Grupo Escambo e interação coletiva: a Capoeira como instrumento de identidade cultural Grupo Escambo e interacción colectiva: la Capoeira como instrumento de identidad cultural |
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Graduandos em Jornalismo Universidade Castelo Branco, UCB/RJ (Brasil) |
Carollyne Lage Eder Cardozo Jonathan Ferreira jonathanferreira01@hotmail.com Lariza Nascimento |
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Resumo O tema da pesquisa é estudar a capoeira como cultura de rua, danças e interação coletiva. O grupo Escambo da Zona Oeste do Rio de Janeiro foi escolhido para ser observado e, a partir do contexto histórico da capoeira no Brasil, foi analisado a interação coletiva existente no grupo. A pesquisa foi feita em nível de abordagem exploratória e qualitativa e o delineamento do estudo foi feito através da pesquisa de campo com base em referências bibliográficas. Com a investigação foi possível concluir que a capoeira está presente no Brasil e no Rio de Janeiro, despertando o interesse crianças, jovens e adultos. E o grupo Escambo faz um trabalho que integra os alunos tanto na prática corporal, quanto no contexto histórico da capoeira, despertando o interesse pela cultura afro-descendente. Unitermos: Capoeira. Grupo Escambo. Zona Oeste. Rio de Janeiro. Interação coletiva.
Abstract The theme of the research is study capoeira and street culture, dances and collective interaction. The group Escambo of the West Zone of Rio de Janeiro was chosen to be observed, and from the historical context of capoeira in Brazil, was analyzed the collective interaction existing in the group. The research was done on an exploratory and qualitative approach and the study design was done through field research based on references. Through of the investigation, was concluded that capoeira is present in Brazil and Rio de Janeiro, arousing the interest of children, youth and adults. And the group Escambo does a work that integrates the student’s body in practice and the historical context of capoeira, arousing interest in the culture african descent. Keywords: Capoeira. Group Escambo. West Zone. Rio de Janeiro. Collective interaction.
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010 |
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Introdução
O objetivo do estudo é Investigar a sociabilidade presencial e virtual e a formação de identidade do grupo de capoeira Escambo a partir do contexto histórico da capoeira no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro. É também esclarecer os aspectos da capoeira de um determinado grupo a partir de um histórico cultural e, com isso, levar os resultados da pesquisa para uma reflexão sobre a consciência histórica e identidade cultural presente em um grupo de capoeira atual. A pesquisa realizada em nível de abordagem exploratória e qualitativa. O delineamento do estudo foi feito através da pesquisa de campo com base em referências bibliográficas.
Breve histórico da capoeira
Para o desenvolvimento do estudo inicial, é preciso explicar de forma breve o histórico da capoeira no Brasil e no Rio de Janeiro. A capoeira é uma manifestação cultural afro-brasileira e teve seu surgimento diretamente relacionado com o período da escravidão. Essa ligação se deve ao fato de a capoeira ter sido desenvolvida por escravos como uma forma de luta contra a opressão. De acordo com Soares (1994), durante grande parte do século XIX a capoeira, antes de receber o status de expressão cultural, foi criminalizada. Forma de luta corporal usada principalmente por escravos, isoladamente ou em grupos, chamados ‘maltas’, a capoeira foi alvo de perseguição violenta do Estado.
Como manifestação de resistência, a capoeira tem por base aspectos da cultura afro-descendente. É uma expressão que evolve dança, musicalidade e religiosidade que também fazem da capoeira um fenômeno de caráter lúdico. Além de ser uma luta corporal, também surgiu como uma forma de resistência cultural. Soares (1994, p. 311) afirma que “a síntese cultural construída pelos africanos no ambiente da escravidão citadina teve na capoeira um representante digno”. A convergência destes diferentes elementos na prática da capoeira demonstra seu diferencial em relação a outras formas de lutas e danças.
A capoeira se desenvolveu em áreas rurais e centros urbanos. O Rio de Janeiro foi um local de grande importância para o desenvolvimento de manifestações afro-brasileiras que, além da capoeira, também foi cenário para o samba e o candomblé. A formação das “maltas” foi um fenômeno que ocorreu na capoeira desenvolvida no Rio de Janeiro e um dos principais motivos de criminalização de sua prática. De acordo com Pires (1996, p. 63) “Os capoeiras assim organizados produziram relações culturais próprias, demarcando uma tradição de grupos específicos, cumprindo papel singular nas relações sociais, políticas e culturais na cidade do Rio de janeiro da segunda metade do século XIX.”
