Perfil do desempenho da capacidade de salto de atletas da seleção brasileira infanto-juvenil masculina de voleibol Perfil del rendimiento en la capacidad de salto de los jugadores de la selección brasileña infanto juvenil masculina de voleibol |
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*Universidad Autónoma de Asunción. UAA, Asunción, Paraguai Centro Universitário de Barra Mansa. UBM, Barra Mansa **Centro de Excelência em Avaliação Física, CEAF ***Departamento de Jogos / EEFD - UFRJ – Rio de Janeiro LABIMH-UFRJ/CNPq |
Msc. Cláudio Luís Toledo Fonseca* Dra. Paula Roquetti Fernandes** Dr. José Fernandes Filho*** (Brasil) |
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Resumo O objetivo do estudo foi investigar as características do desempenho da capacidade de salto de atletas da seleção brasileira de voleibol masculino infanto juvenil de acordo com a função de jogo. Foram analisados 16 atletas com faixa etária de 16,8 ± 0,58 anos divididos em: levantador (LEV) (n=3); líbero (LIB) (n=2); central (CEN) (n=4); ponta (PO) (n=4); e oposto (OP) (N=3). Foram verificados: impulsão vertical parado com contramovimento e sem auxílio dos braços (IVPS), impulsão vertical parado com contramovimento e auxílio dos braços (IVPC), impulsão vertical de ataque (IVA), impulsão vertical de bloqueio (IVB), altura de alcance de ataque (AlAtaq), e da altura de alcance do bloqueio (AlBloq). Diferenças significativas (p<0,05) foram encontradas apenas entre (LIB) e (CEN) para a variável (AlBloq). Pôde-se concluir que, os resultados do estudo apontam para um grupo de atletas com característica muito semelhante, independente de sua posição técnico tática, para as variáveis verificadas. Observou-se que os parâmetros demonstrados foram considerados adequados para o cenário internacional contribuindo para a determinação de valores normativos para a modalidade e faixa etária. Unitermos: Voleibol. Desempenho motor. Atletas jovens.
Resumen Esta investigación verificó las características del rendimiento de la capacidad de salto de los jugadores de la selección masculina infanto juvenil de Brasil de acuerdo con su posición en la cancha. Se evaluaron 16 jugadores con edad de 16,8 ± 0,58 años del sexo masculino divididos en: colocador (COL) (n=3), libero (LIB) (n=2), central (CEN) (n=4), punta-receptor (PR) (n=4) y opuesto (OP) (n=3). Fue evaluado: impulsión vertical sin desplazamiento con contramovimiento sin ayuda de los brazos (IVPS), impulsión vertical parado sin desplazamiento con contramovimiento y ayuda de los brazos (IVPC), impulsión vertical de ataque (IVA), ), impulsión vertical de bloqueo (IVB), altura de lo alcance de ataque (AlAtaq), y la altura de lo alcance de bloqueo (AlBloq). Diferencias significativas (P<0,05) fueron encontradas apenas entre (LIB) y (CEN) para la variable (AlBloq). Se concluye que los resultados de los estudios apuntan a uno grupo de jugadores con características muy semejantes, independientemente de su posición en la cancha, para todas las variables analizadas. Se observó que los parámetros analizados fueron considerados adecuados para lo panorama internacional contribuyendo a la determinación de los valores para la modalidad y edad. Palabras clave: Voleibol. Desempeño motor. Atletas juveniles.
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010 |
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Introdução
O Voleibol é um desporto intermitente que requer atletas capazes de competir em repetidos períodos de atividades de curta duração e alta intensidade, utilizando-se de saltos, deslocamentos curtos e a combinação destes, entremeada por períodos de intervalo de baixa intensidade, disputado em jogos de longa duração (Vargas, 1982; Kustlinger, 1987; Iglesias, 1994; Fonseca, 2003b; 2003a; Haiachi e Fernandes Filho, 2006; Haiachi, Alves et al., 2008).
Durante a prática do voleibol, pode-se destacar as ações motoras de saltos, que são de extrema importância para o resultado do jogo, sendo consideradas como indicadores de performance críticos para o sucesso na modalidade. Estas apontam para a necessidade de elevados níveis de desempenho motor nas qualidades físicas de força e potência para realização dos gestos de ataque, bloqueio, levantamento, e do saque (Thissen-Milder e Mayhew, 1991; Smith, Roberts et al., 1992; Hakkinen, 1993; Sheppard, Gabbett et al., 2009).
