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Efeito hipotensivo do treinamento agudo e crônico em idosos

Efecto hipotensivo del entrenamiento agudo y crónico en personas mayores

 

*Graduando em Educação Física. UNIBH

**Graduado em Educação Física. URCAMP, RS

***Mestre em Ciências da Educação. UNIBH, FESBH

(Brasil)

Isabel Cristina Cunha dos Santos*

isabel_ccunha@yahoo.com.br

Bárbara Souza*

barbarasouzabh@yahoo.com.br

Adriana Carolina Cunha Rezende*

drikalind@yahoo.com.br

Aroldo Luis Ibiapino Cantanhede*

alicantanhede@yahoo.com.br

Marcos Brum Ribas**

marcosbrumribas@yahoo.com.br

Eduardo Nascimento***

nascimento_judo@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A pressão arterial (PA) tende com o decorrer da idade a aumentar. Sendo assim a atividade física orientada, que chamaremos de exercício físico, pode promover transformações cardíacas e vasculares no indivíduo possuidor de níveis de PA acima dos normais à sua etariedade. Geralmente a população com agravos de hipertensão faz uso de inúmeros fármacos com capacidade anti-hipertensiva como diuréticos, betabloqueadores, antagonistas dos canais de cálcio, etc. Essa dependência acarreta grandes gastos econômicos para o idoso e também para o Estado, além de inúmeros contratempos relacionados à falta de tais medicamentos e a escassez de recursos públicos para sua aquisição. Sendo assim a diminuição dos níveis pressóricos nesta parcela da população seria um benefício de grande magnitude. O objetivo deste estudo é abordar os efeitos do exercício físico agudo e crônico na PA de idosos. Após uma revisão da literatura, método de pesquisa deste trabalho, o Treinamento Resistido e o Treinamento Aeróbio se mostraram benéficos na redução da PA de idosos. Este trabalho se justifica em virtude da problemática que a hipertensão tomou nos dias atuais e da seriedade dos problemas advindos dessa morbidade (principalmente nos idosos) que atualmente é conhecida como “assassina silenciosa”.

          Unitermos: Pressão arterial. Idoso. Exercício físico.

 

Resumen

          La presión arterial (PA) tiende a aumentar con la edad. Así, la actividad física orientada, lo que llamamos el ejercicio físico, puede promover cambios en el sistema cardiovascular de personas con los niveles de PA superiores a lo normal para su edad. Normalmente las personas con morbilidades como la hipertensión hacen uso de muchos fármacos con capacidad antihipertensiva como los diuréticos, beta-antagonistas, antagonistas del calcio, etc. Esta dependencia causa enormes costos económicos para los ancianos y también para el Estado, y muchos contratiempos relacionados con la falta de medicamentos y la escasez de recursos públicos para su adquisición. Así, la reducción de la presión arterial en este grupo de la población, sería un beneficio de gran magnitud. El objetivo de este estudio es mostrar los efectos del ejercicio físico agudo y crónico en la presión arterial de los ancianos. Después de una revisión de la literatura, el método de investigación de este trabajo, el entrenamiento de resistencia y entrenamiento aeróbico se han demostrado beneficiosos en la reducción de la PA en ancianos. Este trabajo se justifica por los problemas actuales relacionados con la hipertensión. Son tan graves los problemas derivados de esta morbilidad (especialmente en el grupo de edad a que este estudio se refiere) que la hipertension ya se conoce como “asesina silenciosa”.

          Palabras-clave: Presión arterial. Persona mayor. Ejercicio físico.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010

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Introdução

    Muitas são as particularidades ocorrentes no envelhecimento humano tais como as alterações estruturais e de funcionalidade (LAKKATA, 2002). Dentre essas alterações, a literatura preconiza que há um substancial aumento na PA (KELLEY, SHARP, 2001) e um acentuado aumento de incidentes cardiovasculares (SEGA et al. 2002). Nessa fase da vida também ocorre uma altíssima elevação dos níveis de inatividade (BRASIL, 2008). Essa inatividade tende a dar sustentação à instalação crônica de doenças cardiovasculares como, por exemplo, a hipertensão arterial (BAUMANN, 2004).


    Essas doenças são as principais causas de morbimortalidade em indivíduos idosos (MOSTARDA et al, 2009). Contudo, há na literatura demonstrações de que os exercícios físicos estão em associação direta com a diminuição dos fatores de riscos cardiovasculares entre eles a hipertensão (FAGARD, 2006). Os exercícios também estão associados à menor morbidez e mortalidade (MYERS, 2002).

    Já Gonçalves et al. (2007) assim como Matsudo (1992) afirmam que o exercício físico praticado de forma regular tem se mostrado como importante ferramenta na redução de complicações advindas da hipertensão arterial.

    Sabe-se que a hipertensão arterial tem grande prevalência no Brasil, tanto na cidade como no meio rural (BARRETO et al., 2001) por isso um programa de condicionamento físico é uma conduta extremamente aceitável no tratamento não-farmacológico da hipertensão arterial (WHL, 1991).

    MacDonald (2002) afirma que o exercício físico reduz a PA em indivíduos hipertensos quando comparados a outros que não possuem esta morbidade. Há na literatura evidências que corroboram com os resultados benéficos do exercício físico, em especial o aeróbio (PESCATELLO et al. 2004; HALLIWILL, 2001; WALLACE, 2003).

