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Perfil do desempenho motor de escolares de 11

a 13 anos de idade: a realidade da escola pública

Perfil del rendimiento motor en escolares de 11 a 13 años: la realidad de la escuela pública

 

*Universidade de Brasília-UNB

Especialista em Esporte Escolar

**Professora da Universidade Federal de Ouro Preto

Doutoranda em Ciências do Movimento Humano na

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(Brasil)

Lisiane Borges Rocha Sampedro*

lisianerocha@hotmail.com

Siomara Aparecida Silva**

siomarasilva@cedufop.ufop.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo busca verificar as capacidades motoras de escolares de 11 a 13 anos de uma escola pública de Porto Alegre-Rs, nas capacidades força explosiva, agilidade, velocidade de deslocamento, resistência geral e flexibilidade. A amostra foi composta de 120 escolares com idades entre 11 e 13 anos. Para avaliação das capacidades foi utilizada a bateria de medidas e testes do PROESP-BR. Os meninos com o aumento da idade melhoraram seus resultados em todas as capacidades motoras testadas, com exceção da flexibilidade. As meninas apresentaram resultados bastante variados com melhor desempenho com o aumento da idade somente no arremesso de medicinebol.

          Unitermos: Desempenho motor. Escolares. Capacidades motoras

 

Abstract

          This study aims at verifying motor skills in students aged 11-13 years at a public school in Porto Alegre, Brazil, in terms of explosive strength, agility, displacement velocity, general endurance and flexibility. The sample was composed of 120 students aged 11-13 years. The PROESP-BR battery of measurements and tests was used to assess the above skills. Boys improved their results in all motor skills with increased age, except for flexibility. Girls had quite different results, having better performance with increased age only in medicine ball throw.

          Keywords: Performance motor. School’s students. Physical capacity

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 144 - Mayo de 2010

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Introdução

    No pensamento pedagógico contemporâneo o objetivo central do ensino na escola é o desenvolvimento da personalidade dos alunos, cabendo a cada disciplina fornecer um atributo específico, exclusivo e particular para a formação do cidadão. A Educação Física é uma disciplina predominantemente orientada para a formação de competência desportivo-motora e para o desenvolvimento da capacidade de rendimento corporal (BENTO, 1991).

    Os Parâmetros curriculares nacionais (PCNS) (MEC/SEF, 1998) sugerem que os conteúdos da Educação Física escolar seja abordado seguindo os enfoques dos esportes, jogos, lutas e ginásticas; atividades rítmicas e expressivas; e conhecimentos sobre o corpo, para através destes conteúdos desenvolver as aptidões, habilidades, promoção ao gosto pela atividade física, educação para a saúde, bem como o desenvolvimento da autonomia, da cooperação, da participação social e da afirmação de valores e princípios democráticos.

    Nas escolas, a Educação Física atua como parâmetro de intervenção dos fatores do desenvolvimento humano (motor, cognitivo, afetivo, social). Para isso oferecer estímulos direcionados para o desenvolvimento das capacidades inerentes ao rendimento esportivo que contribua com a formação de um cidadão crítico e ativo fisicamente capaz de decidir baseado em vivências amplas e universais (conhecimento processual) devem ser os alcances da Educação Física escolar.

    Mas, o tempo de duração das aulas de Educação Física escolar 15,5% é dedicado a organização/administração da aula, 34,5% dedicado a transição das atividades, 14,0% dedicado aos exercícios de aptidão física, 6,7% a jogos de baixa organização, 28,3% a atividades esportivas e somente 1,0% do tempo de atividades está relacionado ao desenvolvimento das habilidades e capacidades (Guedes e Guedes, 1997). Por outro lado, as atividades físicas mais freqüentemente selecionadas pelos professores para as aulas prática de esportes, seja mediante tarefas voltadas ao domínio dos gestos esportivos ou à prática do jogo propriamente dito, ainda, na quase totalidade das aulas, dão-se preferência pelas modalidades tradicionais de esportes coletivos - futebol/futsal, basquetebol, voleibol e handebol constituindo uma verdadeira monocultura de cinco modalidades, que se (re) produz também dentro dos cursos de formação de profissionais de Educação Física no Brasil (GRECO, 2002) .

