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Quero alunos criativos, e você? 

A criatividade motora na Educação Infantil

Yo quiero alumnos creativos ¿y vos? La creatividad motriz en niños en edad preescolar

 

PUC-SP- 2009

(Brasil)

Mariana Camargo Frey

mariana_frey@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo, pautado nas concepções de docentes da Educação Infantil da Educação Física, busca entender e interpretar os conceitos de criatividade motora, suas características, indicadores e os critérios de avaliação dessa capacidade. Os dados foram obtidos por meio de questionário com cinco docentes de Educação Física na Educação Infantil de Itapecerica da Serra. A interpretação dos dados permite concluir que os docentes entendem criatividade motora como capacidade ou facilidade de transformar e adaptar uma atividade, capacidade de liderança e capacidade de propor sempre uma atividade ou uma idéia nova, sendo esses aspectos com ênfase cognitiva. Ao categorizar os indicadores de criatividade dos docentes, os dados mostram que foram privilegiadas as frases que indicam flexibilidade, fluidez e elaboração. Verificou-se, também, que esses docentes possuem condições de propor atividades que desenvolvam a criatividade dos alunos, que consideram importante o desenvolvimento dessa capacidade e que utilizam, de maneira sutil, essa capacidade como critério de avaliação.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Criatividade. Metodologia de ensino.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010

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Introdução

    Estudar a criatividade não é uma tarefa fácil. É unânime a opinião dos autores citados nesse estudo de que, cada vez mais, a sociedade necessita de pessoas capazes de inventar, criar e descobrir coisas novas. Mas, será possível aprender a ser criativo, ou apenas alguns indivíduos nascem com a capacidade da criatividade?

    Considero-me uma pessoa criativa e acredito que minhas experiências e estímulos na infância influenciaram positivamente para isso, especialmente no ato motor. Formei-me professora de Educação Física e não me causa espanto esse interesse em estudar tal conceito, instigando-me a verificar como a criatividade está sendo entendida por meus colegas de trabalho, e como as crianças estão sendo estimuladas para que possam desenvolvê-la, e se tornarem adultos autônomos.

    Consideramos importantíssimo que professores e educadores entendam a necessidade de estimularem as crianças em direção às suas possibilidades máximas, inovando e renovando os processos de ensino, desenvolvendo assim comportamentos em seus alunos que possam contribuir para a produção criativa, e que a escola possa ser organizada num contexto que propicie o aluno a se aventurar, explorar, criar, expressar.

    Dividimos a pesquisa em quatro partes, inicialmente com a revisão bibliográfica, logo após com a metodologia, seguida da apresentação e discussão dos resultados e terminamos com as considerações finais. Para a revisão bibliográfica utilizamos três capítulos. O primeiro capitulo trata do desenvolvimento infantil, GALLAHUE E OZMUN (2005) e BORGES (1998), autores estudados para nessa pesquisa, dividem a infância em duas fases, porém utilizamos apenas as características da criança no período inicial da infância. O segundo capitulo apresenta as características de desenvolvimento dessa fase. No terceiro capitulo, conceituamos a palavra criatividade para, no último capitulo, da revisão bibliográfica, citarmos a criatividade na escola. Os estudos a seguir nos alegram, quando concluem que o ensino da criatividade é possível.

Desenvolvimento infantil

    Para iniciar a pesquisa, temos que entender o desenvolvimento da infância que, segundo GALLAHUE E OZMUN (2005), é um período marcado por alterações estáveis e progressivas nas áreas cognitivas, afetivas e motoras. Para os autores, a infância pode ser dividida em dois períodos: o inicial, de dois a seis anos de idade, e o posterior, de seis a dez anos de idade. Para esse estudo, somente serão significativas as características de desenvolvimento das crianças do período inicial da infância.

