Estudo da relação entre os tempos de esforço e pausa no vôlei de praia feminino Estudio de la relación entre los tiempos de esfuerzo y pausa en el voley playa femenino |
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*Mestrando em Ciência do Movimento Humano UAA – Assunção – Paraguay **Departamento de Jogos / EEFD - UFRJ – Rio de Janeiro. PQ-CNPq (Brasil) |
Alessandro Ferreira Fadul* José Fernandes Filho** |
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Resumo Este estudo verificou a relação entre tempo de esforço e tempo de pausa no vôlei de praia feminino, através da observação sistemática das gravações de 2 jogos, sendo a Final dos Jogos Pan-americanos 2007, partida entre Brasil e Cuba, e a primeira fase dos Jogos Olímpicos de 2008, jogo disputado entre Brasil e Austrália. Destes foram extraídos um total de: 160 tempos de rally (TR), 126 tempos de paralisação rotineira (TPR) e 25 tempos de paralisação excepcional (TPE). A coleta dos dados foi executada por três avaliadores utilizando cronômetros da marca CASIO para marcação dos tempos das fases ativas e paralisações. A análise estatística foi realizada com o programa SPSS 11.5 for Windows, onde foram empregadas técnicas da estatística descritiva, identificando valores de tendência central, valores mínimos e máximos, índices de dispersão e distribuição de freqüência, além da comparação das variáveis entre as duas partidas através do teste estatístico de Mann-Whitney U, após verificação da normalidade na distribuição do dados através do teste de Kolmogorov-Smirnov, ambos com significância de p<0,05. Os resultados obtidos para “TR”, “TPR” e “TPE” foram 5,04 seg.; 20,64 ± 3,99 seg. e 30,93 seg., respectivamente, estes apontam para esforços semelhantes aos indicados pela literatura para o voleibol indoor e pausas acima daquelas observadas em outros estudos. A relação entre tempo de esforço e tempo de pausa (REP) foi de 1:4 e 1:5, associando apenas o tempo de paralisação rotineira isoladamente e o tempo de paralisação rotineira juntamente com o tempo de paralisação excepcional. Estas informações apontam para o metabolismo anaeróbio alático como o principal responsável pelo fornecimento de energia durante a realização dos esforços específicos do vôlei de praia feminino. Unitermos: Vôlei de praia. Tempo de esforço. Tempo de pausa. Relação esforço-pausa. Perfil fisiológico
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 144 - Mayo de 2010 |
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Introdução
Em eventos de características intermitentes como o voleibol, a duração e freqüência das atividades de alta intensidade relacionadas com o intervalo entre os mesmos proporcionam informações importantes para identificação das principais características do jogo (1).
O voleibol caracteriza-se por uma atividade intervalada, acíclica, com esforços intensos de curta duração alternada com pausa de recuperação ativa (2-10).
O conhecimento da duração dos tempos de jogo e de pausa no voleibol são dados muito importantes para planificar corretamente os treinamentos (11).
O estudo dos tempos ativos e os tempos de pausa de um desporto permitem estabelecer um coeficiente que relaciona o esforço com o descanso (12). A relação entre tempo de esforço e tempo de pausa sugere a existência de uma inter-relação, cuja resultante interfere diretamente sobre a bioenergética da atividade muscular (1).
Estudos (2, 4-6, 8, 11, 13, 14) têm sido realizados para verificar as variáveis relacionadas com a relação entre tempo de esforço e tempo de pausa (REP) no voleibol feminino (11, 13, 15-17), contudo, estes estudos foram realizados com o voleibol indoor, e o desenvolvimento de um programa de treinamento requer a necessidade de análise para determinar as características específicas de um evento ou esporte em particular (16), evidenciando desta forma a necessidade da realização de pesquisas voltadas a descrever o modelo competitivo aplicado ao vôlei de praia.
O objetivo deste estudo é verificar as variáveis tempo de rally (TR), tempo de pausa rotineira (TPR) e tempo de pausa excepcional (TPE) e estabelecer a relação entre o tempo de esforço e o tempo de pausa (REP) no vôlei de praia feminino, pois o planejamento e organização das cargas (intensidade, freqüência e duração) bem como os períodos de recuperação são alguns dos elementos do treinamento que devem contribuir para o aperfeiçoamento das capacidades físicas (18), assim como na elaboração de treinamentos técnico-táticos.
