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Qualidade de vida da população 

hipertensa do município de Argirita, MG

Calidad de vida de la población hipertensa del municipio de Argirita, MG

Quality of life of hypertensive population of the city Argirita, MG

 

*Doutor em Educação Física pela UNICAMP na área de

Atividade Física, Adaptação e Saúde

Mestre em Educação Física pela UNICAMP

Especialista em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Graduado em Licenciatura em Educação Física e Bacharelado em

Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas

**Especialista em Aspectos Biodinâmicos do Movimento Humano pela

Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF

Especialista em Aspectos Metodológicos e Conceituais da Pesquisa Científica

pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF

Licenciatura / Bacharel em Educação Física pela

Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC

***Licenciatura em Educação Física Universidade

Presidente Antônio Carlos – UNIPAC

Guanis de Barros Vilela Junior*

guanis@gmail.com

Aloísio da Silva Reis**

aloisiominas@yahoo.com.br

Lunéa da Silva Reis***

luneareis@yahoo.com.br

Kátia dos Reis Ribeiro***

k_rribeiro@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo foi avaliar a qualidade de vida (QV) de indivíduos hipertensos. Participaram do estudo 30 indivíduos hipertensos com idade entre 38 e 82 anos (média = 60±10) do Município de Argirita-MG, a amostra foi selecionada no Programa Saúde da Família (PSF). Para mensuração do nível de qualidade de vida foi utilizado o instrumento WHOQOL-Bref que aborda 26 questões com domínios da QV (físico, psicológico, relação social e meio ambiente). Foi realizada a estatística descritiva de cada um dos domínios do Whoqol. Para a análise da consistência interna das respostas obtida através do questionário foi calculado o coeficiente Alpha de Cronbach, utilizando o software SPSS 13. Concluímos que os domínios físico, psicológico e relação social, apresentaram um resultado satisfatório, já o domínio meio ambiente apresentou um resultado baixo, mostrando a necessidade de novas políticas públicas.

          Unitermos: Hipertensão arterial. Qualidade de vida. Saúde

 

Abstract

          The aim of this paper is to evaluate the quality of life (QL) in people who have hypertension. Thirty people who are from 38 until 82 years old (average 60±10) took part in this study form the county of Argirita – MG. The sample was selected in PSF. In order to measure the quality of life level it was used the WHOQOL-Bref instrument which approaches twenty-six questions with QL domain (physical, psychological, social relationship and environment). We performed the descriptive statistics of each of the areas of WHOQoL. For the analysis of internal consistency of the responses obtained through the questionnaire was calculated the Cronbach's alpha coefficient using the SPSS 13.0 software. In this study, we conclude that the domains physical, psychological and social relationship, showed a satisfactory result, because the field environment had a low result, showing the need for new public policies.

          Keywords: Arterial hypertension. Quality of life. Health

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 144 - Mayo de 2010

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Introdução

    Com o avanço das tecnologias, observamos uma mudança no modo de vida das pessoas. Em conseqüência deste fato ocorre um crescimento na morbimortalidade por conta das doenças crônicas (SEIDL e ZANNON, 2004). Diante deste cenário, podemos observar uma maior preocupação das pessoas acerca de seu estilo de vida, bem como, o meio científico em como avaliar a qualidade de vida (QV) dessa população (BUSS, 2003).

    Como método avaliativo de QV, a Organização Mundial da Saúde (OMS) formulou o instrumento Word Health Organization Quality of Life (WHOQOL). Tal instrumento tem sido empregado em várias pesquisas como método de mensuração da QV (CIESLAK et al, 2007).


    Segundo a OMS, QV é a percepção do individuo sobre sua posição na vida, considerada no contexto da cultura e dos valores nos quais vive e elabora seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (OMS, 1996). Desta forma, um indivíduo que apresenta uma doença, essa poderá interferir em sua saúde e em outros aspectos gerais de sua vida (BRITO et al, 2008).

    Portanto a QV relacionada à saúde (QVRS) tem sido pesquisada, pois a percepção do indivíduo em relação à doença pode interferir em seu tratamento e consequentimente afetar sua QV (SILVA e NAHAS, 2004).

    Dentre várias doenças crônicas, a hipertensão arterial (HA) é considerada como um dos principais fatores de risco para a saúde, ela possui causas multifatoriais e encontram-se intimamente associadas à QV do indivíduo (LESSA, 1998).

    No Brasil a HA atinge cerca de 20 a 44% da população urbana adulta (SBH, 2006). Sendo que 15% desse total em idade economicamente ativa, aumentando consideravelmente os custos sociais por invalidez e absenteísmo ao trabalho (KING, et al, 2004). Uma das medidas importantes para prevenir e combater essa síndrome é uma melhora no estilo de vida agregado a prática de atividades físicas orientadas (RONDON e BRUM, 2003).

