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A história do futebol em Juiz de Fora

La historia del fútbol en Juiz de Fora

 

Acadêmico do Curso de Educação Física da

Faculdade Metodista Granbery

Juiz de Fora/MG

Luiz Fernando de Sousa Silva

luizfernando-ss@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho é baseado no capítulo “Futebol de Juiz de Fora: A Procura de uma Identidade” do livro “Educação Física - Memórias e narrativas em Juiz de Fora”, que tem por objetivo apresentar um pouco da história do futebol da cidade, desde a década de 60, na qual ocorreu o famoso fenômeno do “Fantasma do Mineirão”, até o terceiro milênio, utilizando-se da pesquisa bibliográfica. Assim, retrata jogos memoráveis, recheados de rivalidade entre os três times da cidade, e projetos inovadores postos em prática, como o ingresso colorido e a fusão dos clubes. Além dos aspectos citados, outros foram pesquisados no período de 2003 até meados de 2008, inclusive referências sobre o futebol feminino da cidade.

          Unitermos: Futebol. História. Juiz de Fora

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010

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1.     Introdução

    O que nos ansiamos com este trabalho é relatar parte da história do futebol profissional de Juiz de Fora, tanto as glórias quanto os fracassos. Como não a analisaremos de forma minuciosa, declaramos desde já que alguns fatos e nomes não serão mencionados.

2.     Décadas de 60 e de 70

    A década de 60 ficou marcada de glória para o futebol da cidade, desde a equipe do Tupi Football Club, conhecida como “Fantasma do Mineirão”, pelas grandes conquistas na capital mineira, até os estádios cheios onde também brilhavam os outros dois clubes da cidade: Sport Club Juiz de Fora e Tupynambás Futebol Clube. A fidelidade e rivalidade eram marcas registradas entre os torcedores.

    Em 1968, a então Confederação Brasileira de Desportos – CBD – determinou que as ligas de desportos não poderiam mais organizar competições de futebol profissional. Tal responsabilidade passa tia a ser das federações estaduais e com isso a Liga de Desportos de Juiz de Fora – LDJF – deixou de realizar importantes campeonatos de futebol da região, que envolviam equipes das cidades da zona da mata mineira e vertentes. Restava aos clubes da cidade o sonho de participar de competições estaduais, ao lado de Atlético, Cruzeiro e América. Um sonho que não parecia ser distante, uma vez que os clubes da cidade já haviam conquistado a região.

    Em 1969, os três clubes de Juiz de Fora participaram da classificatória para o Campeonato Mineiro. Mas não passou disso, Sport e Tupynambás não conseguiram acompanhar a estrutura profissional dos clubes da capital e encerraram o trabalho com futebol profissional. E nos anos seguintes só o Tupi permaneceu na disputa, conquistando, em 1971, o título de campeão do interior, com uma equipe dirigida por Geraldo Magela Tavares.

2.1.     Fantasma do Mineirão

    Em janeiro de 1966, o Tupi convidou o Cruzeiro para um jogo em Juiz de Fora e, venceu o jogo por 3 a 2, derrotando a famosa equipe de Tostão, Dirceu Lopes, Zé Carlos, Piazza, Natal, dentre outros craques. O Tupi foi então convidado a jogar com o Atlético, no Mineirão, vencendo novamente um time da capital. Desta vez, por 2 a 1 sobre o Atlético, que era dirigido por Paulo Amaral.

    Um novo desafio foi feito pelo América Mineiro, dirigido por Yustrick. Mais uma nova vitória do Tupi por dois a um foi o que aconteceu. O Cruzeiro pediu uma revanche do jogo realizado, afirmando que, no Mineirão, iria arrasar com o Tupi. Nova vitória do Tupi por 2 a 1 fez todo o Brasil falar naquela equipe, que acabou sendo convidada para treinar com a Seleção Brasileira de Pelé e Garrincha em Caxambu, quando empatou em um a um. O técnico do Tupi, Geraldo Magela Tavares, lembra a escalação do time responsável por grandes façanhas em 1966: Waldir, Manoel, Murilo e Walter, França e Mauro, João Pires, Toledo, Vicente, e Eurico.

3.     Época de ouro

    A década de 80 foi um período em que a cidade voltou a viver a paixão pelo futebol e a ter estádios lotados, com a volta do Sport e do Tupynambás aos competições estaduais. Colocando Juiz de Fora novamente no cenário esportivo nacional.

