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O surf como esporte moderno: uma proposta de taxonomia

El surf como deporte moderno: una propuesta de taxonomía

The surfing as a modern sport: a proposal of taxonomy

 

*Lic. en Educación Física

**Lic. en Educación Física. Doctor

***Lic. en Educación Física

Universidad del Estado de Santa Catarina

(Brasil)

Vinicius Zeilmann Brasil*

Valmor Ramos**

Antuniel Aécio Terme***

vzbrasil@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Nas últimas décadas o surf tem alcançado um nível de representação e organização com características típicas do esporte moderno. Nesta perspectiva, o objetivo deste texto é propor uma taxonomia para esta modalidade, levando em conta os elementos de sua estrutura. A partir de um teste de clareza, 24 voluntários avaliaram o nível de entendimento de 59 termos selecionados, relacionados á pratica do surf. Os resultados demonstraram um índice de clareza de 95%. Considerando-se esta uma proposta inconclusa, observou-se que a elaboração da taxonomia do surf a partir dos seus elementos estruturais, permiti ao professor perceber com abrangência os conteúdos da modalidade, auxiliando-o nas tarefas de ensino.

          Unitermos: Esporte. Esportes de natureza. Surf.

 

Resumen

          En las últimas décadas el surf ha llegado a un nivel de representación y organización con características típicas de deporte moderno. En esta perspectiva, el objetivo de este trabajo es proponer una taxonomía para esta modalidad, teniendo en cuenta los elementos de su estructura. A partir de un examen de evidencias, 24 voluntarios evaluó el nivel de comprensión de 59 términos seleccionados, relacionados con la práctica del surf. Los resultados mostraron un índice de evidencia del 95%. Teniendo en cuenta esta propuesta aún es inconclusa, se observó que el desarrollo de la taxonomía del surf partir de sus elementos estructurales, permite al profesor comprender con amplitud el contenido de la modalidad, ayudándolo en las tareas de enseñanza.

          Palabras clave: Deporte. Deportes en la Naturaleza. Surf.

 

Abstract

          In the last decades the surf has reached a level of representation and organization with typical characteristics of modern sport. In this perspective, the aim of this paper is to propose a taxonomy for this mode, taking into account the elements of its structure. From a test of clarity, 24 volunteers evaluated the level of understanding of 59 terms selected, related to the practice of surfing. The results showed an index of clarity of 95%. Considering this an unfinished proposal, it was observed that the development of the taxonomy of surfing from its structural elements, allow the teacher to understand the content coverage of the sport, helping him in teaching duties.

          Keywords: Sport. Nature Sports. Surf.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010

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Introdução

    Nas últimas décadas o surf tem obtido um nível de organização formal e de representação social importante e muito semelhante aos esportes tradicionais, nomeadamente o basquetebol, futebol, voleibol, dentre outros. Dados mais recentes indicam que esta modalidade tem sido praticada por mais de 17 milhões de pessoas, distribuídas em mais de 70 países. No Brasil em particular, estima-se que são 2,7 milhões de praticantes. (MOREIRA, 2009; BASE et al. 2007; CARLET, FAGUNDES e MILISTEDT, 2007).

    O aumento da popularidade do surf tem sido atribuído à criação de instituições reguladoras a partir da década de 1960, período em que se inicia um processo de transformação de uma atividade de caráter preponderantemente lúdico para uma prática desportiva moderna marcada pela competição e profissionalismo. (MOREIRA, 2009 apud WARSHAW, 2003; BITENCOURT et al., 2006).

    A expressão esporte moderno pode ser entendida como uma nova designação de um elemento da cultura corporal, em um contexto histórico-social particular que acompanha a tendência dos sistemas de organização das sociedades industriais modernas. (GARCIA, 1999; BENTO, 1987).

    Nesta perspectiva, a principal característica do esporte é seu caráter sistemático de institucionalização de práticas competitivas, delimitadas, codificadas e regulamentadas convencionalmente, regido sobre quatro princípios elementares: rendimento, hierarquização, organização burocrática e publicidade. (BROHM, 1982).

    Partindo de uma definição semelhante, Moreno (1994), sugere que o esporte atual deva ser compreendido a partir de classificações que contemplem um conjunto de critérios ou componentes internos, que levem em consideração a estrutura formal da atividade ou a sua dinâmica interna de realização. Deste modo, o surf com feições típicas do esporte moderno, pode ser classificado a partir de seus elementos estruturais.

