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Tratamento fisioterapêutico no pré operatório

de fratura dos ossos da perna. Relato de caso

Tratamiento fisioterapéutico en el pre-operatorio de la fractura de los huesos de la pierna. Relato de caso

 

Bacharel em fisioterapia. Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC

Aluna Especial no Mestrado de Ciência do Movimento Humano da

Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC

Jaqueline Lourdes Rios

jaquelrios@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          As fraturas de tíbia são as mais comuns das que envolvem os ossos longos do corpo. Porém merecem atenção especial, visto que a recuperação é lenta e pode deixar deformidades permanentes quando não tratada adequadamente. A fisioterapia no pré-operatória atua amenizando as complicações. No caso em questão, o paciente manteve o trofismo muscular a mobilidade articular, assim como não desenvolveu alterações cardiorespiratórias, mesmo permanecendo 13 dias internados no Hospital Governador Celso Ramos até a ocorrência do ato cirúrgico.

          Unitermos: Fratura. Ossos da perna. Fisioterapia. Pré-operatório

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010

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Introdução

    As fraturas da tíbia são as mais freqüentes entre as dos ossos longos; ocorrendo cerca de 300.000 anualmente nos Estados Unidos da América e em torno de 50.000 no Brasil (FERREIRA, 2000).

    O complexo destas fraturas engloba desde as chamadas fraturas por estresse, passando pelas fraturas sem desvios e estáveis, causadas por traumas de baixa energia, até os traumatismos de alta energia que resultam em perda da continuidade dos tecidos moles, insuficiência vascular, disfunção neurológica e perda de tecido ósseo. Quando o dano a estes diferentes grupos de tecidos é suficientemente grande, a viabilidade do membro poderá estar comprometida, resultando em amputação (FERREIRA, 2000).

    A recuperação dessas fraturas é extremamente lenta, com possibilidade de deformidade permanente e alterações funcionais definitivas (PUNNO, VAUGHAN e STETTEN, 1991).


    A redução e imobilização gessada é uma concordância para o tratamento dessas fraturas. Este método quase sempre evolui para a consolidação da fratura, mas restam, muitas vezes, consolidação viciosa, alterações funcionais e tróficas e tempo de afastamento do convívio social e do trabalho muito longo. O conhecimento da biomecânica do esqueleto, da tecnologia dos materiais de síntese e de técnica cirúrgica tem direcionado muitos cirurgiões para o tratamento cirúrgico das fraturas dos ossos da perna (COSTA, FALAVINHA, 1997; RUSSEL, 1996).

    As técnicas cirúrgicas não estão livres de complicação, mas trazem muitos benefícios ao paciente, principalmente em sua mobilização. Atualmente existe concordância no uso da haste intramedular rígida com ou sem bloqueio para a fixação das fraturas diafisárias (BORGES, SILVA e SAGGIN,1997), mas para seu uso é necessária mesa ortopédica para tração, intensificador de imagens e instrumental complexo e caro para sua colocação. Os fixadores têm sua indicação precisa nas fraturas expostas do tipo III de Gustillo; nas fraturas mais simples podem ser usados provisoriamente até a instituição de tratamento definitivo. O uso de placas e parafusos possibilita restaurar o alinhamento ósseo e a mobilidade articular precoce, mas não permite apoio precoce e sua colocação leva a lesões de partes moles que podem alterar a cicatrização óssea (COSTA, FALAVINHA, 1997).

    A imobilização no leito traz ao paciente uma série de complicações, como a mudança no quadro psico-emocional, a diminuição da força muscular por desuso, a diminuição da circulação corpórea, a perda da propriocepção e da massa óssea e ainda a complicações respiratórias, devido ao longo período de tempo em decúbito dorsal, além da diminuição da capacidade aeróbia e da resistência á fadiga; sendo assim, o principal objetivo da fisioterapia é influenciar nas capacidades de mobilidade do paciente positivamente, de modo que sua participação na sociedade seja otimizada. É importante lembrar que as condições cárdio-respiratórias devem merecer cuidados especiais na avaliação pré-operatória (MERINO, 2008).