Atualmente, o estudo da capoeira e sua importância no contexto histórico brasileiro, desperta interesse em diversas áreas de conhecimento. É considerada uma atividade esportiva e cultural que está presente em diversas manifestações, como por exemplo, eventos turísticos, produções cinematográficas e internet. Com a presença de suas atividades em instituições educacionais e sendo reconhecida como patrimônio cultural, está inserida em um contexto diferente do qual desencadeou o seu surgimento.
Observações sobre o grupo de capoeira Escambo
O grupo Escambo foi fundado no dia 13 de Maio de 2001, em Nova Iguaçu, no Estado do Rio de Janeiro, ás 10:00 horas, no bairro Engenho pequeno. Como testemunhas estiverão o mestre Everaldo Lima e o falecido contramestre “Gordinho”. Logo após a fundação o grupo foi registrado na FCERJ (Federação de Capoeira do Estado do Rio de Janeiro), sob o n° 6.414, e na FNCB (Federação Nacional de Capoeira do Brasil), sob o n° 700. No mesmo ano de fundação o grupo participou do Festival de uma corda só, na Universidade Veiga de Almeida, no Maracanã, pela Federação Desportiva do Estado do Rio de Janeiro, no dia 04/08/2001, conquistando o segundo lugar. O grupo também participou do Desafio Rio x São Paulo, pela Federação de Capoeira do Estado do Rio de Janeiro, no dia 21/07/2002, conquistando o segundo lugar por equipe. O grupo deu aulas em escolas, academias, clubes, comunidades carentes e em uma instituição filantrópica chamada São Miguel Arcanjo, em Nova Iguaçu. Fez várias apresentações entre elas: CBMERJ-4° Grupamento da Baixada, Fundação Bradesco na Tijuca, na Faculdade Unisuam em Bonsucesso, em vários colégios, clubes e etc. Atualmente o grupo tem parceria com entidades não-governamentais e projetos do próprio grupo, desenvolvendo o nosso esporte: Capoeira.
No primeiro contato com o grupo de capoeira foi possível observar a necessidade de um líder para comandar as relações coletivas. Na primeira parte da aula, o contra-mestre se posiciona de frente para os alunos e começa orientá-los para que façam o mesmo exercício que ele faz, deixando claro quem é o líder da roda. Essa liderança vai além dos exercícios impostos pelo contra-mestre. Antes do início das aulas, todos os alunos vão cumprimentá-lo e, se estiverem com algum problema, como por exemplo a ausência na última aula, pedem permissão para entrar após apresentarem uma justificativa. O contra-mestre geralmente permite que o aluno faça a aula, mas assim que tiver uma oportunidade pede que o aluno explique a ausência na aula anterior diante de todos, no meio de uma roda. O líder também explica que o principal prejudicado com a falta é o próprio aluno, porque eles perdem alguns exercícios novos e ficam atrasados em relação aos outros. Como conseqüência, essa atitude faz com que a disputa entre eles aumentam e a vontade de superação seja um fator comum entre todos. A obrigatoriedade do uniforme do grupo também é cobrada em todas as aulas e, caso os alunos não estejam devidamente arrumados, com a camisa do grupo e uma calça branca, precisam dizer o motivo ao o contra-mestre que na maioria das vezes não impede que eles façam as aulas, mas avisa que não é adequado ficar sem o uniforme. O respeito é comum entre todos os membros do grupo. Durante toda a pesquisa, não foram encontradas cenas de desentendimento.
O contra-meste, durante algumas aulas, faz questão de cobrar dos alunos o interesse pela história da capoeira. Ele faz perguntas sobre como surgiu, sobre os personagens que marcaram a trajetória da capoeira, como o mestre Bimba e o mestre Pastinha. Os alunos formam uma roda e iniciam um ambiente semelhante a uma sala de aula, onde mostram seus interesses que vai além da prática corporal. Sobre essa prática, o contra-mestre declara na entrevista que:
No meu caso, além de um profissional eu sou um verdadeiro capoeirista, porque o capoeirista ele pode ser professor, mestre, mas ele tem que ser capoeirista, então eu tento manter a cultura, a tradição e a disciplina tudo dentro da capoeira. Eu não gosto de trabalhar assim, por exemplo, o aluno vem pra cá só pra aprender a jogar capoeira, ele vem pra cá pra aprender a história da capoeira, a importância da capoeira, as origens da capoeira, os ritmos, as danças que também são alinhadas com a capoeira. (Contra-mestre do grupo Escambo, 12 de maio de 2010)
O grupo se comporta de forma harmoniosa com disputas em torno de um mesmo objetivo, que é conhecer a capoeira como atividade física e cultural.