    Nesse período, há aumentos estáveis de altura, de peso e de massa muscular, por isso é ideal que, durante essa fase, as crianças desenvolvam e refinem uma variedade grande de tarefas motoras e movimentos fundamentais, movimentos esses que podem ser desenvolvidos através de brincadeiras. Nesse período, as brincadeiras ocupam a maior parte de suas horas, sendo o modo pelo qual elas tomam consciência de seus corpos e de suas capacidades motoras. O brincar, para a criança pequena também serve como facilitador do crescimento cognitivo e afetivo.

    Os primeiros anos são importantíssimos para o desenvolvimento cognitivo, é a fase do “raciocínio pré-operacional”, definida por Piaget, em que devem ser desenvolvidas as funções cognitivas que resultarão em raciocínio lógico e em formulação de conceitos.

    Os autores afirmam que o desenvolvimento afetivo nos primeiros anos da infância é dramático. As crianças precisam desenvolver o sentido de autonomia que é expressa pelo crescente sentido de independência e no sentido de iniciativa, observadas em sua curiosidade e em seu comportamento exploratório e muito ativo.

    As crianças, pela alegria de saber de que são capazes, se envolvem em experiências de subir, pular, correr e arremessar objetos por conta própria. A tabela 1, a seguir, nos mostra outras características do desenvolvimento cognitivo e afetivo das crianças no período inicial da infância.

Tabela 1. Características cognitivas e afetivas no desenvolvimento da infância

Características do desenvolvimento cognitivo:

Características do desenvolvimento afetivo:

- Existe uma habilidade crescente de expressar pensamentos e idéias verbalmente.

- Uma imaginação fantástica leva à imitação tanto de ações como de símbolos, com pouca preocupação com a precisão ou com a seqüência lógica dos eventos.

-Trata-se de uma fase de desenvolvimento do raciocínio pré-operacional, resultando em um período de transição de comportamento de auto-satisfação para comportamentos socializados fundamentais.

- Nessa fase as crianças são egocêntricas e supõem que todas as crianças raciocinam da mesma maneira que elas. Como resultado, frequentemente parecem ser briguentas e relutantes em compartilhar objetos e sentimentos e em socializar-se com outras.

- As crianças geralmente têm medo de situações novas, são tímidas, introvertidas e não desejam deixar a segurança do que lhes é familiar.

- Elas estão aprendendo a distinguir o certo do errado e começando a desenvolver suas consciências

- Crianças de dois a quatro anos têm comportamentos incomum e irregular, enquanto as de três e cinco anos são estáveis e bem adaptadas

- O auto-conceito está desenvolvendo-se rapidamente. Uma orientação criteriosa, experiências voltadas ao sucesso e encorajamento positivo são especialmente importantes nesses anos.

Fonte: GALLAHUE e OZMUN, 2005.

    BORGES (1998) classificou as características psicológicas e de comportamento das crianças por faixa etária. Segundo o autor, com três anos ela começa a organizar as emoções e expressá-las como sentimentos; é mais independente, querendo fazer tudo sozinha, imita as atitudes e palavras dos adultos. Somos em muitas vezes surpreendidos com sua criatividade e originalidade. Nessa idade, a criança tem dificuldade para manter a atenção e não se prendem às regras dos jogos. Seu pensamento é egocêntrico e suas atitudes possessivas. Aos quatro anos já está preparada para aprender diferenciar o que é “faz de conta” e o que é real. É nessa idade que se iniciam as brincadeiras participantes. Adora atividades teatrais, com mudanças de papeis e historias de fadas. Pode, nessa fase, tornar-se “mandona e dominadora”. É importante favorecer a oportunidade de exploração, atividades na areia e com água são bem-vindas. Aos cinco anos, a criança está descobrindo a diferença entre realidade e fantasia. Nas brincadeiras, estabelecem normas e punições muito severas e inflexíveis, mas não conseguem mante-las por um período longo de tempo. Nessa idade, segundo Borges (1998, p. 27):

    [...] ela começa a coordenar percepções, lembranças e processos de raciocínio, relacionar experiências passadas e possibilidades futuras, ao presente, selecionar as melhores estratégias para a solução de problemas e permitir a criança estar autoconsciente, do seu próprio pensamento.