Os indicadores de desempenho motor da capacidade de salto de atletas de voleibol masculino adulto (Viitasalo, 1982; Caldeira e Matsudo, 1986; Heimer, Misigoj et al., 1988; Silva e Rivet, 1988; Mcgown, 1990; Smith, Roberts et al., 1992; Junior e Matsudo, 1993; Massa, Böhme et al., 2003; Arruda e Hespanhol, 2008; Ciccarone, Croiser et al., 2008), juvenil e infanto juvenil (Soares, Duarte et al., 1981; Massa, Böhme et al., 2003; Ciccarone, Fontani et al., 2005; Duncan, Woodfield et al., 2006; Gabbett, Georgief et al., 2006) têm sido apresentados na literatura permitindo identificar as características, como de um “modelo” dos atletas de alto rendimento, e das equipes intermediárias formadas por atletas jovens durante o processo de preparação de longo prazo da modalidade (Filin e Volkov, 1998).
Estas “características intermediárias” dos atletas jovens são de grande interresse no processo de seleção esportiva e podem ser obtidos através de testes de controle específicos para a modalidade, em particular no voleibol, dos índices de força explosiva de membros inferiores (Filin e Volkov, 1998; Fernandes Filho, 2003).
Contudo, devido à especificidade das ações de jogo do voleibol de alta qualificação, deve-se considerar que as características das posições técnico-táticas dos jogadores influenciam na preparação dos atletas, assim como no processo de seleção desportiva da modalidade (Ciccarone, Fontani et al., 2005; Duncan, Woodfield et al., 2006; Ciccarone, Croiser et al., 2008; Marques, Tillaar et al., 2009; Sheppard, Gabbett et al., 2009).
Desta forma, este estudo busca identificar as características do desempenho da capacidade de salto de atletas de voleibol masculino infanto-juvenil do Brasil, de acordo com a função técnico-tática. Estes parâmetros podem contribuir com a determinação de valores normativos para a modalidade e categoria. Isto permitirá informações para o direcionamento do processo de escolha e orientação esportiva, no qual treinadores devem optar pelos jovens que apresentam elevado potencial para a modalidade, assim como orientá-los quanto à posição técnico-tática mais adequada as suas características.
Metodologia
Este estudo se caracterizou por um delineamento transversal, descritivo, e comparativo. (Thomas, Nelson et al., 2007). A amostra foi escolhida de forma intencional composta pelos 16 atletas convocados para a seleção brasileira de voleibol infanto-juvenil masculino de 2006 durante o período de preparação para o Campeonato Sul-americano da modalidade, do qual foi campeão. Os atletas apresentaram faixa etária de 16,8 ± 0,58 anos, tempo de prática de 5,6 ± 3,0 anos, massa corporal de 84 ± 7,4 kg e estatura 195,9 ± 5,9 cm. Estes foram voluntários, autorizados pelos responsáveis e pela Comissão Técnica para participar dos testes propostos. As avaliações foram realizadas no Centro de Excelência do Voleibol de Saquarema-RJ.
Inicialmente foi realizado um aquecimento de 10 minutos conduzido pelos pesquisadores, composto por exercícios de alongamento, deslocamento e saltos.. Em seguida, foram realizadas as avaliações de desempenho motor com: o teste de impulsão vertical sem auxílio dos braços (IVPS) e o teste de impulsão vertical parado com contramovimento com auxílio dos braços (IVPC) (Matsudo, 1998); além dos testes de impulsão vertical de ataque (IVA) e altura de alcance de ataque (AlAtaq), e do teste de impulsão vertical de bloqueio (IVB) e altura de alcance de bloqueio (AlBloq) (Smith, Roberts et al., 1992; Oliveira, 1998). Para esta coleta foi utilizada uma balança (Filizola, 2004), um estadiômetro (Sanny, 2005), uma trena (Lufkin , 2005) e uma caixa de giz.
