efdeportes.com

Desenvolvimento infantil: um estudo 

sobre práticas no universo da creche

Desarrollo infantil: un estudio sobre las prácticas en el universo del Jardín Maternal

 

*Acadêmica em Licenciatura em Pedagogia

**Acadêmico em História

**Professor Mestre do Departamento de

Teoria e Planejamento de Ensino

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ

(Brasil)

Natália Barbosa de Lima

tatalima@oi.com.br

Leonardo Pereira

leocarneiropereira@hotmail.com

Leandro Jorge Duclos

leandroduclos@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este artigo, construído no âmbito da disciplina Didática Geral da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, ministrada pelo professor Leandro Duclos, tem como objetivo delinear a importância da creche para a criança assim como para a sociedade. Entendemos que esta instituição tem como função socializar e educar a criança na perspectiva de transformá-la num cidadão crítico e atuante. Sendo assim, exploramos neste texto as formas pelas quais se estabelecem as relações entre professor/aluno e aluno/sociedade. Apontamos como recorrente a imensa responsabilidade que detém o educador, pois é através de sua capacidade e sensibilidade que a criança construirá um determinado imaginário de mundo e desempenhará suas habilidades, tanto para bem próprio como para desenvolvimento do outro enquanto ser social. Em suma, a educação construída no espaço da creche pode ser entendida como mediadora entre a formação social e intelectual do indivíduo.

          Unitermos: Prática docente1. Creche2. Desenvolvimento infantil3

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010

1 / 1

I.     Introdução

    O presente artigo refere-se a propostas de uma Pesquisa Qualitativa que utiliza o método de entrevista na creche Mário Lombardi, localizada no bairro de Santa Margarida na zona oeste do Rio de Janeiro.

    Temos como objeto de estudo crianças de 2 a 3 anos e onze meses de idade e como objetivo demonstrar que há participação dessas crianças em seu próprio desenvolvimento, devido a características, necessidades e ritmos que lhes são peculiares. Sendo assim, apontamos o papel social e educacional que a creche desempenha, visto que existe interação entre os envolvidos neste processo de construção do conhecimento.

    As atividades que são propostas para as crianças desta instituição têm como enfoque pedagógico as brincadeiras e os jogos, na concepção de que os brinquedos facilitam a alfabetização, desenvolvem o raciocínio e ajudam-nas a absorver com prazer os conteúdos escolares. A brincadeira e o jogo não são uma simples recordação de impressões vividas, mas uma reelaboração criativa delas; um processo pelo qual se combinam dados da experiência, curiosidades e necessidades para se criar uma nova realidade (BRASIL, 1998, vol. 1). Já as atividades que são propostas para os pais e/ou responsáveis, buscam proporcionar um melhor entendimento das inter-relações família-creche, família/responsáveis-crianças e crianças-creche.

    No que diz respeito aos funcionários, as atividades visam proporcionar uma melhoria na qualidade do serviço prestado, o que beneficia tanto os próprios funcionários quanto a instituição.

    Nessa perspectiva de atuação de forma teórico-científica, foi possível obter a seguinte questão de estudo: Até que ponto a creche contribui para o desenvolvimento da criança e para a sua inserção na sociedade, de forma a transformá-la em um cidadão crítico e atuante?

    Sintonizando com esta questão, surgiu o seguinte objetivo de pesquisa: Mostrar o valor da Educação Infantil, na modalidade creche, para a sociedade e para a criança, sendo ela uma instituição não apenas educacional, mas também social constituída por idéias, por comportamentos e pelas relações existentes entre os indivíduos.

    Por fim, sendo esta pesquisa uma vivência científico-prática das questões que norteiam a Educação Infantil, cremos que há um marco fundamental e ponto justificador da relevância acadêmica e pedagógica deste estudo.

II.     Materiais e métodos

    No que diz respeito à metodologia, o sujeito da pesquisa é a Direção da Creche Mário Lombardi, localizada no bairro de Santa Margarida, na zona oeste do município do Rio de Janeiro.

    O presente artigo apropria-se da pesquisa de cunho qualitativa, através do uso da entrevista, na ótica do questionário aberto, a qual foi realizada com as professoras Nádia Maria Gaspar Guerreiro e Márcia Aparecida Barbosa de Lima que, atualmente, exercem as funções de Diretora e Professora Articuladora, respectivamente.

    A entrevista baseou-se em relatos, opiniões e conhecimento teórico das entrevistadas, tendo como meta principal a avaliação da metodologia de ensino utilizada na creche supracitada e a influência dessa metodologia nas crianças e nos seus familiares para além muros da creche.