Capoeira e identidade cultural
No Brasil é possível encontrar diversas atividades culturais que recebem influências de matrizes africanas. Essas influências marcaram a identidade nacional. De acordo com Hall (2004, p. 57) “O discurso da cultura nacional não é, assim, tão moderno como aparenta ser. Ele constrói identidades que são colocadas, de modo ambíguo, entre o passado e o futuro”. A capoeira, mesmo sendo transformada com o passar dos anos, possui características preservadas do passado.
As culturas nacionais são tentadas, algumas vezes, a se voltar para o passado, a recuar defensivamente para aquele “tempo perdido”, quando a nação era “grande”; são tentadas a restaurar as identidades passadas. Este constitui o elemento regressivo, anacrônico, da estória da cultura nacional. (HALL, 2004, p.57)
Uma das principais características da capoeira é a sua prática como forma de resistência cultural e a sua ligação com a identidade afro-descendente. Para Vassallo (2006), “a resistência de que se fala é sobretudo cultural, ou seja, vinculada a uma suposta capacidade de um grupo, étnico ou não, em não se deixar contaminar pelas influências culturais de outros grupos.”
Dentro do grupo pesquisado, foi possível obter informações sobre a prática da capoeira como instrumento de identidade cultural, um integrante de 21 anos do grupo Escambo afirma, em entrevista, que:
Todo capoeirista, ele não tem que somente jogar capoeira, ele tem que ser completo. Ele tem que saber a origem da capoeira, os fundamentos da capoeira, saber da raiz da capoeira. A gente não tem que saber somente os toques do berimbau, a gente tem que saber estudar como ela surgiu, de onde ela surgiu. Tudo isso é um conjunto, tudo isso faz parte da família da capoeira. (Integrante do grupo Escambo, 13 de maio de 2010)
Capoeira e as novas identidades culturais
Atualmente, os meios virtuais são de grande importância para a construção de novas identidades, para Lévy (1996, p. 16) “A atualização é criação, invenção de uma forma a partir de uma configuração dinâmica de forças e de finalidades”. Hoje, a capoeira é confrontada de maneira cultural, ao qual leva uma transformação das idéias, atribuindo novas qualidades, integrando pessoas de diversos grupos sociais. Segundo Lévy (1996, p. 22) “O universo cultural, próprio aos humanos, estende ainda mais essa variabilidade dos espaços e das temporalidades”. Para esclarecer o conceito de virtualização, Lévy afirma que:
A virtualização não é uma desrealização (a transformação de uma realidade num conjunto de possíveis), mas uma mutação de identidade, um deslocamento do centro de gravidade ontológico do objeto considerado: em vez de se definir principalmente por sua atualidade (uma “solução”), a entidade passa a encontrar sua consistência essencial num campo problemático. Virtualizar uma entidade qualquer consiste em descobrir uma questão geral à qual ela se relaciona, em fazer mutar a entidade em direção a essa interrogação e em redefinir a atualidade de partida como resposta a uma questão particular. (LÉVY, 1996, p.17)
A internet é um espaço onde a capoeira está presente, e onde se pode encontrar diversas informações. O grupo Escambo é um exemplo, pois possui um perfil no site de relacionamento Orkut1. O grupo utiliza o site para divulgar seu trabalho com fotos, vídeos e mostrar o seu hino:
Cassados como animais
Cassados como animais
Pelos brancos portugueses
Sem saber o q fazer u negro
Tinha q correr no interior
Da Africa ja sabiam o q fazer
Brancos atissavam guerra entre
Os proprios africano
O branco comprevam os negros
Pelos sobas vencedor
Trocavam armas e cachaça
Fumo, jóias e tecido
Hoje isso é proibido
Ouve a libertação
Nosso grupo é a memoria dessa
Grande ingratidão
Hoje tudo é diferente
Trocamos nosso trabalho pelo soriso
Bem contente
Mais se que trocar ja troco
Grupo Escambo chegou
De acordo com Mwewa e Vaz (2004), na internet, os endereços eletrônicos funcionam como cartões de visitas dos grupos, utilizando artifícios como o emprego de diversos idiomas, além de outros tantos, para atender as necessidades da atual capoeira globalizada.
Capoeira e interação coletiva
Os indivíduos mudaram a forma de ver a vida. Após a segunda guerra mundial com sua nova configuração global, política, econômica e científica, em meio a um sentimento de desencanto com o mundo diante das conseqüências do combate entre as nações. A sociedade passou a ser mais subjetiva, onde ela cria e controla ao mesmo tempo. O grupo de capoeira é uma das tribos que não foi pelo lado de desagregação e o sentimento de agrupar para conquistar algo ainda prevalece entre os alunos e mestres de capoeira. Como foi observado o principal motivo da reunião do grupo escambo é o próprio grupo escambo, nas aulas o contramestre Wagner ensina sobre a importância de ajudar um companheiro.
