Estudo das emoções dos atletas juvenis de futsal durante treinamentos e competições |
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*Msc. Professor. Universidade Federal de Rondônia, UNIR. Porto Velho, ROCentro de Estudos de Esporte e Lazer, CEELA, UNIR **Psicóloga. Universidade de Caxias do Sul Projeto UCS Olimpíada, Caxias do Sul, RS ***PhD em Ciências Matemáticas. Professor Universidade Federal de Rondônia, UNIR. Porto Velho, RO (Brasil) |
Ramón Nunez Cárdenas* Isabel Cristina Bridi** Tomas Daniel Menendez*** |
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Resumo A pesquisa foi desenvolvida visando identificar as emoções apresentadas pelos atletas juvenis de futsal, durante treinamentos e competições. No período, os dados individuais e grupais foram obtidos através de vários instrumentos. Primeiramente, foi feita, uma entrevista inicial com todos os atletas da equipe para apurar dados pessoais. Em seguida, realizaram-se testes para verificar qual é o temperamento predominante e o perfil psicológico de cada atleta. Logo após, foram observados treinamentos antes e durante o período competitivo, com medição da freqüência cardíaca e respiratória, antes, durante e depois dos treinamentos; e, ao final do qual, cada atleta respondeu a um questionário sobre seu comportamento emocional naquele treinamento específico. O mesmo procedimento foi adotado em algumas competições dentro do Campeonato Estadual e na disputa da 1ª Fase da Taça Brasil de Futsal Juvenil, que foi disputada em Caxias do Sul, neste período de observação. Ainda, em cada treinamento e competição observados, através de uma planilha de observação, identificou-se qual o estado combativo de cada atleta, e da equipe, que prevaleceu, e como se mostrou, classificado-os como combativo ótimo, estado acima ou estado abaixo. Conclui-se que os estados emocionais apresentados pelos atletas nas competições, são altamente significativos em relação aos treinamentos, observando-se uma notável influência do perfil psicológico e temperamento no controle emocional dos mesmos. Unitermos: Emoções. Categoria juvenil. Futsal.
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010 |
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Introdução
O esporte é uma atividade altamente complexa, onde se manifesta a personalidade dos participantes. O estudo dos distintos elementos da inter-relação do homem com a atividade esportiva e seu sentido psicológico está na base dos trabalhos e investigações desenvolvidas pelos psicólogos no esporte. Um lugar especial ocupam, nesta direção, as relações da natureza reflexa dos processos afetivos do atleta, para a compreensão dos mecanismos reguladores de sua personalidade.
A importância do que foi descrito anteriormente podemos analisar nas emoções. Elas aparecem como resultado da implicação do atleta numa relação social, dada pela atividade esportiva, que afeta seu sistema de necessidades de uma forma ou outra.
É de extrema relevância a identificação das emoções apresentadas, pelos atletas, nos treinamentos e competições, para qualquer prática esportiva, principalmente no caso do futsal, que é o esporte com o maior número de praticantes no país, segundo a Confederação Brasileira de Futebol de Salão.
Os dados obtidos serão, primeiramente, elementos que possibilitarão aos atletas juvenis, maior autoconhecimento, no âmbito pessoal, porque os atletas, encontram-se num período de desenvolvimento que se caracteriza, por modificações fisiológicas importantes, e também por fatores como o problema vocacional, separação da dependência familiar, relações com o sexo oposto e formação da identidade, segundo (D’Andréa, 1997); contudo, principalmente, no âmbito profissional, tanto para o atleta, quanto para comissão técnica responsável pela sua preparação, porque as grandes equipes de futsal, na atualidade, têm a mesma preparação física e técnico-tática, mas somente aquelas que, na preparação, levam em conta e contemplam, na sua prática, os aspectos psicológicos, principalmente no que se refere às emoções, tanto positivas, quanto negativas, obtém melhor desempenho e resultados.
Metodologia
Sujeitos da pesquisa
Foram estudados os 18 atletas que compõem a equipe profissional juvenil de futsal da Universidade de Caxias do Sul no ano de 2004.
Procedimentos organizativos do trabalho
1. Observação
Utilizada como método científico, pois ela é a forma primeira e a que mais apresenta indícios sobre o comportamento emocional dos atletas; é ela que orienta todos os outros métodos, que irão confirmar ou não aquilo que está sendo observado.
