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O desempenho no teste de Shuttle Run com e sem bola melhora

após partida de futsal em jovens de 14 a 16 anos de idade

La mejora en el rendimiento en el test de Shuttle Run con y sin pelota 

luego de un partido de fútbol sala en jóvenes de 14 a 16 años de edad

 

*Graduado em Educação Física pelo Centro Universitário de Formiga (UNIFOR-MG)

Especialista em Educação Física Escolar pela Faculdades Integradas Jaraguá (FIJ)

Especialista em Futebol e Futsal pela Universidade Gama Filho (UGF)

Professor da rede municipal de ensino de Piumhi-Professor

Técnico da equipe de futsal do Piumhi Tênis Clube.

**Mestre em Ciências do Esporte pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Laboratório de Fisiologia do Exercício.

***Mestre em Ciências do Esporte pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, MG

****Mestre em Ciências do Esporte pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Campus Timóteo

(Brasil)

Leandro da Souza Alves*

leandroedufisica@yahoo.com.br

Diego de Alcantara Borba**

diegoalcantara1@gmail.com

João Batista Ferreira Junior***

jbfjunior@gmail.com

Angelo Ruediger Pisani Martini**

angeloruediger@yahoo.com.br

Leonardo Gomes Martins Coelho****

leoufmg@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: O futsal é uma das modalidades esportivas mais praticadas no Brasil, com forte apelo cultural. A agilidade é uma capacidade motora bastante exigida na prática do futsal, sendo definida como a movimentação do corpo no espaço. Neste esporte, a agilidade é manifestada por movimentos rápidos de trocas de sentido e direção. Poucos estudos avaliaram os efeitos de uma partida de futsal na capacidade agilidade. O objetivo deste estudo é comparar o nível de agilidade antes e após um jogo de futsal. Métodos: Participaram do estudo 10 atletas dos 14 aos 16 anos de idade após aprovação por escrito dos pais. A agilidade foi medida imediatamente antes e após dois jogos da fase final da X Copa Sul Mineira de Futsal, através do teste de Shuttle Run com e sem bola. Resultados: Em ambos os testes, o tempo de realização foi menor após o jogo comparado ao pré jogo (p<0,05). Tanto antes quanto após a partida, o tempo do teste de Shuttle Run sem bola foi menor comparado ao teste com bola (p<0,05). Conclusão: A agilidade, medida pelos testes de Shuttle Run com e sem bola, é melhorada após partida de futsal em jovens de 14 a 16 anos idade. Talvez uma maior concentração e uma possível aprendizagem da tarefa levaram a um aperfeiçoamento na realização do teste após a partida.

          Unitermos: Agilidade. Futsal. Shuttle Run

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010

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Introdução

    O futsal é uma das modalidades esportivas mais praticadas no Brasil, com forte apelo cultural (RÉ, 2008). Idealmente, o jogo de futsal é rápido e as ações ocorrem em espaços reduzidos. Este mesmo autor reportou que os jogadores adultos percorrem em média 6 km durante uma partida, sendo 26% de corrida (3 a 5 m/s), 15% de corrida rápida (5 a 7 m/s) e 2% em velocidades superiores a 7 m/s. Considerando essa mesma faixa de velocidades, a distância total percorrida com condução de bola foi de 15m em velocidades superiores a 7 m/s, 57m entre 5 e 7 m/s, 152m entre 3 e 5 m/s, 147m entre 1 e 3 m/s e 26m abaixo de 1 m/s. Calculando as diferenças, dos 6 km percorridos durante o jogo, 400m são percorridos com a bola e 5600m sem a posse de bola. Devido ao pequeno espaço de jogo, existe a necessidade de movimentação constante dos atletas sem a posse de bola em diferentes direções para que as jogadas possam ocorrer. Para Schmid e Alejo (2002), agilidade é a habilidade para mudar os movimentos o mais rápido possível frente a situações imprevisíveis, tomando rápidas decisões e executando ações de modo eficiente. Assim, o desenvolvimento de uma boa agilidade associado à técnica de jogo é fundamental para a otimização do desempenho no futsal.


    Estudos avaliaram o comportamento de capacidades físicas como a força e capacidade aeróbia (ARAÚJO et al. 1995; MOLINUEVO e ORTEGA, 1989), entretanto, há escassez de estudos que avaliaram os efeitos do jogo de futsal na capacidade de agilidade. Para os jogadores de futsal, o treinamento da agilidade é ótimo para melhorar os níveis de habilidade (SCHMID e ALEJO, 2002).

