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Análise do comprimento de passada e 

desempenho dos militares no teste 12 minutos

Análisis de la longitud de la zancada y el rendimiento de los militares en el test de los 12 minutos

 

*Mestrando em Educação Física

Professor do Curso de Educação Física da Faculdade Anhanguera - DF.
Professor de Avaliação Física e Musculação da Academia Club22 - DF.

Laboratório de Estudo em Educação Física e Saúde - LEEFS

Universidade Católica de Brasília – UCB

**Doutor em Biologia Molecular pela Universidade de Campinas (UNICAMP)

Professor do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Educação Física

Laboratório de Estudo em Educação Física e Saúde - LEEFS

Universidade Católica de Brasília – UCB

Rafael André de Araújo*

Francisco José Andriotti Prada**

prof.rafaelandre@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi analisar o comprimento de passada e desempenho dos militares no teste de 12 minutos. Participaram deste estudo 60 indivíduos com idade (20 ± 7,5 anos), que apresentaram performance ≥ 3200m no teste. O protocolo consistiu em observação de pegadas em um espaço de 20m. Após isso foram divididos em 03 grupos e realizaram teste de 12 minutos, percorrendo à seguinte distancia: 3200m (4,6 ± 1,5); 3300m (7 ± 4,3*); 3400m (3,6 ± 2,3*β); 3500m (2,6 ± 0,5*βc); >3500m (2 ± 0*βcδ). Relação entre o comprimento da passada e a distância: r3200 (0,037 ± 0,007); r3300 (0,035 ± 0,006); r3400 (0,03 ± 0,008*); r3500 (0,033 ± 0,008); e r>3500 (0,032 ± 0,007. Portanto, o estudo verificou que o melhor comprimento de passadas para o teste de 12 minutos foi de 100 a 129 cm.

          Unitermos: Comprimento de passada. Teste de 12 minutos. Desempenho atlético.

 

Abstract

          The objective of this study was to analyze the length between the past and the military in the performance test of 12 minutes. The study included 60 subjects, (20 ± 7,5 age), showed that performance ≥ 3,200 m in the test 12 minutes. The protocol consisted of observation of foot in an area of 20m with a thin layer of sand. Then were divided into 03 groups and performed test traveled 12 minutes to the following distance: 3200m (4,6 ± 1,5); 3300m (7 ± 4,3*); 3400m (3,6 ± 2,3*β); 3500m (2,6 ± 0,5*βc); >3500m (2 ± 0*βcδ). Relationship between the length and distance of the past: r3200 (0,037 ± 0,007); r3300 (0,035 ± 0,006); r3400 (0,03 ± 0,008*); r3500 (0,033 ± 0,008); e r>3500 (0,032 ± 0,007. Therefore, the study found that the best length for the test run of 12 minutes was between 100 to 129 cm.

          Unitermos: Length of last test. 12 minutes. Athletic performance.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010

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Introdução

    A melhoria da aptidão física contribui para o aumento significativo da prontidão dos militares para o combate e proporciona melhores condições para que os mesmos possam suportar o estresse debilitante nos combates (BRASIL, 2002a; BRASIL, 1997; CONNOR; BAHRKE, TETU, 1988).

    Os indivíduos aptos fisicamente são mais resistentes à doença e rapidamente se recuperam de lesões do que pessoas não aptas fisicamente (BRASIL, 1984). O Teste de Avaliação Física (TAF) é uma maneira simples de medir a aptidão física e a capacidade para realizar tarefas militares (BRASIL, 2002ab). A principal finalidade dos TAF aplicados em militares é medir a habilidade destes em mover seus corpos eficientemente, relacionando suas capacitações físicas com as suas aptidões para as atividades militares em combate (KNAPIK, 1989).


    Com isso, temos visto uma procura cada vez maior por parte das pessoas por programas de treinamento personalizado, a fim de obter de forma mais satisfatória e eficiente os benefícios (WILMORE & COSTILL, 2001; McARDLE; KATCH, KATCH, 1992 & 2003). Segundo McArdle, Katch & Katch, (2003), o treinamento aeróbio eleva de maneira significativa à quantidade de oxigênio extraída do sangue circulante o VO2Máx.