    Presume-se que independente das atividades propostas pelos programas de Educação Física escolar, é necessário uma cooperação afinada dos fatores que contribuem para o desempenho, incluindo as capacidades motoras, intelectuais, psicológicas e sociais. Dentro das capacidades motoras, as capacidades coordenativas servem de base para a execução das habilidades fundamentais presentes nas ações do cotidiano do ser humano. As capacidades condicionais – força, velocidade, agilidade, resistência e flexibilidade são consideradas condicionantes necessários para a excelência no desempenho esportivo e nos movimentos do dia-a-dia. O termo “capacidade” indica uma medida potencial e treinável, sendo o mais indicado para designar as possibilidades de desempenho motor (Ré e Barbanti, 2006). As capacidades são traços latentes ou ainda construtos, parâmetros por nós herdados, alcançados através da construção ao longo do tempo, para poder assim descrever e explicar as diferenças de rendimento (KRÖGER e ROTH, 2002).

    Assim, no âmbito da Educação Física escolar, o aprimoramento das capacidades motoras, via estratégia pedagógica, torna-se de extrema relevância para que os alunos possam usufruir uma prática esportiva de lazer qualificada e prazerosa (Lorenzi, et al. 2005). Avaliar essas capacidades através de testes adequados também serve como parâmetros para avaliação do próprio trabalho do professor, confirmando ou não o desenvolvimento dos componentes da aptidão física relacionada ao desempenho motor através de atividades rotineiras que são desenvolvidas nas aulas de Educação Física.

    Dessa forma, o objetivo desse estudo foi verificar através da bateria de testes do Proesp-BR as capacidades motoras de escolares de 11 a 13 anos em uma escola pública de Porto Alegre-RS para melhor planificar as capacidades motoras desenvolvidas nas aulas de Educação Física.

Procedimentos metodológicos

    Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul pelo projeto 2007719.

    Previamente à coleta de dados, foi enviado aos pais ou responsáveis um termo de consentimento livre e esclarecido após reunião de esclarecimento dos objetivos e procedimentos de coleta, para autorizar a participação dos escolares no estudo. Os escolares tiveram o direto de não participarem dos testes em qualquer momento das coletas.

    Participou deste estudo um total de 120 escolares, sendo 59 meninos e 61 meninas com idade entre 11 e 13 anos (11,71±0,74), de 5ª e 6ª séries do ensino fundamental de uma escola pública de Porto Alegre-RS. Os escolares foram selecionados de forma intencional por conveniência da presença nas aulas de Educação Física nos dias da coleta. A escola é pública, com diversas dificuldades quanto a material e espaço físico e com condições sócio-econômicas características de baixa renda.

    Quanto à metodologia utilizada nas aulas de Educação Física, não foi realizado nenhum controle, porém pode-se observar que as aulas são mais direcionadas aos esportes coletivos (vôlei, basquetebol, handebol e futsal/futebol) reforçando a conceito de monocultura de cinco modalidades.

    O desempenho motor foi testado através dos testes que compõem a bateria de medidas e testes do PROESP-BR (GAYA; SILVA, 2005-2006.). Os testes utilizados foram: a) força explosiva de membros inferiores por meio do salto horizontal, medido em centímetros; b) força explosiva de membros superiores, mediante o arremesso de medicineball (2kg) medido em centímetros; c) agilidade, medido em segundos mediante o teste do quadrado; d) velocidade de deslocamento, medido em segundos por meio do teste de corrida de 20 metros; e) resistência geral, medida em metros, através do teste de corrida e caminhada de 6 minutos; e f) flexibilidade, medida através do teste sentar-e-alcançar. Um grupo de 25 alunos de uma turma escolhida aleatoriamente serviu de grupo controle (GC) para comparações de dois momentos, o início e o fim do ano letivo, porém não houve controle do método e conteúdos administrados durante o período pesquisado e não continha no deliamento da pesquisa um outro grupo controle com ausência das aulas de Educação Física.

    Na análise descritiva utilizou-se a média e o desvio padrão. Para inferirmos sobre as possíveis diferenças entre os sexos, utilizou-se a análise de variância (Anova) com Post Hoc de Tuckey (p<0,05). Na comparação entre o início e o fim do ano utilizou-se teste t-student pareado. Para todas as análises estatísticas, utilizou-se o programa estatístico SPSS for Windows, versão 13.0.