Anguera (1978:19), citando Hyman (1972), nesse sentido, afirma que: “A ciência começa com a observação. É um fato inegável, do qual, atualmente, ninguém pode duvidar e menos ainda dentro do âmbito das Ciências Humanas, onde a observação é o mais antigo e o mais moderno método de coleta de dados; nesse sentido, sua história como ciência, tem sido o desenvolvimento de procedimentos e meios de instrumentais que determinam e corrigem gradualmente os desvios e distorções, ao efetuar observações”.
Segundo Selltiz e outros (1965:229), citado por Anguera (1978), a observação se converte em técnica cientifica, na medida em que:
Serve a um objetivo já formulado de investigação;
É planificada sistematicamente;
É controlada e relacionada com propósitos mais gerais em vez de ser apresentada como uma série de curiosidades interessantes;
Está sujeita a comprovações de validade e veracidade.
Realizou-se a observação da equipe por 7 meses, período em que foram observados: um treino semanal da equipe, sua participação no Campeonato Estadual (de maio a dezembro/2004), os jogos das competições pela 1ª fase classificatória da Taça Brasil de Futsal Juvenil (do 11 a 16 de agosto/2004) em Caxias do Sul.
A planilha com aspectos observáveis em treinamentos e competições, foi baseada na elaborada por Puni (1961), modificada por Eberspäecher (1982:40), sobre os diferentes estados Pré-Competitivos, citados por Samulski (2002:138), e Ucha (2002:34), apresentando os estados de Pré-Arranque, baseado nos mesmos autores.
2. Entrevista individual
De acordo com Bleger (1980), a entrevista é um processo em que se estabelece uma relação entre o entrevistado e o entrevistador, onde a função do último, é escutar e fazer intervenções para que o entrevistado fale, comunique a sua mensagem que poderá vir a ser a fala do corpo, a do silêncio e a da própria palavra.
Ocampo (1995) caracteriza o primeiro momento da entrevista como correspondente à apresentação mútua e ao esclarecimento do enquadramento pelo psicólogo. Neste momento, há a apresentação dos objetivos do trabalho, bem como a forma operacional do trabalho, no caso, a pesquisa.
As entrevistas com os atletas serão realizadas em março e abril de 2004, numa sala reservada, e duração média de 30 minutos cada entrevista. Durante a mesma, será feita, primeiramente, a apresentação, colocados os objetivos da pesquisa, a forma como esta será desenvolvida, e em que período. Haverá o questionamento para obtenção de dados pessoais como: nome, idade, filiação, constelação familiar, naturalidade, experiência na prática da modalidade, tempo na equipe, escolaridade, atividades paralelas e posição.
3. Testes Psicológicos: Os testes serão aplicados coletivamente, em local reservado, onde cada sujeito receberá o material do teste e terá tempo livre para respondê-lo.
3.1. Tipos de Temperamentos: Apurados no Teste POMS (Profile of Mood States Manual), de McNair, Lorr e Droppleman (1992).
Classificação em 4 tipos de Temperamentos Predominantes: Sangüíneo, Colérico, Fleumático e Melancólico, mas que tem influência dos demais, que aparecem com grande escore, levando-se em conta a etapa de vida em que o indivíduo se encontra.
3.2. Teste de Perfil Psicológico de Jung, organizado por Zacharias (1997).
Segundo Zacharias (1997), o modelo junguiano de tipologia, apresenta-se, em linhas gerais como uma tentativa de definir estilos cognitivos e de comportamento individual, classificando semelhanças e diferenças em determinados grupos. Jung baseou esta tipologia na concepção de homem e de mundo desenvolvidas na sua Teoria da Personalidade, partindo de sua experiência clínica e pessoal, além de integrá-la diretamente com a estrutura de personalidade que havia postulado. O autor salienta que a tipologia de Jung não tem pretensão de mostrar o indivíduo por inteiro, em virtude que a singularidade de cada pessoa e sua dinâmica psíquica, ultrapassam os limites da abrangência do sistema tipológico e escapam igualmente das malhas de qualquer abordagem psicológica.
