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Atividades circenses na Educação Física Escolar

Actividades circenses en la Educación Física Escolar

Circus activities in Physical Education

 

*Programa de pós-graduação lato sensu em Atividade Física, Saúde

e Reabilitação Cardíaca. Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF, MG

**Programa de pós-graduação lato sensu em Fisiologia

do Exercício e Treinamento Desportivo. Centro Universitário de Volta Redonda

UNIfoa. Unidade Cataguases, MG

***Programa de Graduação em Educação Física

Faculdades Sudamérica, Cataguases, MG

****Universidade Castelo Branco, UCB, RJ

*****Programa de Pós Graduação Strictu Senso em Educação Física e Desporto

Universidade Trás os Montes e Alto Douro, UTAD, Portugal

******Programa de Graduação em Educação Física

Universidade Presidente Antônio Carlos, UNIPAC. Conselheiro Lafaiete, MG

Gabriela Rezende de Oliveira Venturini* **

Lucas Amaro de Oliveira* ***

Bernardo Minelli Rodrigues****

Dihogo Gama de Matos*****

André Luiz Zanella*****

Ricardo Luiz Pace Júnior***** ******

Mauro Lúcio Mazini Filho** ****

gabriela-venturini@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A Educação Física é uma disciplina de total importância na vida de crianças e também no histórico das escolas. Foi crida há muitos anos e tem em seus vários objetivos trabalhar a parte coordenativa, lúdica, rítmica, além da iniciação esportiva e da prática de atividades físicas. Ela foi responsável por muitos momentos em nossa história e bastante valorizada por profissionais da área, alunos e da comunidade em geral. Mas o que vimos atualmente é o grande despreparo dos professores e desinteresse dos alunos em estarem participando das atividades pelas mesmas na maioria das vezes serem meras repetições de movimentos sem objetivos traçados. Verificando esses acontecimentos nos últimos anos e a desvalorização da educação física escolar, percebemos uma lacuna que pode melhorar este deficiência de aproveitamento na disciplina por parte dos alunos e dos professores com atividades circenses que trabalham as capacidades físicas, a coordenação, o lúdico e outras áreas da educação física.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Atividades circenses. Educação Física.

 

Abstract

          Physical education is a discipline all important in the lives of children and also in the history of the schools. It was believed for many years and has several goals to work on their part coordinative, playful, rhythmic, and the initiation of the practice of sports and physical activities. She was responsible for many moments in our history and much prized by professionals, students and community at large. But what we saw today is the great unpreparedness of teachers and students' disinterest in participating in the activities are the same in most cases they are mere repetitions of movement without goals set. Viewing these events in recent years and the devaluation of physical education, we see a gap that can improve this deficiency in the discipline use by students and teachers who work with circus physical abilities, coordination, recreational and other areas of physical education.
          Keywords: Physical Education School. Circus activities. Physical Education.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010

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Introdução

    Nos últimos anos, a Educação Física escolar veio se afastando dos seus principais objetivos, bem como sofrendo grande evasão por parte dos alunos.

    A cultura corporal é um conjunto de conhecimentos adquiridos em cada sociedade sobre as variedades de se trabalhar com o corpo, ajudando o homem a desenvolver o conhecimento ajustado de si, e o sentimento de confiança. Percebe-se que mais do que uma decorrência biológica, a questão cultural é essencial para o desenvolvimento humano, pois os aspectos culturais ultrapassam fronteiras e necessitam ser decifrados como teias de significados que obtêm sentidos próprios (Mazini Filho et al, 2009). Sendo a cultura corporal, uma das principais formas de integração de “corpo” e “mente” utilizada nas aulas de educação física, torna-se necessário aos professores, explora-la de diversas formas para também promover o interesse dos alunos pelas aulas.

    As atividades circenses são consideradas uma especialidade das artes, onde o corpo é o protagonista das mesmas, nas quais os artistas se expressam através de suas ações e gestos ensaiados. Essas atividades podem ser utilizadas nas aulas de educação física escolar desenvolvendo da atenção, motricidade, concentração, coordenação motora, entre outros. (HENRIQUES, 2006).