    Em 1983, o Tupynambás, dirigido pelo técnic Augusto Clemente, disputou, ao lado do Tupi, o campeonato de acesso à 1ª divisão do campeonato mineiro. Não obteve sucesso e voltou a se afastar do futebol profissional. Já o clube carijó (o símbolo do Tupi é um galo carijó), seguiu em frente com muitas vitórias e um período de sucesso. E graças ao patrocínio da SEG, empresa de segurança de propriedade do então presidente do clube, Maurício Batista, que o Tupi conseguiu se reerguer. A retomada começou no mesmo ano e, com Nando Osório no comando técnico, o galo conquistou o título de campeão mineiro da 2ª divisão e subiu para a 1ª.

    “Foi um período de glórias. Os recursos injetados pelo presidente possibilitaram ao Tupi uma estrutura de um grande clube, até então nunca vista em Juiz de Fora. Bons jogadores foram contratados e uma concentração foi montada para receber atletas que vinham de outras cidades. Além disso, uma academia de gisnástica foi colocada à disposição pela SEG para o treinamento físico da equipe.” (Matta, 2006, p.276).

    E o galo soube retribuir. Em 1985 e 1987 sob o comando do técnico Luís Alberto, foi campeão mineiro do interior. Esses títulos troxeram de volta uma torcida descrente de futebol em Juiz de Fora. Os estádios novamente lotados demonstravam a satisfação da torcida que, empolgada com o desempenho do clube, passou a se organizar e acompanhar a equipe em jogos fora da cidade.

    A década de 80 também foi um período de glórias para o esporte e, em 1986, o presidente José Simão decidiu investir no futebol profissional e conseguiu montar uma equipe competitiva, que dirigida por Argemiro Moreira (Mirim) e Antônio Carlos (Ratinho) conquistou o acesso para a 2ª divisão do Campeonato Mineiro mesmo ficando em terceiro lugar. Uma vez que o segundo colocado, XV de Novembro, de Uberlância, desistiu de disputar o campeonato em 1987 por estar em meio a uma crise financeira.

    Em 1987, Geraldo Magela assumiu o camando da equipe que, composta basicamente por jogadores formados no próprio clube, conquisou o título de campeão mineiro da 2ª divisão. O Sport retornava então à elite do futebol mineiro para a felicidade de seu presidente que constantemente tirava dinheiro do próprio bolso para distribuir entre os jogadores como prêmio pelas vitórias. E modesto, nunca admitia ser ele o dono do dinheiro, dizia que um torcedor desconhecio era que ofertava o prêmio.

    O ano de 1988 foi um marco para o futebol da cidade, pois Tupi e Sport disputavam lado a lado a 1ª divisão do Campeonato Mineiro, fato só ocorrido no início da década de 70. Mas o Sport, ainda sob o comando de Geraldo Magela, terminou o campeonato na zona de rebaixamento e, com dificuldades em manter a equipe, encerrou sua participção em competições estaduais.

    Mas um fato que teria ocorrido nesta edição é lembrado até hoje pelos dirigentes do Sport: uma traição do clube Carijó). Na última rodada o Verdão podia até perder para o Valério, mas precisava que o Tupi empatasse ou vencessa o Nacional, de Uberada. Com esse trunfo nas mãos, o rival carijó, segundo os dirigentes do Sport, não perdoou e facilitou a vitória do time de Uberaba por 1 a 0. E por causa desse resultado, o Sport foi rebaixado e até hoje está fora das competições estaduais.

4.     Ingresso Colorido

    Em 1990, a prefeitura de Juiz de Fora abraçou a idéia do jornalista Márcio Guerra e lançou no torneio quadrangular de aniversário da cidade o “Ingresso Colorido”, com a finalidade de saber qual a maior torcida da cidade. Os torcedores do Tupynambás compravam ingressos vermlho; do Sport, verde e do Tupi, preto. O torneio que também contou com a participação do Olimpic, de Barbacena, foi vencido pelo Tupi em uma disputa de pênaltis contra o Tupynambás. Já o Baeta (apelido do Tupynambás) venceu a dispyta pela maior torcida de Juiz de Fora.

    Segundo o Geraldo Magela, atualmente jornalista, a torcida do Tupynambás talvez não é a maior, mas certamente a mais presente. Porém esta realidade está se modificando, já que o trabalho com futebol do Baeta não teve continuidade e por isso sua torcida não se renovou. E como o Tupi se mantem no cenário esportivo, é, hoje, o clube com maior torcida da cidade.

5.     Estádio Municipal

    O sucesso do futebol na de Juiz de Fora nos anos 80 embalou o sonho do então prefeito Tarcísio Delgado de construir um estádio de futebol. O estádio foi inaugurado em 30 de novembro de 1988 e, anos mais tarde, recebeu o nome de Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, homenagem ao mais famoso cronista esportivo de Juiz de Fora.