4. Medição da freqüência cardíaca e respiratória
A medição da Freqüência Cardíaca e espiratória será controlada pelo preparador físico da equipe, antes, durante e depois dos treinos e competições a serem observados, e registrados em planilhas individuais, as quais conterão também a situação e carga do treino, e importância da competição para a equipe, segundo julgamento do treinador. Os dados fisiológicos da Freqüência Cardíaca e Respiratória comprovam o estado emocional de pré-arranque nos treinamentos e competições.
5. Questionário sobre o comportamento emocional dos atletas
Zaiz (1988) formulou um questionário para verificar o comportamento emocional dos atletas antes, durante e depois das competições.
O questionário foi entregue a cada atleta após os treinamentos e competições observados.
6. Resultados
6.1. Resultados dos testes
6.1.1. Resultado e análise do perfil psicológico
Nas áreas A e C da Tabela 1, estão distribuídos os resultados dos atletas juvenis de futsal, dentro dos 16 Tipos possíveis, segundo Jung, citados por Zacharias (1997). Na área, encontram-se os aspectos que mais predominam em cada atleta, se Introversão, Extroversão, Intuição, Sensação, Pensamento ou Sentimento. Na área D, aprecem dentro das análises de percepção e julgamento, quais são os atletas que têm a atitude Introvertida ou Extrovertida.
Tabela 1. Tabela de avaliação tipológica do grupo
Fonte: Zacharias, 1997
O perfil psicológico da equipe não terá, nesta pesquisa, uma análise mais aprofundada dos dados, a não ser pelo aspecto dos atletas que apresentam na sua Tipologia (Zacharias, 1997), como função perceptiva, a Intuição, seja ela como Função Principal ou Auxiliar ( Ver Quadros A e C, Tabela nº 1), por ter aparecido na tietagem com índices elevados, e por apresentar estas características que não se ajustam perfeitamente a esta modalidade de esporte, no que se refere à rotina de treinamentos e competições, e por se tratar de um esporte de equipe:
Odeiam a rotina, encontrando enormes dificuldades em aplicar o esforço necessário para levar adiante uma série de serviços de rotina, não diretamente relacionados com aquilo que as interessa;
Forte desejo por oportunidade e possibilidades, sendo muito imaginativos, são inventivos, originais e indiferentes ao que outras pessoas têm ou fazem; -São muitos independentes do seu ambiente físico;
Desaprovam intensamente toda e qualquer ocupação que necessite de concentração sustentada pelos sentidos, e estão prontos a sacrificar o presente de maneira ampla;
Sempre em perigo de serem inconstantes e faltar-lhes persistência, a menos que um equilíbrio seja obtido através do desenvolvimento de um processo de julgar; Será importante para esta pesquisa, observar como este “ Tipo Intuitivo” se comporta nos treinamentos e competições, e de que forma as emoções advindas do se perfil psicológico se mostram nestas situações.
6.2. Resultado e análise do teste de temperamento da equipe de futsal ( individual e coletivo)
Vários cientistas da Psicologia do Esporte, dentre eles Puni (1980), classificam os tipos fundamentais de temperamento que existem sobre a base de combinações das qualidades das atividades nervosas superiores (força, equilíbrio e mobilidade do processo de excitação e inibição do córtex cerebral).