    Já, com seis anos de idade, ela se desperta para a realidade do mundo. Cada vez mais, quer explorar o meio que a rodeia. Os meninos gostam de futebol e jogos de luta e as meninas gostam de pular amarelinhas e de brincadeiras com bonecas. É nessa idade que ocorre o grande passo da vida da criança, por possuir uma automotivação que a leva ter grandes interesses, curiosidade de vontade de aprender.

1.1.     Criatividade

    Os dicionários entendem criatividade como a faculdade ou atributo de quem ou do que é criativo; capacidade de criar coisas novas; espírito inventivo. Por criativo entende-se quem é capaz de inventar, imaginar, realizar qualquer coisa de novo ou de original. E a palavra criar traz o significado de dar existência a; tirar do nada.

    Muitos autores estudaram a questão da criatividade (TORRANCE, 1976; TAFFAREL, 1985; BODEN, 1999; TIBEAU, 2001), entre outros. Para os autores, cada vez mais, a sociedade precisa de pessoas criativas; pessoas que possam inventar, criar e descobrir coisas novas.

    BODEN (1999) diz que, para alguns, a criatividade é algo misterioso, mistério esse explicado pelo fato de que raramente as pessoas sabem explicar de onde surgem suas idéias e também em razão de ser um conceito aparentemente paradoxal. Para a autora, estudiosos definem criatividade como “combinação originada de idéias conhecidas”, mas, para poder ser chamada de idéia criativa, tem que ser interessante e não apenas nova.

    TORRANCE (1976, p. 34) preferiu definir criatividade como:

    [...] processo de perceber lacunas ou elementos faltantes perturbadores; formar idéias ou hipóteses a respeito deles; testar essas hipóteses; e comunicar os resultados, possivelmente modificando e retestando as hipóteses.

    Para ele, ao citar BARTLETT (1959), ser uma pessoa criativa é sair do molde, estar sempre aberto para novas experiências deixando uma coisa levar a outra. E define a capacidade criativa, citando SIMPSON (1922), como a iniciativa, a maneira de alguém conseguir sair da linha habitual de pensamento para outra forma, completamente diferente, de pensar.

    Para TAFFAREL (1985), o ato criativo é a união de um esforço de busca do inédito com nossas capacidades afetivas, cognitivas e corporais. É no ato criativo que inseparáveis estão nossas habilidades cognitivas de percepção, organização e reorganização de conhecimentos, com nossas emoções, motivações e valorizações, representadas globalmente por nossa expressão corporal.

    A autora definiu criatividade como:

    ... criatividade é a habilidade de todo ser humano de produzir qualquer tipo de resultado mental, ou corporal, novo e desconhecido para quem o produziu desenvolvida de forma intencional e objetiva, podendo formar novos sistemas e combinações conhecidas... (Taffarel, 1985 apud DIECKERT, 1983, p. 9).

    TIBEAU (2001) realizou um estudo que tinha como objetivo entender e interpretar os conceitos de criatividade e criatividade motora, concluindo que o mundo das ideias está diretamente ligado com o movimento e com as ações motoras, ou seja, quanto mais e variadas experiências motores o individuo tiver mais quantidades de ideias ele terá e “... que a criatividade motora é um tipo diferenciado de criatividade e implica a expressão de idéias, sentimentos e emoções por meio da motricidade e depende das experiências anteriores.” (TIBEAU, 2001)

    Percebemos na literatura o quanto é ressaltada a importância de se desenvolver a capacidade criativa do individuo. Capacidade essa que, se desenvolvida, pode proporcionar à sociedade indivíduos capazes de transformar, de mudar, de melhorar (TAFFAREL, 1985).

    Ainda segundo a mesma autora, para superar situações de dependência, a criatividade contribui para a formação de uma identidade e segurança nas determinações próprias.