    Para Funollet (1995), o surf pode ser examinado a partir de três elementos que o determinam, designadamente, o espaço da prática, o praticante e o equipamento utilizado. O surf, portanto, pode ser identificado como um esporte de caráter psicomotriz, realizado em meio liquido natural, onde o praticante desliza sobre uma superfície instável, impulsionado pela energia gerada pelo próprio meio. (GUZMÁN, 2001; GUILLÉN, LAPETRA e CASTERAD, 2000; FUNOLLET, 1995; BETRÁN & BETRÁN, 1995; MORENO, 1994).

Figura 1. Classificação do surf de acordo com seus elementos estruturais

    De modo geral, o surf tem sido identificado a partir de varias denominações, com destaque para esporte de aventura ou de natureza, remetendo a idéia de risco e das sensações que a atividade proporciona. (CHALITA, 2005; GUZMÁN, 2001; GUILLÉN, LAPETRA e CASTERAD, 2000; FUNOLLET, 1995; BETRÁN & BETRÁN, 1995).

    Para Bento (1991) e Costa (1997), a busca de sentimentos de auto-realização e auto-expressão dos praticantes, através da pratica de atividades desportivas em ambientes naturais, pode ser considerada uma importante tendência de alteração no cenário esportivo deste século.

    Esta tendência expressa novos significados e valores para a prática do esporte, superando a perspectiva tradicional de antagonismo entre homem-ambiente, na qual o praticante necessita vencer a natureza para estabelecer uma relação de domínio e controle, para instituir uma renovada relação de convivência harmoniosa entre homem e natureza. Surge, portanto, certa “ética ecológica de convivência” do praticante em relação à conservação e preservação do seu ambiente desportivo. O praticante deixa de “ir contra” a natureza para “ir com” a natureza”. (COSTA, 1997).

    No âmbito da investigação científica, o surf tem ocupado espaços igualmente importantes, contemplando principalmente temáticas relacionadas a aspectos da saúde de surfistas profissionais e amadores, essencialmente quanto à ocorrência de lesões durante a pratica do surf estudado por Base et al., (2007); Mariezkurrena et al., (2004), a incidência de desvios posturais visto por Peirão, Tirloni e Reis, (2008), e o nível de flexão da coluna de surfistas durante o movimento da remada investigado por Cunha, Soares e Mafra Júnior, (2008).

    Em relação ao comportamento de variáveis fisiológicas de surfistas, designadamente a freqüência cardíaca, verifica-se estudos de Brasil et al., (2001) e mais recentemente Garcia, Vaghetti e Peyré-Tartaruga, (2009), que analisaram estas variáveis durante a pratica do surf recreativo ou informal. No âmbito competitivo do surf estas variáveis foram analisadas por e Carlet, Fagundes e Milistedt, (2007) e Mendez-Villanueva e Bishop, (2005).

    Relativamente a variáveis psicológicas, Vaghetti, Roesler e Andrade, (2007) investigaram o tempo de reação simples de competidores e, Fernandes e Nunes, (2009) a ansiedade pré-competitiva dos atletas. Quanto a aspectos do treinamento Liu et al., (2006) descreveram a rotina de treino de surfistas profissionais e amadores.

    Relativo a questões sócio-históricas do surf, pode-se encontrar estudos como os de Fortes, (2008) que discutiu alguns aspectos relacionados à pesquisa acadêmica na articulação entre história o surf e os meios de comunicação, e também o de Melo e Fortes, (2009) que analisaram questões da participação do surf em filmes produzidos no Brasil entre os anos de 1978 e 1983, e sua relação com o tecer de novas dimensões simbólicas para a sociedade brasileira.

    Para além da ampliação da ascensão deste esporte e das investigações científicas que tem sido realizada, o surf tem igualmente despertado considerável interesse no âmbito da formação de professores de Educação Física enquanto matéria de ensino em cursos de graduação e pós-graduação no Brasil (BITENCOURT et al, 2006). Em outros países, o esporte de natureza e em particular o surf tem sido também incorporado como conteúdo curricular nos vários níveis de ensino, seja escolar, universitário e de pós-graduação.

    Entretanto, percebe-se uma carência relativa aos conhecimentos profissionais específicos oferecidos nos currículos de formação de profissionais da área dos esportes praticados em meio natural, especificamente o surf, fato que pode dificultar na abordagem dos conteúdos durante a realização das tarefas de ensino do surf.

    Embora seja evidente o aumento da popularidade e valorização do surf nos mais diversos segmentos sociais, acredita-se que esta modalidade ainda se utiliza de alguma forma de comunicação muito particular, com termos quase sempre no idioma inglês e pouco compreendida por pessoas menos ligadas a sua prática.