Tabela 2. Resultado do teste de temperamento da equipe de futsal individual e coletivo. Resultado
do teste de temperamento POMS, segundo McNair (1992) da equipe de futsal, individual e coletivo
Atletas |
S% |
C% |
F% |
M% |
T |
T.D. |
Atleta Nº 1 |
35.9 |
26.6 |
16.4 |
21.1 |
128 |
S |
Atleta Nº 2 |
29.7 |
26.5 |
25.9 |
17.9 |
162 |
S |
Atleta Nº 3 |
27.8 |
22.7 |
25.6 |
23.9 |
176 |
S |
Atleta Nº 4 |
32.1 |
24.8 |
23.5 |
19.6 |
153 |
S |
Atleta Nº 5 |
29.4 |
17.2 |
31.6 |
21.8 |
174 |
F |
Atleta Nº 6 |
25.6 |
29.4 |
27.5 |
17.5 |
160 |
C |
Atleta Nº 7 |
32.7 |
20.9 |
23.2 |
23.2 |
177 |
S |
Atleta Nº 8 |
32.9 |
28.1 |
21.9 |
17.1 |
146 |
S |
Atleta Nº 9 |
32.2 |
19.8 |
29.5 |
18.5 |
146 |
S |
Atleta Nº 10 |
36.9 |
22.8 |
22.8 |
17.5 |
149 |
S |
Atleta Nº 11 |
32.5 |
19.9 |
25.8 |
21.8 |
151 |
S |
Atleta Nº 12 |
30.9 |
24.8 |
26.2 |
18.1 |
149 |
S |
Atleta Nº 13 |
33.9 |
20.8 |
24.5 |
20.8 |
168 |
S |
Atleta Nº 14 |
35.6 |
19.5 |
26.6 |
18.3 |
169 |
S |
Atleta Nº 15 |
36.6 |
31.4 |
18.3 |
13.7 |
153 |
S |
Atleta Nº 16 |
35.9 |
18.6 |
26.9 |
18.6 |
145 |
S |
Atleta Nº 17 |
31.1 |
21.9 |
25.1 |
21.9 |
151 |
S |
Atleta Nº 18 |
28.8 |
23.1 |
26.3 |
21.8 |
156 |
S |
Totais |
32.3% |
23.3% |
24.9% |
19.5% |
2819 |
Conforme a Tabela nº 2, dos 18 sujeitos testados, 16 deles, ou seja, 88,9 % da equipe apresenta como temperamento predominante, o (S) Sangüíneo, o qual se mostra, na atividade física, desta forma: resiste a grande carga nos treinamentos e nas competições (alta capacidade de trabalho). É rápido de reações. Comunica-se fácil e se insere rápido na equipe (sociável). Muito alegre e animado, como boa atenção e concentração. Sua energia psíquica é elevada, além de ter presente os aspectos: movimento, equilíbrio e força. Considera-se o temperamento mais favorável ao atleta que busca o alto rendimento, o que vem a ser extremamente favorável á equipe que será estudada.
Outro dado relevante obtido nos testes foi o de que, embora apenas 1 atleta, o que representa 5,6 % da equipe, tenha como temperamento predominante o (C) Colérico, em mais 7 atletas (38,9%), este temperamento aparece como o segundo maior valor. Ele se manifesta por: características iguais ao 1º temperamento, por sua resistência e rapidez de reação, porém por motivos insignificantes, por ser impulsivo e ter a reatividade exagerada, perde o domínio de si (além de levar muitos cartões, pode agredir fisicamente o adversário). É ativo, agitado, otimista, com alto ritmo psíquico. Pode apresentar problemas para se inserir na equipe. Tem presente os aspectos movimento e força, enquanto que não possui equilíbrio.
É importante salientar este aspecto, para acompanhar como estes indivíduos se mostram na equipe juvenil de futsal, que tem grandes cargas de treinamento, e passou por competições importantes, até para um futuro profissional como atleta.
7. Resultado e análise da observação
7.1. Análise da observação nos treinamentos
A planilha com aspectos observáveis em treinamentos e competições, é baseada em Puni (1961), modificada por Eberspäecher (1982:40), sobre os diferentes estados Pré-Competitivos, citados por Samulski (2002:138), e Ucha (2002:34), apresentando os estados de Pré-Arranque, baseado nos mesmos autores.
Nos 17 treinamentos observados, o estado inicial unânime dos atletas foi o combativo ótimo, apresentando como características principais, a elevada motivação, o ato de motivar continuamente os colegas, boa atenção e concentração, rosto tranqüilo, bom controle dos movimentos, relações habituais e alegria, com médias dos atletas que variam de 100, 0 a 50, 4 %, conforme
No decorrer do treinamento, o estado de alguns atletas se modifica, passando para o estado acima, que se mostra pela motivação excessiva, inquietude, lábios apertados, pestanejar, agressão verbal e física, intensa comunicação, irritabilidade e perda de controle, com médias que variam de 17,1 a 0,0 %, conforme Tabela nº 3 (Final do Artigo)., ou então para o estado abaixo, que aparece pela pouca motivação, atenção diminuída, lentidão, isolamento, pouca iniciativa, menor controle dos movimentos e displicência, com médias que variam de 37,1 a 1,4 %, conforme Tabela nº 3 (Final do Artigo). A variação é maior nos atletas que têm o temperamento colérico como predominante ou com escore alto, e nos que possuem como função perceptiva, a Intuição, seja ela como Função Principal ou Auxiliar, e mais ainda os que tem, em sua personalidade, ambos os aspectos.