Todos os testes foram realizados pelo mesmo avaliador que obteve coeficiente intraclasse para a validade teste-reteste e erro típico de: 0,97 e 3,0% e 0,98 e 2,5% para os testes de impulsão vertical parado com e sem auxílio dos braços; e 0,98 e 2,7% e 0,98 e 2,9% para os testes de impulsão e alcance de ataque e bloqueio.
Foram selecionados testes com protocolos validados, de utilização relativamente simples, que necessitassem de materiais de baixo custo, para que pudessem ser aplicados em qualquer realidade sócio-econômica, visto que treinadores e preparadores físicos brasileiros, muitas vezes, não dispõem de material sofisticado para aplicação de baterias de testes em seus atletas. Além disto, vários estudos na área do voleibol têm utilizado tais procedimentos (Oliveira, 1998; Massa, 1999; Jabur, 2001; Rizola, 2004; Dourado, 2007).
O tratamento estatístico utilizou o teste Shapiro-Wilk para verificação da normalidade dos dados, que apontou para utilização de técnicas paramétricas. Na descrição do perfil dos atletas adotaram-se como medida de tendência central a média, como índices de dispersão: o desvio padrão (DP) e coeficiente de variação (CV); e relatando também valores mínimos (Mín.) e máximos (Máx.). Este procedimento foi adotado para caracterizar o grupo de atletas de acordo com a função em quadra, divididos em: levantador (LEV), líbero (LIB), central (CEN) ponta (PO) e oposto (OP). Para identificar as diferenças entre as posições técnico-táticas nas variáveis dependentes, foram utilizados recursos da estatística inferencial, através da ANOVA (análise de variância) com post hoc de Tukey, e nível de significância de p<0,05 (Callegari-Jaques, 2006).
Resultados e discussão
Os resultados dos parâmetros de desempenho motor da capacidade de salto foram apresentados nas tabelas 1, 2, 3, e 4 fornecendo dados sobre as características dos atletas da seleção brasileira infanto-juvenil de voleibol masculino para: (IVPS), (IVPC), (IVA) (IVB), (AlAtaq), (AlBloq) nas distintas posições técnico táticas.
Os resultados da Tabela 01 referentes a (IVPS) demonstraram escores semelhantes para todas as posições de jogo, e são considerados elevados de acordo com a tabela normativa fornecida por (Adams, 1998), situando-se próximo ao percentil 80.
Tabela 01. Caracterização da impulsão vertical com contramovimento
e sem auxílio dos braços da seleção brasileira infanto-juvenil masculina
|
LEV |
LIB |
CEN |
PO |
OP |
n |
3 |
2 |
4 |
4 |
3 |
Média* |
57,0 |
57,0 |
58,0 |
55,3 |
55,0 |
DP |
10,54 |
1,41 |
4,97 |
6,18 |
2,0 |
Min* |
47,0 |
56,0 |
52,0 |
47,0 |
53,0 |
Máx* |
68,0 |
58,0 |
64,0 |
62,0 |
57,0 |
CV(%) |
18,5 |
2,5 |
8,6 |
11,2 |
3,6 |
*Valores em centímetros. (LEV)=levantador; (LIB)=líbero; (CEN)=central; (PO)=ponta; (OP)=oposto
Os valores obtidos no estudo foram superiores em todas as posições técnico-táticas, quando observados os índices de atletas adultos (Ciccarone, Croiser et al., 2008; Marques, Tillaar et al., 2009), juvenis da seleção italiana (Ciccarone, Fontani et al., 2005), da seleção inglesa (Duncan, Woodfield et al., 2006), e atletas de várias seleções nacionais da categorias adulto, juvenil e infanto juvenil juntos (Sheppard, Gabbett et al., 2009). Observe o quadro 01:
Quadro 01. Escores obtidos por atletas de estudos envolvendo (IVPS) de acordo com a posição de jogo
Estudos |
Ciccarone et al., 2008 |
Marques et al., 2009 |