1.2.     Criatividade na escola

    A partir da década de 1950, os estudos pedagógicos sobre a criatividade tiveram um grande progresso. A preocupação de TAFFAREL (1985) é o fato de a criatividade estar supervalorizada, ou seja, apenas os privilegiados ou bem dotados são capazes de ter atitudes criativas, tornando isso um fator de discriminação. Mas a pergunta é: apenas esses podem ser criativos ou a criatividade pode ser ensinada?

    Estudos nos alegram quando concluem que o ensino da criatividade é possível. Citados pela autora, TORRANCE (1974) supervisionou 142 pesquisas que resultaram em sucesso ao ensinar crianças a pensarem criativamente. Já DIECKERT (1978) utiliza as descobertas de DEWEY para desenvolver sua teoria da criatividade, que apresenta os seguintes aspectos:

    (...) métodos ativos de ensino em busca da independência e autodeterminação das crianças e dos jovens; a educação musical para o desenvolvimento e realização de uma pedagogia aberta; os movimentos de educação artística, exigindo o desenvolvimento de autocrítica, estímulo a fantasia, capacidade de criação; os movimentos de educação física natural. (TAFFAREL,1985,p.6)

    Mas, mesmo assim, depois de todos os estudos, o ensino da criatividade ainda é abafado, pois as aulas de educação física não aproveitam os desdobramentos da criatividade e suas possibilidades. Para a autora, é necessário repensar a educação física e novamente retornar o conceito de criatividade para dar um novo sentido para a mesma.

    Para entender os estágios de desenvolvimento da criatividade nos anos pré-escolares e, para que os professores e conselheiros entendam a importância de conhecer as características de nível de idade do pensamento criativo das crianças e como ocorre o desenvolvimento dessas capacidades, TORRANCE (1976) cita os autores de seu estudo e afirma que as pesquisas variam e que os aspectos do pensamento criativo seguem padrões bem diferentes dos outros aspectos de crescimento humano.

    Para o autor RIBOT (1906), que investigou a rivalidade entre a imaginação e a razão das crianças, a linha de crescimento da imaginação começa a crescer antes e mais rápido que a linha da razão. Mas, após chegarem ao mesmo ponto numa determinada idade, a razão toma o lugar da imaginação, não trazendo mais nada de novo após o período de mocidade. Já MCMILLAN (1924) identificou três estágios para o desenvolvimento da imaginação. Primeiramente, se destaca que as noções que a criança tem de beleza servem como um atalho para o conhecimento. Após essa fase, a criança entra em conflito com a realidade, começando a indagar sobre causa e efeito para, no final, elaborar e enxergar o mundo e as coisas como realmente elas são. Para ANDREWS (1930), com quatro a quatro anos e meio de idade as contagens imaginativas são mais elevadas, caindo repentinamente quando a criança entra no jardim da infância, por volta dos cinco anos de idade. Com três e quatro anos a capacidade de redefinir, reestruturar ou recombinar alcança o auge, declinando a partir de então. Aos três anos e meio até quatro anos e meio os tipos mais criativos de imaginação atingem o ponto alto e caem após os cinco anos. Concluiu MARKEY (1935) que o aumento do comportamento imaginativo aumenta com a idade durante todo o período pré-escolar. E LINGON (1957), em seu estudo, tentou estabelecer características de nível de idade com o crescimento criativo, apresentado abaixo pela tabela 2.

Tabela 2. Características do nível etário para o desenvolvimento da imaginação (LINGON, 1957)

Do nascimento aos dois anos de idade

- Durante o primeiro ano de vida, a criança começa a desenvolver sua imaginação, pondo em dúvida o nome das coisas e tenta reproduzir sons e ritmos;

- Geralmente, ao criar algo, somente a denomina após pronta, não antes;

- Aos dois anos aguarda acontecimentos especiais;

- Ansiosamente experimenta tudo através do tato, paladar e visão;

- É muito curiosa e aprende desde cedo que existem coisas que podem ser tocadas e outras não.