Apresentação dos resultados

    Como resultados obtidos neste trabalho, serão primeiramente apresentados, através de uma média geral nos testes de desempenho motor e, posteriormente o desempenho das meninas e meninos nos diferentes testes comparados com as tabelas normativas do Proesp-BR em percentuais por categorias de classificação, “muito bom”, “bom”, “razoável”, “fraco”e “muito fraco”. Serão representadas as diferenças existentes entre os sexos e os resultados de dois momentos, início e final do ano letivo.

    A caracterização da amostra é apresentada na tabela1. Os grupos etários de outras idades foram descartados por serem inferiores a 20 componentes, considerados pequenos.

Tabela 1. Caracterização da Amostra

Grupo etário

Meninos

M= 11,71±0,74

Meninas

M=11,71±0,74

Total

11 anos

33

23

56

12 anos

21

22

43

13 anos

5

16

21

Total

59

61

120

    Os resultados médios e o desvio padrão estratificado por idade em cada teste, são apresentados na tabela 2.

Tabela 2. Média e desvio padrão de cada idade nos diferentes testes

Idade

S. Horiz.

Média ± DP

Quadrado

Média ± DP

Medicinebol

Média ± DP

Corr. 20 m

Média ± DP

Resistência

Média ± DP

Flexibilidade

Média ± DP

11

1,32 ± 0,24

7,55±0,73

2,71*±0,48

4,36±0,42

1092,10±144,63

21,56±7,22

12

1,32 ±0,25

7,52±0,80

2,90±0,55

4,38±0,44

1120,70±143,52

20,05±7,52

13

1,28 ±0,28

7,58±0,71

3,09*±0,48

4,41±0,44

1167,21±230,55

20,65±7,27

Geral

1,31±0,25

7,54±0,75

2,84±0,52

4,38±0,43

1115,33±163,22

20,88±7,30

* diferença significativa para p< 0,05

    É possível percebermos, na tabela acima, que em força de membros superiores que foi mensurado pelo arremesso de medicinebol e na resistência geral os resultados melhoraram com o avanço da idade, nos demais componentes houve uma variação. A diferença significativa foi percebida no teste de arremesso de medicinebol entre os 11 e 13 anos, os mais jovens lançam mais próximos que os mais velhos.

    Na tabela 3 observamos a média e o desvio padrão estratificados por sexo e idade, bem como as possíveis diferenças existentes.

Tabela 3. Média e Desvio Padrão de meninos e meninas nos diferentes testes

Testes

Média Meninos

Média Meninas

11 12  13 Geral 11 12  13 Geral

Salto Horizontal

1,38

1,44

1,54

1,42

1,22

1,20

1,19

1,21

Quadrado

7,43

7,40

7,04

7,38

7,72

7,65

7,76

7,70

Medicinebol

2,79

3,13

3,07

2,94

2,60*

2,68*

3,09*

2,76

20 metros

4,29

4,32

4,04

4,28

4,46

4,43

4,53

4,47

6 minutos

1141*

1154*

1434*

1174

1027

1092

1071

1061

Sentar e Alcançar

19,81

20

18,40

19,75

24

20,10

21,40

21,95

* diferença significativa para p<0,05

    Analisando a tabela 3, os meninos apresentaram resultados crescentes em quase todos os testes dos 11 aos 13 anos apresentando diferença estatisticamente somente no teste de resistência em todas as idades. Já as meninas apresentaram uma grande variação nos resultados, com diferença significativa somente no arremesso de medicinebol entre todas as idades, corroborando com o resultado geral da amostra onde também foi encontrada diferença entre os 11 e 13 anos de idade neste componente do desempenho motor.

    A tabela 4 mostra o desempenho motor de cada variável testada com as meninas e sua respectiva comparação com as tabelas de referências do PROESP-BR (GAYA; SILVA, 2005-2006.) demonstrados através de %.