    Para tanto, reforça-se esta proposta dentro do que ressalta Demo (1996):

    (...) Assim, a avaliação qualitativa não é uma iniciativa externa, de fora para dentro. Só é factível em profundidade, como forma de autoexpressão. Mais importante que nosso diagnóstico, é o autodiagnóstico da comunidade... Ademais, a qualidade de não se capta observando-a, mas vivenciando-ª Passa necessariamente pela prática, pois sua lógica é a da sabedoria, mais do que a da ciência, que se permite analisar, estudar, observar. (p. 24)

    Inicialmente realizamos uma pesquisa bibliográfica sobre as questões que norteiam a Educação Infantil na modalidade Creche, com vistas a recolher informações a respeito do papel social e educacional que esta instituição desempenha na vida das crianças e dos demais envolvidos no processo de construção do conhecimento.

    Diante da complexidade do processo de desenvolvimento infantil, identificamos a necessidade de um diagnóstico e de uma avaliação sobre como a Direção dessa instituição compreende e encara a dinâmica de construção de conhecimento pelas crianças da creche e os graus de envolvimento da comunidade circunvizinha e das famílias dessas crianças em relação às atividades desenvolvidas. Para tal fim, aplicamos um questionário composto de perguntas abertas e, em seguida, fizemos uma análise das respostas obtidas, tendo como base o levantamento bibliográfico já realizado.

Questionário

  1. Em sua opinião, qual o significado da creche na vida do educador?

  2. Em sua opinião, qual o significado da creche para as crianças que a freqüentam?

  3. Quais são as atividades que mais te motivam no seu trabalho?

  4. O que normalmente atrai e repele os pais em relação à creche?

  5. O que você mudaria na atual Educação Infantil?

  6. Qual a relação da creche com a comunidade?

  7. Existe algum trabalho social realizado aqui na creche? Qual?

  8. Quais os maiores valores que você destacaria no processo educacional?

  9. Que atividades você considera importante de se realizar, para que os valores acima citados sejam alcançados?

III.     Resultados e discussão

    Diante das várias possibilidades de interpretação das respostas obtidas, característica esta predominante de uma pesquisa de cunho qualitativa na ótica do questionário aberto, faremos uma breve exposição do material teórico estudado e utilizado como base para a formulação deste trabalho. Esta exposição foi dividida em três momentos, a saber: “A creche como responsável pela formação do indivíduo”, “A criança e a família no contexto escolar” e “A Prática Docente associada à realidade social: integração escola4-sociedade”.

    Acreditamos que estes subtítulos serão de fundamental importância para que haja um entendimento mais claro e seguro do segundo momento deste trabalho que se caracteriza pela realização das entrevistas e da análise das respostas obtidas.

A creche como responsável pela formação do indivíduo

    Atualmente, “a creche é uma instituição de Educação Infantil criada para oferecer condições ótimas que propiciem e estimulem o desenvolvimento integral, sadio e harmonioso da criança nos seus primeiros quatro anos de vida”. (RIZZO, 1984, p. 23). Possuindo também a finalidade de atendimento às necessidades de horário de trabalho do responsável.

    A partir desse conceito podemos encarar as creches como “ambientes especiais de criar crianças” (RIZZO, 1984, p. 24), que visa não apenas os aspectos físicos, mas também emocionais, afetivos, cognitivos e sociais, no período em que a criança se encontra na instituição. Sendo assim e com base no Referencial curricular Nacional para Educação Infantil (1998, vol. 01), vejamos como as creches “criam crianças”:

    (...) educar significa propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural; cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades, considerando que a base do cuidado humano é compreender como ajudar o outro, a se desenvolver como ser humano; brincar significa criar um espaço no qual as crianças possam experimentar o mundo e internalizar uma compreensão sobre as pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos. (p. 23; 24)

    Certamente, para que haja um completo desenvolvimento dos aspectos físico, emocional, afetivo, cognitivo e social será preciso inserir no cotidiano da creche a educação, o cuidado e a brincadeira como auxiliares no desenvolvimento das capacidades individuais, das relações interpessoais e, conseqüentemente, na formação de crianças felizes e saudáveis. Para isso, é de suma importância relevar o papel do educador.

    Quando pensamos na creche como instituição que promove socialização e aprendizado, devemos remeter para o fato de como isso ocorre, visto que a educação infantil também busca a transformação deste pequeno indivíduo em cidadão crítico e responsável.

    O mundo em que vivemos é certamente diferente do mundo antigo e medieval. Os comportamentos, os pensamentos, as metodologias e a própria prática de ensino mudaram. Hoje o que impera é a tecnologia proporcionada pela Revolução industrial, e o professor precisa estar atento a isso. Sua dinâmica deve estar em conformidade com a modernidade, pois isto dirá respeito à qualidade do ensino e à relação com o aluno.

