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A importância da ludicidade na Educação Infantil

para o desenvolvimento das habilidades motoras

La importancia de la ludicidad en el Jardín de Infantes para el desarrollo de las habilidades motoras

The importance of playfulness in early childhood education for the development of motor skills

 

*Programa de Pós Graduação Latu Senso em

Treinamento Desportivo e Fisiologia do Exercício, UNIfoa

Cataguases, MG, Brasil

**Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH

Universidade Castelo Branco. - Rio de Janeiro, RJ

***Programa de Pós Graduação Strictu Senso em Educação Física e Desporto,

Universidade Trás os Montes e Alto D’Ouro, UTAD. Vila Real, Portugal
(Brasil)

Gabriela Rezende de Oliveira Venturini*

Bernardo Minelli Rodrigues**

Dihogo Gama de Matos***

Ricardo Luiz Pace Júnior* ***

André Luiz Zanella***

Rafael Pedrosa Savóia***

Mauro Lúcio Mazini Filho* ***

personalmau@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A Educação Infantil constitui-se em um espaço de aprendizagem que busca favorecer o desenvolvimento de habilidades psicomotoras, sócio-afetivas e intelectuais da criança. Muitos são os estudos que vêm sendo realizados a respeito da infância, disto emergem novas concepções em relação ao desenvolvimento da criança e, principalmente, à forma como ela constrói seu conhecimento. É nesta safra que a ludicidade se insere com o objetivo de promover, com espontaneidade, atividades de caráter didático-pedagógico levando a criança a desenvolver-se em amplos sentidos. O presente artigo tem como objetivo analisar de forma mais específica o importante papel da ludicidade na Educação Infantil para o desenvolvimento das habilidades motoras. A pesquisa consta de revisão bibliográfica de artigos científicos, livros e bases de dados publicadas. Estudos apontam positivamente a ludicidade como importante estímulo no desenvolvimento da criança em todas as suas capacidades, e é através de um correto incentivo e direcionamento, que a ludicidade se transforma em poderosa ferramenta para o auxílio no desenvolvimento das habilidades motoras infantis.

          Unitermos: Educação infantil. Ludicidade. Habilidades motoras.

 

Abstract

          The Childhood Education is an area of education that seeks to promote the development of psychomotor skills, social-emotional and intellectual child. Many studies have been conducted regarding the childhood of these emerging new concepts in relation to the child, and especially the way it builds its knowledge. This season that falls playfulness in order to promote, with spontaneity, activities of didactic-pedagogic taking the child to develop in broad sense. These articles want to analyze more specifically the important role of playfulness in early childhood education for the development of motor skills. The research consists of literature review of scientific articles, books and databases published. Studies show a positive playfulness as an important stimulus in the development of the child in all of its capabilities, and it is through a proper encouragement and guidance, the playfulness turns into a powerful tool to aid in the development of motor skills for children.

          Keywords: Childhood education. Playfulness. Motor skills.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010

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Introdução

    A Educação infantil corresponde à educação ministrada desde o nascimento até os 6 anos, aproximadamente. Considerada indispensável, ela oferece os fundamentos do desenvolvimento da criança num aspecto físico, psíquico, cognitivo e social (FREIRE, 2006).

    Afirmam o lúdico como uma das maneiras mais eficazes para envolver os alunos nas atividades da Educação Infantil, pois o brincar está intimamente ligado à criança e seu desenvolvimento motor. O lúdico tem sua origem na palavra “ludus” que quer dizer “jogo”. Se achasse confinado em sua origem, o termo lúdico estaria se referindo ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo. É muito importante aprender com alegria. Enquanto se divertem, as crianças se conhecem, aprendem e descobrem o mundo. Os jogos e brincadeiras propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis por meio, da atividade lúdica (BARELA, 1999).

    O lúdico na Educação Infantil pode ser trabalhado em todas as atividades, pois é uma maneira de aprender/ensinar, despertar o prazer e, dessa forma a aprendizagem se realiza. No entanto, o verdadeiro sentido da educação lúdica só estará garantido se o professor estiver preparado para realizá-lo, tendo conhecimento sobre os fundamentos da mesma (LIBÂNEO,1996). As crianças experimentam desejos impossíveis de serem realizados imediatamente, para resolver essa questão à criança envolve-se num mundo imaginário onde os desejos não-realizáveis podem ser realizados. O brincar da criança é então a imaginação e ação sempre imitando o adulto ou outra criança. Do ponto de vista do desenvolvimento da criança, a ludicidade traz vantagens sociais, cognitivas e afetivas, ajudando-as no seu desenvolvimento em relação à sociedade (Queiroz,2006).