Procedimentos metodológicos
Modelo de estudo
O presente estudo teve cunho descritivo, que por ser um estudo de status possibilita a observação, análise e descrição objetiva e completa do fenômeno (19).
Amostra
A amostra limitou-se à 2 jogos de vôlei de praia feminino, sendo a final dos Jogos Pan-americanos 2007, partida disputada entre Brasil e Cuba e 1 jogo da primeira fase das Olimpíadas 2008 entre Brasil e Austrália, ambos disputados em 2 sets, de onde foram extraídos um total de 160 tempos de rally (TR), 126 tempos de pausa rotineira (TPR) e 25 tempos de pausa excepcional (TPE).
Instrumentação
Foi utilizado um aparelho gravador de DVD acoplado à TV para a gravação dos jogos transmitidos por um canal esportivo. Para a coleta dos dados foram utilizados cronômetros da marca Casio e planilhas específicas para a anotação dos respectivos tempos.
Protocolo
Tempo de rally (TR): este é caracterizado pelos microduelos da partida, ou seja, cada disputa por ponto, que são iniciados pelo saque e finalizados pelo apito do árbitro (4).
As pausa de recuperação que ocorrem entre os rallies, podem ser classificadas como: rotineiras (TPR) àquelas normais entre os rallies e excepcionais (TPE) originadas pela intervenção do árbitro, pedidos de tempo, ou qualquer outra paralisação considerada necessária pela arbitragem (4). Este tipo de classificação torna-se necessária por se tratar de dois tipos diferentes de intervalos de duração, frequência e caráter. As pausas rotineiras são de duração menor, mais frequentes e apresentam caráter de pausa ativa, enquanto que as pausas excepcionais são maiores, menos frequentes e apresentam uma tendência para pausa passiva (2, 4).
Razão entre tempo de esforço e tempo de pausa (REP): é obtida através da divisão do tempo de pausa rotineira (TPR) pelo tempo de rally (TR):
REP = TPR / TR.
Análise estatística
Para a análise estatística foi utilizado o programa estatístico SPSS 11.5 for Windows. No estudo foram empregadas técnicas da estatística descritiva, identificando valores de tendência central, valores mínimos e máximos, índices de dispersão e distribuição de freqüência. Para observar a normalidade na distribuição dos dados e determinar o tipo de teste estatístico a ser utilizado para a comparação entre as variáveis estudadas, foi realizado o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov e para a comparação dos dados foi realizado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney U, ambos com significância de p<0,05.
Apresentação e discussão dos resultados
Os dados referentes ao tempo de rally (TR), tempo de paralisação rotineira (TPR) e tempo de paralisação excepcional (TPE) do vôlei de praia feminino estão descritos nas tabelas 1, 2 e 3.
Tabela 1. Dados descritivos do tempo de rally (TR) do vôlei de praia feminino por set e por jogo
1° set |
2° set |
Jogo |
|
N |
78 |
82 |
160 |
Med# |
5,22 |
4,93 |
5,04 |
Mín# |
0,70 |
0,86 |
0,70 |
Máx# |
23,44 |
15,39 |
23,44 |
CV (%) |
64,9 |
51,4 |
59,8 |
N= volume de ocorrências, Med= mediana, Mín= valor mínimo encontrado,
Máx= valor máximo encontrado, CV= coeficiente de variação.# valores em segundos
É importante enfatizar a grande variabilidade apresentada na distribuição dos dados referentes ao tempo de rally (TR), demonstrando a necessidade da utilização da mediana como valor de tendência central e a dificuldade para a determinação do mesmo, pois as modalidades esportivas que se desenvolvem sob o contexto da bola, embora consideradas intermitentes, apresentam uma considerável variação de movimentos e intensidades, que podem ser influenciadas pelo nível técnico da equipe e pelas características táticas de jogo (20).