    Neste sentido, o objetivo deste estudo foi propor uma taxonomia, com certo nível de padronização para a modalidade, no idioma português, que inclui também termos de uma linguagem mais usual, para contribuir na ampliação e compreensão do surf nestes contextos de prática desportiva informal e no contexto de formação profissional de professores de Educação Física.

Clareza dos termos

    Para elaborar a taxionomia do surf, utilizou-se o teste de clareza que permite estabelecer um nível de entendimento aceitável na validação e utilização dos termos e de suas respectivas descrições.

    A primeira etapa do processo de avaliação dos termos consistiu em identificar, listar e descrever os termos utilizados na prática do surf, no idioma inglês e em sua forma usual no Brasil. Em seguida, os termos e as descrições foram agrupados em conformidade com os elementos da estrutura da modalidade, nomeadamente, os equipamentos, contexto e praticante. Utilizou-se 59 termos relacionados à prática do surf. As referências de base utilizadas para elaborar a listagem dos termos foram: Moreira, (2009); Green, (2005); Alexandre, (2004); Cralle, (2001); Lowdon & Lowdon, (1988).

    Na elaboração do instrumento para a aplicação do teste de clareza utilizou-se procedimentos de escala de atitude com valores que variaram de 1 (confusa), 2 (pouco confusa) e 3 (clara), que identificaram o grau de discordância e concordância dos avaliadores, relativamente ao entendimento dos termos e descrições (RICHARDSON, 1999).

    Na avaliação (teste de clareza) participaram 24 sujeitos, selecionados através do critério de acessibilidade/ conveniência, organizados em três grupos: a) 8 atletas de surf profissionais e amadores com idade média de 33 anos, com o mínimo de 15 anos de experiência de prática sistemática e 8 anos de prática competitiva ao nível estadual e nacional; b) 8 professores de escolas de surf com média de idade de 42 anos e com o mínimo de 7 anos de experiência de prática profissional; c) 8 universitários do curso de graduação em Educação Física e esportes, com idade média de 20 anos, do segundo ano de formação, sem experiência na prática do surf e pouco conhecimento sobre a modalidade.

    Os termos obtiveram um índice de clareza médio de 0,28 (mínimo: 0,25; máximo: 0,30). Estes valores conferem 95 % de clareza para os termos utilizados. Considera-se, portanto, que a utilização dos termos selecionados pode contribuir para o alcance dos objetivos.

Proposta de taxonomia

    Os termos estão apresentados em inglês, em sua forma usual no Brasil e, sua descrição em português. Organizou-se de acordo com a classificação contemplando três elementos estruturais determinantes do surf: contexto, praticante e equipamento.

    Especificamente no Brasil, alguns dos termos selecionados podem variar em sua forma de pronuncia e aplicação de acordo com a região (comunidade). Porém, boa parte desta nomenclatura, em função de sua popularidade, não possui uma tradução para o português, cultivando de fato, uma linguagem com essência comum entre os diversos grupos de praticantes e aficionados pelo surf.

    A tabela 1 mostra os principais termos relacionados aos equipamentos utilizados na prática do surf, nomeadamente, a prancha e suas estruturas, e ainda os implementos utilizados pelo surfista.

Equipamentos (Prancha)

Inglês

Usual

Descrição

Surf board

Prancha de surf

Prancha utilizada para o deslize nas ondas.

Deck

Deck

Superfície superior da prancha, onde o surfista pisa, que distribui-se em um plano transversal de uma borda a outra.

Bottom

Fundo

Superfície inferior da prancha, a qual possui o maior contato com a água, que se configura em um sentido transversal de uma borda a outra.

Stinger

Longarina

Tira longitudinal de madeira que une as duas metades da prancha, do bico até a rabeta, deixando-a mais resistente a impactos.

Rails

Bordas

São as laterais da prancha que cortam a onda e controlam as viradas e a saída de água da prancha.

Rocker

Curva de fundo

Curvatura da prancha vista de um plano horizontal.

Outline

Outline

Linha externa que circunda a prancha dando forma à mesma.

Nose

Bico

Parte da frente (dianteira) de uma prancha.

Tail

Rabeta

Parte de trás (traseira) da prancha.

Fins

Quilhas

Estruturas fixadas no fundo da prancha para absorver a energia do fluxo de água, dando direção e agregando pressão e velocidade a prancha.

Quiver

Quiver

Conjunto de pranchas que o surfista possui para surfar as diferentes condições do mar.