    O VO2Máx é a mais alta captação de oxigênio alcançado por um indivíduo, respirando ao nível do mar (ASTRAND, 1952). Posteriormente, Thoden (1991), definiu o VO2Máx como a quantidade máxima de oxigênio que o organismo pode utilizar para a produção de energia, ou seja, a capacidade máxima do indivíduo de captar, fixar, transportar e utilizar o oxigênio quando submetido a esforços que requerem esse elemento para a produção de energia.

    Hill & Lupton, (1923) definiu como o maior volume de oxigênio por unidade de tempo que um indivíduo consegue captar respirando ar atmosférico durante o exercício, sendo alcançado quando se atingem níveis máximos de débito cardíaco e de extração periférica de oxigênio e não se conseguindo ultrapassá-lo com maior carga de trabalho muscular (MITCHELL; SPROULE, CHAPMAN, 1958).

    Para Silva et al., (2005), o VO2Máx pode ser expresso em valores absolutos (l. min-1) ou em valores relativos a massa corporal (ml. Kg.-1 min-1). Os valores geralmente expressos em valores relativos facilitam a comparação mais precisa entre os sujeitos com diferentes tamanhos, principalmente quando estes se exercitam em atividades que necessitam a sustentação do peso corporal (DENADAI, 1999).

    O aumento da intensidade do exercício, além do ponto em que o VO2Máx é atingido, o consumo de oxigênio estabiliza ou diminui discretamente, e é um fator importante na determinação da intensidade ou do ritmo do exercício que o indivíduo pode sustentar. Portanto o objetivo deste estudo foi fazer uma análise entre o comprimento de passada e o desempenho dos militares do Batalhão da Guarda Presidencial no teste de 12 minutos.

Materiais e métodos

    A amostra foi composta por 60 militares fisicamente ativos do sexo masculino, integrantes do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP). Para realização do presente estudo foi realizado um estudo piloto, no qual se averiguou a aplicabilidade do presente estudo. Foram selecionados para compor este estudo os militares que apresentaram performance igual ou superior a 3200 metros no Teste 12 minutos (COOPER, 1968) no 1º TAF, realizado pela comissão de Avaliação do TAF no ano de 2009, ter praticado exercícios aeróbios pelo menos nos últimos doze meses e estar apto para serviço do EB (Treinamento Físico Militar) que realizassem no mínimo três vezes por semana (SILVA, et al., 2009).

Tabela 1. Características da amostra (n=60) quanto à idade, variáveis antropométricas e gordura corporal relativa.

Variáveis

Idade

(anos)

Estatura

(cm)

Massa Corporal

(kg)

Gordura

(%)

Média ± DP

20 ± 7,5

162,6 ± 7,3

74,5 ± 6,3

24,4 ± 0,8

    Inicialmente, os indivíduos responderam ao questionário PAR-Q. Em seguida, passaram por uma anamnese especialmente elaborada para identificar os aspectos referentes à prática de atividades físicas (NASSAU, et al., 2006). Foram excluídos deste estudo os militares com história de doença cardiovascular ou doenças osteomioarticulares de qualquer segmento dos membros inferiores, que impediriam a realização dos exercícios propostos neste estudo.

    Para obter o comprimento da passada foi utilizada a pista de atletismo do BGP, na qual possui 400 metros em solo de brita zero, 01 trena (CME), 01 cronômetro Polar (S610i) e 01 apito (Fox-40). Todos realizaram um aquecimento prévio, que consistiu de corrida leve e alongamentos para os membros inferiores (SANTOS et al., 2005).

    Durante o teste os voluntários foram encorajados verbalmente a percorrer a maior distância em 12 minutos. A Freqüência cardíaca (FC) foi mensurada durante o teste por monitor da marca Polar (S610i). A temperatura média local na realização dos testes foi de 26 °C, variando de 24 a 28 °C. A umidade relativa do ar média foi de 40%, variando de 38 a 60%.

    Todos os voluntários assinaram um termo de consentimento, mostrando-se de acordo com uso de seus dados para fins de pesquisa, e seguiram as seguintes recomendações antes dos testes: evitar o consumo de cafeína e álcool 24 horas, não realizar atividade física de intensidades alta e ou moderada nas ultimas 48 horas ou refeições de alto valor calórico, pelo menos 3 horas antes da realização do teste. Os indivíduos foram avaliados no período entre 08 às 10 horas da manhã. Para avaliar a massa corporal (kg) foi utilizada uma balança digital calibrada da marca Welmy – W300, onde o avaliado estava descalço e com traje de banho.

