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Padrão alimentar de atletas adolescentes do tênis brasileiro

Patrón dietético de jugadores brasileños adolescentes de tenis

 

Grado Académico en Nutrición (en proceso de homologación)

UFSC - Universidad Federal de Santa Catarina, Florianópolis

2009: Auxiliar de Enfermeria en Geriatría

CATAC (Intersindical Alternativa de Catalunya)

Liana Ferraz Ziliotto

lilibrasa@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Aplicou-se um inquérito alimentar em um encontro de atletas adolescentes nacionais do tênis. O objetivo desse inquérito foi indentificar déficits ou excessos alimentares em conjunto, caracterizando seu padrão alimentar como grupo, segundo o favorecimento ou desfavorecimento de classes de alimentos que consomem. Outras variáveis, como antropometria, estado clínico, história clínca familiar, situação socio-econômica, também foram analisadas. Verificou-se a necessidade de uma reeducação alimentar e acompanhamento nutricional periódico, visando melhorar o desempenho e saúde dos atletas.

          Unitermos: Padrão alimentar. Adolescentes. Tênis

 

Resumen

          Fue realizada una encuesta alimentaria en un encuentro de atletas adolescentes nacionales del tenis. El objetivo fue identificar déficits o excesos alimentarios en conjunto, caracterizando su patrón dietético como grupo, según el tipo de alimentos que consumen, si favorecen o perjudican. Otros factores, como los antropométricos, el estado clínico, historia clínica familiar, situación socioeconómica, también fueron evaluados. Se percibe la necesidad de una reeducación en los hábitos alimentarios y una evaluación nutricional periódica del grupo para mejorar su desempeño y salud.

          Palabras clave: Patrón dietético. Adolescentes. Tenis

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 144 - Mayo de 2010

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Introdução

    O tênis de campo é um esporte que ganhou inúmeros adeptos nos últimos anos e se desenvolveu com o apoio de profissionais e treinadores bem qualificados no Brasil. Por apostarem em uma melhora no desempenho durante as partidas, aumenta a procura de avaliações e orientações nutricionais pelos atletas e suas confederações. Segundo Weineck (2003), atletas adolescentes suportam melhor as sobrecargas de treino, sendo o momento propício para um treinamento técnico-físico específicos e intervenções nutricionais necessárias.

    Uma dieta equilibrada necessita seguir não apenas recomendações calóricas como também depende da variedade de espécies de alimentos naturais. Um guia constantemente revisado, de fácil visualização, é a pirâmide alimentar. Neste estudo a pirâmide auxilia a identificação de déficits ou excessos de classes de alimentos. Conforme alguns estudos de nutrição esportiva, recomenda-se a principio que sejam consideradas as orientações nutricionais destinadas à população em geral, discutidas nos resultados aqui presentes.


    A base de uma pirâmide alimentar é constituída de cereais, principal fonte de energia ao ser humano, fundamentais aos adolescentes ativos. A alimentação ocidental revela a preferência pelos tipos mais refinados. Com a industrialização de alimentos, as sementes são descascadas e transformadas em produtos refinados. Esse processo faz com que se perca em maior parte o valor nutritivo do grão. As vitaminas do complexo B são em grande parte desperdiçadas nesse processo, além dos minerais, aminoácidos, fibras e fitonutrientes. Os cereais integrais, ou seja, completos em nutrientes, são importantes na manutenção da saúde cardíaca, na prevenção do diabetes, no controle de peso corpóreo e promovem a saúde digestiva (DUTCOSKY, 2007).

    Cores variadas na dieta são sinais positivos. Sua falta pode trazer riscos às diversas funções e ações biológicas promovidas pelos pigmentos dos vegetais, como carotenoides e antocianinas (MERCADANTE, 2007). Todos os vegetais, hortaliças e frutas, são próprios para os esportistas, e quanto maior a variedade, maior o aporte de diferentes tipos de componentes nutritivos essenciais ao organismo (SEAGRI, 2010).