Dos dois aos quatro anos de idade

- Conhece o mundo a partir de suas experiências e repetições;

- Emociona-se com as maravilhas da natureza;

- Tem um curto período de atenção, e muda de atividade se essa não for dirigida;

- Começa a desenvolver uma noção de autonomia e deseja fazer as coisas sozinha;

- A curiosidade continua a respeito dos ambientes e os explora, faz perguntas embaraçosas aos adultos;

Dos quatro aos seis anos de idade

- Possui boa imaginação;

- Começa a planejar antecipadamente brinquedo e “trabalho”;

- Sua curiosidade leva-a a procurar o “verdadeiro e certo”;

- Faz experiências com numerosos papéis em seu brinquedo imaginativo;

- Começa a ter consciência dos sentimentos alheios e começa a pensar como suas ações afetam os outros;

    Assim, conclui o autor que é importantíssimo que os professores e orientadores procurarem conhecer e entender a escala de possíveis comportamentos para poder estimular as crianças em direção às suas possibilidades máximas e para ter noção de possíveis motivações para cada criança.

    Afirma TAFFAREL (1985) que existem elementos que podem inibir ou facilitar a criatividade. A escola tem sido duramente criticada pelo fato de inibir a criatividade de professores e alunos através da imposição dos padrões, estruturas antidemocráticas e autoritárias. Podemos entender elementos inibidores da criatividade os bloqueios perceptivos, as estruturas rígidas de pensamento, a má interação do individuo e o meio, a falta de informações e experiências, o medo de cometer erros, a grande necessidade de segurança, a falta de confiança na capacidade criativa, o interesse de resolver problemas com muita rapidez, ambientes físicos limitados em espaço e elementos, além de poucas possibilidades de manipulação, situações de autoritarismo, excesso de formalismo, criticas severas e indisciplinas. Citando TORRANCE (1971), a autora afirma que, à medida que o aluno progride nas series e graus de ensino, diminuem as possibilidades de desenvolvimento da criatividade.

    Para a autora, é essencial que a escola se organize num contexto que propicie aos alunos se aventurarem, explorarem, averiguarem, expressarem, descobrirem e provarem por si mesmos, transformando assim, por toda sua vida, o mundo em que vivem. Para serem elementos facilitadores da criatividade, os espaços teriam que possuir elementos agradáveis e manipuláveis, com possibilidades de alteração. Portanto, cabe ao professor inovar e renovar o processo de ensino, desenvolvendo assim comportamentos em seus alunos que possam contribuir para produção criativa e encorajamento do processo criativo em sua totalidade.

    Atualmente, nas aulas de educação física, o uso dos tradicionais métodos autoritários ainda existe. Segundo MELLO (2006), FERREIRA (1984) critica a ideologia de reprodução ao afirmar que o conjunto de aspectos que tem permeado a Educação Física escolar é desempenho máximo, vitória a qualquer preço, vantagens de ser campeão e disciplina autoritária.

    Para que isso possa mudar, estudos mostram a importância de se utilizar métodos criativos, novas alternativas de formas de movimentos, jogos e ações, oportunidades para que os alunos possuam um papel ativo no processo de ensino-aprendizagem, criando, imaginado, criticando e decidindo, e que o professor proponha atividades produtivas de aprendizagem, enfatizando o pensamento que conduza a solução criativa de problemas e à autonomia. (TAFFAREL, 1985).

    Portanto, essa pesquisa tem o sentido de averiguar como professores de educação física que atuam na educação infantil encaram a criatividade e como trabalham para desenvolvê-la com as crianças.

Metodologia

    Este é um estudo descritivo que, segundo CERVO e BERVIAN (2002), favorece de maneira ampla a descrição de características, propriedades ou relações existentes na comunidade, grupo ou realidade pesquisada.