    A estatura (cm) foi medida com um estadiômetro da marca Sanny, onde o voluntário ficou em pé, descalço encostando os calcanhares, as nádegas e a nuca na parede, onde foi pedido que o mesmo inflasse o pulmão de ar na hora da medição. Um aparelho adipômetro da marca CESCORF, para determinar a porcentagem de gordura e um freqüêncímetro cardíaco da marca polar S610i para aferir os batimentos cardíacos.

    O protocolo consistiu de um teste 2400 metros, onde foi aplicada a seguinte tarefa em vinte voluntários por dia, durante três dias onde foram coletadas as 5 pegadas deixadas em um espaço de 20 metros com uma fina camada de areia nos últimos 100 metros da reta, nas distancias de 1.600m, 2.000m e 2.400m, calculava-se uma média aritmética onde encontrava-se o comprimento de sua passada.

    Após os dados tabulados os indivíduos foram divididos em 3 grupos conforme o desempenho alcançado (Tabela 2), e no outro dia todos os indivíduos realizaram o teste de 12 minutos (COOPER, 1968). O Teste de Cooper consiste em andar e/ou correr a maior distância sem interrupção no tempo de 12 minutos.

Tabela 2. Divisão dos grupos (n=60) de acordo com comprimento de passada

Grupos

Militares por grupos

Passadas (cm)

n

(%)

Grupo 1 (G1)

70 a 99

17

28,33%

Grupo 2 (G2)

100 a 129

23

38,33%

Grupo 3 (G3)

130 a 150

20

33,33%

Total

-

60

100%

Análise estatística

    Trata-se de um estudo quase-experimental. Os dados obtidos foram expressos em Média ± Desvio-Padrão, e os resultados foram analisados como porcentagem entre os grupos, e estatisticamente analisada através do ANOVA Thee Way para amostras independentes, com nível de significância em p ≤ 0,05, analisados no programa Microcal Origin, versão 8.0.

Resultados

    O grupo G1 (70 a 99 cm), os militares percorrem as distancias no teste de 12 minutos (COOPER, 1968) expressos em porcentagens como, 3200m - 18%(3); 3300m - 29%(5); 3400m - 29%(5); 3500m - 12%(2); e acima de >3500m - 12%(2).

Gráfico 1. Mostra a porcentagem (%) do G1 (70 a 99 cm) e suas respectivas distâncias percorridas no teste de 12 minutos (COOPER, 1968)

    O grupo G2 (100 a 129 cm), os militares percorrem as distancias no teste de 12 minutos (COOPER, 1968) expressos como porcentagens, 3200m - 22%(5); 3300m - 52%(12); 3400m - 4,3%(1); 3500m - 1,3%(2); e acima de >3500m - 8,7%(3).

Gráfico 2. Mostra a porcentagem (%) do G2 (100 a 129 cm) e suas respectivas distâncias percorridas no teste de 12 minutos (COOPER, 1968)

    O grupo G3 (130 a 150 cm), os militares percorrem as seguintes distancias no teste de 12 minutos expressos como porcentagens: 3200m - 30%(6); 3300m -20%(4); 3400m - 25%(2); 3500m - 15%(3); e acima de >3500m - 10%(2).

    O gráfico 4 apresentado abaixo mostra as distancias percorridas em relação as metragens no teste de 12 minutos, não importando com isso o comprimento da passada.

Gráfico 3. Mostra a porcentagem (%) do G3 (130 a 150 cm) e suas respectivas distâncias percorridas no teste de 12 minutos (COOPER, 1968)

 

Gráfico 4. Mostra a media ± desvio padrão das distâncias percorridas independente do grupo, (*) diferença significativa de p ≤ 0,05 em relação ao grupo 3200m; 

(β) diferença significativa de p ≤ 0,05, em relação ao grupo 3300m; (c) diferença significativa de p ≤ 0,05, em relação ao grupo 3400m;

 (δ) diferença significativa de p ≤ 0,05, em relação ao grupo 3500m

    O gráfico 5 mostra a relação entre o comprimento da passada e a distância conseguida pelos militares no teste de 12 minutos (COOPER, 1968).