    Os alimentos de fonte animal estão localizados mais ao topo da pirâmide, justamente com produtos refinados. Dentre eles, os peixes são os mais recomendáveis por normalmente terem menos gordura saturada e colesterol, apresentando-se mais digeríveis para algumas pessoas. Mesmo os peixes gordos têm um teor de gordura semelhante ao das carnes magras, e por serem gorduras insaturadas, são mais benéficas que as outras carnes (VELOSO, 2007). Produtos lácteos, por serem de origem animal, são compostos de gorduras saturadas e colesterol além de ricos em cálcio, mineral que quando excede as recomendações está relacionado à maior incidência de câncer de próstata e ovários (WILLET & STAMPFER, 2003).

    Suplementos sintéticos também já aparecem em algumas pirâmides, mas sua utilização não é totalmente confiável. Tem sido detectada a presença de esteróides em alguns deles como vitaminas, creatinas e aminoácidos, sem identificação nos rótulos. Com as deficiências da legislação e do controle da qualidade de produção de vários países, esses produtos representam riscos para o consumo (CARVALHO et al., 2003).

    Além de objetivar a identificação de um padrão alimentar do grupo de tenistas avaliados, esse artigo utiliza o indicador altura por idade de acordo com as novas curvas de crescimento adotadas pela Organização Mundial de Saúde (2007) e seus pontos de corte redefinidos no ano de 2009. Tais parâmetros já foram adotados pelo  Ministério da Saúde e pela Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN). Adicionalmente, investigou-se os históricos familiares das doenças crônicas mais comuns e alguns parâmetros do nível socioeconômico dos pais ou responsáveis legais.

    Não estiveram envolvidas nessa etapa prescrições de dietas ou cálculos de necessidades energéticas. Seria um trabalho a ser personalizado e que deve considerar a modalidade esportiva, o tipo de treinamento, competições próximas e os objetivos da equipe técnica, dados referentes ao metabolismo basal, demanda energética de treino, necessidades de modificação da composição corporal e fatores clínicos individuais.

Método

    Esta pesquisa considera os relatos de sete (7) atletas, 5 do sexo feminino e 2 do sexo masculino, entre 13 e 15 anos, quando aplicado um inquérito alimentar a cada um deles individualmente. Tal inquérito ocorreu durante um dia de avaliações físicas e cognitivas pela equipe do Laboratório de Neurociência do Esporte e Exercício da Universidade Federal de Santa Catarina.

    Uma avaliação antropométrica simplificada foi realizada, baseando-se nos quadros de percentiis divulgados pela OMS 2007, por sexo, que relacionam o indicador altura para idade (A/I) em crianças e adolescentes de 5 a 19 anos. Para medir a altura foi utilizada fita métrica não extensível e um esquadro, em parede lisa e sem rodapé, tendo como assistentes de medida a nutricionista e a treinadora física. Os pontos de corte, após aferição da altura, foram os seguintes: < percentil 0,1 - muito baixa estatura para a idade; percentil 0,1 e < percentil 3 - baixa estatura para a idade; percentil 3 e > percentil 99 - estatura adequada para a idade (CGPAN, 2009). Índice de massa corporal e percentuais de gordura corporal não fizeram parte dessa avaliação, que enfoca as características qualitativas do perfil alimentar do conjunto.

    Na identificação do padrão alimentar foi utilizado o Questionário Qualitativo de Freqüência Alimentar individualmente, setorizado por grupos de alimentos que devem ser favorecidos ou desfavorecidos em dietas equilibradas. Tal questionário foi elaborado pela nutricionista presente no dia da coleta de dados. A avaliação da freqüência alimentar deu-se através de um quadro assinalado com respostas objetivas. Os itens alimentares foram distribuídos em 18 categorias e classificados pelo consumo que varia, gradualmente, desde diário até nunca consumido.

