Avaliação da postura em adultos e idosos praticantes de exercícios físicos Evaluación postural en adultos y personas mayores practicantes de ejercicios físicos Assessment of posture in adults and elderly practitioners of physical exercises |
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*Graduada em Educação Física Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Santa Maria, RS **Graduada em Educação Física, especialista em PPGCMH Mestranda em Geomática, UFSM, Santa Maria, RS***Graduada em fisioterapia, acadêmica do curso de Educação Física, UFSM ****Graduado em Educação Física, especializando em Educação Física Escolar Especializando em atividade física, desempenho motor e saúde, UFSM*****Graduada em Educação Física Acadêmica de pós-graduação em Educação Física Escolar, UFSM |
Tiane Lorenzen dos Santos* Vera Regina Pontrémoli Costa** Elaine Cristina Menegassi Wojciechowski*** Rudemar Brizolla de Quadros**** Leandra Costa da Costa***** (Brasil) |
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Resumo A dor na coluna vertebral é uma queixa muito comum, tornando-se importante verificar as alterações posturais dos indivíduos participantes do Programa de Postura desenvolvido pelo NIEATI da UFSM, para que seja possível traçar medidas preventivas que minimizem ao máximo as alterações posturais. Objetivos: Identificar a prevalência dos desvios posturais em adultos e idosos da cidade de Santa Maria, verificando aqueles desvios mais evidentes a fim de evitar a realização de exercícios que possam vir a agravá-los. Métodos: A coleta de dados ocorreu através de Simetrógrafo e câmera digital, sendo efetuada de outubro de 2007 a abril de 2008, com 25 indivíduos, participantes de um Programa de Extensão vinculado ao NIEATI/CEFD/UFSM. Resultados: Obteve-se 56% dos avaliados com protusão abdominal, assimetria no triângulo de Tales e de ombros na mesma proporção, sendo que apenas 12% apresentaram rotação interna ou externa de ombros. As maiores percentagens de patologias relacionadas à coluna vertebral foram a lordose cervical aumentada, com aproximadamente 48%, acentuada escoliose torácica em 24%, também 24% com acentuação na cifose torácica, 16 % com aumento significativo da curvatura lombar, e ainda, 8% com escoliose lombar. Conclusões: A presença de muitas pessoas com protusão abdominal, portadores de lombalgias, cervicalgias e dorsolombalgias mostra a necessidade da aplicação de programas de intervenção postural ao público idoso, para que possamos intervir com medidas preventivas, atendendo ao máximo o maior número possível de indivíduos que sofrem com estas etiologias. Unitermos: Envelhecimento. Postura. Saúde.
Abstract The pain in the spine is the most common complaints, making it important to check the postural changes of the individuals participating in the program developed NIEATI of UFSM, in order to draw that preventive measures to minimize the greatest possible number of postural changes. Objectives: To identify the prevalence of postural deviations in adult and elderly of Santa Maria, checking those more obvious gaps in order to avoid conducting exercises that may aggravate them. Methods: Data collection occurred through Simetrógrafo and digital camera, which made October 2007 to April 2008, with 25 individuals, participating in a program linked to program for extension bound to NIEATI / CEFD / UFSM. RESULTS: 56% were evaluated with the abdominal protrusion, asymmetry in the triangle of Tales and shoulders in the same proportion, with only 12% had internal or external rotation of shoulder. The highest percentages of diseases related to the spine were cervical lordosis increased with approximately 48%, severe thoracic scoliosis in 24%, also with 24% enhancement in thoracic kyphosis, 16% with significant increase in lumbar curvature, and, 8% with lumbar scoliosis. Conclusion: The presence of many people with abdominal protrusion, patients with back pain and neck pain shows the need for implementation of programs of assistance to the public elderly, so we can intervene with preventive measures that meet the largest possible number of individuals who suffer from these causes. Keywords: Aging. Posture. Health.