    O repertório motor do ser humano passa por transformações ao longo de seu desenvolvimento na vida. Tradicionalmente, este processo de transformação tem se dividido em estágios, por exemplo, de aquisição e de refinamento das habilidades motoras, e as alterações cognitivas envolvidas neste fenômeno. O elemento principal da aprendizagem é a transmissão de informação do conteúdo a ser ensinado. A aprendizagem de valores, habilidades, atitudes em geral, e de padrões de comportamentos determinados culturalmente ocorre muitas vezes a partir de processos de modelagem e imitação (MIRANDA, 2009). Habilidades motoras passam pelo longo caminho do “inexperiente ao habilidoso”. Raramente pensa-se na movimentação cotidiana executada por pessoas comuns como andar, correr, pular, tocar piano etc. Então, performances habilidosas não são restritas a apenas algumas pessoas “superdotadas”, mas estão presentes nas ações dos seres humanos nas mais variadas manifestações motoras (BARELA, 1999).

    A criança estimulada de forma ampla, por meio da exploração do meio ambiente tem mais chances de praticar as habilidades motoras e, consequentemente de dominá-las com facilidade. Até algum tempo atrás as experiências motoras vivenciadas espontaneamente pela criança e suas atividades diárias eram suficientes para que adquirissem as habilidades motoras e se formasse uma base para o aprendizado de habilidades mais complexas. Durante as últimas décadas, alterações ocorridas na estrutura social e econômica da sociedade, dados os processos de modernização, urbanização e inovações tecnológicas, têm proporcionado mudanças nos hábitos cotidianos da vida do homem moderno. Nessas condições, crianças em idade de Educação Infantil são geralmente relegadas a brinquedos, na maioria das vezes eletrônicos, ou a atividades desenvolvidas em pequenos espaços, que limitam aventura lúdica e experimentação ampla de movimentos (NETO, 2006).

    O estudo em questão permite compreender que o lúdico é significativo para a criança conhecer seus limites e construir seus conhecimentos. Por meio do lúdico podemos conseguir uma educação de qualidade, que possa ir ao encontro dos interesses e necessidades das crianças, especialmente às da faixa etária de 0 a 6 anos de idade, considerada essa fase importante para o desenvolvimento futuro do ser humano (BENITEZ, 2008).

    Esta pesquisa bibliográfica tem a intenção de identificar estudos significativos e positivos da ludicidade e desta forma contribuir com os profissionais da área que estejam interessados em aprofundar na boa qualidade de ensino. Estudos significativos permitem estruturar possibilidades para que a criança seja estimulada amplamente a dominar padrões fundamentais de movimentos.

    O objetivo deste estudo é analisar os efeitos positivos da importância da ludicidade adequada para realização dos movimentos naturais e fundamentais para o desenvolvimento infantil e crescimento na infância para estimulação e possibilidade de intervenção profissional na prática precoce no refinamento das habilidades motoras através da ludicidade.

Desenvolvimento

    O ser humano nasceu para aprender, para descobrir e apropriar-se dos conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexos, e é isso que lhe garante a sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo, crítico e criativo. Os seres humanos aprendem e renovam suas experiências a partir da interação que tem com seus semelhantes e também pelo domínio do meio em que vive. O cotidiano escolar tem como papel criar espaços e oportunidades para que as crianças se desenvolvam através de atividades lúdicas, tanto em sala como fora dela, tornando dessa maneira com que os conhecimentos sejam assimilados de maneira prazerosa, possibilitando que as crianças se desenvolvam como um todo (TREVISSAN, 2007).

    Crianças pequenas experimentam desejos impossíveis de ser realizados imediatamente e, para resolver essa tensão, a criança envolve-se num mundo imaginário onde os desejos não-realizáveis podem ser realizados. O brincar da criança é, então, a imaginação em ação (MINESTRINA, 2006). Nesse sentido, a criança tem um desenvolvimento integrado. O desenvolvimento físico está diretamente ligado ao desenvolvimento psicológico e cultural que se refere ao psíquico. Isso significa que a criança se constitui como um indivíduo de personalidade própria e como integrante de um grupo a partir das vivências concretas que terá em seu meio. O entendimento dessas relações integradas do desenvolvimento infantil está, por assim dizer, impulsionando um novo olhar, mais reflexivo, a respeito da educação de crianças em ambientes escolares. Nos dias atuais podemos observar que as crianças passam a maior parte do tempo nas instituições de ensino, e que antigamente era apenas responsável por desenvolver os saberes, e que, no entanto, acabou recebendo muitas outras atribuições que na realidade deveriam ser destinadas à família. Diante disso o surgimento das creches está diretamente ligada às transformações que ocorreram quando as mulheres ingressaram no mercado de trabalho, pois surgiu a necessidade de se criar um lugar para que os filhos das mesmas permanecessem durante a jornada de trabalho. Porém, inicialmente as creches eram vistas apenas como um “depósito”, onde as mães deixavam seus filhos para serem cuidados (cuidados higiênicos) e não como um lugar para desenvolver e ampliar o conhecimento das crianças. Mas com o passar do tempo, perceberam que tanto as creches como as escolas começaram a ser não somente um lugar onde as crianças eram cuidadas, mas também, o local onde elas aprendiam e se desenvolviam tanto cognitivamente como emocionalmente (FARIA, 2007).