Sheppard et al., 2009 |
Ciccarone et al. 2005 |
Duncan et al., 2006 |
Fonseca et al. |
Amostra |
Atletas (N=36) italianos Liga A1 e A2 |
Atletas (N=35) de equipes de clubes do campeonato europeu |
Atletas (N=142) de seleções nacionais adultas, juvenis e infanto juvenil |
Atletas (N=42) seleção italiana juvenil |
Atletas (N=25) Seleção inglesa juvenil |
Atletas (N=16) Seleção brasileira Infanto juvenil |
LEV** |
44,6±1,3 |
47,0±3,3 |
54,4±9,4 |
41,9±6,1 |
46,9±4,9 |
57,0±10,5 |
PO** |
* |
46,6±4,3 |
* |
42,7±3,9 |
49,0 ± 5,7 |
55,3±6,1 |
OP** |
* |
41,9±2,5 |
* |
40,7± 4,8 |
42,0 ± 5,1 |
55,0±2,0 |
CEN** |
44,5 ± 4,1 |
42,9±5,3 |
55,9±8,7 |
43,3±1,9 |
47,2 ± 5,1 |
58,0±4,9 |
PO/OP** |
47,6 ± 2,8 |
* |
57,4±9,5 |
* |
* |
* |
LIB** |
49,1 ± 2,1 |
44,4±0,9 |
* |
* |
* |
57,0±1,4 |
*Valores não mencionados no estudo apresentado. ** Valores em centímetros. (LEV)=levantador;
(LIB)=líbero; (CEN)=central; (PO)=ponta; (OP)=oposto (PO/OP)=pontas e opostos juntos
Estes dados apontam para um grupo de atletas com elevada capacidade de ativação do ciclo de alongamento e encurtamento (CAE) durante a realização dos saltos. Esta habilidade é capaz de aumentar a altura saltada proporcionando vantagens para o atleta de voleibol. (Rocha, Ugrinowitsch et al., 2005).
Além disso, não foram verificadas diferenças significativas entre nenhuma posição técnico-tática. Este comportamento corrobora com os resultados de estudos com atletas adultos, juvenis e infanto juvenis (Ciccarone, Fontani et al., 2005; Duncan, Woodfield et al., 2006; Marques, Tillaar et al., 2009; Sheppard, Gabbett et al., 2009), com exceção do estudo de Ciccarone, Croiser et al. (2008).
Os dados da tabela 02 forneceram informações sobre os escores do (IVPC). Este teste associa a capacidade de ativação do CAE, através da realização do contramovimento, com a contribuição dos membros superiores para aumentar a altura saltada (Rocha, Ugrinowitsch et al., 1999; Rocha, Ugrinowitsch et al., 2005).
Tabela 02. Caracterização da impulsão vertical com contramovimento
e auxílio dos braços da seleção brasileira infanto-juvenil masculina
|
LEV |
LIB |
CEN |
PO |
OP |
n |
3 |
2 |
4 |
4 |
3 |
Média* |
66,3 |
65,0 |
66,8 |
67,0 |
64,0 |
DP |
9,50 |
2,83 |
6,65 |
6,22 |
1,73 |
Min* |
57,0 |
63,0 |
60,0 |
58,0 |
63,0 |
Máx* |
76,0 |
67,0 |
75,0 |
72,0 |
66,0 |
CV(%) |
14,3 |
4,4 |
10,0 |
9,3 |
2,7 |
* Valores em centímetros. (LEV)=levantador; (LIB)=líbero; (CEN)=central; (PO)=ponta; (OP)=oposto
Novamente foram verificados valores semelhantes entre as posições de jogo para o (IVPC), que podem ser considerados elevados, quando observados os escores de estudos de atletas adultos: da seleção brasileira de 1986, sendo (LEV) = 66,5 ± 4,9cm, (CEN) = 62,7 ± 4,9cm, (PO) = 70,6 ± 4,5cm (Silva e Rivet, 1988), italianos da Liga A1 e A2, com (LEV) = 51,4 ± 2,8cm, (CEN) = 53,5 ± 5,2 cm, (OP e PO) = 56,4 ± 2,9 cm, e (LIB) = 49,1 ± 2,1 cm (Ciccarone, Croiser et al., 2008); e juvenis da seleção italiana, apresentando (LEV) = 49,1 ± 6,7cm, (CEN) = 50,7 ± 2,9cm, (PO) = 50,5 ± 4,6cm, e (OP) = 47,5 ± 7,5cm (Ciccarone, Fontani et al., 2005).
Os resultados do estudo corroboram com os dados obtidos em atletas da seleção brasileira adulta (Silva e Rivet, 1988; Junior e Matsudo, 1993) e juvenis italianos (Ciccarone, Fontani et al., 2005) que não encontraram diferenças significativas entre as posições técnico-táticas, para (IVPC).