Comitê de Ética em Pesquisa da UFSM, Universidade Federal de Santa Maria. 0149.0.243.000-07
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010 |
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Introdução
O número de idosos no Brasil passou de 3 milhões em 1960 para 7 milhões em 1975, e 20 milhões em 2008 – um aumento de quase 700% em menos de 50 anos. Consequentemente, doenças próprias do envelhecimento passaram a ganhar maior expressão no conjunto da sociedade.1
As organizações mundiais de saúde estimam que 60% a 80% da população adulta acima dos 30 anos deverá se queixar no futuro de dores nas costas. A maior incidência do problema acontece entre pessoas de 35 e 55 anos. Nas últimas duas décadas, a expectativa de vida da população brasileira teve um aumento semelhante àquele alcançado ao longo de mais de um século nos países de primeiro mundo.2 Por este motivo, muitos são os pesquisadores que estão se dedicando ao assunto do envelhecimento, assim como Sanglard e Pereira3 (2005), que descrevem que o processo de envelhecimento vem acompanhado de uma série de alterações nos sistemas nervoso, sensorial e aparelho locomotor, podendo provocar alterações no equilíbrio, na postura e na marcha.
A postura corporal é uma resposta neuromecânica que se relaciona com a manutenção do equilíbrio, e um sistema está em equilíbrio mecânico quando o somatório das forças que agem sobre o sistema é igual zero (F = 0). Entretanto, este sistema tem estabilidade somente se após uma perturbação ele retornar a sua posição de equilíbrio, lembrando que quando se fica numa posição em pé ereta, o corpo oscila para frente e para trás. A atividade muscular que evita que se perca o equilíbrio e se caia representa a atividade de controle postural antecipatório.4
Kauffman5 (2001) traz um conceito diferente, afirmando a postura como sendo o alinhamento das partes do corpo entre si em um dado momento. A postura deve envolver interações complexas entre os ossos, as articulações, o tecido conjuntivo, os músculos esqueléticos e o sistema nervoso central e periférico. Guccione6 (2002), afirma que a postura espelha o indivíduo, ela pode ser a exteriorização do bem-estar, da doença, da auto-estima (ou sua ausência), das vicissitudes da vida ou simplesmente de processos do desenvolvimento ou do envelhecimento.
Schmidt et al7 (2003) complementa o conceito de postura quando falam que o mecanismo de controle postural é coordenado por um fluxo de impulsos neurológicos provenientes dos sistemas proprioceptivos, vestibular e visual, sendo os mais importantes na maioria dos casos os sensores sensitivos internos e externos, como por exemplo, olhos e pés. Dessa forma, os mecanismos de controle postural desenvolvem um papel importante na vida do adulto e do idoso, regulando toda ação motora e o padrão postural desenvolvido em suas Atividades de Vida Diária (AVD), influenciando em sua qualidade de vida e independência funcional.
Barela8 (2000) ainda cita, que para haver controle postural nas diversas atividades do cotidiano, o corpo é bombardeado com várias informações sensoriais que provêm dos sistemas visual, vestibular e proprioceptivo, que localizam os segmentos corporais e atuam sobre as forças internas e externas mantendo uma atividade muscular e postural apropriada. Pesquisas apontam que essas informações sensoriais diminuem com o processo de envelhecimento, e por causa dessa diminuição surgem muitas alterações, algumas delas citadas por Kauffman5 (2001), tais como: protração ou abdução escapular, que altera o ritmo escápulo-umeral normal e provoca afecções dolorosas para o ombro; rigidez/contraturas à flexão do cotovelo; desvio ulnar do punho e flexão dos dedos, o que reduz a função de alcançar e a função da mão; contratura em flexão do quadril, que provoca a redução da passada, podendo também aumentar o consumo de energia para mobilidade e as necessidades para o controle postural, sobretudo se a alteração for unilateral; contraturas em flexão do joelho, que reduz o comprimento da passada e do impulso do quadril; e alterações em varo/valgo no joelho, que somada às alterações provenientes das contraturas em flexão do joelho e quadril, provoca dor, devido à deformação mecânica e à tensão nos tecidos musculoesqueléticos.
Quando se verificam estes desvios teremos então alterações da postura corporal. A globalidade do organismo humano faz com que a menor anomalia das estruturas de suporte leve a uma desarmonia postural. Segundo Souchard9 (1986), uma tensão inicial nas cadeias musculares é responsável por uma sucessão de tensões associadas. Cada vez que um músculo se encurta, ele aproxima suas extremidades e desloca os ossos sobre os quais ele se insere, assim, as articulações se bloqueiam e o corpo se deforma. Portanto, todos os outros músculos que se inserem sobre esse osso, serão alterados pelo deslocamento que se propagará sobre outros ossos e músculos, e assim sucessivamente.