    Diante de todos os estudos coletadas, o objetivo do presente estudo foi verificar através de uma revisão de literatura as possibilidades da inserção de atividades circenses na educação física escolar.

A Educação Física Escolar

    Não obstante, para chegar a tantas propostas com tantos objetos de estudo, a Educação Física percorreu um caminho longo e difícil e foi, durante todo o seu percurso, induzida por acontecimentos de cada época (Guiraldelli Jr.1994 apud ORVATH, MATA, 2007) dividiu a história da Educação Física em fases, a saber: a da Educação Física higienista, que tinha como objetivo a higiene e a saúde pública; a da Educação Física militarista inicialmente dedicada ao patriotismo e ao amor à Pátria; a da Educação Física pedagogicista, que objetivava o desenvolvimento de uma prática pedagógica; a Educação Física Militarista voltada, num segundo momento, ao esporte de alto nível, ao treinamento; finalmente, a fase Educação Física Renovadora, que teve início a partir da década de oitenta e vai até os dias atuais, a qual busca uma prática diferenciada em Educação Física (Guiraldelli Jr.,1994 apud ORVATH, MATA, 2007). Durante todo esse percurso a Educação Física nunca esteve só, em seus estudos e aplicações sempre esteve permeada por profissionais de diferentes disciplinas, como médicos, psicólogos, sociólogos e os próprios profissionais de Educação Física (Bracht, 1999 apud ORVATH, MATA, 2007).

    Atualmente, o objeto de estudo do PCN de Educação Física é a cultura corporal, proposta pelo Coletivo de Autores e Valter Bracht, que tem por base utilizar as vivências do aluno de acordo com sua realidade para que ocorra o desenvolvimento do ensino/aprendizagem. É o produto criado historicamente que influencia na sociedade e na transformação social bem como na educação (ORVATH, MATA, 2007). As aulas de Educação Física procuram trazer a cultura corporal de movimentos através dos jogos, dança, ginástica e os esportes de nossa cultura. O método de ensino a ser utilizado deve ser essencialmente o de pensar, sentir e agir, pois é dessa maneira que o indivíduo irá aprender de forma real, de acordo com o que ele vive (Gasparin, 2003 apud ORVATH, MATA, 2007).

As atividades circenses

    Pode-se dizer que as artes circenses surgiram na China, onde foram descobertas pinturas de quase 5.000 anos em que aparecem acrobatas, contorcionistas e equilibristas (AYALA, 2008). Acredita-se também, que pode ter surgido de atividades de entretenimento, de modelos de preparação física, de elementos das festividades sacras e religiosas, de apresentações públicas nas praças, ruas, tablados, teatros populares, para constituir-se hoje como uma arte dos malabaristas, equilibristas, acrobatas, trapezistas, palhaços e tantos outros artistas circenses. O circo tornou-se um fenômeno cultural e econômico no Brasil. Assim, foi recebendo cada vez mais público, acirrando a disputa do mercado do entretenimento.(COSTA, TIAEN, SAMBUGARI, 2008; BARONI, 2006).

    Viabilizar no âmbito escolar as práticas circenses, é também resgatar outras e mais diversificadas fontes de informação e cultura, fazendo do circo um instrumento para inovação das práticas escolares. Assim, a dimensão interdisciplinar das práticas circenses se assenta em propostas que valorizam a criatividade, a sensibilidade, proporcionando vivências lúdicas, experiências corporais que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo, na brincadeira e na fantasia, sua fonte dinamizadora. Para tanto, é importante que os professores tenham claro o que é a interdisciplinaridade, não reduzindo o conceito à justaposição de conteúdos. (COSTA, TIAEN, SAMBUGARI, 2008).

Circo na Educação Física como conteúdo

    As atividades circenses, em diversos países, vêm constituindo-se como aliadas da Educação Física e das outras disciplinas, por serem atividades que geram atitudes com um potencial educativo, não se limitando apenas ao simples controle do corpo (ROCHA, 2009). Durante o processo de ensino e aprendizagem, os alunos desenvolvem diferentes aspectos pessoais, como a sensibilidade na expressão corporal, a cooperação, o desenvolvimento da criatividade, a melhora da auto-superação e da auto-estima (Inverno, 2003 apud COSTA, TIAEN, SAMBUGARI, 2008).