Isto aponta para um grupo homogêneo formado por atletas com elevado potencial para a execução do salto com contramovimento associado à contribuição dos membros superiores, independente de sua função em quadra. Esta habilidade é considerada importante para realização de gestos de ataque, saque e bloqueio (Rocha, Ugrinowitsch et al., 2005).
A tabela 03 apresentou escores de (IVA) e (IVB) semelhantes para as posições de jogo, além disso, não foram verificadas diferenças significativas entre os grupos de jogadores. Estes resultados corroboram com os estudos de Ciccarone et al. (2005) com atletas juvenis. Ciccarone et al. (2008) também não encontrou diferenças entre as funções dos jogadores em quadra apenas para (IVA).
Entretanto, quando observado o estudo de Sheppard et al. (2009) para (IVA) com atletas adultos, juvenis e infanto juvenis de nível internacional puderam-se notar diferenças significativas entre (CEN) e (LEV), e (PO e OP) e (LEV). Além disso, Ciccarone et al. (2008) também verificaram diferenças significativas na (IVB) entre as posições de jogo de atletas adultos.
Contudo, pôde-se observar que os atletas adultos, mais qualificados e com maior tempo de prática, tenderam a apresentar escores mais elevados em testes que envolvem habilidades mais específicas como o salto de ataque e bloqueio. Esta afirmação pode ser comprovada quando verificados os valores superiores de (IVA) e (IVB) obtidos por atletas adultos participantes da Liga A1 e A2 da Itália com (LEV) = 82,4 ± 3,8cm), (CEN) = 81,1 ± 4,8cm, (PO) = 84,3 ± 4,7cm, (LIB) = 80,7 ± 3,1cm; e (LEV) = 63,1 ± 4,7cm, (CEN) = 59,7 ± 4,2cm, (PO) = 64,2 ± 4,3cm, (LIB) = 59,1 ± 2,6cm, respectivamente (Ciccarone, Croiser et al., 2008), e os escores de (IVA) de atletas de nível internacional com: (LEV) = 80,8 ± 6,1cm, (CEN) = 79,4 ± 6,3cm e (PO e OP) = 84,6 ± 7,9cm (Sheppard, Gabbett et al., 2009). Além disso, Sheppard et al. (1988) relataram diferenças significativas entre atletas adultos, juvenis e infanto juvenis juntos entre todas as posições técnico táticas, sugerindo a existência de níveis de qualificação diferenciados quanto aos escores da (IVA).
Tabela 03. Caracterização da impulsão vertical de ataque e bloqueio
dos atletas da seleção brasileira infanto-juvenil masculina
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Impulsão vertical de Ataque |
Impulsão Vertical de Bloqueio |
||||||||
|
LEV |
LIB |
CEN |
PO |
OP |
LEV |
LIB |
CEN |
PO |
OP |
n |
3 |
2 |
4 |
4 |
3 |
3 |
2 |
4 |
4 |
3 |
Média* |
74,0 |
77,0 |
76,8 |
76,8 |
74,0 |
57,0 |
58,0 |
57,5 |
57,5 |
56,7 |
DP |
9,0 |
4,24 |
6,85 |
9,07 |
8,19 |
12,0 |
4,24 |
4,36 |
4,43 |
4,93 |
Min* |
65,0 |
74,0 |
73,0 |
66,0 |
67,0 |
45,0 |
55,0 |
54,0 |
53,0 |
51,0 |
Máx* |
83,0 |
80,0 |
87,0 |
88,0 |
83,0 |
69,0 |
61,0 |
63,0 |
63,0 |
60,0 |
CV(%) |
12,2 |
5,5 |
8,9 |
11,8 |
11,1 |
21,1 |
7,3 |
7,6 |
7,7 |
8,7 |
*Valores em centímetros. (LEV)=levantador; (LIB)=líbero; (CEN)=central; (PO)=ponta; (OP)=oposto
Entretanto, vale ressaltar que, foram apresentados valores de (IVA) e (IVB) semelhantes índices dos atletas da seleção italiana juvenil com: (LEV) = 74,9 ± 4,0cm), (CEN) = 75,8 ± 6,2cm), (PO) = 74,4 ± 4,9cm, (OP) = 68,5 ± 6,0cm); e (LEV) = 53,9 ± 5,9cm; (CEN) = 55,0 ± 6,9cm, (PO) = 53,8 ± 6,0cm, (OP) = 52,5 ± 2,2cm, respectivamente (Ciccarone, Fontani et al., 2005), e dos valores observados para (IVA) em atletas de seleções nacionais sub 19 e sub 21 com: (LEV) = 69,1 ± 5,1cm, (CEN) = 72,4 ± 7,5cm e (PO e OP) = 76,4 ± 8,6cm (Sheppard, Gabbett et al., 2009). Desta forma, pode-se observar que apesar dos atletas avaliados demonstrarem escores inferiores aos atletas adultos, estes apresentaram índices compatíveis com a categoria juvenil (sub 19) do cenário internacional.