Para a realização de todas as atividades do ser humano, necessitamos de ação motora, e para a ação motora é preciso que o corpo esteja o mais estável possível, sendo que a estabilidade corporal está diretamente ligada ao controle da postura. Alguns autores citam que para os adultos e idosos é de fundamental importância aprender a perceber melhor o seu corpo e suas funções em relação ao movimento e à posição estática.10 Uma boa percepção corporal através dos receptores sensoriais auxilia na perfeita percepção do posicionamento corporal em relação ao ambiente e a atividade desenvolvida. Problemas decorrentes do envelhecimento, comum nesta fase de vida, como artrose, artrite, diabetes, hanseníase, entre outras patologias, contribuem para alterar as informações proprioceptivas, levando às alterações do equilíbrio postural.11
Os movimentos realizados nas AVD provocam perturbações nos mecanismos de controle postural, que geram respostas para minimizar desequilíbrios. Com o envelhecimento é comum encontrarmos casos de quedas, que estão associados às AVD dos idosos. Este mesmo processo de envelhecimento compromete o mecanismo de controle postural, que é acentuado pelas doenças e processos degenerativos comuns nesta fase.12
Em estudo realizado por Siqueira13 (2007) com uma população de 65 anos ou mais, envolvendo cerca de 4000 sujeitos, encontrou-se uma prevalência de quedas de 34,8 % durante o ano estudado, sendo maior em mulheres (40,1%) do que em homens (26,5%), sugerindo que as elevadas prevalências encontradas necessitam da atenção básica brasileira qualificada e reorganizada para atender a população idosa.
Estando o idoso mais propenso a todas estas alterações, Freitas12 et al. (2005), assegura que o risco de quedas está acentuado na população após a segunda metade da sexta década de vida, onde 30% da população apresenta ocorrências de quedas nos Estados Unidos. As possíveis causas seriam as constantes oscilações e mudanças no controle postural, particularmente em tarefas na posição em pé em períodos prolongados, devido ao processo de envelhecimento inerente do ser humano.
A importância deste estudo se justifica pela necessidade em diagnosticas os problemas posturais dos idosos praticantes do projeto de extensão, para que este seja melhor direcionado às suas necessidades, além de oportunizar aos acadêmicos a ampliação de seus conhecimentos, contribuindo para a sua aplicação nas atividades cotidianas. O objetivo deste estudo foi identificar a prevalência dos desvios posturais em adultos e idosos participantes do Programa de Extensão vinculado ao NIEATI/CEFD/UFSM da cidade de Santa Maria, verificando aqueles desvios mais evidentes a fim de evitar a realização de exercícios que possam vir a agravá-los.
Procedimentos metodológicos
O presente estudo delineou-se como uma pesquisa de abordagem quantitativa com método exploratório, sendo que a pesquisa foi conduzida dentro dos padrões exigidos pela Declaração de Helsinque e aprovada pela Comissão Ética da UFSM. A abordagem quantitativa significa quantificar opiniões, dados, nas formas de coleta de informações, assim como também com o emprego de recursos e técnicas estatísticas, como porcentagem, média, e desvio padrão.14
Neste estudo participaram 25 sujeitos (21 do sexo feminino e 04 do sexo masculino) em processo de envelhecimento, integrantes do Programa de extensão vinculado ao NIEATI (Núcleo Integrado de Estudo e Apoio à Terceira Idade)/CEFD (Centro de Educação Física e Desportos)/UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) da Cidade de Santa Maria – RS. A aplicação do projeto de extensão consistiu em atividades de alongamento muscular, treino de equilíbrio, fortalecimento muscular, trabalhos de respiração associados à concentração e exercícios de relaxamento duas vezes por semana, enfatizando os benefícios da atividade física dirigida a esta população. Como requisito fundamental para a adesão neste projeto foi necessária a liberação médica por via de atestado médico. Como critérios de inclusão selecionaram-se indivíduos com idade acima de 50 anos, portadores ou não de alguma alteração postural. Para critérios de exclusão consideramos os indivíduos com doença crônico-degenerativa do aparelho osteomioarticular.