Tabela 4. Resultados das meninas em diferentes testes comparados com as médias do Proesp-BR, demonstrados em %

Idade

Classificação

Salto Horizontal

Agilidade

Arremesso Medicinebol

Corrida 20m

Flexibilidade

11 anos

Muito Fraco

40,90%

39,13%

4,35%

34,78%

30,43%

Fraco

27,27%

43,48%

8,69%

17,39%

21,73%

Razoável

9,09%

4,35%

30,43%

26,08%

8,69%

Bom

4,54%

8,69%

26,08%

13,04%

30,43%

Muito Bom

18,18%

4,35%

30,43%

8,69%

8,69%

12 anos

Muito Fraco

45,45%

36,36%

9,09%

36,36%

47,62%

Fraco

22,73%

36,36%

18,18%

31,81%

33,33%

Razoável

18,18%

27,27%

27,27%

13,64%

4,76%

Bom

4,55%

0%

22,73%

13,64%

9,52%

Muito Bom

9,09%

0%

22,73%

4,55%

4,76%

13 anos

Muito Fraco

46,66%

66,67%

6,25%

46,66%

53,33%

Fraco

20%

13,33%

6,25%

40%

13,33%

Razoável

20%

13,33%

25%

6,67%

13,33%

Bom

6,67%

6,67%

25%

6,67%

13,33%

Muito Bom

6,67%

0%

37,5%

0%

6,67%

0% - Não houve amostra nesta classificação.

    No teste de salto horizontal e corrida de 20 m a maior freqüência entre as meninas foi na categoria de “muito fraco”. No teste do quadrado, as meninas apresentaram aos 11 anos um desempenho “fraco”, aos 12 anos o percentual de (36,36%) de “muito fraco” e “fraco” e aos 13 anos um desempenho classificado como “muito fraco” (66%). No teste de arremesso de medicinebol, aos 11 anos, as categorias “razoável” e “muito bom” foram as que apresentaram maior freqüência (30,43%) para as meninas, aos 12 anos “razoável” e aos 13 anos um desempenho “muito bom”. No teste de sentar e alcançar que mede a flexibilidade, aos 11 anos o percentual foi igual (30,43%) nas categorias de “muito fraco” e “bom” e aos 12 e 13 anos o maior percentual (53%) encontra-se na categoria “muito fraco”.

    A tabela 5 mostra o desempenho motor de cada variável testado nos meninos e sua respectiva comparação com as medidas das tabelas de referências do PROESP-BR (GAYA; SILVA, 2005-2006.), demonstrado através de %.

Tabela 5. Resultados dos meninos nos diferentes testes em comparação com as médias do PROESP-BR, apresentado em %

Idade

Classificação

Salto Horizontal

Agilidade

Arremesso Medicinebol

Corrida 20 metros

Flexibilidade

11 anos

Muito Fraco

28,12%

51,51%

3,03%

42,42%

40,62%

Fraco

28,12%

33,33%

24,24%

36,36%

37,5%

Razoável

12,5%

9,09%

18,18%

12,12%

12,5%

Bom

12,5%

6,06%

12,12%

6,06%

3,12%

Muito Bom

18,75%

0%

42,42%

3,03%

6,25%

12 anos

Muito Fraco

33,33%

42,86%

4,76%

38,09%

47,37%

Fraco

19,04%

52,38%

19,04%

47,62%

10,53%

Razoável

19,04%

4,76%

9,52%

14,28%

21,05%

Bom

23,81%

0%

23,81%

0%

15,79%

Muito Bom

4,76%

0%

42,86%

0%

5,26%

13 anos

Muito Fraco

40%

60%

20%

20%

60%

Fraco

0%

40%

40%

80%

20%

Razoável

40%

0%

20%

0%

0%

Bom

20%

0%

0%

0%

20%

Muito Bom

0%

0%

20%

0%

0%

0%= Não houve amostra

    As maiores freqüências encontradas no salto horizontal aos 11 anos foram nos níveis estabelecidos nas tabelas de referência do PROESP como “muito fraco” e “fraco”, aos 12 anos de idade a maior freqüência foi na categoria de “muito fraco” e aos 13 anos os percentuais foram iguais (40%) nas categorias “muito fraco” e “razoável”. No teste do quadrado o desempenho foi “muito fraco” aos 11 e 13 anos e classificado como “fraco” aos 12 anos. Já no arremesso de medicinebol o desempenho foi “muito bom” aos 11 e 12 anos, porém aos 13 anos foi considerado “fraco”. No teste de corrida de 20 metros aos 11 anos a categoria de maior freqüência foi a “muito fraco” e aos 12 e 13 anos “fraco”. No teste de sentar e alcançar, a flexibilidade dos meninos foi considerada “muito fraca” em ambas as idades.

