Minho. Atualmente em fase de relatório para o seu devido planejamento e execução pelos órgãos gestores, a partir das constatações relatadas.

Tempos de recreio em simultâneo ou em separado nos espaços das escolas de Jardim-de-Infância e 1º ciclo

    Actualmente, as escolas do sistema normal de ensino integram várias idades e como tal o espaço de recreio é usufruído por crianças de diferentes idades.

    Apesar das diversas posições face à utilização do recreio por crianças de diferentes idades, acredita-se que, em termos pedagógicos, o recreio em simultâneo tem uma série de vantagens que se sobrepõem às desvantagens.

    O recreio em simultâneo vai depender da dimensão do espaço e do rácio de alunos; das características do desenvolvimento da criança e das suas motivações; do recurso a espaços exteriores à escola; da dimensão do espaço e da duração do recreio (1.º Ciclo 30 minutos de recreio mais 10 minutos para o lanche e Jardim-de-Infância 60 minutos de recreio). Sabendo quão importantes são os recreios no desenvolvimento da criança, deve-se manter os recreios do Jardim-de-Infância e do 1.ºCiclo no mesmo espaço sempre que possível.

    Marques (2001:194) em estudo realizado com escolares do 1º ciclo implementação de enquete de opinião em espaços de recreios, foi apontado a preferência por parte das crianças, pela presença de supervisão e materiais para o brincar nos recreios, e conclui a autora, afirmando que:

    A introdução de materiais não provoca mais situações de conflito, de risco e de desarrumação, pelo contrário, fez com que os alunos se unissem em torno de objectivos comuns, jogos e brincadeiras, permitiu a ocupação daqueles que nada conseguiam fazer no espaço vazio e sem estímulos

    No que segue é apresentado um rol de vantagens e desvantagens relacionadas as situações de recreios em simultâneo de turmas em diferentes idades, ainda aponta-se sugestões no sentido de auxiliar na supressão das dificuldades e direccionando na busca de melhor adequação dos tempos e espaços de recreio.

    Vantagens

  • Integração de crianças com diferentes idades;

  • Valorização das aprendizagens efectuadas entre crianças de diferentes idades;

  • Cooperação e o reconhecimento das diferenças;

  • Aprendizagem pela diferença e respeito pelas necessidades do outro;

  • Maior facilidade na gestão dos horários curriculares (não há necessidade de alterar horários de lanches, aulas, nem de gerir horários dos funcionários para se revezarem).

    Desvantagens

  • Problemas relativos à segurança das crianças;

  • Existência de ambientes de conflito;

  • Domínio de espaços pelas crianças mais velhas

    Em inúmeras escolas os campos de futebol dominam a ocupação de espaço (só servindo para 10 crianças numa escala de 150 e é só para alguns rapazes). A existência de campo de futebol só se justifica se aumentar o espaço de recreio. Acerca desta reflexão sobre os espaços lúdicos/parques infantis, Mota e Rodrigues (1999) referem que ao longos dos anos os espaços lúdicos foram progressivamente desvalorizados, quer ao nível do primeiro ciclo do ensino básico, quer a nível autárquico, sendo substituídos por grandes infra-estruturas desportivas. Para este tema, Mota e Rodrigues (1999) alertam para os seguintes aspectos: planeamento do espaço lúdico, segurança do espaço lúdico, solo e superfície de impacto (superfícies adequadas e superfícies inadequadas), concepção e organização do espaço lúdico infantil, equipamentos, manutenção e supervisão.

    Sugestões

  • Manter as crianças do Jardim-de-Infância e de 1.º Ciclo no recreio em simultâneo, tende a necessidade da existência de supervisão;

  • Oferta diferenciada, espaços organizados por centros de interesse com brinquedos quer para as crianças mais novas como para as mais velhas, quer para as raparigas como para os rapazes;

  • Evitar a existência de divisões físicas e ajuste da duração do recreio;

  • Formação e sensibilização aos professores para a utilização dos espaços;

  • Gestão dos espaços de acordo com as motivações dos alunos – construção de competências sociais;

  • Implicação das crianças na referida gestão;

  • Observação, pelos professores, dos locais preferidos no uso dos espaços.

Caracterização das escolas

    As escolas investigadas, apresentam-se em duas realidades bem distintas, enquanto as escolas Augusto Lessa e Monte Bello, contam com instalações valorizadas pela manutenção periódica e atenção pela Câmara na sua condução, as escolas João de Deus e Aleixo, que estão situadas em bairros sociais, estão em fase de encerramento de suas actividades por motivos de falta de condições das instalações e condução das actividades lectivas pela insegurança das crianças; professores e funcionários.