    A inauguração contou com um clássico internacional entre Flamengo-RJ e Argentino Juniors-ARG, onde o Zico foi o mestre de cerimônia. O jogo terminou com vitória da equipe carioca por 2 a 1, dois gols de Bebeto. Na preliminar, o clássico Tupi e Sport dava chance ao periquito (símbolo do Sport) de se vingar do galo pelo rebaixamento para a 2ª divisão do mineiro daquele ano e de se redimir perante sua torcida. E foi o que aconteceu, vitória do Verdão (cor predominante no uniforme do Sport) por 2 a 0, gols de Ronaldo (primeiro gol oficial no estádio) e Mamão.

    Porém, como o Sport encerrou o trabalho com futebol profissional no ano seguinte à inaguração do estádio, os torcedores que esperavam assistir os clássicos da cidade ficaram desapontados. E o Tupi que, muitas vezes não conseguia um número de torcedores suficientes para encher o estádio, optava por jogar em Santa Terezinha (bairro de Juiz de Fora onde está localizado o campo de futebol do Tupi) ou até mesmo no Procópio Teixeira (nome do estádio do Sport).

6.     Manchester: um projeto de fusão

    No final do ano de 1992, um seminário sobre futebol realizado pelo Instituto Granbery da Igreja Metodista tinha entre os participantes o então presidente do Paraná Clube, Darci Piana, que relatou a inédita experiência no futebol de fusão de clubes, em patrimônio e recursos financeiros e humanos, a fim de criar um equipe mais forte forte e com maiores chances de vitórias. Foi assim que, através da união do Esporte Clube Pinheiro e do Colorado Esporte Clube, foi criado o Paraná Clube que, até hoje se mantém entre os principais times do país.

    O então presidente do Sport, Júlio Gasparete, presente ao seminário, convidou alguns profissionais da cidade e, junto com o Tupi, o Tupynambás, a Prefeitura Municpal e a Universidade Federal da cidade, iniciou o trabalho de formação de um único representante da cidade nas competições de futebol profissional.

    Em 1994, nasceu a Cooperativa Manchester de Futebol Profissional. Que ficou em 2° lugar a série B do Campeonato Mineiro do mesmo ano, no ano seguinte disputou a a série A, mas acabou não rendendo o esperado e foi rebaixado. E em 1996, a cooperativa chegou ao fim.

    Para Geraldo Magela, que atualmente é jornalista, a união entre os três clubes não saiu do papel, entre outros fatores, devido à interesses políticos que foram mais fortes do que a proposta do projeto esportivo. Para Dirceu Siano o projeto era bom, mas contava com um número excessivo de dirigentes e foi excetutado de forma desorganizada. Já Dirceu Buzinari por acreditar que o futebol precisa de rivalidade, considerou a proposta inadequada, uma vez que a unificação acabaria com a mesma.

7.     Futebol Feminino

    O Futebol Feminino não fica longe dessa história. Juiz de Fora foi a primeira cidade em Minas Gerais a ter um Campeonato Oficial de Futebol Feminino. Somente no ano seguinte é que a Federação Mineira de Futebol introduziu a modalidade de forma oficial e realizou o primeiro Campeonato Feminino Estadual, vencido pelo Tupinambás (Belo Horizonte). O Cerâmica FC (do bairro Cerâmica) ficou com o vice-campeonato em memorável partida disputada no Mineirão.

    Mais recentemente, em 2007, Em arquivo:duas jogadoras da seleção brasileira vice-campeã mundial em 2007 (Kelly e Ester) representaram Juiz de Fora na Copa do Brasil de Futebol Feminino (através do EC Benfica, campeão do Campeonato Oficial de Futebol Feminino de Juiz de Fora em 2007).

8.     Terceiro Milênio

    Em 2003 o Tupi voltou a dar glórias aos torcedores da cidade. Patrocinado pela Rede Bretas de Supermercados e Hipermercados e dirigido pelo técnico José Angêlo, o galo contratou jogadores experientes em competições nacionais e um atleta tetra campeão mundial, Muller. Fazendo uma bela campanha na 1ª Divisão do Campeonato Mineiro, com 5 vitórias, 5 empates e apenas 2 derrotas, o Carijó terminou em 4° lugar, conquistando o título de Campeão Mineiro do interior. E se classificando para a série C do Campeonato Brasileiro de 2003 (na qual chegou até a 4ª fase e ficou entre os 14 primeiros da competição) e para a Copa do Brasil de 2004 (na qual foi eliminado pelo Flamengo na 2ª fase).