    Nas tabelas de referência do PROESP-BR (GAYA; SILVA, 2005-2006.) o teste de resistência geral é de corrida/caminhada de 9 minutos. No nosso estudo utilizamos o teste de corrida/caminhada de 6 minutos baseado em Lorenzi (2006) que testou Corrida/Caminhada de 6 e 9 minutos objetivando validar e determinar os valores para que possamos comparar os resultados, por esse motivo não foi possível realizar a classificação dos resultados do teste de resistência de 6 minutos com as tabelas normativas.

    As meninas demonstraram aos 12 anos, os melhores resultados no teste de resistência geral, já os meninos aumentaram seus níveis médios de resistência geral ao longo de todas as idades.

    Ao analisarmos o desempenho motor nos testes, entre os sexos em todas as faixas etárias através da análise de variância (ANOVA) podemos observar que não houve diferença significativa, apesar dos meninos apresentarem melhores médias nos testes realizados com exceção do teste de flexibilidade no qual as meninas apresentaram melhores resultados em todas as idades, sendo o único dos resultados dos testes de desempenho motor significativamente (p≤0,05) maior que os meninos [t(0, 113) = -1, 637, p= 0, 029], mas ao comparar os sexos em cada faixa etária, entre os sexos, não encontramos diferenças no teste de flexibilidade.

Tabela 5. Comparações entre grupos

Idades / Testes

11 anos

12 anos

13 anos

M

F

M

F

M

F

S. Horiz.

1,38

1,22

1,44

1,20

1,54

1,19

Quadrado

7,43

7,72

7,40

7,65

7,04

7,76

Medicinebol

2,79

2,60

3,13

2,68

3,07

3,09

20 metros

4,29

4,46

4,32

4,43

4,04

4,53

Resist.6 min.

1141

1027

1154

1092

1434

1071

Flexibilidade

19,81*

24*

20,00*

20,10*

18,40*

21,4*

* diferença significativa para p<0,05

    A tabela 6 mostra os resultados das médias e desvio padrão dos diferentes testes, alcançados pelos escolares no pré-teste e pós-teste, bem como as diferenças encontradas entre eles.

Tabela 6. Média e desvio padrão do grupo controle no pré e pós testes

Testes

Média e desvio padrão Pré-teste

Média e desvio padrão Pós-teste

Salto Horizontal

1,35 *± 0,21

1,52* ± 0,20

Quadrado

6,66* ± 0,30

6,33* ± 0,34

Arremesso medicinebol

2,66* ± 0,45

3,08* ± 0,46

Corrida 20 metros

4,08* ± 0,24

4,26* ± 0,30

Resistência 6 min.

1075,95 ± 134,96

1107,87 ± 133,76

Flexibilidade

17 ± 7,22

18,04 ± 6,75

* diferença significativa para p<0,05

    Analisando as diferenças entre pré e pós-testes, em cada componente do desempenho motor, foi possível identificar que ocorreram diferenças estatísticas no salto horizontal, quadrado e arremesso de medicinebol, com melhores resultados para o pós-teste. Na corrida de 20 metros contrariamente dos outros testes houve diferenças estatisticamente significativas, porém com melhores resultados no pré do que no pós-teste. Nos demais testes diferenças significativas não foram encontradas.