    Como diz Anísio Teixeira, o professor não deve ser um mero coadjuvante ou assessor do estudante, mas sim promover diálogos e compartilhar o conhecimento, iniciar a criança e depois o adolescente na arte extremamente complexa de pensar objetiva e cientificamente. (TEIXEIRA, 2004, p. 143-148)

A criança e a família no contexto escolar

    O desenvolvimento infantil está em processo acelerado de mudanças; as crianças estão desenvolvendo suas potencialidades precocemente. Diante dos avanços em geral, da evolução cientifica e tecnológica, a criança deste final de século e milênio também está evoluindo.

    As diferentes áreas do cérebro humano se desenvolvem através de estímulos, portanto, dentro da perspectiva da Teoria Construtivista, se os estímulos mudam conseqüentemente as reações também mudarão.

    Os padrões de comportamento para com o recém-nascido e para com a criança na primeira infância se modificaram, o que gera, conseqüentemente, respostas diferentes e nem sempre esperadas.

    As famílias menos numerosas, as diversidades na constituição familiar, pais que trabalham fora, crianças que freqüentam berçários, creches e/ou escolas maternais recebem estímulos distintos daquelas que eram criadas em casa, com irmãos e que só saíam para a escola aos sete anos. É, portanto, com estas crianças que o educador deve saber lidar e reconhecer suas necessidades, procurando atendê-las dentro do contexto educacional atual. (BRASIL, 1998, vol. 2)

    Os educadores muitas vezes se perdem e não conseguem mais atrair atenção ou motivar seus alunos, pois, se o educando mudou, o educador também precisa mudar. Os métodos tradicionais de ensino estão cada vez menos atraentes para a criança, ela quer participar, questionar, atuar, e não consegue ficar horas a fio sentada ouvindo uma aula expositiva. Utilizar métodos que relacionem conteúdos à vivência da criança possibilitarão o desenvolvimento de algumas potencialidades, a descoberta de aplicações no que precisam aprender e a liberdade para criar.

    Dependendo da abordagem e do preparo do profissional, o uso do lúdico em sala de aula é um recurso tanto para avaliação, quanto para intervenção em processos de aprendizagem. Numa abordagem que evita atacar o sintoma de frente, o uso do brinquedo é o recurso ideal, pois promove a ativação das necessidades de aprendizagem das crianças sem ameaçá-las. (SANTOS, RESENDE & CALEGARIO, 2004)

    Nesse sentido, à medida que a criança interage com os objetos e com as outras pessoas, construirá relações e conhecimentos a respeito do mundo em que vive.

    Aos poucos, a escola e a família, em conjunto, deverão favorecer uma ação de liberdade para a criança, uma socialização que se dará gradativamente, através das relações que ela irá estabelecer com seus colegas, professores e a sociedade de uma forma geral.

A Prática Docente associada à realidade social: integração escola-sociedade

    As mudanças sociais e econômicas facilitam e impulsionam as transformações culturais, as quais estão intrinsecamente ligadas à escola.

    Nesse novo cenário social, onde a globalização exerce sua força encurtando as distâncias entre povos e culturas, o saber docente deve ser repensado através de um esforço coletivo de toda a comunidade escolar de forma a democratizar o ensino.

    Para que ocorra uma reflexão da prática docente e, consequentemente, uma melhoria da mesma é necessário que haja a valorização do professor através da valorização de sua identidade, a qual dá forma a sua prática; ou seja, valorizar a identidade do professor é auxiliá-lo a repensar a sua prática de forma a adaptá-la à sociedade contemporânea (RAMOS, 2007).

    Para se compreender a realidade com a qual trabalha, é necessário ao professor compreender a construção dessa mesma realidade através da interação com os sujeitos determinantes para o acontecimento das relações sociais, históricas, culturais, políticas e econômicas.

    Nessa perspectiva, para que haja uma prática docente competente é necessário que haja “condições concretas e efetivas para a realização dos propósitos que se anunciam” (RAMOS, 2007, p. 12). Uma dessas condições concretas seria o reconhecimento da tarefa fundamental da educação e da escola, pois, assim, a atuação social da escola e a adaptação da prática docente às novas realidades contribuiriam para que a aprendizagem não ficasse restrita à sala de aula, mas tivesse sua expansão, primeiramente, na relação professor-aluno e, posteriormente, para além muros da escola na relação aluno-mundo.