    Como já foi referido, existem vários fármacos que geralmente são usados no controle dos índices pressóricos, por isso especial atenção deve ser dada à forma como os exercícios físicos serão prescritos e administrados. A maioria dos medicamentos usados por essa parcela de indivíduos interfere nos fatores hemodinâmicos, causando débito de fluxo sanguíneo nos músculos e decréscimo no ritmo cardíaco acarretando assim a perda de possíveis resultados positivos (LUND-JOHANSEN, 1987), e também produzindo “efeitos colaterais adversos” (SANTOS, BALZZANELLI, D’ANDRADE, 2009). Sendo assim, é indispensável que o Profissional de Educação Física saiba montar planos de treinamento com base nas informações do médico, pois como afirmam KOLMANN et al. (1999), é o Profissional de Educação Física quem programa e supervisiona os exercícios físicos com intuito de reduzir os índices pressóricos em idosos, pois o mesmo é “especialista no conhecimento da atividade física/motricidade humana nas suas diversas manifestações e objetivos” (CONFEF, 2002).

Método

    O método de revisão bibliográfica em periódicos nacionais e internacionais, com classificação Qualis/Capes “A” internacional e “B2” e “B3” nacional, foi o utilizado para subsidiar este trabalho.

1.     Ação do exercício físico no sistema cardiovascular

    Para que o exercício físico seja realizado a contento, há uma necessidade de que os mecanismos fisiológicos do corpo interajam de maneira congruente, visando assim suportarem a demanda metabólica imposta. Entre esses sistemas o cardiovascular é que mais necessitará de respostas eficazes ao exercício (FAGARD, 2007).

    Há diferentes resultados como resposta ao exercício que podem ser classificados em função do efeito agudo (resultado de uma sessão) ou em virtude do efeito crônico (resultado de transformações corpóreas levando às adaptações orgânicas). Podemos citar também que as respostas cardiovasculares obtêm uma maior ou menor magnitude se vários fatores forem analisados como, por exemplo, a variação do padrão populacional a ser descrito (FAGAERD e CORNELISSEN, 2007), nível pressórico inicial, demanda do esforço realizado, duração da sessão de exercício físico, grupos musculares a serem utilizados (TIPTON, 2007; BRUM, FORJAZ, TINUCCI, NEGRÃO, 2004).

    Há respostas distintas do sistema cardiovascular quanto ao tipo de exercício. A literatura contemporânea mostra que exercícios dinâmicos ou isotônicos apresentam maior diminuição da PA em comparação com os exercícios isométricos e resistidos dinâmicos (PESCATELLO et al, 2004). Contudo é necessário fazer uma ressalva porquanto os efeitos destes últimos exercícios na população hipertensa foram pouco estudados, muito embora, os mesmos tenham grande valor no que tange a funcionalidade músculo-esquelética (LATHAM et al, 2004) e, também, por serem utilizados em programas que visam à reabilitação do sistema cardiovascular (ACSM, 2007).

2.     Ação do exercício físico através do efeito agudo

    O efeito de uma única sessão de exercício físico (efeito agudo) leva a PA a níveis mais baixos que os encontrados em repouso. Pode-se atentar para esse resultado em mulheres de meia idade, hipertensas, logo após exercícios resistidos de moderada intensidade (MELO et al .2006). Scher et al (2007) encontraram os mesmos resultados com hipertensos idosos que faziam uso de medicamentos. Contudo, há uma necessidade de que no decorrer das 24 horas pós-exercícios a redução da PA continue ou se estabilize a níveis hipotensivos, pois só assim haverá relevância na utilização do método. Há estudos que apontam à manutenção de índices hipotensivos (PESCATELLO, 1999) com exercícios resistidos (HARDY, TUCKER, 1998; MELO et al 2006) bem como com exercícios aeróbios (TAYLOR-TOLBERT, 2000) durante as 24 horas pós-exercício.

3.     Ação do exercício físico através do efeito crônico

    Fagaerd e Cornelissen (2007) ao analisarem o efeito do exercício aeróbio e resistido nos níveis pressóricos de indivíduos hipertensos, afirmam que o treinamento resistido de intensidade moderada é capaz de levar a PA a níveis mais baixos. Acontecendo o mesmo, segundo o mesmo estudo, no treinamento aeróbio. Esse resultado se deu em função da diminuição da resistência vascular periférica (HALLIWILL, 2001).

    Há significativa redução na PA quando, através de um programa sistematizado, uma junção entre atividades lúdico-recracionais e exercícios físicos aeróbios é utilizado (ISHIKAWA et al., 1999). A literatura também afirma que indivíduos hipertensos entre 40 e 60 que participaram de programas com treinamento aeróbio demonstraram diminuição dos níveis pressóricos quando comparados indivíduos jovens e idosos (HAGBERG et al, 2000).

    Em estudo com homens idosos McCartney et al. (2000) observaram que a PA e a Freqüência Cardíaca diminuíam após treinamento resistido.

    O treinamento aeróbio segundo Pescatello et al (2004) reduz a PA sistólica após o exercício. Isso pode ocorrer ou não com a PA diastólica.

Conclusão

    Conclui-se que o treinamento resistido e o treinamento aeróbio mostraram-se benéficos a redução da PA em idosos. Contudo é necessário salientar que o Profissional de Educação Física ao programar e supervisionar um programa de treinamento deve executá-lo sempre levando em consideração as fragilidades inerentes às transformações corpóreas do indivíduo idoso e aos fármacos que essa parcela da população faz uso.

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