    A Escola EB1 Augusto Lessa constitui-se em Escola Básica de 1º Ciclo, Instituição Pública, Agrupamento vertical Eugênio de Andrade, no Concelho do Porto, fundada em 1993, conta com 251 alunos, os períodos de recreio são realizados das 9h30’às 10h e das 13h30’ às 15h30’ não sendo oportunizado o recreio simultâneo, oferece componente sócio-educativa (ACT – Enriquecimento curricular).

    A Escola EB1 Monte Bello constitui-se em Escola Básica de 1º Ciclo, Instituição Pública, Agrupamento Escolas das Antas, no Concelho do Porto, fundada em 1948, conta com 435 alunos, os períodos de recreio são realizados das 10h30’ às 11h e das 15h30’ às 16h não sendo oportunizado o recreio simultâneo, não oferece componente sócio-educativa (ACT – Enriquecimento curricular).

    A Escola EB1 João de Deus constitui-se em Jardim de Infância e Escola Básica de 1º Ciclo, Instituição Pública, Agrupamento vertical Eugénio de Andrade, no Concelho do Porto, fundada em 1960, conta com 200 alunos sendo 50 no JI e 150 no EB1, os períodos de recreio são realizados das 10h15’ as 10h45’ e das 15h15’ as 15h45’ não sendo oportunizado o recreio simultâneo, oferece componente sócio-educativa.

    A Escola EB1 Aleixo conta com Jardim de Infância e Escola Básica de 1º Ciclo, Instituição Pública, Agrupamento vertical Leonardo Coimbra Filho, no Concelho do Porto, fundada em 1973, conta com 92 alunos, sendo 20 no JI e 72 no EB1, os períodos de recreio são realizados das 10h as 10h30’ e das 15h30’ às 16h não sendo oportunizado o recreio simultâneo, não oferece componente sócio-educativa e sim ACT – (Enriquecimento curricular).

Resultados

    Levantamento fotográfico dos espaços físicos disponíveis nas escolas às actividades de recreios e Educação Física.

Escola EB1 Augusto Lessa

    Caracterização específica dos espaços de recreio

    A escola não possui parque infantil, a área desportiva conta com aproximadamente 120m2 e ainda uma polivalente de 160m2, o tipo de piso é terra batida e cimento, conta com duas (2) cestas de basquetebol instalados. A área verde, é composta de pequenos espaços (canteiros) e ornamentais, o piso é terra batida. A área coberta, é constituída de aproximadamente 120m2, apresenta muitas correntes de ar, o tipo de piso é cimento e apresenta duas tabelas de basquetebol instaladas.

    Em alguns pontos do piso, evidencia-se a necessidade de nivelamento pelas possas d’água que formam-se quando de períodos de chuvas. Ainda também, nestes espaços vislumbra-se a existência de árvores com copas interessantes para as sombras necessárias a cobertura do sol em dias de calor intenso.

    Nos espaços observados, constatou-se que apresentam degradação do piso, e que necessitam recuperação e nivelamento. Os espaços são amplos e possibilitam diversas actividades desportivas e recreativas. A escola dispõem de espaço coberto que em dias de calor intenso é coadjuvante na condução das aulas de Educação Física e proporciona um espaço alternativo às crianças permanecerem protegidas dos raios solares.

    Na estrutura de pátio interna tem-se o piso melhor nivelado mas, ainda carece de nivelamento como ainda melhorias nas condições de impacto.

    Percebe-se que neste espaço são ministradas aulas de Educação Física e onde também, é a preferência pelas crianças em se movimentarem nos momentos de recreios e tempos livres.

Caracterização geral do espaço de recreio da Escola EB1 Augusto Lessa

    A escola conta com uma área total de 4705m2, os recreios localizam-se nas laterais e parte traseira do prédio, contando com recreio externo, os materiais naturais utilizados nos recreios são folhas, paus, a terra, água e pedras. Outros brinquedos são trazidos pelas crianças bolas, cordas, elásticos e jogos electrónicos. Do mobiliário, existem rampas de acesso para portadores de dificuldades de locomoção, colectores de lixo, primeiros socorros, WC. A escola apresenta vedação composta de arbustos, cimento/pedra, rede e grade de ferro.