7.2. Análise da observação nas competições
Nas 10 competições observadas, assim como nos treinamentos, o estado inicial predominante dos atletas dos atletas foi o combativo ótimo, com médias que variam de 95,9 a 0,0 %, cujas características foram descritas na análise anterior.
No decorrer da competição, o estado de alguns atletas se modifica, passando para o estado acima, com médias que variam de 25,4 % a 0,0 %, conforme Tabela nº 4 (Final do Artigo - características descritas acima), ou então para o estado abaixo, com médias que variam de 22,2 a 0,0 %, conforme Tabela nº 4, ou então para o estado abaixo, (já descrito anteriormente).
Também nas competições, variação é maior nos atletas que têm o temperamento colérico como predominante ou com escore alto, e nos que possuem como função perceptiva, a Intuição, seja ela como Função Principal ou Auxiliar, e mais ainda os que tem, em sua personalidade, ambos os aspectos (Ver Tabela nº 1, Tabela nº 2 e Tabela nº 4 - Final do Artigo).
Tanto nos treinamentos, quanto nas competições, o estado inicial predominante dos atletas é combativo ótimo, modificando-se em alguns atletas no decorrer e ao final, pelas suas características de temperamento e perfil psicológico.
O que é importante salientar, porém, é que, como mostram as Tabelas 5 e 6, a diferença dos estados emocionais nas competições em relação aos treinamentos, é altamente significativa.
Tabela 5. Tabela com o cruzamento de dados entre os estados combativos dos treinamentos e competições, apresentando a correlação e a significância
Paired Samples Correlations
Tabela 6. Tabela com o cruzamento de dados entre os estados combativos dos estados combativos dos treinamentos e competições, apresentando a correlação e a significância
8. Resultados dos Questionários
Nos treinamentos antes do período competitivo, a equipe iniciou com média de 83.2 % de vivências positivas e 16.8 % de vivências negativas. No decorrer dos treinamentos a média modificou para 78.2 % de vivências positivas e 21.8 % de vivências negativas. Ao final, a equipe estava com médias de 81.4 % de vivências positivas e 18.6 % de vivências negativas. (Tabela 7)
Durante os treinamentos do período competitivo, a equipe iniciou com média de 82.9 % de vivências positivas e 17.1 % de vivências negativas. No decorre dos treinamentos a média modificou para 79.6 % de vivências positivas e 20.4 % de vivências negativas. Ao final, a equipe estava com médias de 86.3 % de vivências positivas e 13.7 % de vivências negativas. (Tabela 7)
Nas competições, a equipe iniciou com média de 83.3 % de vivências positivas e 16.7 % de vivências negativas. No decorre das mesmas, a média modificou para 76.7 % de vivências positivas e 23.3 % de vivências negativas. Ao final da competição, a equipe estava com médias de 77.8 % de vivências positivas e 22.2 % de vivências negativas. (Tabela 7)
Tabela 7. Tabela das médias do comportamento emocional.
Médias da equipe comportamento emocional nos treinamentos antes do período competitivo
O NPar Tests -Friedman Test, não pode estabelecer relações e correlações no cruzamento de todos os pares cruzados, porque o Desvio Padrão entre as médias dos atletas foi tão grande, que não o permitiu verificar se os dados são ou não significativos.
Mesmo assim, é relevante apontar que as médias de vivências positivas e negativas no final das competições, por parte de alguns atletas, são valores não esperados, já que os resultados das competições foram 2 empates e 8 vitórias.
Conclusões
Após análise dos resultados obtidos, através de todos os instrumentos utilizados para estudar as emoções apresentadas pelos atletas juvenis de futsal em treinamentos e competições, conclui-se que:
Toda equipe inicia os treinamentos e competições com o estado de ânimo ideal, o combativo ótimo, mas que, no decorrer e ao final dos mesmos, os atletas que tem em seu perfil psicológico, como função perceptiva, a Intuição, seja ela como Função Principal ou Auxiliar, e os que têm o Temperamento Colérico, como temperamento dominante, ou aparecendo com alto escore, e mais ainda, os que combinam ambos os aspectos, são os atletas que, mais alteram seu estado de ânimo, para acima ou para abaixo.