(Implementos)

Leash

Cordinha

Equipamento de segurança, feito de material elástico, que une a prancha ao tornozelo do surfista, também conhecido por strep.

Wax

Parafina

Material composto de cera, utilizado na parte superior da prancha para aumentar o atrito entre o pé do surfista e a prancha, resultando em uma maior aderência dos pés.

Scraeper

Raspador

Utensílio para retirar ou raspar a parafina, de forma que esta mantenha suas características antiderrapantes.

Grip

Antiderrapante

Acessório de borracha aderente, utilizado na parte superior da prancha, dando aderência aos pés do surfista. (Também conhecido como astro deck)

Wet suit

Roupa de borracha

Roupa feita de um material emborrachado (neoprene), utilizada para proteção térmica do surfista.

Tabela 1-Termos relacionados aos equipamentos do surf.

    A tabela 2 apresenta termos relacionados ao contexto da prática do surf, contemplando todas as estruturas naturais que compõem este meio, as ondulações, os ventos, as marés e os tipos de fundos onde as ondas quebram.

Contexto (Ondulações)

Inglês

Usual

Descrição

Swell

Ondulação

Ondulação formada por ventos e outros fenômenos oceânicos.

Wave

Onda

Fenômeno físico, relacionado à propagação de energia que gera um movimento oscilatório da água, desnivelando sua superfície para cima.

Wave face

Parede da onda

Superfície frontal da onda.

Inside

Inside

Zona de surf mais próxima da costa.

Outside

Outside

Zona de surf antes da linha de arrebentação das ondas, sentido mar costa.

Line up

Line up

Linha antes da arrebentação das ondas, sentido mar para costa onde os surfistas ficam posicionados na linha de formação das ondas.

Lip

Crista

Parte superior da onda, também chamado de “lábio da onda”.

Peak

Pico

Porção da onda na qual começa arrebentar primeiro.

Bowl

Bowl

Zona da onda de maior energia, com uma seção de fechamento provável.

Pocket

Olho

Porção da onda com maior potencial para executar manobras

Right

Direita

Quando a parede da onda arrebenta a direita do surfista que esta de frente para praia.

Left

Esquerda

Quando a parede da onda arrebenta a esquerda do surfista que está de frente para praia.

Set

Série

Grupo de ondas que chegam a costa em intervalos espaçados.

Backwash

Backwash

Ondulação para o mar gerada pelo retorno de água após contato com a costa.

Flat

Flat

Condição do mar sem ondas.

(Ventos)

Offshore

Terral

Vento que sopra na direção da costa para o mar.

Onshore

Maral

Vento que sopra na direção do mar para a costa.

Glassy

Glassy

Ausência de vento, deixando a superfície do mar extremamente lisa.

(Marés)

Low tide

Maré Baixa ou seca

Movimento oscilatório da água do mar, desnivelando a superfície para baixo, gerado por um fenômeno astronômico de variação no nível do mar.

Low high

Maré Alta ou cheia

Movimento oscilatório da água do mar, desnivelando a superfície para cima, gerado por um fenômeno astronômico de variação no nível do mar..

(Fundos)

Beach break

Beach break

Banco de areia próximo à costa, onde as ondas arrebentam, os quais se modificam de acordo com os ventos, marés, correntes e ondulações.

Point break

Point Break

Fundo fixo composto por pedra ou areia, onde as ondas arrebentam sempre em uma mesma direção.

Reef break

Reef Break

Fundo formado por pedras ou corais, onde as ondas arrebentam.

Tabela 2. Termos relacionados ao contexto da prática do surf.

    Na tabela 3 listou-se parte dos termos que representam as ações realizadas pelo praticante no surf, desde o posicionamento do surfista na prancha, os fundamentos da prática e as principais manobras.

Praticante (Posicionamento do surfista na prancha)

Inglês

Usual

Descrição

Goofy footer

Goofy

Surfista que se posiciona com o pé direito à frente, na parte do deck da prancha.

Regular footer

Regular

Surfista que se posiciona com o pé esquerdo à frente, na parte do deck da prancha.

Frontside

Frontside

Posição de deslize, onde o surfista encontra-se de frente para a onda.

Backside

Backside

Posição de deslize, onde o surfista encontra-se de costas para a onda.

Style

Estilo

Maneira como o surfista expressa sua prática esteticamente.

(Fundamentos)

Paddle

Remada

Fundamento utilizado para progredir no meio líquido e chegar ao local onde as ondas começam a se formar. O surfista posiciona-se sobre a prancha em decúbito ventral, membros superiores em um movimento semelhante ao nado crawl, com os braços submergindo na água alternadamente e os membros inferiores unidos.