    Portanto, o objetivo do presente estudo é medir a agilidade de jovens de 14 a 16 anos de uma equipe de futsal antes e após uma partida. Para isto, foi utilizado o teste Shuttle Run com e sem a bola (Oliveira, 2000), já que, Silva et al. (2006) concluíram que o teste de agilidade com bola parece medir um componente mais específico de agilidade. Inicialmente espera-se que a agilidade diminua após o jogo, visto que, o esforço requerido pela partida proporcione um estado de fadiga mais avançado, comparado ao início do jogo.

Métodos

Amostra

    Participaram do estudo, após autorização por escrito dos pais, 10 jovens saudáveis do sexo masculino entre as idades de 14 e 16 anos jogadores da equipe de futsal da cidade de Piumhi, localizada no estado de Minas Gerais, Brasil.

Procedimentos

    Para avaliação da agilidade foram realizados dois testes de Shuttle Run (AAHPER, 1976) imediatamente antes e imediatamente depois de dois jogos da fase final da X Copa Sul Mineira de Futsal, sendo um dos testes com bola. A partida foi realizada de acordo com as regras oficiais da modalidade.

    Para o teste (fig. 1), o candidato coloca-se em afastamento ântero-posterior das pernas, com o pé anterior o mais próximo possível da linha de saída. Com a voz de comando: "Atenção! Já!" o voluntário inicia o teste com o acionamento concomitante do cronômetro. O voluntário em ação simultânea, corre à máxima velocidade até os blocos dispostos equidistantes da linha de saída à 9,14 metros de distância. Lá chegando, o voluntário pega um dos blocos e retorna ao ponto de partida, depositando esse bloco atrás da linha. Em seguida, sem interromper a corrida, parte novamente em busca do segundo bloco, procedendo da mesma forma. Ao pegar ou deixar o bloco, o candidato terá que transpor pelo menos um dos pés as linhas que limitam o espaço demarcado. O bloco não deve ser jogado, mas sim, colocado ao solo. O cronômetro é parado quando o candidato coloca o último bloco no solo e ultrapassa com pelo menos um dos pés a linha final. (AAHPER, 1976).

Figura 1. Teste de Shuttle Run sem bola. Fonte: Dantas, 1986.

    O teste de Shuttle Run com Bola (SRB) específica para o futebol (CAICEDO et al., 1993) foi adaptado para o futsal pelo presente estudo. Após o apito do avaliador, o voluntário corre em direção a primeira bola e conduzi-a com os pés de volta ao local de saída, retorna para buscar a outra bola e novamente com os pés conduzi-a para o mesmo ponto. A bola deverá ser conduzida próxima do pé, não podendo chutá-la e ao chegar, ela deverá permanecer parada. Foram realizadas duas tentativas e adotada o menor tempo como o melhor resultado. A distância compreendida entre as linhas é de 9,14m. O tempo foi medido em segundos.

Figura 2. Teste de Shuttle Run com bola. Fonte: Falk e Pereira (2009)

    Os testes de agilidade foram realizados em um ginásio de futsal com dimensões de 34 metros de comprimento por 18 metros de largura, durante a fase final da X Copa Sul Mineira de futsal, utilizando uma partida para o teste SR e uma partida para o teste SRB. Os voluntários realizaram os testes de short, camiseta, meias e tênis, no mesmo local e data. O tempo foi medido por cronômetro (Timex®, Brasil) com precisão de segundos e décimos de segundo. A área dos testes foi demarcada com fita adesiva fixada ao solo. Foram realizadas duas tentativas e adotado o menor tempo entre as tentativas como resultado.

Analise estatística

    Os dados foram apresentados em média e desvio padrão. Para comparação dos resultados entre os grupos pré e pós jogo foi utilizado teste t pareado. O nível de significância adotado foi de 5%.

Resultados

    O tempo do teste de agilidade foi significativamente menor após o jogo de futsal, nos testes com (P = 0,029) e sem bola (P = 0,025). Os tempos dos testes com bola foram maiores comparados aos testes sem bola para o mesmo momento de medida (P < 0,001).

Figura 3. Média e desvio padrão do tempo nos testes de Shuttle Run com e sem bola. (*)p=0,029, maior que pós-sem bola;

 (#)p=0,025, maior que pós com bola. (§)p<0,001, maior que com bola para o mesmo momento de medida. P<0,05.