Para avaliar a postura dos sujeitos foram seguidos os modelos propostos por Kendall15 (1995). Como instrumento de avaliação postural foi utilizado o Simetrógrafo, que é uma lâmina de plástico transparente e quadriculada, com 2 metros de altura e 72 centímetros de largura, fabricado pela CARDIOMED, não apresentando nenhum procedimento invasivo, excluindo assim a possibilidade de riscos à integridade física dos sujeitos. O simetrógrafo auxiliou na análise visual dos aspectos anteriores, posteriores e perfil, otimizando a observação das assimetrias de cabeça, ombro, mamilos, cintura, cristas ilíacas, joelho e pés. Os sujeitos da pesquisa posicionaram-se frontalmente ao simetrógrafo, obedecendo algumas marcações que estavam feitas no solo para o posicionamento dos pés, centralizados de acordo com a linha média do instrumento, com o corpo em posição anatômica/bipedestação. Durante a avaliação os sujeitos vestiram top e bermuda (para as mulheres) e sunga ou calção (para os homens), ambos com os pés descalços e cabelos presos se compridos. Na verificação de alguns pontos anatômicos, marcou-se o corpo dos avaliados com lápis dermatográfico. Dentro da proposta de trabalhar com testes simples, de baixo custo operacional e viável, o Simetrógrafo pareceu ser o mais indicado, e por isso foi o nosso instrumento de coleta de dados.
Os sujeitos foram fotografados enquanto permaneciam nas posições de avaliação (frontal, lateral e posterior), com uma câmera digital marca SONY DSC-S650 com 7.2 mega pixels, que seria mais uma confirmação do que ficou diagnosticado através da lâmina, localizada a uma distância de 2 metros do simetrógrafo e à 1 m de altura do solo.
A avaliação ocorreu de forma individual, sempre pelos mesmos avaliadores, que foram as acadêmicas responsáveis pelo projeto de extensão, com o intuito de evitar assim o constrangimento dos adultos e idosos e para uma melhor fidedignidade na coletas destes dados. Foi elaborado um “Termo de consentimento livre e esclarecido”, que visou proteger os sujeitos da pesquisa.
O tratamento estatístico constou da análise descritiva dos dados com relação à média e desvio padrão através do programa Excel 2003.
Resultados
Tabela 1. Principais desvios encontrados
Os maiores desvios encontrados foram as assimetrias de ombros, a protusão abdominal e a assimetria do triângulo de Tales, que são possivelmente justificadas considerando os vícios posturais que vão sendo agravados conforme o envelhecimento. Outros desvios menos significativos foram encontrados em um número menor de sujeitos, incluindo os desvios dos joelhos, sendo que 12% apresentou geno valgo, e outros 8% geno varo, o geno flexo e o geno recurvado foi encontrado em apenas 4% em ambos os casos, ou seja, em apenas 1 sujeito.
Outras patologias analisadas foram encontradas em um número menos significante de sujeitos, tais como: escoliose cervical (encontrada em apenas um sujeito), braços assimétricos (um sujeito), depressão escapular (2 sujeitos), anteroversão de quadril (um sujeito) e pés pronados (3 sujeitos).
Discussão
Com este trabalho fica comprovada a necessidade dos exercícios de correção postural aplicados à população adulta e idosa. Sobre isso, Santos16 2002 adverte que é urgente que todos os procedimentos clínicos para a elaboração de diagnósticos sobre o bom ou mau alinhamento postural sejam reunidos, discutidos e aplicados por todos os profissionais que se dedicam ao movimento como meio de expressão artística, de prevenção de distúrbios do aparelho musculoesquelético.
O trabalho com a postura que deve ser realizado em todas as idades envolve principalmente a consciência corporal. Se o indivíduo não tem um desvio específico de coluna, uma má postura pode ser corrigida com os três princípios básicos: coluna ereta, ombros para fora e cabeça erguida. Geralmente, as pessoas trabalham com movimentos mecanizados, boa parte do tempo sentadas ou em pé. O importante é lembrar que o corpo humano não foi feito para ficar um longo período na mesma posição. Têm que levantar um pouco, fazer algum alongamento e dar uma volta pela sala, aconselha. Duarte17 (2002)
Segundo Sexton18 (2005) apenas exercícios que desenvolvam força e amplitude articular não são decisivos para uma boa manutenção e desenvolvimento do sistema proprioceptivo, sendo necessária uma abordagem específica através de exercícios de equilíbrio estático e dinâmico com ou sem auxílio de equipamentos, que devem seguir uma progressão de intensidade conforme a capacidade do indivíduo a ser treinado.