Os valores obtidos para o tempo de rally (TR) se mostraram inferiores aos obtidos por Vargas (6) (10 seg.), Iglesias (4) (5,9 seg.) e Fonseca et al. (2) (6 seg.) em jogos masculinos, Kunstlinger (5) (9 seg.), Fritzler (8) (12-15 seg.) e Cardinal (13) (7-12 seg.) em jogos de ambos os sexos e Vescovi (16) (7,4 seg.) em jogos de atletas infanto-juvenis feminino, todos os estudos realizados com o voleibol indoor. Também não foram verificadas diferenças significativas para p≤0,05 para o tempo de rally entre as duas partidas (p=0,703).
Tabela 2. Dados descritivos do tempo de pausa rotineira (TPR) do vôlei de praia feminino por set e por jogo
1° set |
2° set |
Jogo |
|
N |
62 |
64 |
126 |
Média# |
21,14 |
20,16 |
20,64 |
DP# |
4,29 |
3,64 |
3,99 |
Mín# |
13,92 |
10,29 |
10,29 |
Máx# |
35,13 |
36,12 |
36,12 |
CV (%) |
20,3 |
18,1 |
19,3 |
N= volume de ocorrências, DP= desvio padrão, Mín= valor mínimo encontrado,
Máx= valor máximo encontrado, CV= coeficiente de variação. # valores em segundos
Através da análise do coeficiente de variação (CV), é possível observar uma pequena variação dos valores relacionados ao tempo de pausa rotineira (TPR), demonstrando desta forma um padrão no comportamento do mesmo, que apresentou valores superiores aos obtidos por Iglesias (4) (12,6 seg.), Vescovi (16) (12,1 seg.) e Fonseca et al. (2) (18 seg.) no voleibol indoor e Araújo, Ricarte e Silva (21) (15,5 seg.) para o vôlei de praia. No caso do vôlei de praia, a mudança de quadra, que ocorre sempre que a soma dos pontos das duplas atinge valores múltiplos de sete, pode ter influenciado diretamente na elevação destes escores, visto a constância com a qual esta situação acontece, foi considerada por este estudo como uma pausa rotineira, além disso, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas para p≤0,05 para a variável tempo de paralisação rotineira (p=0,682) entre as partidas analisadas por este estudo.
Tabela 3. Dados descritivos do tempo de pausa excepcional (TPE) do vôlei de praia feminino por set e por jogo
1° set |
2° set |
Jogo |
|
N |
14 |
11 |
25 |
Med# |
33,17 |
27,65 |
30,93 |
Mín# |
24,89 |
24,23 |
24,23 |
Máx# |
119,03 |
109,36 |
119,03 |
CV (%) |
63,5 |
70,8 |
65,6 |
N= volume de ocorrências, Med= mediana, Mín= valor mínimo encontrado,
Máx= valor máximo encontrado, CV= coeficiente de variação. # valores em segundos
Os dados apresentados pela tabela 3 demonstram altos índices de variação para o tempo de pausa excepcional (TPE), estes podem ser explicados pela subjetividade da variável, contudo esta se apresentou abaixo dos valores descritos por Fonseca et al (2) (48 seg.) em jogos de voleibol masculino da categoria juvenil, possivelmente este fato se deve a maior intervenção dos técnicos durante a partida indoor e também ao piso do voleibol de quadra que necessita ser seco durante a partida. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas para p<0,05 para esta variável entre as duas partidas estudadas (p=0,155).
As tabelas 4, 5 e 6 foram elaboradas para apresentar a distribuição dos escores em relação as variáveis tempo de rally, tempo de pausa rotineira e tempo de pausa excepcional.
Tabela 4. Freqüência da ocorrência do tempo de rally (TR) do vôlei de praia feminino por set e por jogo
|
1º SET (%) |
2º SET (%) |
JOGO (%) |
até 3 seg. |
17,9 |
13,4 |
15,6 |
> 3 até 10 seg. |
67,9 |
80,5 |
74,4 |
> 10 até 20 seg. |
12,8 |
6,1 |
9,4 |
> 20 seg. |
1,4 |
− |
0,6 |
Na tabela 4, podemos observar que mais de 85% dos rallies acontecem no intervalo até 10 segundos, estes corroboram com os estudos de Naar (22) , Vescovi (16) e Esper (11) , ambos com o voleibol indoor, Araújo, Ricarte e Silva (21) , no vôlei de praia, estes demonstram um padrão na distribuição do tempo de rally e esta característica aponta para a predominância do sistema anaeróbio alático na realização dos esforços específicos do vôlei de praia, por utilizar o sistema energético creatinofostático que apresenta uma atividade de duração máxima entre 6 a 10 segundos (23, 24).