    Do ponto de vista filosófico, o brincar é abordado como um mecanismo para contrapor à racionalidade; a emoção deverá estar junto na ação humana tanto quanto a razão. Do ponto de vista sociológico, o brincar tem sido visto como uma forma mais pura de inserção da criança na sociedade; brincando a criança assimila crenças, costumes, regras e hábitos do meio em que vive. Em relação ao psicológico, o brincar está presente em todo o desenvolvimento da criança nas diferentes formas de modificação de seu comportamento, do ponto de vista pedagógico, o brincar tem se revelado como uma estratégia poderosa para a criança aprender desenvolvendo suas habilidades (FALCÃO, 2002). As atividades lúdicas fazem com que a criança aprenda com prazer, alegria, sendo relevante ressaltar que a educação lúdica está distante da concepção única de passatempo e diversão. A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se define na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo. É de suma importância à utilização do brincar e dos jogos no processo pedagógico, pois os conteúdos podem ser trabalhados por intermédio de atividades lúdicas contribuindo, dessa forma, para o crescimento global da criança. Jogos e brincadeiras contribuem para o desenvolvimento motor, emocional e cognitivo da criança. É brincando com o mundo que ela aprende sobre ele e desenvolve a imaginação, a criatividade e a atenção. O brincar se torna cada vez mais importante na construção do conhecimento, oportunizando o prazer enquanto incorpora as informações e transforma as situações da vida real (FALCÃO.2002). A brincadeira é universal e própria da saúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde. O brincar conduz aos relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de comunicação. Portanto a brincadeira traz a oportunidade para o exercício da simbolização e é também uma característica humana (WINNICOTT, 1979).

    A criança necessita de estabilidade emocional para se envolver com a aprendizagem. O afeto pode ser uma maneira eficaz de chegarmos perto do sujeito, e a ludicidade, em parceria, um caminho estimulador e enriquecedor para atingirmos uma totalidade do processo aprender (LUCKESI, 2000).

    O desenvolvimento motor está relacionado com experiências individuais de cada criança e o tipo de estímulo vivenciado poderá proporcionar melhor desempenho das habilidades motoras que são divididas em estágios inicial, elementar e maduro representado pelos movimentos fundamentais de engatinhar, caminhar, correr, pular arremessar, recepção e chute esses pelos quais são desenvolvidos pelas crianças com o decorrer dos anos (FREITAS, 2006).

    Na educação infantil o uso da demonstração ou de um modelo pode facilitar a aprendizagem de uma habilidade motora, também conhecida como “Aprendizagem Social”. Quatro subprocessos governam a aprendizagem pela observação de um modelo. O primeiro processo é a atenção que determina o que é observado e qual informação é extraída da ação do modelo. O segundo diz respeito à retenção, que envolve transformar e reestruturar o que é observado em códigos simbólicos que são armazenados na memória como modelos internos da ação. O terceiro é o de reprodução do comportamento, que envolve a passagem da representação na memória da ação modelada para a ação física. Finalmente, o quarto é o da motivação e envolve o incentivo ou motivo para a “performance” da ação modelada (OLIVEIRA, 2005). É muito importante as experiências motoras para o indivíduo em processo de desenvolvimento, principalmente no período da aquisição e combinação das habilidades motoras básicas (OLIVEIRA, 2001).

    As habilidades motoras são essenciais para a realização das atividades da vida diária. A vivência destas são importantes e devem ser abordadas principalmente dos dois aos seis anos, pois nesta fase as crianças estão mais propícias ao desenvolvimento e refinamento das habilidades motoras fundamentais. Dentre estas habilidades destacaremos o equilíbrio, pois o mesmo exerce grande importância em inúmeros movimentos, inclusive no andar. Equilíbrio é a habilidade que um indivíduo tem de controlar a estabilidade do corpo, sendo definida como a resistência apresentada à aceleração, seja ela angular ou linear, ou ainda, a resistência apresentada quando o equilíbrio é quebrado (FREITAS, 2006).

