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Comparação do número de repetições máximas a partir de 80%

da carga máxima determinada unilateralmente e bilateralmente

Comparación del número de repeticiones máximas a partir del 80% 

de la carta máxima determinada unilateralmente o bilateralmente

 

*Docente do Curso de Educação Física do Centro Universitário – UNIEURO

**Discente do Curso de Educação Física do Centro Universitário – UNIEURO

***GEPEEFS, Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício de Força e Saúde

Brasília, DF

(Brasil)

Adriano Alves da Silva**

Frederico Santos de Santana* ***

Dahan Cunha Nascimento** ***

Sandor Balsamo* ***

Ramón Fabián Alonso López*

aft200153@uol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O treinamento resistido realizado em membros inferiores e superiores pode ser realizado de forma unilateral ou bilateral. Sabe-se que em recrutamentos máximos há ocorrência do fenômeno do déficit bilateral, que se caracterizam por menor geração de força muscular em execuções bilaterais quando comparadas às execuções unilaterais. Porém, poucas evidências analisaram a ocorrência do déficit bilateral em recrutamentos submáximos. Então, o objetivo deste estudo é comparar o número de repetições máximas (RM) a partir de 80% da CM determinada uni e bilateralmente em membro superior e o número de RM’s unilaterais realizadas em exercícios para membros superiores e inferiores. Os resultados da coleta mostraram que em estímulos submáximos não houve diferença entre as execuções unilaterais e bilaterais. Porém, o número de repetições realizadas em execuções unilaterais do membro inferior foi significativamente maior quando comparado com o membro superior.

          Unitermos: Treinamento resistido. Repetições máximas. Carga máxima.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010

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Introdução

    As formas de execução do treinamento resistido (TR) consistem em realizar um determinado movimento articular em um ou ambos os membros, o que pode ter relação com a intensidade e volume (MONTEIRO E SIMÃO, 2006). Simão e colaboradores (2001) compararam a potência máxima (PM) e a carga máxima (CM) em testes de 1RM executados uni e bilateralmente. Seus resultados mostraram que o somatório das cargas unilaterais foi significativamente maior do que a carga máxima bilateral. Contudo, este comportamento não se manteve quando analisada a PM. Logo, demonstraram a partir destes resultados que ocorre déficit bilateral em situações de recrutamento máximo das unidades motoras.

    Diversas investigações tentaram esclarecer quais os motivos ou mecanismos fisiológicos que justificassem o fenômeno do déficit bilateral. Sabe-se que a atividade do córtex motor em um hemisfério reduz o estímulo máximo no hemisfério oposto, causando uma redução da força muscular máxima que pode ser exercida quando em contrações musculares bilaterais (DIEEN et al., 2003 & MAIOR et al., 2003).

    Além disso, algumas investigações são necessárias para analisar mais profundamente esta questão, no intuito de verificar se este déficit bilateral interfere no ambiente de treinamento, principalmente em termos de produção de volume. Logo, o objetivo deste estudo é comparar o número de repetições máximas (RM) a partir de 80% da CM determinada uni e bilateralmente em membro superior e o número de RM’s unilaterais realizadas em exercícios para membros superiores e inferiores.


Métodos

    A amostra foi composta por 15 homens com idade média 25,8 ± 4,3 anos, experientes em TR (> 6meses). Foram realizados testes de força muscular de 1RM para: cadeira extensora unilateral; rosca bíceps uni e bilateral. Previamente os indivíduos executaram aquecimento em cicloergômetro com carga leve durante 5 minutos. Foram realizados teste e re-teste de 1RM com intervalo mínimo de 48h entre eles. A carga máxima foi determinada em no máximo três tentativas com no mínimo 5 minutos de intervalo para recuperação entre elas, na seqüência rosca bíceps unilateral + cadeira extensora unilateral + rosca bíceps bilateral. Para a execução das séries foi selecionada a carga referente a 80% de 1RM, com intervalo mínimo de 5 minutos para descanso entre as séries. Os indivíduos receberam encorajamento verbal para a execução das séries até a falha concêntrica em todos os exercícios. Os valores absolutos dos testes foram mostrados em média ± desvio padrão para análise descritiva dos dados. As diferenças foram avaliadas por meio da ANOVA ONE WAY, com nível de significância adotado p ≤ 0,05. A normalidade da amostra foi testada por meio do teste de Kolgomorov-Smirnov.

Resultados

    Os principais achados deste estudo mostraram que não houve diferença estatística significativa entre a rosca bíceps realizada uni e bilateralmente. Entretanto, houve diferença significativa entre o número de repetições realizado unilateralmente pelo quadríceps femoral e às formas de execução do bíceps, mostrando uma superioridade em termos de repetições realizadas para o membro inferior.