    A pirâmide alimentar proposta por Willet & Stampfer (2003) foi escolhida para basear esse artigo por fazer uma distinção entre tipos saudáveis e prejudiciais de gorduras e carboidratos que estão distribuídas em dois patamares, recomendando-os de acordo com seu efeito nutricional no organismo humano. Nessa pirâmide os grupos de alimentos se apresentam em seis níveis, considerando-se o desgaste energético por atividades físicas, representado na base de sua sustentação. Em um estudo sobre as pirâmides alimentares, de três analisadas, a pirâmide proposta por Willet & Stampfer foi a que mais se aproximou do código nutricional (LANZILLOTTI, COUTO & AFONSO, 2005).

Discussão dos resultados

    Na classificação de altura por idade, nenhum atleta beirou os limites de baixa estatura, porém, um deles ultrapassou o percentil 99, que segundo uma nota da própria OMS em seu quadro de percentiis, indica um adolescente muito alto, mas raramente corresponde a um problema. Contudo, pode-se alertar para quadros de desordens endócrinas e/ou tumores. Sob suspeita, direcionar a um atendimento especializado.

    Pelo rápido ganho de massa magra corpórea que estão sujeitos, optou-se por não utilizar o Índice de Massa Corpórea para a classificação nutricional, evitando superestimá-los. Portanto, os indicadores de A/I representam nessa avaliação o crescimento adequado. Quando esse indicador determina déficit estatural, tem sido relacionado com uma severa escassez de alimentos quando mais jovem – crianças – provocando crescimento inadequado ou desnutrição pregressa. Isso ajuda a explicar debilidades na saúde atual de alguns indivíduos, como relatam Silva, Martins & Araújo (2007). Felizmente não é o caso de nenhum dos atletas aqui avaliados.

    Os atletas relataram suficiente repouso noturno, com uma média de oito horas e meia de sono diárias. Os treinos diferem na intensidade de duração, variando de 17 até 40 horas semanais. A média, no entanto, esteve em torno de 22 horas. Em relação aos estudos, os resultados demonstraram um mínimo de 18 horas e um máximo de 36 horas/semana de dedicação. A média, entre os sete, ficou em 25 horas por semana.

    Os sinais clínicos, em geral, não se apresentaram graves quanto a investigação de anormalidades. Foi relatado um caso de tendinite nos joelhos e punho e outro de bolhas e inchaço na borda das unhas da mão. A tendinite pode surgir em função da prática incorreta ou intensiva de atividades física, especialmente se for aliada a desidratação, quando os músculos e tendões não estão suficientemente drenados, ou alimentação incorreta e liberação de toxinas ao organismo (SPOT, 2010). À parte, apenas dores musculares após treinamentos bem intensos. Seis dos sete atletas avaliados têm históría familiar para doenças crônico-degenerativas como o diabetes, a hipertensão, a dislipidemia, as doenças cardiovasculares e o câncer.

    Para ter um panorama geral da situação sócio-econômica desses atletas, foi constatado que seis deles moram com a família e possuem em casa ao menos 9 dos 12 itens de bens de consumo avaliados. Um único jovem mora sozinho e possui em casa 7 dos 12 itens. Dessa forma, se verifica um padrão constante e proporcional entre as suas condições sócio-econômicas.

    As características da alimentação desses atletas se assemelham em algumas questões, e se diferem em outras. De maneira geral, realizam entre 5 e 6 refeições diárias, preparadas pelas mães ou empregadas domésticas em casa, e por cozinheiras nas cantinas de clubes e escolas. Três deles relataram mastigar os alimentos de maneira rápida, e outros dois referiram assistir televisão durante as refeições principais. Em uma pergunta aberta sobre preferência de alimentos, constatou-se o chocolate como preferido por quatro atletas, mesmo que outros alimentos industrializados também tenham aparecido com freqüência. Alguns vegetais e hortaliças foram os mais citados como alimentos que não gostam. Margarina ou manteiga foram os mais citados na pergunta de adição de condimentos aos alimentos já servidos.

    Atentar para os grupos destacados em negrito na Tabela 1, conhecidos como “de calorias vazias”, sem contribuir para as funções orgânicas, ao contrário, prejudicando-as pelo excesso de açúcares simples e gorduras maléficas que os compõe.