Os resultados da tabela 04 demonstraram escores de (AlAtaq) e (AlBloq) mais elevados para todas as posições dos atacantes (CEN), (PO) e (OP). Entretanto foram percebidas diferenças significativas apenas entre (CEN) e (LIB) (p = 0,049) para (AlBloq), provavelmente determinadas pela influência dos parâmetros antropométricos nesta variável relatadas por Arruda e Hespanhol (2008). Os escores mais elevados de (AlAtaq) e (AlBloq) para (CEN) corroboram com os escores dos atletas mais qualificados da modalidade (Ciccarone, Croiser et al., 2008; Sheppard, Gabbett et al., 2009)
Porém, os estudos com atletas juvenis para (AlAtaq) e (AlBloq) (Ciccarone, Fontani et al., 2005), adultos para (AlAtaq) e (AlBloq) (Ciccarone, Croiser et al., 2008), e atletas adultos e juvenis somente para (AlAtaq) (Sheppard, Gabbett et al., 2009) não corroboram com os resultados deste estudo. Estes dados apontam para uma maior especialização dos atletas selecionados para as equipes adultas e juvenis.
Como nos escores relativos à (IVA) e (IVB), percebeu-se que os atletas da categoria adulta apresentaram valores (AlAtaq) e (AlBloq) mais elevados que os jogadores mais jovens da modalidade (Ciccarone, Croiser et al., 2008; Sheppard, Gabbett et al., 2009). Desta vez, estas diferenças podem estar relacionadas não somente ao maior tempo de prática, mas também devido aos distintos níveis de maturação biológica que tendem a apresentar indivíduos com maior estatura e altura total na categoria adulta em relação aos infanto juvenis, influenciando a altura de alcance de salto.
Tabela 04. Caracterização do alcance de ataque e bloqueio
dos atletas da seleção brasileira infanto-juvenil masculina
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Altura de Alcance de Ataque |
Altura de Alcance de Bloqueio |
||||||||
|
LEV |
LIB |
CEN |
PO |
OP |
LEV |
LIB |
CEN |
PO |
OP |
n |
3 |
2 |
4 |
4 |
3 |
3 |
2 |
4 |
4 |
3 |
Média* |
324,3 |
317,0 |
341,0 |
335,8 |
335,7 |
305,0 |
295,0# |
319,0# |
313,0 |
316,0 |
DP |
13,80 |
1,41 |
8,41 |
7,50 |
6,11 |
17,78 |
1,41 |
3,92 |
4,65 |
5,29 |
Min* |
314,0 |
316,0 |
332,0 |
327,0 |
329,0 |
291,0 |
294,0 |
315,0 |
309,0 |
312,0 |
Máx* |
340,0 |
318,0 |
352,0 |
342,0 |
341,0 |
325,0 |
296,0 |
324,0 |
319,0 |
322,0 |
CV(%) |
4,3 |
0,4 |
2,5 |
2,2 |
1,8 |
5,8 |
0,5 |
1,2 |
1,5 |
1,7 |
*Valores em centímetros. (LEV)=levantador; (LIB)=líbero; (CEN)=central; (PO)=ponta; (OP)=oposto. # Diferenças significativas p<0,05
Sendo assim, os escores dos atletas italianos adultos (Ciccarone, Croiser et al., 2008) para (AlAtaq) e (AlBloq) foram superiores em todas as posições técnico-táticas: (LEV) = 329,9 ± 13,8cm, (CEN) = 345,6 ± 4,9cm, (PO e OP) = 344,1 ± 5,6cm, e (LIB) = 333,7 ± 9,9cm, e (LEV) = 307,1 ± 13,1cm; (CEN) = 321,3 ± 4,7cm; (PO e OP) = 319,4 ± 4,4cm; e (LIB) = 309,3 ± 9,3cm. Também foi observado que os atletas adultos de várias seleções nacionais demonstraram escores de (AlAtaq): (LEV) = 333,9 ± 8,6cm, (CEN) = 344,5 ± 6,8cm, (PO e OP) = 354,5 ± 7,1cm (Sheppard, Gabbett et al., 2009). Já os atletas juvenis da seleção italiana (Ciccarone, Fontani et al., 2005) apresentaram valores de (IVA) e (IVB) de: (LEV) = 301,4 ± 8,3cm, (CEN) = 313,1 ± 7,3cm, (PO) 307,1 ± 8,7cm, (OP) 306,5 ± 5,1cm, e (CEN) = 336,7 ± 6,4cm, (PO) = 330,9 ± 6,6cm, (OP) = 324,7 ± 2,1cm, e (LEV) = 325,6 ± 8,7cm