Não podemos deixar de assinalar a eflorescência e a efervescência do neo-tribalismo que, sob as mais diversas formas, recusa reconhecer-se em qualquer projeto político, não se escreve em nenhuma finalidade e tem como única razão ser a preocupação com um presente vivido coletivamente. (MAFESSOLI, 2006, p.105)
Quando existe um iniciante no grupo, um aluno antigo, orientado pelo contramestre, tem o dever de ensinar os primeiros golpes. A interação dos alunos reforça a idéia de que mesmo sendo mais antigo e teoricamente superior dentro do grupo, eles tem o dever de ajudar o outro e como conseqüência respeitar o mais antigo que num futuro será seu possível mestre.
O escambo tem a filosofia da ajuda coletiva no momento de jogar capoeira na roda até o momento de ajudar quem tem necessidade na vida de uma forma geral. O contra mestre, em uma parte da entrevista que foi feita com o grupo, citou uma historia que envolveu a religião do aluno, a vida particular e a capoeira.
Então ele chegou na igreja e uma pessoa da igreja, foi o pastor, falou que a capoeira é uma religião. Aí ele veio e me perguntou e eu disse pra ele “você conversa primeiramente com o seu pastor e informa a ele que a capoeira foi registrada como esporte nacional em 1 de janeiro de 1973.” Ela é registrada como esporte nacional e não como espiritismo. E que se quiser trazer eles a pra conhecer nosso trabalho a gente vai demonstrar isso. (Contra-mestre do grupo Escambo, 12 de maio de 2010)
Essa foi um dos vários exemplos contados pelo líder sobre a interação do líder capoeira e do aluno capoeira dentro e fora do esporte. Mas Quando os atletas entram no grupo, na maioria das vezes eles não têm a idéia filosófica do ajudar ao próximo e entram para interagir somente com o corpo. A maioria dos iniciantes tem o interesse de imitar os golpes espetaculares dos grandes mestres para conseguir um destaque dentro do grupo. Daí a importância da aparência. Não se trata de abordá-la aqui enquanto tal, mas apenas de indicar, rapidamente, que ela é vetor de agregação (MAFESSOLI, 2006, p.108).
Para o contramestre eles começam a entender melhor o esporte capoeira quando começam a ter responsabilidade na vida pessoal e usam os aprendizados históricos da capoeira que são exigidos na mudança de graduação e os aprendizados adquiridos durante a convivência em grupo que acontece natural durante as aulas e as apresentações externas.
Inicialmente eles entram porque é bonitinho porque é legal [...] depois com o tempo eles vão crescendo e a responsabilidade vem vindo, que são as etapas, as graduações que a gente vai colocando na cintura deles [...] porque cada graduação é uma responsabilidade a mais. Eles vem vendo isso porque a gente ta sempre falando. (Contra-mestre do grupo Escambo, 12 de maio de 2010)
Conclusão
Com a investigação foi possível concluir que a capoeira está presente no Brasil e no Rio de Janeiro, despertando o interesse crianças, jovens e adultos. A capoeira é interpretada como esporte e como dança. O grupo Escambo faz um trabalho que integra os alunos tanto na prática corporal, quanto no contexto histórico da capoeira, despertando o interesse pela cultura afro-descendente. A possível aplicação prática do conhecimento alcançado com a pesquisa é esclarecer os aspectos da capoeira de um determinado grupo a partir de um histórico cultural e, com isso, levar os resultados da pesquisa para uma reflexão sobre a consciência histórica e identidade cultural presente em um grupo de capoeira atual.
Nota
Link do perfil do Grupo Escambo no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=12051908454793560778
Referências
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 9. ed. Rio de Janeiro: Dp&a, 2004.
LÉVY, Pierre. O que é o virtual? São Paulo: 34, 1996.
MAFFESOLI, Michel. O Tempo das Tribos: o declínio do individualismo nas sociedades de massa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998.
MWEWA; VAZ, Alexandre Fernandez. Educação do corpo em manifestação cultural afro-brasileira: o jogo de capoeira no contexto da indústria cultural. In: VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, A questão social no novo milénio, Coimbra, 2004.
PIRES, Antonio Liberac Cardoso Simões. A capoeira no jogo das cores: criminalidade, cultura e racismo na cidade do Rio de Janeiro. 1996. 1 v. Dissertação (Mestrado) - Unicamp, Campinas, 1996.
SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro. 1. ed. Rio de Janeiro: Divisão de Editoração da Secretaria Municipal de Cultura, 1994.
VASSALLO, Simone P. Resistência ou conflito? O legado folclorista nas atuais representações do jogo da capoeira. Campos (UERJ), v. 07, p. 71-82, 2006.
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