    A preferência por cereais e farinhas refinados foi confirmada nos inquéritos aplicados, onde em cinco casos os cereais integrais não são consumidos na freqüência ideal, ou seja, diária. Isso pode causar uma insuficiência de proteínas, vitaminas, minerais e fibras na dieta.

    Em seis das avaliações de freqüência alimentar, observou-se baixo consumo de peixes, a principal fonte de ácidos graxos ômega 3 de introdução nas dietas, podendo conduzir ao seu déficit no organismo. O consumo de peixes recomendado pela nova pirâmide alimentar é alternado com os ovos e as carnes de aves. Assim, recomenda-se até 2 porções diárias de um desses alimentos ao se supor que efetivamente é realizado um rodízio e que serão consumidos algumas vezes na semana, o que não ocorre com esses atletas. A falta de ômega 3 pode diminuir a agilidade dos neurônios e refletir no desempenho dos atletas em quadra. Além disso, esse ácido graxo é importante na remoção dos triglicerídeos da circulação e no efeito anti-inflamatório, diminuindo o risco de arterosclerose e trombose. Os peixes, além de ômega 3, são fontes de vitamina D e proteínas de alta qualidade, um complexo nutritivo natural excelente para atletas.

    Tanto as hortaliças coloridas quanto as folhosas foram detectadas como de consumo insuficiente, de maneira geral, ao que se recomenda a pirâmide alimentar, sendo as primeiras as menos favorecidas nas suas escolhas alimentares. Os diferentes pigmentos que dão cores aos vegetais e auxiliam nas funções biológicas, por seu baixo consumo, deixam de prevenir muitas doenças. A escassez de folhas verdes também pode causar a redução de ácido fólico, cálcio e outros nutrientes que atuam diretamente na prevenção de distúrbios mentais e saúde dos vasos sanguíneos do cérebro (PÓVOA, CALLEGARO e AYER, 2005). A clorofila presente nelas possui atividades antioxidante, antimutagênica e anticarcinogênica, essencial na prevenção de doenças degenerativas (MERCADANTE, 2007).

    Identificou-se mínimo consumo de frutas secas e oleaginosas pela maioria dos atletas, que os classificaram como de consumo raro ou nunca consumí-los. No entanto, são muito ricos em nutrientes importantes e práticos de se carregar na mochila. As frutas oleaginosas são as nozes, amêndoas, castanhas, avelãs, entre outras. Têm alto teor calórico, porém fornecem gorduras boas – mono e polinsaturadas – que controlam o colesterol e são antioxidantes, além de proteínas essenciais para a formação e recuperação muscular, e outras vitaminas e minerais protetores das células. A nova pirâmide alimentar recomenda 2 a 3 porções de frutas in natura por dia, podendo ser adicionada uma porção das oleaginosas. Já as frutas secas são concentradas em calorias, fibras, frutose, vitaminas e minerais. As mais utilizadas são: ameixa, damasco, figo, uva, etc. São também boas alternativas aos snacks e fast foods por serem fáceis de armazenar, pouco perecíveis, saborosas e versáteis.

    Póvoa, Callegaro e Ayer (2005) são autores que vem relacionando uma alimentação deficiente em nutrientes com a perda da inteligência emocional, do potencial hormonal e imunológico, a neurodegeneração e o envelhecimento precoce. Os mesmos autores afirmam que a célula que não recebe uma nutrição completa, segue com “fome” e dispara sinais ao cérebro em favor do aumento do apetite, que pode predisponibilizar à obesidade. Os demais grupos alimentares que não se destaca no corpo desse artigo são aqueles que independentemente do seu baixo consumo não representam perigo de déficit nutricional, ou ao contrário, devem ser consumidos em menor quantidade.