    Diante destas considerações teóricas, ao analisarmos as respostas, nos foi possível entender que tanto a Diretora quanto a Professora Articuladora5 entendem a creche como uma instituição acolhedora que oferece uma nova forma de educação para as crianças, uma educação que favorece a valorização cultural e a ação-reflexão-ação delas, bem como da sociedade a partir dos trabalhos sociais lá realizados.

    Um aspecto bastante importante encontrado nas respostas foi o fato de que, na visão das entrevistadas, as crianças reconhecem e deixam visível que a creche é um espaço de aprendizagem e que as encoraja a se tornarem o centro de suas próprias descobertas, pois todas as interações ali existentes – objeto-criança, criança-criança, criança-adulto – colocam-na como um pesquisador, ou seja, como um construtor de teorias, onde aprender começa com a comunicação e expressão de conceitos em um diálogo constante.

    No que diz respeito aos educadores, na visão de ambas as entrevistadas, a creche é de extrema importância, pois promove a especialização dos mesmos através da formação continuada e da atenção dada as suas dúvidas e ansiedades, tentando sempre resolver os problemas que surgem no cotidiano. Essa atitude favorece também o envolvimento com a comunidade, pois a mesma é atendida internamente, através do atendimento individualizado aos responsáveis pelas crianças com a intervenção da direção, da coordenação pedagógica e das educadoras, e externamente, através de vínculos e parcerias com Posto de Saúde, Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros, onde são proferidas palestras e atendimento médico e odontológico para a comunidade e para as crianças. Essas atividades são importantes, pois estabelecem vínculos com o social baseados na comunicação e no debate, buscando a criação de relacionamentos significativos para dar as crianças um senso de maior pertencimento social.

    Foi possível perceber que ambas as entrevistadas motivam-se profissionalmente através das descobertas e conquistas das crianças que acontecem devido ao trabalho desenvolvidos pelas educadoras que são orientadas pela Coordenação Pedagógica. A respeito dessa motivação, a Diretora Nádia Guerreiro (2009) discursa:

    “O que mais me motiva é a percepção do crescimento das crianças em atividades diárias, reflexo das múltiplas interações presentes no cotidiano da creche. O desenvolvimento de ações educativas, integradas aos cuidados essenciais, ampliação dos múltiplos conhecimentos/linguagens e expressões, reflete nas respostas das crianças demonstrando suas iniciativas, curiosidades, vontade de explorar... transmite-nos que nossa meta, de torná-los sujeitos ativos no mundo em que vivem esta tendo resposta positiva”.

    Inegavelmente essa motivação, acima referida, reflete-se diretamente no bom andamento e funcionamento da instituição, considerando-se que as entrevistadas estão diretamente envolvidas com a administração do trabalho da creche, tanto burocrático, quanto pedagógico. Logo, todas as relações estabelecidas interna (profissionais e crianças) e externamente (família e sociedade) à instituição ganham vigor e despontam mais facilmente graças a motivação dos profissionais que ali trabalham.

    Procurando entender de forma mais clara e objetiva a relação da família com a creche em questão, perguntou-se o que normalmente atrai e repele os responsáveis em relação à creche. Nesse questionamento, verificou-se certa discrepância nos discursos da Diretora e da Professora Articuladora. A primeira referiu-se a falta de vagas como um fator de repulsa e a confiança da comunidade no trabalho desenvolvido, bem como o horário integral, o que favorece o horário de trabalho dos responsáveis, como um fator atrativo. Já para a Professora Articuladora, atualmente o principal atrativo da creche é o fato de combinar educação, na perspectiva do desenvolvimento infantil, com cuidados e a repulsa, normalmente acontece, quando um desses dois aspectos é de alguma forma deixado de lado. A esse respeito, a Professora Articuladora Márcia Lima (2009) afirma:

    “A princípio as creches tinham como centro do processo educativo a assistência, a custódia, e a higiene. Educar era visto como cuidar, assistir e higienizar apenas. Hoje a leitura da instituição creche é outra, ela é pensada e reivindicada como espaço de educação e cuidados coletivos, um espaço de socialização, de vivências e de interações. A creche hoje compartilha com as famílias a educação e os cuidados essenciais das crianças, em espaço de crescimento de vida e de interações”.

    Quanto às mudanças para uma melhoria da atual Educação Infantil, ambas as entrevistadas destacaram mais construções de espaços creche para a ampliação do número de vagas e, consequêntemente, um melhor atendimento das necessidades sociais, a formação profissional adequada de preferência em Nível Superior, a formação continuada em serviço dos profissionais atuantes, a ampliação do número de educadores por sala e melhores salários. Essas sugestões de melhorias vieram acompanhadas do destaque aos maiores valores do processo educacional que, de uma forma geral, foi concebido por ambas como o respeito ao heterogêneo e a pluralidade, bem como a maior visibilidade e envolvimento com os pais, família e comunidade.