    Nas últimas décadas, tem se observado grande avanço no controle da pressão arterial, incluindo o ponto de vista do tratamento não-medicamentoso, relacionado à mudança no estilo de vida e manutenção de hábitos saudáveis como a prática de exercícios físicos (LATERZA, RONDÃO, NEGRÃO, 2007). Modificações no estilo de vida, incluindo exercício físico, são recomendadas no tratamento da hipertensão arterial. Contudo, os efeitos benéficos do exercício físico devem ser aproveitados no tratamento de indivíduo hipertenso, evitando ou diminuindo o consumo de medicamentos e melhorando a qualidade de vida das pessoas (MONTEIRO e SOBRAL FILHO, 2004).

    Baseando nesses achados, o objetivo do presente estudo foi em avaliar a QV da população hipertensa do município de Argirita-MG para que possamos diagnosticá-la e posteriormente fazer uma possível intervenção.

Metodologia

    Participaram do estudo 30 indivíduos de ambos os sexos (19 mulheres e 11homens), com idades entre 38 a 82 anos (média = 60±10). A amostra foi selecionada aleatoriamente e todos os voluntários (a) cadastrados no Programa Saúde da Família (PSF) do município de Argirita/MG. Toda a amostra recebeu diagnóstico médico de hipertensão arterial.

    Aos voluntários (a), antecipadamente à coleta dos dados, houve uma apresentação e uma explanação acerca do tema referente à pesquisa, bem como, o esclarecimento de eventuais dúvidas. Os participantes (a) concordaram em participar e assinaram um Termo de Consentimento Livre esclarecido.

    Para mensurar a QV dos participantes, utilizou-se o questionário WHOQOL-Bref, um questionário composto de 26 perguntas relativas aos últimos quinze dias anteriores à avaliação. Duas questões referem-se à percepção individual em relação a qualidade de vida e os demais estão subdivididos em 4 domínios, os domínios são: Domínio I - Físico, Domínio II – Psicológico, Domínio III – Ralações Sociais, Domínio IV - Meio Ambiente.

    Foi realizada a estatística descritiva de cada um dos domínios do Whoqol. Para a análise da consistência interna das respostas obtidas através do questionário foi calculado o coeficiente Alpha de Cronbach, utilizando o software SPSS 13.0.

Resultados

    A tabela 01 abaixo mostra respectivamente à média, desvio padrão e a variância dos resultados obtidos de cada domínio através do questionário Whoqol – breve para os 30 sujeitos da amostra.

Tabela 01. Média, desvio padrão e variância obtida através do questionário Whoqol-Bref

Estatística Descritiva

N

Média

Desvio Padrão

Variância

Domínio Físico

30

70,83

15,72

247,24

Domínio Psicológico

30

76,80

15,80

249,87

Domínio Social

30

77,77

17,13

293,74

Domínio Meio Ambiente

30

67,29

9,73

94,78

Discussão

    Dos 30 participantes que representaram à amostragem do presente estudo, representou no domínio físico 70,83%, domínio psicológico 76,81%, domínio de relações sociais 77,78% e por fim, no domínio meio ambiente 67,29%.

    Como podemos observar, dos quatro domínios, o que apresentou o maior escore médio foi o domínio social, seguido pelo psicológico e pelo domínio físico. Isto demonstra que o aspecto social é o que contribuiu mais positivamente para a qualidade de vida da população pesquisada.

    Todos os hipertensos do município de Argirita-MG, são cadastrados no Programa Saúde da Família (PSF) e por ser também um município pequeno com uma população de 2295 mil habitantes (PNUD, 2008), estas duas característica merecem uma reflexão acerca dos resultados apresentados.

    O PSF é uma estratégica que prioriza as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde do indivíduo e da família, dando a essas pessoas subsídios necessários para uma melhora na qualidade de vida (LIMA e GAZETTA, 2007).

    No entanto, qualidade de vida deve ser entendida como uma estratégia que transversaliza esta ação. Qualidade de vida vai além as questões relativas à promoção, proteção e recuperação da saúde do indivíduo. Deve possibilitar o sujeito em uma melhora em sua saúde psicológica, saúde social e meio ambiente, não apenas saúde física, favorecendo assim o sujeito como um todo (SILVA e ARAÚJO, 2007).

    Contudo, podemos observar no domínio físico, onde busca avaliar dor, desconforto, fadiga, sono, atividades do cotidiano, fatores que na idade pesquisada teriam maiores chances de afetar a qualidade de vida, no entanto, mostraram indivíduos tipicamente ativos. Mas ao avaliar a consistência interna das respostas através do coeficiente Alpha de Cronbach, a faceta (Q03) do WHOQOL-Bref, que avalia a dor física apresentou-se o valor mais alto entre todas as facetas (79,3), mostrando que apesar da população apresentar um escore médio relativamente bom no domínio físico, a dor física ainda pode ser um agravante a qualidade de vida dessa população. Todavia, sugere que a instituição na qual essa população esteja inserida, desenvolva trabalhos com intuito da melhora da saúde física.

