Atividade física na promoção da saúde Actividad física en la promoción de la salud |
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*Profissional de Educação Física da Escola Preparatória de Cadetes do Ar - EPCAR **Laboratorio do Exercício da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES ***Professor da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES (Brasil) |
Alisson Gomes da Silva* Vinicius Dias Rodrigues** Antonio Trajano de Morais Neto*** Leonardo Ferreira Machado*** |
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Resumo Há algum tempo, as pessoas se lembravam da importância da saúde, somente quando esta aparecia debilitada. Por negligenciarem determinados cuidados com o corpo muitas pessoas sofriam com as conseqüências, como por exemplo, obesidade, lesões musculares, hipertensão, e outros. Desconhecia-se que a melhor forma de tratar certas complicações é criando condições desfavoráveis para o surgimento da mesma, ou seja, se prevenindo. Com o decorrer dos anos, está havendo uma maior conscientização popular em relação à atividade física e saúde. Alguns estudos confirmaram um aumento na valorização da prática de atividades físicas na sociedade. A atividade física vem sendo compreendida como uma prática fundamental ao ser humano no sentido do seu bem-estar global, entendido sob os pontos de vista: físico, emocional, social, intelectual e até espiritual. A prática regular de atividades físicas é um método saudável e que auxilia na prevenção de várias enfermidades e manutenção da saúde, desde que orientadas por um profissional de Educação Física qualificado. Assim, este trabalho buscou apresentar uma revisão de literatura sobre a atividade física sistematizada como meio de intervenção no combate ao sedentarismo. Unitermos: Atividade física. Sedentarismo.
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010 |
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1. Introdução
O grande desenvolvimento tecnológico e da informática ocorrido, principalmente nas últimas décadas do século XX, proporcionou melhoras significativas na vida das pessoas, através da evolução das ciências da saúde, educação, estrutura das cidades, transporte, saneamento básico, eletrodomésticos, máquinas, computadores, internet e outros. Entretanto, a modernização contribuiu também para que o homem se habituasse a desenvolver cada vez menos atividades físicas, seja no trabalho, em casa, na escola ou em momentos de lazer (BIM; NARDO JR, 2004)
Esta redução do gasto calórico com a diminuição da demanda energética no cotidiano do homem está ligada à falta de movimento e deterioração da saúde, bem-estar e qualidade de vida (NACIONAL CENTER FOR CHRONIC DISEASE PREVENTION AND HEALTH PROMOTION - CDC, 2002). Como exemplo, pode-se citar o sedentarismo como um dos responsáveis pelo sobrepeso, o qual é fator de risco independente para a morbimortalidade populacional por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), principalmente quanto a sua relação com o aumento da prevalência de hipertensão arterial (HA) e diabete mellitus (DM) (NUNES e BARROS, 2005).
Assim, a alta prevalência de sedentarismo na sociedade atual tem sido um grande desafio no campo da saúde pública, já que esta condição possui um status de fator de risco primário da morbimortalidade populacional por DCNT.
Nesse contexto, a intervenção da atividade física sistematizada pode colaborar para prevenir diversas DCNT, além de ajudar a minimizar as complicações clínicas decorrentes desse mal.
Dessa forma, este trabalho tem como objetivo apresentar uma revisão de literatura sobre a prática da atividade física como meio de intervenção no combate ao sedentarismo.
2. Benefícios da atividade física
A prática regular de exercício pode produzir importantes benefícios a curto, médio e longo prazo, independente se realizada por indivíduos com alguma DCNT ou não (MERCURI; ARRECHEA, 2001). Esses benefícios são listados a seguir:
Aumenta o consumo da glicose.
Diminui a necessidade de insulina exógena.
Diminui a concentração basal e pós-prandial da insulina.
Aumenta a resposta dos tecidos à insulina.
Melhora os níveis da hemoglobina glicolisada.
Melhora o perfil lipídico:
diminui os triglicerídeos.
aumenta a concentração de HDL-colesterol.
diminui levemente a concentração de LDL-colesterol.