    Quanto à conservação dos espaços de recreio a apreciação global e as condições de higiene e sanitárias é Boa, os equipamentos, o solo, o mobiliário/instalações e a superfície de impacto apresentam-se em más condições, e as vedações e as condições de segurança são razoáveis. O espaço de recreio destina-se exclusivamente aos alunos da escola, existindo supervisão de docentes e auxiliares (18) e ainda pais, durante o ano lectivo de 2006 ocorreram aproximadamente 15 acidentes ligeiros, com causas indeterminadas ocorridas no horário do almoço onde não havia a supervisão dos espaços.

Escola EB1 Monte Bello

    Caracterização específica dos espaços de recreio

    A escola não possui parque infantil, a área desportiva conta com aproximadamente 77m2 e ainda uma polivalente de 160m2, o tipo de piso é sintético (tartãn), conta com colchões, espaldares, bancos, arcos, cordas, bolas diversas e cones. A área verde, é composta de pequenos espaços (canteiros) e ornamentais, o piso é terra batida. A escola não possui área coberta.

    Nesta escola vislumbra-se que o piso está em boas condições, apenas chama-se a atenção para o fato de ser composto unicamente de material sintético, não havendo locais com materiais naturais grama, terra e areia para o contacto directo das crianças. Um ponto importante nesta escola, é a segurança mantida pelos muros que cobrem toda a volta como ainda, a existência de porteiro electrónico e portão com sistema electrónico de abertura e fechamento. Como factor positivo nesta escola a presença de árvores que proporcionam sombras às crianças que podem usufruir destas no brincar nos recreios e tempos livres.

    Constatou-se nesta escola nos espaços físicos destinados às crianças, lugares ociosos onde as crianças não frequentam nem transitam, especula-se que se implantar algum brinquedo ocuparia o espaço ocioso e levaria às crianças a ocuparem estes espaços.

    Caracterização geral do espaço de recreio da Escola EB1 Monte Bello

    A escola conta com uma área total de 1500m2, os recreios localizam-se na frente, nas laterais e parte traseira do prédio, não contam com recreio externo, os materiais naturais utilizados nos recreios são folhas, paus, e a terra. As crianças não costumam trazer outros brinquedos. Do mobiliário, não existem rampas de acesso para portadores de dificuldades de locomoção, apresentam colectores de lixo, primeiros socorros. A escola apresenta vedação composta de grade de ferro.

    Quanto à conservação dos espaços de recreio a apreciação global e as vedações são Boas, os equipamentos, o solo, o mobiliário/instalações, as condições de segurança e as condições de higiene e sanitárias apresentam-se em condições, a superfície de impacto apresenta-se em más condições. O espaço de recreio destina-se exclusivamente aos alunos da escola, existindo supervisão de docentes e funcionários (04), durante o ano lectivo de 2006 ocorreram aproximadamente 06 acidentes ligeiros e 01 grave, com causas indeterminadas ocorridas no horário do almoço onde não havia a supervisão dos espaços.

Escola EB1 João de Deus

    Caracterização específica dos espaços de recreio

    A escola não possui parque infantil, a área desportiva conta com aproximadamente 60m2 e ainda uma sala com piso paviflex, o tipo de piso é sintético (tartãn), conta com duas (2) cestas de basquetebol. A área verde, é composta de um pequeno espaço (horta) com uma área de 100m2 composta de relva e pequenas árvores (06) e arbustos (02), este espaço foi criado para actividades com as crianças, plantação de amoreiras para o cultivo do bicho da seda, mas no momento é vedado à elas. A escola possui área coberta, com uma área de 100m2, o tipo de piso é cimentado.

    Nesta escola, constatou-se pelas pichações e depredações nos prédios da escola que a segurança está deficitária, mesmo apresentando muros que circundam a escola

    Ainda também, urge o plantio de árvores que venham a proporcionar sombras às crianças e às salas dos prédios da escola, sendo coadjuvantes na sensação térmica em dias de calor intenso.

    Como estrutura física a escola conta com amplo espaço físico, que necessita a recuperação do piso e ainda a instalação de equipamentos desportivos, brinquedos e parques infantis. Como investimento ainda, sugere-se a construção de um espaço coberto para proporcionar actividades lúdico-recreativas e desportivas mesmo em dias de chuvas, frio ou calor intenso.