Discussão dos resultados

    De modo geral, o grupo estudado não apresentou com o passar da idade melhores desempenhos nos testes de salto horizontal, quadrado, corrida de 20 m e flexibilidade, mas obteve um aumento progressivo no teste de arremesso de medicinebol com diferença estatisticamente significativa dos 11 para os 13 anos e na capacidade de resistência geral os resultados também foram progressivos mas não estatisticamente significativos. Ao fazermos as análises separadamente por sexo, o que se pode verificar é que os meninos com o aumento da idade melhoraram seus resultados em todas as capacidades, somente na flexibilidade os resultados foram negativos, e apresentaram diferenças estatisticamente significativa na resistência geral com melhores resultados aos 13 anos. Já as meninas, ao contrário dos meninos, ao aumentarem a idade pioraram seus resultados em algumas das capacidades testadas, somente no arremesso de medicinebol e na flexibilidade tiveram aumento progressivo, porém estatisticamente significativo à diferença foi somente no arremesso de medicinebol com melhores resultados as 13 anos. Os resultados obtidos pelas meninas foram iguais aos resultados da amostra em geral. A esse traço de comportamentos está atrelada a chegada da puberdade, fase em que se observam maiores níveis de maturação sexual, variável esta preponderante no crescimento somático e no desenvolvimento das capacidades motoras. A maturação sexual deve ser compreendida como uma série de mudanças biológicas que levam a um completo estado de desenvolvimento morfológico, fisiológico e psicológico que ocorre de forma seqüencial e ordenada (MATSUDO, 1991; WEINECK, 1991; WEINECK, 1999). Se, por um lado, o processo maturacional do sistema biológico é semelhante em crianças e adolescentes; por outro, a época em que ocorrem esses diferentes fatores biológicos que levam crianças e adolescentes a um estágio maduro pode sofrer variações significativas de indivíduo para indivíduo e, principalmente entre os sexos (BEUNEN et al., 1988, citado por LORENZI, 2005). No entanto, é interessante ressaltar que na puberdade as modificações físicas e biológicas diferentes entre os sexos evidenciam-se: os meninos adquirem um significativo aumento da massa muscular e as meninas têm um incremento da adiposidade corporal (MALINA e BOUCHARD, 1991; WILMORE e COSTILL, 1994; GUEDES e GUEDES, 1995). Acredita-se que as diferenças entre os sexos encontradas neste estudo, sejam resultantes destas diferenças físicas e biológicas, pois os meninos foram superiores as meninas em quase todas as capacidades motoras testadas, somente na flexibilidade as meninas apresentaram melhores resultados estatisticamente significativos quando analisadas as diferenças entre os sexos em todas as faixas etárias, porém ao compararmos os sexos em cada faixa etária separadamente esta diferença não foi encontrada. Um estudo realizado por Krebs e Macedo (2005) , que teve como objetivo analisar a aptidão física relacionada ao desempenho, através das variáveis de velocidade, agilidade e potência, de escolares do estado de Santa Catarina, encontraram resultados semelhantes ao nosso estudo, com uma diminuição linear da média do tempo em segundos em relação à distância percorrida de 20 metros de forma constante e linear, o desempenho dos meninos manteve-se paralelo ao desempenho das meninas até por volta dos 12 anos de idade. Após essa idade, as meninas atingiram um platô até os 14 anos, havendo aos 15 anos uma piora no desempenho, voltando a desempenhos melhores aos 16 anos. Por sua vez os meninos mantiveram uma melhora no desempenho até os 14 anos de idade, e após essa idade surgiu um platô que se manteve até os 16 anos. Nos estudos de Guedes e Barbanti (1995) que buscaram evidenciar as características de desempenhos físicos, em relação à idade cronológica e ao sexo de crianças e adolescentes, a partir da administração de testes como a corrida de 50 metros, os resultados encontrados em ambos os sexos, demonstraram um comportamento ascendente bastante semelhante até os 12 anos. Na seqüência, as meninas alcançaram um platô entre os seus escores, e os meninos, ao contrário continuaram a apresentar um aumento substancial a cada ano, fazendo com que as curvas se dirigissem para direção oposta, o que acentuou as diferenças entre os gêneros no final da adolescência.  Essa diferença que surge entre os sexos, na infância e na adolescência quanto ao desempenho de corrida de curta distância, deve ser analisada levando em consideração a caracterização do desenvolvimento neuro-muscular do músculo esquelético que se apresenta de forma similar até por volta dos 10-11 anos de idade. Estudos têm fornecido evidência de que ocorrem mudanças no metabolismo anaeróbico durante o crescimento. Quanto às meninas apresentarem melhores resultados do que os meninos na flexibilidade, quando analisado todas às faixas etárias, a literatura especializada diz que em geral as mulheres têm demonstrado maiores níveis de flexibilidade do que os homens, independente da idade e essas diferenças se mantêm ao longo de toda vida. (HOEGER & HOEGER, 1994; ACHOUR JÚNIOR, 1994; PHILLIPS & HASKELL, 1995) citado por Faraias Júnior e Barros (1998) . Weineck (2003) considera que essas diferenças são provenientes de uma maior capacidade de estiramento e elasticidade da musculatura e dos tecidos conectivos no sexo feminino. Isso também pode ser atribuída à maior aceitabilidade por parte das meninas das atividades em que os movimentos de flexibilidade são enfatizados, em detrimento dos esforços mais vigorosos, que envolvem força/resistência muscular preferidos pelos meninos. Ao fazer as comparações com as médias do PROESP-BR o teste de arremesso de medicinebol foi onde encontramos os maiores índices percentuais nas categorias “razoável e muito bom” em ambos os sexos, teste esse que mede a força explosiva de membros superiores, corroborando com os achados anteriores que também se obteve melhores resultados neste teste. A grande dificuldade para interpretação