    Muitos países, principalmente europeus, possuem programas de formação em atividades circenses desde a pré-escola até os cursos universitários ou de formação profissional, reconhecendo tanto a riqueza motriz como a cultural (valor histórico, social, artístico, etc.) do circo para a sociedade contemporânea, como é o caso de França e Bélgica. Outros tantos países europeus, mesmo não reconhecendo a atividade circense com a mesma importância dos anteriores, reservam um espaço para tais atividades como conteúdos para as aulas de Educação Física, principalmente por seu valor cultural, como é o caso de Portugal, Alemanha, Espanha e Itália “Ministère de L´Education Nationale, de La Recherche ET de La Technologie 1998; Busse, 1991” (BORTOLETO, 2003).

    No Brasil, a inclusão das atividades físicas “circenses” também começa a dar seus primeiros passos. Já existem escolas públicas e privadas de algumas regiões (São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, etc.) que já incluem as atividades circenses como conteúdo da Educação Física em diferentes níveis (do ensino fundamental até o superior, dentro do programa curricular ou como conteúdos optativos), graças, principalmente, à ação de profissionais que se sentem sensibilizados com esta questão por já terem vivido algum tipo de experiência nesta área (BORTOLETO, 2003).

    As atividades com “bolas” (malabares) possibilitam desenvolver no educando o raciocínio lógico, a coordenação motora, o domínio visual e a psicomotricidade. Já as acrobacias propiciam conceitos de flexibilidade, de equilíbrio, e possibilitam um trabalho que envolve a memória, a relação peso x força, distância, altura, impulsão, e força de explosão.. As atividades com tecido trabalham as noções de lateralidade (direito, esquerdo), direção (frente, trás, diagonal), ritmo (lento, moderado, acelerado), organização espacial (dentro, fora, acima, baixo, ao lado, sobre), bem como conceitos de flexionar, estender, alongar, inclinar, girar, balancear. (COSTA, TIAEN, SAMBUGARI, 2008)

Tempo de prática e espaço

    Geralmente ao planejar a realização de um trabalho ou atividade, a principal preocupação está direcionada para as ações motrizes que os alunos irão aprender ou realizar. Nas atividades com materiais essenciais como bola, raquete, rede de vôlei, não podem ser deixados de lado. Por isso, deve ser pensado e estudado como: o espaço utilizado deverá propor atenção e conforto, a duração de cada aula não poderá passar o limite estressante de aprendizagem para não gerar desmotivação do aluno, as atividades deverão ser executadas com eficiência e segurança, a mudança de espaços poderá ajudar no desenvolvimento de antecipações de improvisos, enfim, deve-se atender ás necessidades das atividades, bem como dos alunos (MUNHOZ & RAMOS, 2007).

Modalidades a serem utilizadas nas aulas de Educação Física

Malabarismo

    É a habilidade de manipular um ou mais objetos com grande destreza.. Os materiais a serem usados nas aulas de Educação Física podem ser: massas, bolas, arcos, poi ou flags. Além de outros aparelhos. E as ações relacionadas à esses aparelhos citados podem ser: lançar, atirar, girar, rotar, manter em equilíbrio, arrastar ou conduzir, recepcionar, golpear e balançar. O poi é uma palavra Maori que significa bola; pode ser feito de meia com uma bola de tênis dentro. Os flags em inglês significa bandeiras, são pedaços de tecidos coloridos (AYALA, 2008).

    O “rola-rola” ou “tábua de equilíbrio” é uma das modalidades mais antigas e tradicionais dos espetáculos circenses. Um rola-rola consiste em um cilindro (rolo) sobre o qual se coloca uma prancha que desliza lateralmente sobre o cilindro, Dessa forma, objetiva treinar o controle do equilíbrio, capacidade física importante para a Educação Física escolar (AYALA, 2008; GÁSPARI et al 2007).