Duck dive

Joelhinho

Técnica utilizada para ultrapassar as ondas em direção ao fundo do mar. O surfista deve submergir o bico da prancha cerca de um metro antes da onda atingir o mesmo, que deverá mergulhar junto com o bico de sua prancha, empurrando a rabeta da mesma com um dos joelhos ou com o pé, logo, voltando à superfície.

Sit

Sentar na prancha

Fundamento utilizado para aguardar e visualizar as séries de ondas que se aproximam do outside. O surfista com os braços estendidos, segura as bordas da prancha próximo ao bico mantendo-o fora da água e submergindo os membros inferiores um para cada lado da prancha.

Drop

Dropar

Surfista posicionado na postura em pé, apoiando os dois pés um a frente do outro, na parte de cima da prancha, para realizar o ato de descer a parede da onda.

(Manobras)

Bottom turn

Cavada

Virada ou curva na base da onda após o drop, definindo a direção a ser seguida (esquerda ou direita) e antecedendo as manobras.

Cutback

Cutback

Curva realizada na parede da onda para voltar à parte com mais potência, próxima a espuma, marcando uma trajetória em “S”. Esta manobra tanto pode ser realizada em backside (quando o surfista está de costas para a parede da onda) ou frontside (quando o surfista está de frente para a parede).

Off the lip

Batida

Manobra onde o surfista após realizar uma cavada na base da onda, dirigi a prancha verticalmente em direção a crista da onda, atingindo um ponto de impacto onde possa colocar novamente a prancha de volta na parede da mesma, retornando ao seu percurso.

Floater

Floater

Manobra onde o surfista após realizar uma cavada na base da onda (Bottom), projeta a prancha sobre a sua crista e desliza, logo, retoma seu percurso retornando a parede da onda.

Barrel

Tubo

Quando o surfista é envolto pela onda, espaço que há entre a crista e a parede, conseguindo sair de dentro dela.

Drop in

Rabear

Entrar em uma onda que já está sendo surfada por outro surfista.

Wipeout

Vaca

Quedas do surfista durante a prática do surf, também chamado de “caldo”.

Rip

Rip

Praticar o surf em um ritmo elevado e estar em ótima forma.

Freesurfer

Freesurfer

Surfistas que não disputam campeonatos, optando por praticar o surf por lazer viajando constantemente explorando lugares e ondas novas.

Locals

Locais

Surfistas que praticam habitualmente na mesma praia.

Crowd

Crowd

Local com acúmulo de surfistas surfando.

Tabela 3. Termos relacionados as ações do praticante.

Considerações finais

    A incorporação pelo surf de valores de institucionalização e competição, típicos da sociedade moderna industrial, associados ainda ao apelo social para práticas de atividades físicas de natureza, parecem contribuir de forma importante para a popularidade e valorização deste esporte no cotidiano das pessoas. Nota-se, nesta perspectiva, que a ampliação desta prática tem despertado igualmente a atenção de profissionais da área da Educação Física e desportos com implicações no campo da investigação e da formação para o ensino.

    A elaboração desta taxionomia não representa qualquer pretensão de estabelecer um padrão terminológico definitivo para a modalidade. A intenção é fornecer alguma estabilidade temporal ao repertório de termos utilizados atualmente, sem desconsiderar o dinamismo das mudanças no uso da linguagem na comunicação. Neste caso em particular, a intenção é contribuir em grande parte para a área especifica da formação de profissionais de Educação Física.

    Deste modo, no repertório elaborado incluiu-se termos em inglês que já foram incorporados e popularizados a linguagem das pessoas, mantendo-se a essência representativa da prática usual. Os termos outline/outline, style/estilo, drop/dropar, rip/rip, cutback/cutback são alguns exemplos.

    A organização dos termos da prática do surf utilizando os elementos da sua estrutura, outra tarefa elaborada neste texto, pode proporcionar ao professor uma percepção da abrangência dos conteúdos necessários ao ensino da modalidade. Permitindo, dessa maneira, que ele elabore um programa de ensino pertinente às características essenciais deste esporte e que contemple ao máximo todas as suas peculiaridades.

    Para o ensino do surf importa conhecer, com certo nível de profundidade, as características do contexto da prática, assim como as características dos equipamentos e do praticante. Identificar estes elementos e suas peculiaridades permitirá ao professor, portanto, estruturar modos de ensino mais adequados e dotados, por exemplo, de uma seqüência de progressão mais ajustada às necessidades de aprendizagem dos seus alunos.

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