Discussão

    O presente estudo procurou avaliar se a agilidade é modificada após um jogo de futsal. A hipótese era que o tempo para realização do teste de Shuttle Run fosse maior após a partida, já que, esperava-se que os voluntários estivessem mais cansados após o jogo. Segundo St Clair Gibson et al. (2006) e Marino (2004), durante o exercício há redução da ativação dos músculos esqueléticos resultando na diminuição da potência e duração do esforço. Entretanto, esta hipótese não foi confirmada, visto que o tempo após a partida diminuiu comparado ao tempo de teste antes da partida. O presente estudo, não mediu parâmetros de fadiga durante a partida. Portanto, não é possível dizer se o estimulo de jogo foi suficiente para modificar a fadiga. Pode se especular que o acréscimo no desempenho no teste ao final da partida pode ser explicado pela maior ativação central dos voluntários decorrente da competição e de um efeito de aprendizado da tarefa devido a sua repetição. Além disso, possivelmente os jovens estavam mais preocupados com o início da partida, que representava classificação para a final do campeonato, do que com o desempenho nos testes iniciais.

    Segundo Oliveira (2000), o teste de Shuttle Run é um teste muito utilizado para avaliar a agilidade, inclusive em atletas. O teste de Shuttle Run com bola para o futebol é uma adaptação reprodutível e apresenta boa correlação com a modalidade futsal (SILVA et al., 2006). Comparando os testes de Shuttle Run com e sem bola, o primeiro apresentou menor duração como esperado, devido a maior complexidade para conduzir a bola com os pés em comparação com manipular um cubo com as mãos.

    Quanto aos níveis de agilidade proposto pela AAHPER (1976), os atletas se encontram com bom nível para os testes pré e pós jogo.

Conclusão

    A agilidade de jovens de 14 a 16 anos de idade, medida pelos testes de Shuttle Run com e sem bola, foi modificada após partida de futsal, sendo em que o tempo do teste foi diminuído após o jogo em ambos os testes. Talvez uma maior concentração e uma possível aprendizagem da tarefa levaram a um aperfeiçoamento na realização do teste após a partida

Referências

  • AMERICAN ALLIANCEE FOR HEALTH PHYSICAL EDUCATION RECREATION: Youth fitness test manual, Ed. Rev. Local, Editora, 69 p. 1976.

  • ARAÚJO, T. L.; ANDRADE, D. R.; FIGUEIRA JÚNIOR, A. J. Perfil de aptidão física de jogadores de futebol de salão de acordo com a posição tática de jogo. In: 4o Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa, 1995, Coimbra. Universidade de Coimbra, 1995. CD-11, p.27.

  • CAICEDO, J. G.; MATSUDO, S. M. M..; MATSUDO, V. K. R., Teste específico para mensurar agilidade em futebolistas e sua correlação com o desempenho no passe em situação real de jogo. Rev Bras Ciênc Mov, v. 7, n. 2, p. 7-15, 1993.

  • DANTAS, E, H, M. Flexibilidade, Alongamento e Flexionamento. Editora Shape: Rio de Janeiro, 1986.

  • FALK, P. R. A.; PEREIRA, D. P. Mensuração da agilidade de alunos da escola de futebol do grêmio – núcleo lages/sc através do teste de shuttle run com bola. Disponível em www.webartigos.com. 2009.

  • GIBSON St Clair, A.; LAMBERT, E. V.; RAUCH, L. H. G.; TUCKER R.; BADEN, D. A.; FOSTER, C.; NOAKES, T. D. The Role of Information Processing Between the Brain and Peripheral Physiological Systems in Pacing and Perception of Effort. Sports Med, v. 36, n 8, p. 705-722, 2006.

  • MARINO, F. Anticipatory regulation and avoidance of catastrophe during exercise-induced hyperthermia. Comparative Biochemistry and Physiology, v. 139, p. 561–569, 2004.

  • MOLINUEVO, J. S.; ORTEGA, A. M. Perfil morfofuncional de un equipo de futbol-sala. In: Congresso Internacional sobre Ciência y Técnica del Futbol. p. 217-224, 1989.

  • OLIVEIRA, M. C. Influência do ritmo na agilidade em futebol. 2000. 83f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo. 2000.

  • RÉ, A. N. Características do futebol e do futsal: implicações para o treinamento de adolescentes e adultos jovens. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, ano 13, n. 127, 2008. http://www.efdeportes.com/efd127/caracteristicas-do-futebol-e-do-futsal.htm

  • SCHMID, S; ALEJO, B. Complete Conditiong for Soccer. Champaign: Human Kinetics, 2002.

  • SILVA, L. J., ANDRADE, D. R., OLIVEIRA, L. C., ARAUJO, T. L., SILVA, A. P., MATSUDO, V. K. R. A associação entre "shuttle run" e "shuttle run" com bola e sua relação com o desempenho do passe no futebol. Rev Bras Ciênc Mov, v. 14, n. 3, p. 7- 12, 2006.

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