das informações produzidas por estudos relacionados à avaliação do desempenho motor de crianças e adolescentes, reside no fato de que os resultados dos testes motores envolvem uma multiplicidade de fatores, tais como grau de instrução e treinabilidade, familiarização com a situação específica das tarefas motoras exigidas e nível de motivação do executante (OKANO et al., 2001) . Outro fator que pode influenciar nos resultados do desempenho motor nas variáveis estudadas é a quantidade e a qualidade dos estímulos propostos nas aulas de Educação Física, qualidade e quantidade de atividades propostas. Mesmo não havendo um controle da metodologia utilizada nas aulas, é sabido pelo fato do próprio autor ser o professor das turmas que existe uma cultura própria da prática do voleibol, na sua grande maioria os alunos praticam esta atividade durante quase todo ano, alternando com outras modalidades esportivas. Acredita-se que o bom desempenho da força explosiva dos membros superiores seja atribuído à freqüência com que os alunos participam regularmente do voleibol. Em contrapartida as atividades físicas habituais dos escolares não foram controladas, é sabido que crianças e adolescentes na faixa etária estudada não se limitam às atividades fornecidas nas aulas de Educação Física, e que são naturalmente ativos, seu tempo livre é ocupado de forma espontânea com atividade física. Não rara às vezes a atividade física no tempo livre atinge intensidade superior à que é atingida nas aulas de Educação Física. Torna-se, portanto imperioso, quando suspeitamos que a prática do voleibol tenha contribuído para um melhor desempenho desta capacidade, pois a atividade física habitual dos sujeitos poderia ter contaminado os resultados. Portanto, RIGLER (1991), citado por PAUER (2005), realizou um estudo transversal com jogadoras (es) de voleibol de 10 a 18 anos de idade e de grupos de controle. Com 80 jogadoras e 80 jogadores de voleibol, bem como com 350 sujeitos dos dois sexos no grupo de controle, ele realizou quatro testes motores para capacidades de força. As (os) jogadoras (es) treinaram 90 minutos, em média, duas vezes por semana e participaram de competições. No início da puberdade, o grupo em treinamento atingiu melhores resultados do que o grupo de controle (nas meninas com 12 anos e nos meninos com 13 anos). O autor chegou à conclusão que a fase da puberdade pode ser vista como fase sensível para as capacidades de força explosiva. Ao analisarmos os resultados dos testes realizados no início e no final do ano letivo com medidas fundamentadas, têm-se parâmetros para o planejamento do trabalho do professor como também a descoberta de talentos, diminuindo a subjetividade que exerce predominância nestes procedimentos. Observou-se que os escolares apresentaram um bom desenvolvimento em força explosiva de membros superiores e inferiores bem como na agilidade, acreditando que as atividades propostas durante as aulas de Educação Física juntamente com fatores próprios da puberdade, são responsáveis por essas mudanças, pois, de acordo com Wilmore e Costill (1994) e Malina e Bouchard (1991) ocorrem um conjunto de alterações hormonais, que leva a um desenvolvimento da capacidade anaeróbica, fato este de suma importância para o bom desempenho das capacidades motoras em questão. Mas para verificarmos se as diferenças foram de influência das aulas de educação física deveríamos ter controlado o método, os conteúdos administrados no período e ter um grupo controle com alunos da mesma faixa etária, mas que não tivessem aulas de educação física regularmente. Quanto ao fato da resistência geral dos escolares não apresentarem resultados positivos do pré para o pós teste acredita-se que os estímulos utilizados durante as aulas para o desenvolvimento desta capacidade foram fracos. De acordo com Rowland (1996), citado por Guedes e Guedes (1997), as adaptações no sistema aeróbico deverão ocorrer no organismo, das crianças e dos adolescentes, somente mediante exercícios físicos com adequada duração. Nesse sentido, Simons-Morton (1994) citado por Guedes e Guedes (1997) sugere que programas apropriados de atividade física, deverão envolver movimentos dinâmicos com participação dos grandes grupos musculares, por 20 minutos ou mais, três a cinco vezes por semana e com intensidades moderadas da ordem de 60 a 70% da freqüência cardíaca máxima prevista para idade, ou, em valores médios, entre 150 e 170 bat/min. Do tempo total das aulas de Educação Física, é sabido que uma porção significativa é atribuída predominantemente às tarefas de organização e transição das atividades, refletindo em uma menor disponibilização de tempo às atividades que podem exigir esforços físicos mais vigorosos. Da mesma forma acredita-se que os estímulos para o desenvolvimento da flexibilidade também foram poucos, pois mesmo em indivíduos considerados ativos, como no exemplo dos maratonistas, os níveis de flexibilidade podem ser bastante reduzidos caso não realizem atividades físicas que envolvam extensão total dos segmentos (Pollock & Wilmore, 1993).  Sendo assim, percebe-se que a relação entre flexibilidade e estilo de vida ativa, parece não ser uma relação de causa - efeito (indivíduo ativo - indivíduo flexível), e sim dependente da amplitude dos movimentos realizados nas atividades. Para que as atividades físicas tenham influência positiva sobre os níveis de flexibilidade, as articulações devem ser solicitadas acima da amplitude de movimento habitual. Por outro lado, quando comparados os resultados dos testes com as médias do PROESP-BR, encontrou-se na maioria das variáveis do componente motor resultados “muito fracos” tanto nos meninos como nas meninas, esses achados mostram que é urgente a necessidade de adoção de uma nova visão de Educação Física escolar que não privilegie apenas jogos e atividades lúdicas, mas que, mediante a seleção, a organização e o desenvolvimento de experiências para os escolares, alcance metas em termos de melhores índices nas variáveis do desempenho motor.