Relato do caso

    Paciente RJS, 27 anos, deu entrada no pronto socorro da Hospital Governador Celso Ramos (HGCR) no dia 29/10/2008 as 21:00h devido acidente de motocicleta.

    O mesmo apresentou escoriações pelo corpo e diagnóstico clínico de fraturas dos ossos da perna esquerda.

    O paciente foi internado na enfermaria da ortopedia do HGCR para a realização de cirurgia para correção da fratura.

    No dia 04/11/2008, enquanto aguardava marcação da cirurgia, o paciente passou por avaliação fisioterapêutica, onde não foi observado alterações cardiorrespiratórias nem restrições de ADM (o membro inferior esquerdo não pode ser avaliado quando à mobilidade, pois o mesmo encontrava-se com tala gessada). Quanto a força muscular, o membro inferior direito apresentou 5 na escala de Kendall, enquanto o esquerdo apresentou 2, e edema em tornozelo esquerdo.

    Em 05/11/2008 e 11/11/2008 o paciente recebeu atendimento fisioterapêutico, onde se realizou exercícios metabólicos para os membros inferiores (3x50), com o membro inferior esquerdo elevado, sendo que esta mesma atividade foi orientada a ser realizada a cada 1 hora; alongamento passivo de isquiotibiais, adutores e abdutores do quadril e glúteo médio (3x30) do membro direito; fortalecimento isométrico do quadríceps, adutores e abdutores do quadril tanto para o membro esquerdo quanto o direito (3x10 mantendo 5 segundos contraindo e 10 segundos em repouso); fortalecimento ativo de glúteo através do exercício de ponte (3x10).

    Paciente reagiu bem as atividades propostas, porém como estava de jejum nos dois atendimentos realizados (pois a cirurgia deveria ser realizada no período seguinte) optou-se por não fadigá-lo.

Conclusão

    A fisioterapia no pré-operatório é importante, pois ajuda a manter a elasticidade dos tecidos, assim como o trofismo muscular e a mobilidade articular, facilitando muito o trabalho cirúrgico e pós-cirúrgico.

    É sensato salientar, que neste caso específico, a fisioterapia atuou principalmente, prevenindo complicações, visto que o paciente permaneceu 13 dias internado aguardando a cirurgia, ou seja, aumentando muito os riscos de imobilidade no leito.

    Entende-se então, que é essencial o papel do profissional da fisioterapia dentro das enfermarias ortopédicas, visto que assim, reduz-se os riscos de complicações e reduz o tempo de permanência do indivíduo hospitalizado após o ato cirúrgico.

Referências

  • BORGES, J.L.P.; SILVA, V.C.; SAGGIN, J.I. Haste intramedular bloqueada da tíbia. Revista Brasileira de Ortopedia. v. 32. n. 1. 1997, 46 – 50.

  • COSTA, C. A.; FALAVINHA, R. S. Placa e parafuso no tratamento das fraturas da diáfise dos ossos da perna. Revista Brasileira de Ortopedia. v. 32. n. 6. 1997, 431 – 436.

  • FERREIRA, J. C. A. Fraturas da diáfise dos ossos da perna. Revista Brasileira de Ortopedia. v. 35. n. 10. 2000, 375 – 383.

  • MERINO, D. F. B. Aplicação de um protocolo de tratamento fisioterapêutico no pré e Pós-operatório das fraturas do fêmur na fase hospitalar: relato de caso clínico. 6º Simposio de Ensino de Graduação UNIMEP. 2008.

  • PUNNO, R.M.; VAUGHAN, J.J.; STETTEN, M.L. Long-term effects of tibial angular mal union on the knee and ankle joints. J Orthop Trauma. n. 5. 1991, 247-254.

  • Russel T.A. Fractures of the Tibial Diaphysis. Orthopaedic Knowledge Update, Trauma, AAOS, p. 174, 1996.

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