Contribui para diminuir a pressão arterial.
Aumenta o gasto energético:
favorece a redução do peso corporal.
diminui a massa total de gordura.
preserva e aumenta a massa muscular.
Melhora o funcionamento do sistema cardiovascular.
Aumenta a força e flexibilidade muscular.
Os benefícios obtidos com a prática regular de atividade física se devem às adaptações crônicas do organismo a um trabalho acima dos níveis de repouso (KRINSKI et al, 2006). Conseqüentemente, o treinamento físico promove um conjunto de adaptações morfológicas e funcionais que conferem maior capacidade ao organismo para responder ao estresse do exercício (DIRETRIZ DE REABILITAÇÃO CARDÍACA, 2005).
Assim, Brum et al (2004) lembram que o exercício físico proporciona diversos efeitos no organismo após a o seu término.
Efeitos fisiológicos agudos imediatos
Efeitos fisiológicos agudos tardios
Efeitos fisiológicos crônicos
É importante lembrar as varias formas que são classificadas o exercício físico, assim a Sociedade Brasileira de Cardiologia no consenso de reabilitação cardíaca apresenta essa classificação na tabela 1 descrita abaixo.
Tabela 1. Classificação do Exercício Físico
Denominação |
Características |
Pela via metabólica predominante |
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Anaeróbio alático |
Grande intensidade e curtíssima duração |
Anaeróbio lático |
Grande intensidade e curta duração |
Aeróbio |
Baixa ou média intensidade e longa duração |
Pelo ritmo |
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Fixo ou constante |
Sem alternância de ritmo ao longo do tempo |
Variável ou intermitente |
Com alternância de ritmo ao longo do tempo |
Pela intensidade relativa |
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Baixa ou leve |
Repouso até 30% do VO² máx. (Borg < 10) |
Média ou moderada |
Entre 30% do VO² e o limiar anaeróbio (Borg 10 a 13) |
Alta ou pesada |
Acima do limiar anaeróbio (Borg 14) |
Pela mecânica muscular |
|
Estático |
Não ocorre movimento e o trabalho é zero |
Dinâmico |
Há movimento e trabalho positivo ou negativo |
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia - Consenso de Reabilitação Cardíaca
Além dos benefícios fisiológicos, a prática de exercícios físicos regulares acarreta benefícios psicológicos, tais como: melhor sensação de bem estar, humor e auto-estima, assim como, redução da ansiedade, tensão e depressão. A implantação de um programa de exercícios físicos tende a aumentar o estado de saúde dos participantes, diminuindo a dependência, a ociosidade, favorecendo a socialização, e com isso melhorando sua qualidade de vida. Os poucos programas de incentivo à prática de atividades físicas desenvolvidos no Brasil tem trazido avanços nessa área. Um bom exemplo foi o Programa “Agita São Paulo”, que buscou mostrar a importância da atividade física de intensidade moderada, 30 minutos por dia, de forma acumulada ou contínua, na maioria dos dias da semana, para a promoção da saúde, tendo havido especial atenção com o público da terceira idade (FRANCHI e JÚNIOR, 2005).
3. Atividade física regular como tratamento não-farmacológico
A prática regular de atividade física tem sido apontada como uma importante medida não medicamentosa para o tratamento de doenças cardiovasculares e crônicas, devido ao seu aspecto benéfico e protetor diante dessas doenças (KRINSKI et al, 2006).
No caso de indivíduos hipertensos, o exercício físico há algum tempo vêm sendo estudado com o intuito de incluí-lo como parte do tratamento não-farmacológico. Estudos recentes têm confirmado o efeito hipotensor do exercício, principalmente em indivíduos hipertensos no estágio I (OLIVEIRA et al [s/d]). E alguns estudos têm demonstrado que os níveis pressóricos de um indivíduo hipertenso podem sofrer significativa redução com apenas uma sessão de exercício físico, e essa redução pode alcançar valores mais evidentes e mais duradouros se o estímulo, no caso o exercício, for mais prolongado (FORJAZ e NEGRÃO, 2000).