Caracterização geral do espaço de recreio

    A escola conta com uma área total de 2540m2, os recreios localizam-se na frente e parte traseira do prédio, contam com recreio externo, os materiais naturais utilizados nos recreios são folhas e a terra. As crianças costumam trazer outros brinquedos, entre os quais: cordas, elásticos, bolas, como ainda alguns considerados perigosos navalhas, estiletes e canivetes. Do mobiliário, existem rampas de acesso para portadores de dificuldades de locomoção, apresentam colectores de lixo, primeiros socorros. A escola apresenta vedação composta de grade de ferro.

    Quanto à conservação dos espaços de recreio a apreciação global, o solo, as vedações, o mobiliário/instalações, as condições de segurança e as condições de higiene e sanitárias são razoáveis, os equipamentos e a superfície de impacto apresenta-se em más condições.

    O espaço de recreio destina-se exclusivamente aos alunos da escola, existindo supervisão de Assistentes de acção educativa, auxiliares de educação e estagiários de animação de recreios (06), durante o ano lectivo de 2006 ocorreram aproximadamente 02 acidentes ligeiros, com causas indeterminadas ocorridas em virtude de brincadeiras das crianças.

Escola EB1 Aleixo

    Caracterização específica dos espaços de recreio

    A escola não possui parque infantil, a área desportiva conta com aproximadamente 100m2 o tipo de piso é composto de terra batida, areia e cimentado e ainda um ginásio de 150m2 , o tipo de piso é sintético, conta com duas(2) cestas de basquetebol. Os equipamentos que estão dispostos na área desportiva são balizas de futebol (02). A escola não possui área verde. A escola não possui área coberta.

    Nesta escola percebe-se que o espaço físico é amplo mas, o piso está em péssimas condições necessitando urgentemente de recomposição. Também o plantio de árvores para a produção de sombras nos espaços disponíveis para as crianças.

    Esta escola pela ampla área construída e espaço físico, sua estrutura de funcionários não suporta a demanda de manutenção que estas dependências exigem, apresentando estado de conservação bem deteriorado.

    Outro ponto importante à ser recuperado nesta escola é os mecanismos de segurança, muros e vigilância, não somente nos momentos de aula como também nos horários nocturnos.

    Pela proximidade com a comunidade a escola poderia viabilizar actividades em finais de semana com a intenção de trazer a comunidade para a escola não só nos dias de aulas mas nos momentos de lazer e trocas de convívios com a comunidade escolar. Esta seria uma forma de conscientizar a comunidade de que a escola não é do estado mas das pessoas que nela estudam.

Caracterização geral do espaço de recreio

    A escola conta com uma área total de 6960m2, os recreios localizam-se na parte traseira e laterais do prédio, contam com recreio externo, os materiais naturais utilizados nos recreios são folhas, paus, água, pedras e a terra. As crianças costumam trazer outros brinquedos, principalmente bolas. Do mobiliário, não existem rampas de acesso para portadores de dificuldades de locomoção, apresentam colectores de lixo, primeiros socorros e WC. A escola apresenta vedação composta de cimento e pedras, e grade de ferro.

    Quanto à conservação dos espaços de recreio a apreciação global, o solo, as vedações, o mobiliário/instalações, as condições de segurança, os equipamentos e a superfície de impacto apresenta-se em más condições, e as condições de higiene e sanitárias em condições razoáveis.

    O espaço de recreio destina-se exclusivamente aos alunos da escola, existindo supervisão de auxiliares de educação e professores (02), durante o ano lectivo de 2006 ocorreram aproximadamente 06 acidentes ligeiros, com causas indeterminadas ocorridas em virtude de brincadeiras das crianças.

Considerações finais

    Em estudo semelhante com a [re]qualificação dos Espaços de Lazer para a Infância na Região Norte de Portugal, Pereira et al (2002: 29) aponta para o fato de que “quanto maior for o número de oportunidades que a criança tiver para se exercitar maior será sua capacidade de aprendizagem”.

    Considera-se que a estimulação com qualidade do ambiente e espaços físicos está relacionada ao êxito destas aprendizagens, ou seja, não basta dispor a criança de espaços, mas sim, qualificá-los de maneira que quanto melhor e adequados forem, melhor contribuirão para o alargamento do leque de experiências e no aperfeiçoamento de vivências lúdico-recreativas e desportivas. Para além destas vivências, as garantias de convívios no cotidiano escolar em ambientes em harmonia com segurança e bem estar.

    É fundamental que haja o envolvimento da comunidade educativa e que apóie as iniciativas para que tenha êxito na sua aplicação e resultados esperados.