Tabela 5. Freqüência da ocorrência do tempo de pausa rotineira (TPR) do vôlei de praia feminino por set e por jogo
|
1º Set (%) |
2º Set (%) |
Jogo (%) |
até 15 seg. |
4,8 |
6,3 |
5,6 |
> 15 até 20 seg. |
43,6 |
48,4 |
46,0 |
> 20 até 25 seg. |
35,5 |
39,0 |
37,3 |
> 25 seg. |
16,1 |
6,3 |
11,1 |
A distribuição do tempo de pausa rotineira (TPR) se concentrou predominantemente entre os intervalos “> 15 até 20 seg.” e “> 20 até 25 seg.”, ou seja, mais de 80% da pausa se apresentou entre o intervalo de 15 até 25 segundos, estes se assemelham aos valores descritos por Esper (11), demonstrando que o tempo de pausa é maior que o dobro do tempo de rally, tempo suficiente para um atleta bem preparado se recuperar dos esforços realizados durante cada rally.
Tabela 6. Freqüência de ocorrência do tempo de pausa excepcional (TPE) do vôlei de praia feminino por set e por jogo
|
1º Set (%) |
2º Set (%) |
Jogo (%) |
até 30 seg. |
28,6 |
54,5 |
40,0 |
> 30 até 60 seg. |
50,0 |
27,3 |
40,0 |
> 60 até 90 seg. |
− |
9,1 |
4,0 |
> 90 seg. |
21,4 |
9,1 |
16,0 |
A subjetividade apresentada pelo tempo de pausa excepcional (TPE), demonstra uma concentração dos escores entre as escalas de tempo de “até 30 seg.” e “>30 seg. até 60 seg.”, demonstrando que raramente as pausas excepcionais no jogo de vôlei de praia feminino excedem os 60 segundos. Possivelmente pelo fato de nesta modalidade os técnicos das equipes não poderem interferir na partida, diminuindo desta forma o número de solicitações e intervenções dos mesmos.
Tabela 7. Discriminação do tempo total das partidas em: tempo de rally (TR), tempo de pausa rotineira (TPR) e tempo de pausa excepcional (TPE)
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TR* |
TPR* |
TPE* |
Tempo Total* |
Olimpíadas 2008 |
8,5 |
22,5 |
7,6 |
38,6 |
Pan-americano 2007 |
7,6 |
20,8 |
11,3 |
39,7 |
Total |
16,1 |
43,3 |
18,9 |
78,3 |
* valores em minutos
A tabela 7 demonstra que para ambas partidas o tempo total de jogo foi próximo dos 40 minutos, o que corrobora com os dados descritos por Giatsis, Zetou e Tzetzis (25), que encontraram um valor de 39,20 ± 6,90 minutos para jogos com 2 sets de duração.
Destes apenas 8 minutos, aproximadamente, foram destinados às fases ativas do jogo, ou seja, à disputa pelos pontos, enquanto o restante do tempo foi utilizado pelos períodos de pausa, fato que corrobora com a literatura, Maclaren (1990) citado por Rocha (26) aponta para o Voleibol como uma atividade, na qual o atleta gasta muito mais tempo com o descanso do que com o tempo ativo (rally) do jogo. Reforçando este posicionamento, Iglesias (4) afirma que apenas ¼ do tempo de jogo é composto por fases ativas.