    Pôde-se observar, além dos possíveis déficits, que o grupo tende a preferir outros grupos de alimentos em contrapartida. O primeiro deles é o grupo do leite e seus derivados. A nova pirâmide alimentar recomenda apenas entre 1 a 2 porções de laticínios por dia. É prudente lembrar que possuem gorduras saturadas, colesterol, e são ricos em cálcio. É necessário fazer mais pesquisas para determinar os efeitos dos laticínios sobre a saúde. Mas, no momento, não é recomendado o alto consumo (WILLET & STAMPFER, 2003).

    O chocolate apareceu como opção diária na dieta de quatro atletas, confirmando a pergunta subjetiva do início do inquérito alimentar. A composição do chocolate varia principalmente de acordo com a quantidade de açúcar, leite e gordura. Isso favorece ou prejudica o efeito desse alimento nos indivíduos. O mais amargo é de melhor qualidade nutricional por conter mais cacau, que contém fenóis ou flavonóides, os mesmos antioxidantes do vinho tinto. Seus efeitos parecem favorecer o controle do colesterol indesejável e atuar no cérebro, melhorando a disposição e o ânimo. Contudo, é de alto nível calórico dependendo da proporção da manteiga de cacau, açúcar ou leite, devendo ser controladas as quantidades na dieta.

    Carnes, leguminosas, e suplementos tiveram empate na preferência diária por três atletas. Segundo a nova pirâmide alimentar, há um excesso de carne nessas dietas, e falta de leguminosas que são recomendadas em até 3 porções diárias, assim como as frutas oleaginosas. Não há recomendações de porções de carnes vermelhas diárias, apenas um alerta de que devem ser moderadas na dieta. Apesar de suas proteínas essenciais ao organismo, ferro e vitamina B12, as carnes também fornecem colesterol e gordura saturada, e tornam-se maléficas quando assadas sobre o carvão ou fritas em altas temperaturas. Já que atualmente se conhece alimentos mais funcionais que as carnes vermelhas e que proporcionam os nutrientes essenciais que a mesma forneceria, aplicando isso à prática, não se recomenda carnes vermelhas para consumo diário.

    As leguminosas são uma boa escolha de alimentos favorecidos, pois são vegetais ricos em proteína, amido, fibra solúvel e insolúvel, fitoquímicos, vários minerais e vitaminas. Por outro lado, são pobres em energia, lípidos e sódio. Aí está a classe dos feijões, soja, ervilha, lentilha e grão de bico. Outra vantagem é serem alimentos razoavelmente baratos.

    Em relação aos suplementos alimentares, não são consumidos pela maioria. Mesmo assim, não foi questionada a razão ou prescrição para o uso, nem feitos testes para a avaliação do desempenho físico após sua introdução. Portanto, não se pode discutir a atuação ergogênica ou terapêutica dos mesmos para esses tenistas, mas baseando-se nas recomendações de alimentação saudável da população em geral e na freqüência de suas refeições, local em que os alimentos são consumidos e condições socio-econômicas que gozam, não se indicaria o uso de suplementos sintéticos já que uma alimentação natural equilibrada é capaz de suprir suas necessidades básicas. Com criatividade e orientação específica para uma dieta segura e equilibrada, tanto os atletas quanto os adultos que preparam suas refeições podem contribuir para a melhora de sua qualidade alimentar. Mesmo quando prescritos, os suplementos não podem deixar de ser monitorados por profissionais da nutrição ou medicina através de exames bioquímicos.

    Já que os cereais integrais não fizeram parte dos alimentos indicados como mais favorecidos, subentende-se que os refinados são consumidos em maior quantidade e isso demonstra um desequilíbrio em suas dietas. Juntamente com as carnes vermelhas, o arroz branco, a batata e as massas, todas as farinhas refinadas também encontram-se no topo da pirâmide alimentar que baseia este artigo e deveriam ser evitadas.