    Nesse sentido, a Diretora Nádia Guerreiro (2009) afirma:

    “Aqui nós construímos e reconstruímos nossa ação educativa, a partir de elementos humanos, espaciais, sociais, culturais... Buscamos pistas teóricas e práticas que nos orientem em elaborar nossa ação, nosso fazer pedagógico diário”.

    Da análise de conteúdo empreendida, verificou-se que, de uma forma geral, houve concordância em todas as respostas dadas pelas entrevistadas, apesar da entrevista ter sido realizada com cada uma separadamente em dias e horários diferentes. Isso demonstra compatibilidade e compartilhamento do trabalho realizado, o que é uma característica fundamental para que a creche consiga a integração de todos os envolvidos no processo construção do conhecimento e desenvolvimento infantil, fazendo a associação da família e da comunidade circunvizinha com a instituição em questão.

IV.     Conclusão

    À medida que a criança interage com os objetos e com as outras pessoas, constrói relações e conhecimentos a respeito do mundo em que vive. Aos poucos, a escola e a família, em conjunto, favorecem uma ação de liberdade para a criança, uma socialização que se dará gradativamente, através das relações que ela irá estabelecer com seus colegas, professores e a sociedade de uma forma geral. Nesse sentido o processo de educação pode ser entendido como um mediador entre a formação social e intelectual do indivíduo, tornando-o um membro da sociedade capaz de influir no comportamento dos outros membros dessa mesma sociedade modificando o processo de interação social, aprendendo e ensinando, tornando possível a educação.

    Este processo não busca uma reprodução da sociedade, mais se faz presente no processo de conhecimento e auto-avaliação da mesma.

Notas

  1. Prática Docente: No presente estudo, Prática Docente foi definida tal como Ramos (2007) a concebe. Trata-se da ação didática do professor, o qual se caracteriza como um gestor da prática docente no processo de ensino-aprendizagem e construção do conhecimento pelo aluno e pelo próprio professor. E é nessa relação entre esses dois atores da educação, que a atuação e aplicação crítica dos conhecimentos formais e informais podem mudar a realidade social.

  2. Creche: Para a pesquisa em questão, foi adotada a concepção de creche segundo Gilda Rizzo (1984), a qual afirma que “a creche é uma instituição de Educação Infantil criada para oferecer condições ótimas que propiciem e estimulem o desenvolvimento integral e harmonioso da criança sadia nos seus primeiros quatro anos de vida” (p. 23), ou seja, “ambientes especiais de criar crianças” (p. 24) que visa não apenas os aspectos físicos, mas também emocionais, afetivos, cognitivos e sociais, substituindo a ação materna no período em que a criança se encontra na instituição.

  3. Desenvolvimento Infantil: Dentro da abordagem desta pesquisa, o Desenvolvimento Infantil foi concebido de acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, vol. 2), o qual afirma que os atos de educar, cuidar e brincar devem estar precisamente esclarecidos e inseridos na rotina diária da creche para, com isso, oferecer às crianças um desenvolvimento físico e mental saudáveis.

  4. Termo aqui aplicado em toda sua plenitude caracterizando todos os níveis de educação, inclusive, e principalmente, a Educação Infantil.

  5. As atribuições deste cargo, no município do Rio de Janeiro, correspondem às atribuições do cargo de Coordenadora Pedagógica.

Referências

  • BRASIL. REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA EDUCAÇÃO INFANTIL. Introdução. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Vol.: 1. Brasília: MEC/SEF, 1998.

  • BRASIL. REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA EDUCAÇÃO INFANTIL. Formação pessoal e social. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Vol.: 2. Brasília: MEC/SEF, 1998.

  • DEMO, Pedro. Avaliação qualitativa. São Paulo: Autores Associados, 1996.

  • RAMOS, Jucelem Guimarães Belchior. Didática. Manaus/AM: UEA, 2007.

  • RIZZO, Gilda. Creche: organização, montagem e funcionamento. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1984.

  • SANTOS, Maria Lígia Rodrigues; RESENDE, Marília Messias; CALEGARIO, Cristina Lélis Leal. A educação infantil e o lúdico: teoria e prática. Viçosa: UFV, 2004

  • TEIXEIRA, A nísio. S. R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 85, n. 209/210/211, p. 143-148, jan./dez. 2004.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

revista digital · Año 15 · N° 145 | Buenos Aires, Junio de 2010  
© 1997-2010 Derechos reservados