Conclusão
O perfil do desempenho motor da capacidade de salto dos atletas de voleibol masculino da categoria infanto juvenil do Brasil demonstrou um comportamento semelhante entre as posições de jogo, apontando apenas para diferenças significativas apenas entre (LIB) e (CEN), provavelmente provocadas por diferenças entre parâmetros antropométricos. Além disso, os resultados do estudo apresentaram escores que apontam para um elevado potencial nas variáveis estudadas levando em consideração os escores dos atletas mais qualificados.
Os valores de (IVPS) e (IVPC) encontrados no grupo de atletas se apresentaram semelhantes aos índices dos atletas mais qualificados da modalidade sugerindo elevada capacidade de ativação do contramovimento e habilidade para utilizar os membros superiores para aumento da altura saltada. Nestas verificações pudemos observar que as ausências de diferenças significativas entre as posições de jogo do estudo corroboraram com a literatura.
Já os escores de (IVA), (IVB) (AlAtaq) e (AlBloq) relatados no estudo foram inferiores aos escores dos atletas mais qualificados. Contudo, estas diferenças poderiam ser esperadas pelo elevado grau de especificidade destes tipos de testes, sugerindo uma influência do tempo de prática. Dentro desta perspectiva, observou-se que apesar da ausência de diferenças entre as posições técnico táticas, com exceção de (LIB) e (CEN), pôde-se verificar que os atacantes (CEN, PO, e OP) apresentaram maiores escores para (AlAtaq) e (AlBloq), ainda que exista uma tendência para que estes atletas (atacantes) possuam indicadores antropométricos, como maior estatura e altura total, mais elevado que (LIB) e (LEV) propiciando vantagens nos testes para verificação da altura de alcance das ações de salto.
Sendo assim, o perfil do desempenho motor das ações de salto dos atletas de voleibol da categoria infanto juvenil do Brasil demonstrou escores condizentes com características de atletas de alto rendimento da modalidade, podendo atender a demanda de indicadores normativos “intermediários” para a modalidade.
Quanto ao processo de seleção esportiva do voleibol brasileiro, nos faz refletir sobre a possibilidade de estarmos deparando com uma nova tendência para a formação de atletas jovens, com características muito semelhantes dos índices de força explosiva de membros inferiores, e alcance de ataque e bloqueio, independente da função técnico-tática, adequados ao cenário internacional.
Além disso, vale destacar a homogeneidade apresentada pelas variáveis estudadas apresentadas pelos atletas dentro de cada posição técnico-tática, confirmando a afirmação de Fernandes Filho (Fernandes Filho, 1997), que ensina que o alto rendimento apresenta características diferenciadas e únicas, mostrando indivíduos extremamente semelhantes.
Agradecimentos: a Confederação Brasileira de Voleibol, e a Comissão Técnica da Seleção Brasileira de voleibol infanto juvenil de voleibol masculino pelo consentimento e apoio para realização da pesquisa.
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digital · Año 15 · N° 145 | Buenos Aires,
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