Através do gráfico 1, é possível observar que durante a realização das partidas de vôlei de praia feminino selecionadas pelo estudo, apenas 20,6% do tempo total de jogo foi destinado à disputa de pontos, o que representa um total de 16,1 minutos, enquanto que 79,4% do tempo total destas foi utilizado pelos momentos de pausa, sendo 55,3% referentes ao tempo de pausa rotineira (43,3 minutos) e 24,1% referentes ao tempo de pausa excepcional (18,9 minutos), obtendo desta forma uma relação entre tempo de esforço e tempo de pausa (REP) de 1:4 e 1:5 associando apenas o tempo de pausa rotineira isoladamente e o tempo de pausa rotineira juntamente com o tempo de pausa excepcional, respectivamente. Estes se apresentam superiores aos resultados descritos por Iglesias (4) (1:2) para jogos da categoria adulto masculino, Fonseca et al. (2) (1:3), em jogos da categoria juvenil masculino, Ésper (11) (1:3), adulto feminino e Vescovi (16) (1:1,6) para a categoria infanto juvenil feminino. Possivelmente isto ocorreu pelo protocolo utilizado por este estudo, que considerou a constante troca de quadra existente no vôlei de praia como uma pausa rotineira.
Conclusão
Para as variáveis de estudo tempo de rally (TR), tempo de pausa rotineira (TPR) e tempo de pausa excepcional (TPE) os seguintes valores foram observados: 5,04 segundos; 20,64 ± 3,99 segundos e 30,93 segundos, respectivamente, obtendo desta forma uma relação entre o tempo de esforço e o tempo de pausa (REP) de 1:4 contabilizando apenas o tempo de pausa rotineira isoladamente e 1:5 contabilizando juntamente os dois tipos de pausa. Estes apontam para o metabolismo anaeróbio alático como principal responsável pelo fornecimento de energia durante as ações específicas no vôlei de praia feminino. Contudo, a manutenção deste processo é devido às pausas de recuperação serem suficientemente grandes para que o metabolismo oxidativo possa atuar na ressíntese do ATP-PC e remoção do ácido lático (27).
A literatura (13, 28) aponta para a influência do nível de qualificação do atleta na duração do tempo de rally, fato este que deve ser levado em consideração na análise destes dados.
Durante a interpretação dos valores obtidos para o tempo de pausa rotineira (TPR), é necessário cautela, pois a análise deste com estudos que contabilizam os dois tipos de pausa (rotineira e excepcional) juntos torna-se incoerente, pois a inclusão dos tempos de pausa excepcional superestima o tempo de pausa, tendência observada neste estudo.
Vários fatores podem influenciar a duração das pausas durante jogos de voleibol como: o sistema de coleta de bolas utilizado durante a competição (13), a estrutura física do ginásio (comprimento, largura, tipo de alambrado, etc.) e a presença da televisão durante os jogos transmitidos ao vivo (16).
Ainda hoje, existe uma carência de estudos à descrever o modelo competitivo de jogos de vôlei de praia. O estudo da relação entre tempo de esforço e tempo de pausa (REP) no vôlei de praia feminino busca fornecer dados e informações coerentes com a realidade competitiva e que estes possam ser utilizados durante a elaboração das séries de treinamento, sejam eles físicos ou técnico-táticos, pois o conhecimento dos tempos de rally e pausa no vôlei de praia são dados muito importantes para planificar os treinamentos, que devem priorizar a execução de exercícios com duração e intensidade de acordo com o esporte que está sendo treinando, portanto, o treinamento deve priorizar a realização de esforços explosivos e velozes com pausas longas de recuperação (11). Não respeitando estas características, corremos o risco de não apenas intensificar os exercícios mas como também treinar um sistema energético distinto do exigido pela modalidade.
Pode-se concluir que o estudo da relação entre tempo de esforço e tempo de pausa (REP) no vôlei de praia compreende uma atividade complexa, pois as modalidades esportivas que se desenvolvem sob o contexto da bola, embora consideradas intermitentes, apresentam uma considerável variação de movimentos e intensidades, que podem ser influenciadas pelo nível técnico da equipe e pelo nível e estrutura da competição. Desta forma, recomendamos que mais estudos sejam realizados para acumular mais informações sobre a relação entre o tempo de esforço e o tempo de pausa no vôlei de praia, inclusive comparações entre diferentes níveis de qualificação em ambos os sexos.
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