    As crianças estão com pouco tempo para brincar e consequentemente com poucas oportunidades para descobrir, criar e recriar experiências e saberes sobre si mesmo e o mundo. A diversidade dos espaços, das possibilidades de atividades motoras, bem como da freqüência destas oferecidas as crianças tanto na escola como nos períodos que se encontram fora dela, não estão atendendo adequadamente as necessidades do brincar, do ter o tempo livre, do explorar, fundamental para o seu desenvolvimento (FALCÃO, 2002).

    A aquisição de conhecimentos importantes para o crescimento pessoal e social adquiridos na educação infantil, e que de outro modo não poderiam ser aprendidos, implica considerar a inter-relação entre os conhecimentos do senso comum e os científicos. Isso inclui um conjunto de conceitos, procedimentos e atitudes que caracterizam a cultura de movimento (FERRAZ, 2004).

    A dimensão procedimental diz respeito ao saber fazer, à capacidade de mover-se numa variedade de atividades motoras crescentemente complexas de forma afetiva. Uma vez que uma meta pode ser alcançada via diferentes movimentos, pressupõe-se que o conceito de prática em educação física não seja uma mera repetição mecânica de um mesmo movimento e sim a repetição das diversas soluções de um mesmo problema, envolvendo tentar, praticar, pensar, planejar, tomar decisões e avaliar. Na dimensão conceitual, o aluno aprende fatos e conceitos, desde os níveis da análise biomecânico e fisiológico até os níveis de análise cócio-cultural e psicológico que regulam o movimento. Obviamente, deve-se considerar a profundidade e sequenciação desses conhecimentos em função do ciclo de escolarização e das características de crescimento e de desenvolvimento do aluno.

    Finalmente, na dimensão atitudinal, em um sentido amplo, o aluno aprende sobre seu potencial e limitação, adquire atitudes de perseverança, assume riscos e reconhece que as limitações podem ser melhoradas, nesse processo. Além disso, ao se engajar nas relações de mutualidade com outros, baseados em valores democráticos, o aluno deve estabelecer comparações e aprender a respeitar as capacidades e limitações dos outros. Em um sentido o respeito às regras do jogo é um importante tema, nessa dimensão do conteúdo. O aspecto moral diz respeito ao jogar certo, relaciona-se com o que se tornou obrigatório em termos de uma exigência do grupo ou da instituição/cultura. É preciso, portanto, obedecer a uma série de normas, caso contrário, o jogo não acontece. Todos os conteúdos selecionados englobam três dimensões, mas, é importante esclarecer que essas dimensões propostas não possuem o mesmo peso em todos os conteúdos, ou seja, alguns apresentam maior relevância conceitual, outros atitudinal ou procedimental (RODRIGUES, 2008).

    Um estudo realizado em crianças indígenas em Terena da aldeia Água Branca do Município de Nioaque/MS com o objetivo de avaliar a habilidade motora caracterizada pelo desenvolvimento progressivo do movimento onde participaram vinte e nove crianças indígenas com idade entre 3 e seis anos de ambos os sexos no período de março a abril de 2006. Foi utilizado para a avaliação o teste com Instrumento de Avaliação de Padrões Motores Fundamentais (FMPAI) projetado por Mcclenagham. O teste é um instrumento de avaliação observacional, do desenvolvimento motor subjetivo, projetado para mensurar o estado motor atual da criança e avaliar alterações ao longo do tempo. A criança realizou cada movimento individualmente e com três tentativas, considerando o melhor resultado. Os testes foram realizados com materiais do próprio ambiente como bambu para sinalização da pista de corrida. Foram analisados o desempenho das crianças em relação à corrida, o pulo, o chute e o arremesso. Os resultados obtidos foram baseados nos níveis de desenvolvimento, sendo divididos em iniciais, elementar e maduro. Em relação aos padrões de habilidades motora, das crianças com três e quatro anos de ambos os sexos, nove (31%) desses (10%) sexo masculino e (21%) feminino, encontram-se o estágio inicial e 3 (10%) dividido em dois (7%) masculino e um (3%) feminino estavam no elementar que é o estágio adequado para essa idade. No estágio maduro, não foi encontrado nenhuma criança com essa faixa etária. Todas as crianças permaneceram sempre no mesmo estágio em todos os movimentos analisados. O resultado mostrou que a maioria das crianças está com atraso nas aquisições que promovem a habilidade motora e não se encontram no estágio adequado para sua idade cronológica. Os dados encontrados nesta pesquisa evidenciaram que as crianças possuem um ambiente estimulante e saudável, mas sem orientação adequada para que possam desenvolver a motricidade, emoção e pensamento lógico, para isso, seria de grande importância à intervenção de profissionais de educação física para trabalhar diretamente com o desenvolvimento e crescimento das habilidades na infância dessas crianças (ROSA, 2008).