    Estudos têm demonstrado a importância da prática de atividades física para a redução da pressão arterial e para a saúde (BARROSO et al, 2008).

    Silva e Nahas (2004) mostraram em seu estudo que o nível de atividade física habitual, pode ser um fator que associa à melhora da qualidade de vida relacionada à saúde.

    No domínio psicológico, que obteve um resultado de (76,81%), mostrou-se que a relação saúde/doença não causou uma sensação desagradável na amostragem, podendo impossibilitá-las de se sentirem saudáveis.

    Mas a faceta (Q26) do WHOQOL-Bref, onde avaliam sentimentos negativos tais como, mau humor, ansiedade, desespero, depressão, mostrou-se também um resultado expressivo em nosso estudo, (79,0). Uma explicação acerca deste resultado pode ser atribuída ao estilo de vida que as pessoas têm em uma cidade pequena. No entanto, sugere-se que a instituição também desenvolva trabalhos para melhora da saúde psicológica.

    Brito et al (2008) que propôs investigar qualidade de vida e percepção da doença entre portadores de hipertensão arterial, concluiu que ouve um comprometimento em todos os domínios analisado pela escala SF-36. Sendo que os aspectos emocionais mostraram-se bem abaixo do encontrado em nosso estudo (64,6). Já no domínio relação social que mostra a integração das pessoas em atividades sociais, apresentou-se o melhor resultado quando comparados aos demais domínios (77,78%). Acreditamos que esse resultado, possa ser um reflexo das características do município. Por ser uma cidade pequena com apenas de 2295 mil habitantes (PNUD, 2008), o convívio social e o suporte social sejam talvez uns dos elementos facilitadores para que a população tenha uma vida social mais afetiva.

    Amendola, Oliveira e Alvarenga, (2008), verificaram a qualidade de vida dos cuidadores de pacientes dependentes no programa de saúde da família, concluíram que o domínio social apresentou o segundo maior escore médio.

    Todavia, essa integração, muitas vezes exige uma adaptação por parte das pessoas portadoras de doença crônicas, seja por mudanças em seus estilos de vida ou por mudanças na alimentação, causando uma ausência em seu convívio social (BRITO et al, 2008).

    Por fim, o domínio meio ambiente com 67,29%, apresentou o resultado mais baixo em nosso estudo. Com isso, podemos provavelmente concluir que os fatores externos, tais como, qualidade da moradia, saneamento básico, serviços de saúde, segurança pública, espaços de lazer, têm interferido para uma boa qualidade de vida.

    Esses valores obtidos para o domínio meio ambiente é consistentes com outros estudos. Quadros et al. (2008), avaliaram a qualidade de vida de mulheres fisicamente ativas e identificaram também favores baixos para esse domínio. Amendola, Oliveira e Alvarenga (2008), mostraram em seus estudos que o domínio meio ambiente também apresentou valores baixos em relação aos outros domínios.

    Esses baixos valores encontrados no domínio meio ambiente em diversas pesquisas podem estar ligados diretamente às políticas públicas municipais, estaduais e federais.

    Contudo espera-se uma conduta mais efetiva dos nossos governantes para melhoria da qualidade de vida da população.

Conclusão

    Conforme verificado ao se investigar a qualidade de vida da população hipertensa do município de Argirita-MG, mediante a utilização do WHOQOL-Bref, mostraram-se indivíduos tipicamente satisfeito com sua qualidade de vida. Neste estudo, os domínios social, psicológico e físico, foram os que mais contribuíram respectivamente para a qualidade de vida. Já o domínio meio ambiente, foi o que mais comprometeu a qualidade de vida da população pesquisada.

    Tais resultados provavelmente decorrem do fato ao estilo de vida vivido por essa população. Em uma cidade pequena, alguns pontos podem contribuir para uma melhor na qualidade de vida, como o convívio social, o suporte social existentes, o índice de violência é considerado muito baixo, a segurança pública. Mas em contrapartida alguns fatores como a falta de recursos, estrutura e espaços de lazer do município podem comprometer a qualidade de vida.

    Outro fator observado, o Programa Saúde da Família desenvolve trabalhos em grupo e acompanhamento domiciliar, refletindo a Estratégia Saúde da Família no contexto social da população com melhoria da sua qualidade de vida. Acreditamos que estas ações podem ter interferido em nossos achados. Com isso o resultado encontrado no presente estudo pode dar-lhes um parâmetro para que priorize algumas ações para promover a melhora da qualidade de vida.

    Porém, o domínio meio ambiente, apresentou o resultado mais baixo, demonstrando a necessidade de novas políticas públicas para que possam reverter esse quadro e oferecer a população subsídios necessários para melhora da qualidade de vida.

Referências

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