    Buscando encontrar algum grupo de alimentos que na maioria dos casos tenha parecido cumprir os requisitos de “consumo ideal” da nova pirâmide alimentar, verificou-se somente os laticínios como de consumo comum entre todos. Outra vez, por não se conhecer quantas porções são utilizadas nesse estudo, não se pode assegurar sobre déficits ou excessos. Entre os alimentos que os atletas consideram como “devem ser evitados”, foi consenso os fast food e frituras, ficando de fora do padrão alimentar geral. Entretanto, é notável o consumo de outros alimentos prejudiciais, principalmente doces ricos em gorduras saturadas e hidrogenadas, açúcares refinados e aditivos sem nutrientes.

Conclusão

    Pôde-se detectar possíveis deficiências ou excessos nutricionais na alimentação desses atletas através do inquérito dietético e com base na nova pirâmide alimentar proposta por Willet & Stampfer (2010), entre outros estudos. A reeducação alimentar desses indivíduos deverá focar especialmente a escolha de cereais integrais, peixes, hortaliças em geral, a troca do lanche industrializado e dos doces por frutas secas, oleaginosas ou naturais, o controle nas porções de lacitínios, a diminuição do consumo de carne vermelha e de farinhas e massas refinadas. Os dados coletados apontaram algumas semelhanças no padrão alimentar desses atletas e em outros fatores pré-disponentes que podem afetar sua saúde, como o histórico familiar de doenças crônicas. A análise qualitativa das dietas investigadas auxiliará um acompanhamento nutricional permanente no futuro, para formar estratégias de modificações dietéticas necessárias.

    Para um acompanhamento nutricional que considere as porções alimentares de forma fidedigna, sugere-se a compra de um software de nutrição, seguida de um treinamento adequado ao seu uso, por parte dos técnicos. Sua utilização pode ocorrer durante os encontros e torneios para o registro do consumo alimentar individual dos atletas, periodicamente.

Referências

  • CARVALHO, Dr. T.; et al. Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte - Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Rev. Bras. Med. Esporte, Vol. 9, Nº 2 – Mar/Abr, 2003.

  • CGPAN. Protocolos de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN na assistência à Saúde. Brasília, 2009. Disponível em http://nutricao.saude.gov.br/documentos/protocolo_sisvan.pdf. Acesso em janeiro de 2010.

  • DUTCOSKY, Dra S. D. Inclua os alimentos integrais no dia a dia. IDMED – o seu prontuário eletrônico, 2007. Disponível em www.idmed.com.br. Acesso em janeiro de 2010.

  • LANZILLOTTI, H. S.; COUTO, S. R. M.; AFONSO, F. da M.. Pirâmides alimentares: uma leitura semiótica. Rev. Nutr.,  Campinas,  v. 18,  n. 6, Dec.  2005.

  • MERCADANTE, A. Z., et al. Avaliação integrada da estabilidade e propriedades funcionais de pigmentos naturais de alimentos. Projetos de pesquisa temáticos – Bibl. virtual: Centro de Documentação e Informação da FAPESP, 2007.

  • PÓVOA, H.; CALLEGARO, J.; AYER, L. N. Nutrição Cerebral. Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 226, 2005.

  • SEAGRI – Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária. Frutas no esporte: mitos e verdades. Disponível em www.seagri.ba.gov.br/frutas_no_esporte.pdf, Acesso em janeiro de 2010.

  • SILVA, E. C; MARTINS, I.S; ARAUJO, E.A.C. Síndrome Metabólica e Baixa Estatura em Adultos da Região Metropolitana de São Paulo. Rev. Ciência & Saúde Col., ABRASCO, 2007.

  • SPOT - Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia. Disponível em www.spot.pt/faq.asp. Acesso em janeiro de 2010.

  • WEINECK, J. Treinamento Ideal – 9º ed. São Paulo: Ed. Manole, 2003.

  • WILLET, W.C.; STAMPFER, M.J.; As novas bases da pirámide alimentar, 2003. Disponível em http://resgate.com.br/index.php?op=NEPortable&sid=154, Acesso em janeiro de 2010.

  • VELOSO, P. Carne ou peixe, quando e quanto? Educare.pt – o Portal da Educação, Dezembro de 2007.

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