Conclui-se que os estados emocionais apresentados pelos atletas nas competições, são altamente significativos em relação aos treinamentos, observando-se uma notável influência do perfil psicológico e temperamento no controle emocional dos mesmos.
Dados fisiológicos comprovam o quanto este estado emocional se intensifica no estado de pré-arranque nas competições, principalmente as mais importantes, em relação aos treinamentos, nestes atletas.
A pesquisa também assinala que ao final do treinamentos, nos dois períodos, a equipe os conclui, com médias de 81.4% e 86.3% de vivências positivas, enquanto que nas competições, esta média de vivências positivas, cai para 77.8%, o que não é o esperado, pelo fato dos resultados terem sido favoráveis à equipe.
Isto justifica a importância do aspecto emocional ser contemplado na preparação desta equipe, modelando os treinamentos às competições, o mais aproximado possível, no que se refere às emoções. Há que se fazer, também, um trabalho diferenciado e individualizado com os atletas que tem na sua personalidade a função perceptiva Intuição, auxiliando-os naqueles aspectos em que eles, por constituição, têm dificuldade, e os que têm alto grau de temperamento colérico, visto que o aspecto equilíbrio, está afetado.
Aqui se mostra a necessidade de um trabalho específico com estes atletas que tiveram os mais altos escores de vivências negativas ao final dos treinamentos e, principalmente, das competições, para que se revertam em aspectos positivos, a fim de auxiliar este atleta a enfrentar as situações desfavoráveis, e a continuar na prática do esporte. E também revela que é necessário investigar mais aprofundadamente outros aspectos da personalidade dos atletas, como por exemplo a motivação que possuem para praticar futsal, porque, se ela é responsável por mobilizar todos seus esforços nos treinamentos e competições, também é responsável pelas vivências positivas e negativas antes, durante e depois das competições, já que as mesmas se dão a partir das expectativas que tem em alcançar os resultados a partir dos esforços empreendidos.
Bibliografia
ANGUERA, Maria Teresa, Metodologia de la Observación en las Ciencias Humanas, Ediciones Catedra S.A., Madrid, 1978.
BLEGER, José; Temas de Psicologia. Entrevista e Grupo, Martins Fontes, São Paulo, 1980.
BRANDÃO, M.R.F., Perfil Psicológico. Uma proposta para avaliar atletas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, vol. 07, nº 2, pp 16-27, 1993.
D’ANDRÉA, F.F., o Desenvolvimento da Personalidade, 13ª edição, Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1997.
FRIEDMAN, H.S. & SHUSTACK, M.W., Teorias da Personalidade, 2ª edição, Prentice Hall, São Paulo, 2004.
JÚNIOR, N. B., A Ciência Aplicada ao Futsal, SPRINT, Rio de Janeiro, 1998.
MCNAIR, D., LORR, M. E DROPPLEMAN, L. POMS (Profile of Mood States Manual), Educational and Industrial Test Service, San Diego, 1992.
MILLENSON, J.R., Princípios de Análise do Comportamento, Coordenada Editora de Brasília, Nova Yorque, 1967.
OCAMPO, Maria L. S.; O Processo Psicodiagnóstico e as Técnicas Projetivas, Martins Fontes, São Paulo, 1995.
SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte, Ed. Manole Ltda., São Paulo, 2002.
UCHA, F.G. "Control Psicológico del Entrenamiento en Equipo Deportivo", del Capitulo 3 del libro "Psicología del Deporte: Un Enfoque Cubano", Editado y distribuido por: Lyoc S. R. L. Argentina. 1997.
UCHA, F.G. Psicologia de las Emociones en el Deporte. Lyoc S. R. L. Argentina. 2002.
WILMORE, J. & COSTILL, D. Fisiologia do esporte e do Exercício, 2ª edição, Manole, São Paulo, 2001.
ZACHARIAS, J.J. de Morais, QUATI: Questionário de Avaliação Tipológica, Vetor, São Paulo, 1997
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digital · Año 15 · N° 145 | Buenos Aires,
Junio de 2010 |