    Após ser rebaixado do Campeonato Mineiro em 2004, o Tupi conseguiu o direito de voltar a disputar a 1ª Divisão em 2007. Pois em 2006, ao ser gerido pela Organização Panorama de Comunicação (OP.COM), o galo terminou a 2ª Divisão como vice-campeão. Ainda em 2006, no mês de outubro, um fato chamou a atenção: a quase-contratação do atacante Romário, que chegou a vestir a camisa do carijó, mas não pôde atuar porque janela de negociações envolvendo jogadores vindos do exterior tinha fechado no dia 31 de agosto (ela fica aberta de 3 de agosto a 31 de agosto). Lembrando que ele havia atuado anteriormente pelo Miami FC, dos EUA.

    Em 2007, o Tupi obteve a quarta colocação do Campeonato Mineiro, conquistando o direito de participar da Série C do campeonato nacional. Recentemente, foi vice-campeão da Taça Minas Gerais, perdendo a final para o Ituiutaba. Após o campeonato mineiro, a OP.COM deixou a gerência do clube. E passou a gerenciar o Tupynambás. Já em 2008, o Tupi obteve a terceira colocação do Campeonato Mineiro e voltou a ser o Campeão Mineiro do interior, mas não passou da 1ª fase da série C do Campeonato Brasileiro.

    Já o baeta voltou às atividades profissionais em 2007 e, contando com o ex-jogador Alemão no comando da equipe e com o experiente Euller no elenco, pecou pelo excesso de confiança e pelo entusiasmo no sonho de ascensão para a 2ª Divisão do Campeonato Mineiro. Uma vez que um empate contra o Poços de Caldas, em Poços de Caldas, já classificava o Tupynambás. Mas a equipe perdeu por 1 a 0.

    Em 2008 chegou a ser feito o planejamento, e foi apresentado o técnico, Zé Luiz que já havia comandado o Tupi em outras ocasiões, mas o clube desistiu da disputa da terceirona. A estrutura montada no clube foi um dos grandes benefícios para o patrimônio do Tupynambás desde que conseguiu boa parceria com a Organização Panorama de Comunicação (OP.COM) e voltou ao futebol profissional. O campo foi reformado e tem capacidade estimada para duas mil pessoas.

9.     Conclusão

    Elaborar este trabalho permitiu-nos saber um pouco mais sobre a história do futebol de Juiz de Fora. Que é uma terra de talentos e, já revelou jogadores que brilham nos campo do Brasil e do mundo como: Léo Devanir, Kim e Rafael Botti. E que já brilharam como, Jorge Luiz Andrade Silva, o Andrade, que jogou no Flamengo nas décadas de 70 e 80 e se sagrou campeão nacional e mundial no clube. Atualmente ele é auxiliar técnico no mesmo.

    Apesar de ter um belo estádio, torcedores fiéis, bons jogadores e dirigentes, Juiz de Fora não conseguiu deslanchar no cenário futebolístico mineiro e nacional, talvez por falta de seriedade no trabalho feito e/ou por falta de investimentos. Esperamos que os dirigentes saibam da importância do futebol para a cidade e, juntamente com as empresas da região, invistam no esporte, pois assim teremos um futebol sério e de qualidade como a torcida de Juiz de Fora merece.

Referências

  • EURIDES, L. Tupi 96 Anos, Jornal Gazeta do Oeste. Divinópolis, 2008. Disponível em http://www.capa.gazetaoeste.com.br/index.asp?modulo=flex_texto&conteudo=11397, acessado em: 10 de Setembro de 2008.

  • MATTA, M. O.; MATTA, R.C. Futebol de Juiz de Fora: á procura de uma identidade. In: JÚNIOR, C. F. F. da C.; MARTIN, E. R. H.; ZACARIAS, L. dos S. (Org.). Educação Física: Memórias e narrativas em Juiz de Fora. 1ª ed. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2003, v. 1, p. 273-286.

  • ROSA, R. W. de C. Pioneirismo no Futebol Feminino em Juiz de Fora e Região. In: Blog da Liga de Futebol de Juiz de Fora. Juiz de Fora, 2007. Disponível em http://lfjf.zip.net/arch2007-08-12_2007-08-18.html, acessado em: 10 de Setembro de 2008.

  • WERNECK, T. Do céu ao inferno em 2007. In: Tupynambás, Segunda Divisão do Campeonato Mineiro. Juiz de Fora, 2007. Disponível em http://www.acessa.com/esporte/arquivo/diaadia/2007/12/27-baeta. Acessado em: 10 de Setembro de 2008.

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