    A motivação dos alunos para o desenvolvimento de atitudes positivas é a escola que deve proporcionar ofertando opções para que os mesmos escolham. Sendo necessário espaços diversificados e equipamentos acessíveis, que venham a facilitar os jogos, brincadeiras e convívio harmonioso e divertido das crianças.

Recomendações

    Em conformidade com o exposto anteriormente, recomenda-se:

  • A realização de estudos desta natureza de modo articulado entre a câmara e as entidades com competência para gerir matéria desta dimensão e natureza;

  • A necessidade de organização e sistematização da gestão dos espaços de recreios. As crianças e os educadores, dirigentes e funcionários de escolas incentivarem e proporcionarem o acesso às rotinas e práticas saudáveis nestes espaços no que concerne à segurança e higiene;

  • No que implique as políticas de [re]qualificação destes espaços, implica a necessária reflexão dos dirigentes educacionais, no sentido de fomento e implementação de melhorias e manutenção permanente destes espaços;

  • Por fim, espera-se que também o cidadão comum, as crianças, os professores e funcionários de escolas, contribuam com a sua vigilância, zelo e opinião crítica na condução destas questões e outras ainda [co]relacionadas e implicadas no contexto do cotidiano escolar.

Referências bibliográficas

  • Lopes, L. C. 0. (2006). Atividade Física, recreio escolar e Desenvolvimento Motor – Estudos Exploratórios em Crianças do 1º ciclo do ensino básico. Braga. Dissertação de Mestrado em Estudos da Criança, na área de especialização em Educação Física e Lazer no IEC da Universidade do Minho, 94pag.

  • Marques, A. R. (2001). A intervenção no recreio e a prevenção de comportamentos anti-sociais. In Pereira, B. e Pinto, A. P. (coord.). A Escola e a Criança em Risco: Intervir para prevenir. Porto: Asa Edições, p.183-196.

  • Mota, J. e Rodrigues, S. (1999). Jogo e Espaços Lúdicos Infantis. Cadernos Desportivos. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras/Divisão de Fomento do Desporto,

  • Pereira, B. (1993). A infância e o lazer: estudo da ocupação dos tempos livres das crianças dos 3 aos 10 anos em diferentes contextos sociais. Dissertação de mestrado em Ciências da Educação, Metodologia da Educação Física, Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa, 290 pag.

  • Pereira, B. Neto, C. & Smith, P. (1997). Os espaços de recreio e a prevenção do bullying na escola. In Neto, C. (ed.), Jogo e desenvolvimento da Criança. Lisboa: Edições FMH, p.138-157.

  • Pereira, B. O. e Neto, C. (1997). A infância e as práticas lúdicas. Estudo das actividades de tempos livres nas crianças dos 3 aos 10 anos. In Pinto, M. & Sarmento, M. A infância, Contextos e Identidades. Braga: Edições do Centro de Estudos da Criança. Colecção Infants, p.219-264.

  • Pereira, B. O. (1999). Os tempos livres na escola, os recreios e a prevenção das práticas agressivas. In Precioso, J. et al., Educação para a Saúde. Departamento de Metodologia da Educação, Universidade do Minho, p.361-376.

  • Pereira, B. e Neto, C. (1999). As crianças o lazer e os tempos livres. In Pinto, M & Sarmento, M. (Coord.) Saberes sobre as crianças. Para uma bibliografia sobre a infância e as crianças em Portugal (1974-1998). Braga: Edições do Centro de Estudos da Criança. Colecção Infants, p.83-107.

  • Pereira, B.; Neto, C.; Smith, P. & Ângulo, J. C. (2002). Reinventar los espacios de recreo para prevenir la violência escolar. Cadernos y Educación. 2002, 14 (3), p.283-296.

  • Pereira, B. O. (Coord.) (2002). Espaços de Lazer para a infância na Região Norte: Ave e Cavado. Ministério das cidades. Comissão de Coordenação da Região Norto. Porto, Gráfica Maiadouro, 195pag.

  • Pereira, B. O. (Coord.) (2002). Espaços de Lazer para a Infância na Região do Norte – Minho-Lima e Alto Trás-os-Montes. Ministério das cidades. Comissão de Coordenação da Região Norto. Porto, Gráfica Maiadouro, 227 pag.

  • Pires, M. F. A. (2001). Práticas de agressividade/violência/vitimação no espaço escolar. In Pereira, B. e Pinto, A. P. (coord.). A Escola e a Criança em Risco: Intervir para prevenir. Porto: Asa Edições, p.203-224.

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