Gráfico 5. Relação do comprimento da passada com a distância alcançada no testes de 12 minutos, 

representada com média ± desvio padrão. (*) Diferença significativa de p < 0,05, em relação 3200m

Discussão

    Desde 1923, ano em que Hill e Hartley (1923) ganharam o prêmio Nobel, o consumo de oxigênio (VO2) passou a ter presença freqüente em publicações sobre as respostas fisiológicas durante o exercício. Tal interesse justifica-se pela associação do VO2 em esforço submáximo e máximo com dimensões de saúde e rendimento desportivo (SALTIN & ASTRAND, 1967). Existe um consenso na literatura de que pessoas treinadas aerobiamente apresentam resposta de adaptação fisiológica mais rápida à carga do que pessoas destreinadas (WHIPP e WASSERMAN, 1972).

    O VO2max tem sido bastante utilizado no diagnóstico e prognóstico de aptidão física e performance em atletas. Sua limitação no aspecto prático, deve-se ao fato de existir uma grande homogeneidade deste índice em atletas de elite. Assim a expectativa de discriminação ou previsão de performance em grupos de elite de uma mesma modalidade esbarra na seleção natural previa que o esporte impõe. Sua maior aplicação pratica acaba por ser caracterizada pela avaliação longitudinal do atleta em diferentes períodos de treinamento.

    O grupo G1 (70 a 99 cm), os militares percorrem as distancias no teste de 12 minutos (COOPER, 1968) expressos em porcentagens como (Figura 1), e com base nesses resultados podemos concluir que tivemos a maior porcentagem adquirida nos 3300 metros. Isso pode ser explicado pelo fato do todos os envolvidos treinarem diariamente para a prova do TAF.

    O grupo G2 (100 a 129 cm), os militares percorrem as distancias no teste de 12 minutos (COOPER, 1968) expressos como porcentagens (Figura 2), e com base nos resultados podemos estimar o mesmo que do teste anterior no grupo G1, ou seja, a medida de 3300metros continua sendo a marca de treinamento para esses militares fazerem o TAF.

    O grupo G3 (130 a 150 cm), os militares percorrem as seguintes distancias no teste de 12 minutos (COOPER, 1968) expressos como porcentagens (Figura 3), que com base nos resultados podemos concluir que tivemos semelhança com os grupos anteriores (G1 e G2), como pequena metragem inferior (3200 metros) realizada por este grupo, muito provavelmente por terem comprimento de passadas maiores.

    O gráfico 4 ainda, vem esclarecer que a maior distancia dos militares para o TAF, no teste de 12 minutos (COOPER, 1968) é de 3300 metros. Tal distancia tende a aproximar-se a cada ano de uma medida cada vez maior, pois o TAF é um instrumento de avaliação e de promoção na carreira militar.

    O gráfico 5, ilustra que houve maior economia de passadas ocorreu na distancia de 3400 metros, com comprimento de passada de 100 a 129 cm, mostrando-se menor significativamente entre os outros grupos. O TFM deve perseguir o objetivo e o TAF deve ser capaz de avaliar a aptidão física dos militares, sendo este obrigatoriamente desenvolvido constantemente. O Treinamento Físico e a Pesquisa de Pessoal são ciências, de sua evolução é fruto de pesquisa, aplicação, avaliação e realimentação de um sistema, cujo foco é o homem, em todos os níveis, do recruta ao oficial-general.

Conclusão

    O teste de 12 minutos é uns dos pré-requisitos para aprovação em vários exames físicos, para admissão em concursos civis e militares, deste modo a relação do comprimento de passada no teste de 12 minutos, verificou que o bom desempenho na corrida, não está relacionado diretamente com o comprimento, e talvez com sua freqüência durante a corrida.

    Para tanto o estudo verificou que o melhor comprimento para se correr o teste de 12 minutos e de 100 a 129 cm. Sugerimos, mais estudos em relação a freqüência de passada e talvez a utilização de pedômetros para uma avaliação mais precisa sobre a freqüência de passadas.

Referências bibliográficas

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