    Essa próxima pesquisa é de natureza experimental, foi feita uma comparação entre duas turmas, compostas por 35 crianças de quatro anos, de uma Escola da Rede Municipal de São Paulo. Uma das turmas denominada grupo experimental, teve aulas de educação física com duração de 50 minutos, duas vezes por semana, enquanto a outra, denominada grupo de controle, não participou de aulas de educação física. Os dois grupos foram submetidos a testes: 3 de habilidades motoras básicas (saltar, arremessar e equilíbrio), um sobre o reconhecimento das partes do corpo e uma entrevista visando avaliar a noção do que é educação física. Este estudo pretendeu verificar a exeqüibilidade de alguns conteúdos que compõem um programa de educação física mediante metodologia ensino específica. Em relação aos aspectos do desenvolvimento de habilidades motoras básicas, destaca-se que o fato de que seu desenvolvimento necessita de maior tempo de prática. Entretanto pôde ser verificado ao final do programa que o grupo experimental apresentou maior evolução do que o grupo controle. No presente estudo propõe levar em consideração a estruturação de ambientes o mais próximo possível das condições naturais que as crianças realizam esses movimentos. Como reconhece a autora, muitas das descrições sobre o desenvolvimento motor são produtos de situações artificiais, podendo constituir-se em limitações de pesquisa. Em relação ao conhecimento do que é educação física, tudo indica que o programa teve influência na aprendizagem de conteúdos conceituais, colaborando para inserção mais qualificada das crianças na cultura do movimento (SOUZA, 2007).

    Objetivando investigar a função que tem sido atribuído ao brinquedo, pelas professoras de creches e pré-escolas de Ipatinga, realizou-se em cinco instituições de educação infantil, um trabalho de campo com entrevistas e análise documental visando conhecer as concepções dos professores sobre o brincar da criança e os espaços e tempos destinados às atividades lúdicas pelas instituições. Observou-se no decorrer da pesquisa características comuns e diferenciadas entre as instituições visitadas. Pode-se perceber que existe uma tendência de vinculação do ato de brincar com o fazer pedagógico. Parece que as instituições desconhecem o fato de que quando a criança brinca está em constante processo de construção de significados, buscando compreender o mundo a partir de suas representações. Das entrevistas realizadas, as professoras destacaram a força do caráter pedagógico como função primordial do brinquedo. E o jogo, o brincar aparecem como métodos e estratégias de produzir ludicidade no ato de aprender. A função do brincar na escola não tem sido atribuída de forma adequada, devido às exigências dos pais, da sociedade de que crianças estejam sendo alfabetizadas o quanto antes, e que de certa forma gerou mudanças de objetivos das professoras nas metodologias das aulas. Observa-se o desconhecimento do adulto sobre a importância do brincar das crianças. As escolas, em sua maioria, por não se apropriarem de conhecimentos sobre a importância do brinquedo e do brincar, não possibilitam espaços e tempos para brincá-lo, trocando esses espaços por uma escolarização precoce (BELLONI, 2002).

Considerações finais

    Os estudos sugerem efeitos positivos em relação a uma estimulação adequada no período infantil de desenvolvimento das habilidades motoras com o envolvimento da ludicidade, portanto, seja qual for o ambiente, a atenção deve estar sempre voltada para que a criança tenha acesso a um desenvolvimento motor adequado e com atividades lúdicas. A educação física é grande auxiliadora nesse processo, e que os profissionais dessa área devem conhecer o desenvolvimento motor da criança para que possam aplicar atividades que comprovam seu desenvolvimento, sendo necessários mais estudos que verifiquem a influência dos fatores ambientais sobre os padrões das habilidades motoras na infância.

    Consideramos que a ludicidade é de fundamental importância para o desenvolvimento das habilidades motoras em crianças, pois através dos jogos e brincadeiras a criança se sente estimulada. Assim também a experiência da aprendizagem tende a se constituir um processo vivenciado prazerosamente. A escola ao valorizar as atividades lúdicas, ajuda a criança a formar um bom conceito positivo de mundo, ajudando no seu crescimento e contribuindo para um bom desenvolvimento de suas habilidades motoras.

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