Conclusões e recomendações

    Em função dos resultados aqui apresentados, foi possível estabelecer as seguintes conclusões:

  • Observou-se um incremento crescente no desempenho motor dos escolares estudados dos 11 aos 13 anos na força explosiva de membros superiores e resistência geral;

  • Os meninos com o aumento da idade melhoraram seus resultados em todas as capacidades motoras testadas, com exceção da flexibilidade;

  • As meninas, ao contrário dos meninos apresentaram resultados bastante variados com melhor desempenho com o aumento da idade somente no arremesso de medicinebol que mede força explosiva de membros superiores;

  • É notável a obtenção de resultados superiores por parte dos meninos frente aos das meninas em todas as capacidades motoras embora não estatisticamente significativos com exceção da flexibilidade nos quais as meninas apresentaram melhores resultados, podendo isso ser atribuídas não só a distinções biológicas, mas também a variável de natureza sociocultural;

  • O desempenho motor dos escolares estudados, analisados através das médias, pode ser considerado “muito fraco” comparados com as médias de referência do PROESP-BR (GAYA; SILVA, 2005-2006.); e por fim,

  • Os escolares demonstraram melhor desempenho do início do ano letivo comparado com o fim nas capacidades motoras força explosiva de membros superiores e inferiores, agilidade e velocidade de deslocamento.

    E, recomenda-se em novos estudos um maior controle das atividades físicas que os alunos praticam na Educação Física escolar além da mesma, podendo ser este um fator influenciador no desempenho motor de escolares. Mas como o objetivo maior era verificar para poder melhor planificar as capacidades a serem desenvolvidas nas aulas de Educação Física, este foi alcançado sendo assegurado por uma bateria de testes fácil, pratica, barata e acessível à escola e aos objetivos da Educação Física escolar.

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