Os mecanismos que norteiam a queda pressórica pós-treinamento físico estão relacionados a fatores hemodinâmicos (diminuição do débito cardíaco e da resistência vascular periférica), humorais (produção de substâncias vasoativas, melhora na sensibilidade à insulina, etc.) e neurais (diminuição do tônus simpático e da freqüência cardíaca de repouso) (MONTEIRO e FILHO, 2004).
No que se refere à DM do tipo 2, sabe-se que a participação de indivíduos normais e diabéticos em atividades físicas vigorosas ou não se associa à melhor sensibilidade à insulina (IRIGOYEN et al, 2003).
De Mercure e Arrechea (2001), a resistência à insulina é o fator-chave na patogênese do DM do tipo 2 e é um co-fator no desenvolvimento da HA, dislipidemia e aterosclerose. As causas da resistência à insulina incluem também fatores genéticos.
Durante o exercício físico o transporte de glicose na célula muscular aumenta, bem como a sensibilidade da célula à ação da insulina. Muitos fatores determinam a maior taxa de captação da glicose durante e após o exercício, mas, sem dúvida, o aumento do aporte sanguíneo é um importante fator regulador, permitindo a disponibilização deste substrato para a musculatura. Portanto, indivíduos diabéticos com ausência de insulina ou deficiência na ação deste hormônio conseguem utilizar glicose para contração muscular durante o exercício, podendo esta utilização contribuir para a redução da hiperglicemia (IRIGOYEN et al, 2003).
De acordo com Mercuri e Arrechea (2001), o efeito hipoglicemiante do exercício pode se prolongar por horas e até dias após o fim de exercício.
Segundo Nunes e Barros (2005) grandes efeitos das intervenções na redução da morbimortalidade populacional são alcançados com apenas um pequeno aumento no nível de atividade física dos sedentários.
4. Considerações finais
Assim como a atividade física, a promoção da saúde vem se tornando foco de atenção. Diante disso, fica claro que o exercício físico regular é essencial no combate ao sedentarismo. Ainda se apresenta como uma alternativa eficaz para o tratamento não farmacológico de indivíduos com HA, DM e transtornos mentais, desde que seja realizado com orientação de profissionais qualificados, e que estes se atentem ao tipo de exercício que será realizado, a sua freqüência, a intensidade e duração.
Referências
BRUM, P. C., et al. Adaptações agudas e crônicas do exercício físico no sistema cardiovascular. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo – SP, 2004.
CARVALHO, T. et al. Posição oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte: atividade física e saúde. Revista Brasileira De Medicina Do Esporte. 1996.
CZEPIELEWSKI, M.A. Diabetes Mellitus. Disponível em: http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?127. Acesso em: 22 fev. 2006.
FERREIRA, S.R.G.; ZANELLA, M.T. Epidemiologia da hipertensão arterial associada à obesidade. Revista Brasileira de Hipertensão. São Paulo – SP, 2000.
FRANCHI, K.M.B.; JÚNIOR, R.M.M. Atividade física: uma necessidade para a boa saúde na terceira idade. RBPS, 2005.
IRIGOYEN, M.C. et al. Exercício físico no diabetes melito associado à hipertensão arterial sistêmica. Revista Brasileira de Hipertensão. São Paulo – SP, 2003.
MERCURI, N.; ARRECHEA, V. Atividade física e diabetes mellitus. Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas. Buenos Aires, 2001.
MONTEIRO, Maria de F.; FILHO, Dário C. Exercício físico e o controle da pressão arterial. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Niterói - RJ, 2004.
NUNES, J.O.M.; BARROS, J.F. Fatores de risco associados à prevalência de sedentarismo em trabalhadores da indústria e da Universidade de Brasília. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 2004. http://www.efdeportes.com/efd69/risco.htm
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