    Esse estudo utilizou um questionário que, para CERVO e BERVIAN (2002), é uma forma de coletar dados e obter respostas às questões formuladas que o próprio informante preenche, contendo cinco questões abertas que puderam verificar: (a) quais alunos eram considerados criativos pelo docente e por quê; (b) quais características de comportamento criativo eram consideradas mais comuns às pessoas criativas em situações motoras; (c) qual a importância que os docentes atribuem ao desenvolvimento da criatividade nas aulas de Educação Física da Educação Infantil; (d) como procuram desenvolver esse potencial em seus alunos, e; (e) se a criatividade é um critério de avaliação. Esse questionário foi adaptado da pesquisa cientifica de TIBEAU (2001).

    O número de sujeitos desse trabalho foi de 5 docentes de Educação Física na Educação Infantil, estudantes ou já graduados, de ambos os sexos, que atuam nas escolas da rede publica e particular da cidade de Itapecerica da Serra. As escolas foram escolhidas conforme a acessibilidade da pesquisadora.

    A seleção dos sujeitos foi de forma aleatória. Os docentes responderam as questões em casa, conforme sua disponibilidade de tempo. Foi necessária uma cooperação dos mesmos para que os questionários fossem entregues à pesquisadora no menor tempo possível.

Considerações finais

    Portanto, entendemos que os professores de Educação Física Infantil da cidade de Itapecerica da Serra, encaram a criatividade como um conteúdo importante das aulas e que seu desenvolvimento é um processo essencial para o desenvolvimento integral do aluno. Para eles, é nessa fase que as crianças devem experimentar, inventar, criar, fantasiar.

    Verificamos que os docentes entendem criatividade motora como capacidade ou facilidade de transformar e adaptar uma atividade, capacidade de liderança e capacidade de propor sempre uma atividade ou uma idéia nova. Aos indicadores de criatividade eles privilegiaram a flexibilidade (capacidade de adaptar a motricidade a diferentes situações), a fluidez (quantidade de respostas ou soluções motoras que o individuo apresenta) e elaboração (cuidado e detalhamento na realização de atividades).

    Verificamos, também, que eles possuem condições de propor atividades que desenvolvam a criatividade dos alunos, como criar novas estratégias para a resolução de problemas, criar novos jogos e brincadeiras e novos materiais para as aulas, e que a criatividade aparece de maneira sutil como critério de avaliação.

    Assim, esperamos que possamos dar um incentivo para que os professores de Educação Física reavaliem seus conteúdos e incluam o desenvolvimento da criatividade em suas aulas, sugerindo, ainda que os alunos participem de maneira ativa, com critérios de criatividade, em atividades de avaliação.

Referências bibliográficas

  • CERVO, Amado e BERVIAN, Pedro. Metodologia Científica. São Paulo: Editora Afiliada, 2002.

  • BODEN, Margaret. Dimensões da Criatividade. Porto Alegre: Artmed, 1999.

  • BORGES, Célio. Educação Física para o pré-escolar. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.

  • GALLAHUE, David e OZMUN, John. Compreendendo o desenvolvimento motor. Rio de Janeiro: Phorte Editora, 2005.

  • JUNG, Fernando. Metodologia Científica: ênfase em pesquisa tecnológica. www.jung.pro.br, 2003.

  • MELLO, Alexandre Moraes. Psicomotricidade, Educação Física e Jogos Infantis. São Paulo: Editora Ibrasa, 2006.

  • RODRÍGUEZ, Catalina. Educação Física Infantil: motricidade de 1 a 6 anos. São Paulo: Phorte Editora, 2005.

  • TAFFAREL, Celi. Criatividade nas aulas de Educação Física. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1985.

  • TIBEAU, Cynthia. Criatividade e Criatividade Motora: características, indicadores e sua importância na formação do profissional de educação física. Tese de Doutorado em Psicologia da Educação. Pontifícia Universidade Católica, 2001.

  • TORRANCE, Paul. Criatividade: medidas, testes e avaliações. São Paulo: Ibrasa, 1976.

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