Gauchard19 et al. (2003) cita que os idosos participantes de programas de atividade física regulares são beneficiados com um envelhecimento saudável. Vários estudos têm demonstrado que esta população praticante de atividades físicas experimenta uma melhora da postura, na ação motora e no senso de equilíbrio, um destes estudos foi citado por Faria et al20 (2003) onde 48 indivíduos idosos com idade média de 83 anos, participaram de um programa de exercícios físicos com o objetivo de aumentar a flexibilidade, melhorar o equilíbrio, as habilidade manuais, a velocidade de reação, a coordenação motora e a força muscular, consistiam em sessões de treinos com transferência de equilíbrio, alongamentos e fortalecimentos com faixas elásticas de resistência progressiva. Mesmos os exercícios sendo de baixa intensidade, observou-se melhora nas capacidades de realizações das AVD, melhorando a capacidade física dos idosos, mesmos os já fragilizados, tornando-os independentes.
A presença de muitas pessoas com protusão abdominal, com lombalgias, cervicalgias e dorsolombalgias em pesquisas crescem aceleradamente em todo o país, por isso deve-se intervir com medidas preventivas (exercícios de alongamento, fortalecimento da musculatura abdominal e orientações sobre os cuidados da postura durante as atividades diárias) que atendam ao máximo o maior número possível de indivíduos que sofrem com estas etiologias. A maioria dos pesquisadores atribuem à obesidade e ao aumento do peso um desequilíbrio da postura da pessoa, devido ao aumento da barriga e do peso relativo da cabeça, que resulta em um aumento da curvatura da região cervical e lombar.21
Com o crescente número de pesquisas encontradas relacionando adultos e idosos com alterações posturais, nota-se que a preocupação com a má postura está sendo cada vez mais repercutida no segmento da saúde e da atividade física. É função dos profissionais destas áreas (Educação Física, Medicina, Fisioterapia, entre outros) identificarem e orientarem as pessoas que possuem problemas posturais a participarem de programas de atividades físicas ou de um tratamento específico para tal.
Conclusões
De acordo com os dados encontrados, confirma-se uma relação entre as alterações posturais e envelhecimento, onde as principais alterações referentes à postura são desencadeadas a partir de um desequilíbrio postural, em conseqüência das alterações da senescência. Através disto, observa-se que a Educação Física pode desenvolver um papel importante perante os desequilíbrios posturais, com o intuito de alterar alguns hábitos incorretos, dando ênfase em atividades para a melhora do equilíbrio e para a manutenção da postura.
Sugere-se que se tornem públicas as Diretrizes básicas da Política de Saúde Pública da Pessoa Idosa, citadas no artigo de Veras1 (2009), para que os idosos saibam de seus direitos. Algumas diretrizes englobam: a promoção do envelhecimento ativo e saudável; atenção integral à saúde da pessoa idosa; estímulo á participação e fortalecimento de controle social; provimento de recursos capazes de assegurar qualidade e atenção à saúde da pessoa idosa; formação e educação permanente dos profissionais de saúde dos SUS na área de saúde da pessoa idosa.
Por meio de projetos de pesquisa como este é possível orientar estratégias de prevenção, monitorando as condições de saúde de uma determinada população e seus fatores relacionados. Segundo Veras1 (2009) a prevenção deve ter como objetivo interferir favoravelmente na história natural das doenças antecipando o surgimento de complicações, prevenir as exacerbações e complicações das doenças crônicas, e aumentar o envolvimento do auto-cuidado pelos pacientes.
Os sujeitos da pesquisa foram beneficiados pelo conhecimento de seus padrões posturais, contribuindo com a qualidade de vida e a saúde, já que tiveram acesso aos dados e ás explicações necessárias sobre os resultados das avaliações. Embora não seja objetivo deste estudo fazer uma intervenção (tratamento), o mesmo possibilitou que os sujeitos fiquem cientes em relação aos casos mais severos de desvios posturais, indicando que devam ser procurados recursos para que medidas corretivas sejam adotadas.
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