Acrobacias

    As acrobacias podem ser executadas no solo, no ar, ou em um aparelho específico. A palavra acrobata vem do grego akrobate, que significa “aquele que anda na ponta dos pés”. De acordo com Starobinski apud GUZZO (1997), a acrobacia é um jogo de preenchimento do espaço com o corpo humano, que acontece a partir da medida de distâncias, de pesos, de limites (SILVA & LEITE, 2008). O acrobata trabalha com os limites do corpo: força, equilíbrio, flexibilidade, resistência, entre outros. As ações relacionadas são: chutar, rolar, saltar, empurrar, pegar, segurar, rodar e equilibrar (SOARES, 2001 apud GUZZO, 2006)

Considerações finais

    Apesar das atividades circenses não fazerem parte da realidade da maioria das escolas, é mais uma importante ferramenta para os profissionais de educação física, uma vez que é uma atividade diferente das outras, o que causa motivação dos alunos, e proporciona o desenvolvimento de capacidades físicas, de lateralidade, concentração, e muitos outros conteúdos explorados nas aulas da mesma.

Referências bibliográficas

  • AYALA, D. J. P. O Circo vai a Escola: Possibilidades de Utilizar Atividades Circenses nas Aulas de Educação Física Escolar. Ponta Porá, 2008

  • BARONI, J. F. Arte Circense: A Magia e o Encantamento Dentro e Fora das Lonas. Rio Grande do Sul, 2006.

  • BORTOLETO, M. A. C. Perna-de-Pau Circense: O Mundo Sob Outra Perspectiva. Revista Motriz. Rio Claro, 2003, n. 3, v. 9. p. 125-133.

  • COSTA, A. C. P., TIAEN, M. S., SAMBUGARI, M. R. N. Arte Circense na Escola: Possibilidade de um Enfoque Curricular Interdisciplinar. Ponta Grossa: Olhar de Professor, 2008.

  • FERNANDA CARRAL, M. F. El Circo de las Estrellas. Algunas ideas que fundamentan la realización de un circo en la escuela. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 39, 2001. http://www.efdeportes.com/efd39/circo.htm

  • GÁSPARI, J. C., SCHWARTZ, G. M. Vivências em Arte Circense - Motivos de Aderência e Expectativas. Laboratório de Estudos do Lazer do Departamento de Educação Física. In: Revista Motriz. Rio Claro, 2007, n. 3, v. 13. p. 158-164.

  • GÓMEZ, P. N. El circo en la escuela como proyecto. Una propuesta significativa para el desarrollo de los contenidos de la Educación Física escolar. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 115, 2007. http://www.efdeportes.com/efd115/el-circo-en-la-escuela.htm

  • GUZZO, M. A Saúde em Debate na Educação Física. Blumenau, 2006, v. 2. p. 121.

  • HENRIQUES, C. H. Picadeiro, Palco, Escola: A Evolução do Circo na Europa e no Brasil. Revista Digital - Buenos Aires - Ano 11 - N° 101, 2006. http://www.efdeportes.com/efd101/circo.htm

  • MARTÍNEZ CUENCA, M. A. Unidad didáctica: ‘El circo, un sinfín de espectáculos’. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 139, 2009. http://www.efdeportes.com/efd139/unidad-didactica-el-circo.htm

  • MUNHOZ, J. F., RAMOS, G. N. S. O Circo nas aulas de Educação Física: Sua Aplicação em uma Escola Pública no Estado de São Paulo. São Paulo, 2007.

  • ORVATH, E. F., MATA, V. A. Educação Física Escolar e Corpo: Propostas Metodológicas e PCN. Iniciação Científica CESUMAR. Maringá, 2007, n. 01. v. 09. p. 13-26.

  • PCN. Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental. Educação Física. Brasília, 1997.

  • ROCHA, C. C. M. A Motivação de Adolescente no Ensino Fundamental para a Prática de Educação Física Escolar. Dissertação de Mestrado não publicada. Universidade Técnica de Lisboa. Faculdade de Motricidade Humana. Lisboa, 2009.

  • SILVA, J. B. F., LEITE, D. A. R. C. Educação Física: Processo Disciplinar e Progresso Transdisciplinar. Aquivos em Movimento. Revista Eletrônica da Escola de Educação Física e Desportos. UFRJ. Rio de Janeiro, 2008, n. 1, v. 4.

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