Comportamento do número de repetições a 80% 

de 1 CM nas três diferentes condições

Forma de Execução

Repetições

Rosca Bíceps Unilateral

6,2 ± 1,9

Rosca Bíceps Bilateral

7,5 ± 2,2

Cadeira Extensora Unilateral

12,5 ± 3,3*

* diferença significativa em relação a todas as condições em membro superior (p ≤ 0,001)

Discussão

    Dieen et al. (2003) buscaram estabelecer se o déficit bilateral de estímulos corticais é grande suficiente para explicar as limitações de desempenho de execuções bilaterais. Para isso, realizaram os seguintes experimentos em flexores dos dedos e extensores do joelho: 1) contrações unilaterais máximas; 2) contrações bilaterais máximas sincronizadas; 3) contrações bilaterais máximas não-sincronizadas (para avaliação do comportamento da ativação neural). Os resultados mostraram que o déficit de geração de força muscular máxima é maior em contrações bilaterais quando comparados a contrações unilaterais. Além disso, Bobbert et al. (2006) examinando possíveis contribuições não-neurais para explicar o déficit bilateral mostraram que o mesmo comportamento de déficit de geração de força ocorreu em saltos verticais unilaterais e bilaterais, porém isto ocorreu por conta da relação força-velocidade, ao invés da redução do drive neural.

    No ano de 2001, Simão et al. em um estudo submetendo 24 jovens adultos inexperientes em TR, compararam a carga máxima entre membros dominantes e não-dominantes e a soma de ações unilaterais com a ação bilateral de flexão do cotovelo. A partir da análise dos resultados verificou-se diferença significativa e maior para a carga máxima das ações unilaterais. Entretanto, Monteiro e Simão (2006) verificaram em mulheres jovens ativas que em séries de 10 RM’s não houve diferença significativa quando comparadas as cargas dos exercícios de flexão de cotovelo no Cross Over e a extensão do joelho na cadeira extensora de forma uni e bilateral. A partir daí, pode-se sugerir que o nível de treinamento do indivíduo (LAURIA, 2006) e a intensidade (máxima x submáxima) interferem significativamente no comportamento do desempenho dos exercícios realizados uni e bilateralmente.

    Porém, é importante observar que, curiosamente no estudo de Chaves et al. (2004), o déficit bilateral em condições semelhantes não se mostrou no grupamento muscular de flexores do joelho, o que induziu a pesquisa para a análise do comportamento do déficit bilateral em diferentes magnitudes de grupamentos musculares. Considerando-se a relação da magnitude do grupamento muscular e seu efeito no volume de treinamento, Ronnestad et al. (2007) também mostraram no resultado de sua pesquisa, que maiores volumes de treinamento em membros inferiores são importantes quando comparados a membros superiores em homens jovens destreinados. Logo, a quantidade de massa muscular envolvida no exercício parece interferir de maneira significativa na capacidade de realizar trabalho muscular, independente do modo em que o exercício é realizado (uni ou bilateralmente).

Conclusão

    Conclui-se com este trabalho que não há diferenças significativas entre o número de repetições máximas realizadas a 80% de 1RM no exercício de rosca bíceps realizado uni ou bilateralmente. Contudo, quando comparados os exercícios realizados unilateralmente, o grupo de jovens experientes em treinamento resistido realizou mais repetições máximas no exercício de cadeira extensora (quadríceps femoral) do que no exercício rosca bíceps.

Referências bibliográficas

  • BOBBERT, M.F., DE GRAAF, W.W., JONK, J.N., CASIUS, L.J.R. Explanation of the bilateral deficit in human vertical squat jumping. J Appl Physiol 100: 493-9, 2006.

  • CHAVES, C.P.G., GUERRA, C.P.C., MOURA, S.R.G., NICOLI, A.I.V., FÉLIX, I., SIMÃO, R. Déficit bilateral nos movimentos de flexão e extensão de perna e flexão do cotovelo. Rev Bras Med Esporte - Vol. 10, 2004.

  • DIEEN, J.H.V., OGITA, F., HAAN, A. Reduced Neural Drive in Bilateral Exertions: A Performance-Limiting Factor? Med. Sci. Sports. Exerc. v. 35(1), 111-8, 2003.

  • LAURIA, A.A., SIMÃO, R., MARQUES, F.A.D., CALLIARO, F.M.G., MIRANDA, M., MAIOR, A.S. Facilitação bilateral na flexão de cotovelo em exercícios resistidos. R. Min. Educ. Fis. v.13, n.7, p.7-15, 2006.

  • MAIOR, A.S., ALVES, A. A contribuição dos fatores neurais em fases iniciais do treinamento de força muscular: uma revisão bibliográfica. Motriz. v.9, n.3, p.161-8, 2003.

  • MONTEIRO, W.D., SIMÃO, R. Existe déficit bilateral na realização de 10RM em exercícios de braços e pernas? Rev Bras Med Esporte. Vol. 12, (3), p. 115-8, 2006.

  • RONNESTAD, B.R., WILHELM, E., KVAMME, N.H., REFSNES, P.E., KADI, F., RAASTAD, T. dissimilar effects of one- and three-set strength training on strength and muscle mass gains in upper and lower body in untrained subjects. J. Strength Cond.Res. 21(1):157-63, 2007.

  • SIMÃO, R., MONTEIRO, W.D., ARAÚJO, C.G.S. Potência muscular máxima na flexão do cotovelo uni e bilateral. Rev. Bras. Med. Esp. Vol. 7(5), p. 157-62, 2001.

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