Perfil antropométrico de mulheres de um grupo de corrida de rua do município de Campo Grande, MS Perfil antropométrico de las mujeres de un grupo de carreras de calle del municipio de Campo Grande, MS |
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*Profissional de Educação Física Instituto de Ensino Superior da Funlec, IESF **Profissional de Educação Física Instituto de Ensino Superior da Funlec, IESF Escola de Saúde Pública de Mato Grosso do Sul, ESP/MS |
Roselaine dos Santos Bernart* Joel Saraiva Ferreira** (Brasil) |
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Resumo Este estudo teve como objetivo descrever o perfil antropométrico de mulheres participantes de um grupo de corrida de rua do município de Campo Grande–MS. Para tanto, coletou-se dados secundários das medidas antropométricas (massa corporal, estatura e espessura de dobras cutâneas). A população foi composta por quarenta mulheres de 20 a 40 anos (média de 32,4 ± 5,4), estatura de 1,50 a 1,70 m (média de 1,60 ± 0.1), peso de 44,0 a 77,0 kg (média de 60,9 ± 11,0), índice de massa corporal (IMC) de 17,9 a 32,2 kg/m² (média de 22,1 ± 2,9) e percentual de gordura de 12,0 a 34,55% (média de 17,7 ± 5,1). De acordo com o IMC, o grupo estudado apresentou 82,5% classificado como normal, 2,5% com peso baixo e 15,0% com peso corporal elevado. Ao analisar o percentual de gordura, 60% da população obtiveram percentuais excelentes, 10% com classificação boa, 27,5% estão na média e 2,5% muito elevado. Com os resultados descritos, entende-se que as atletas de corrida de rua apresentam normalidade no que se refere aos índices antropométricos, pois grande parte do grupo obteve resultados satisfatórios em relação a dados normativos para a saúde. Unitermos: Exercício físico. Antropometria. Corrida de rua. Mulheres
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 144 - Mayo de 2010 |
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Introdução
Atividade física pode ser definida como atividades que abrangem os trabalhos da vida diária, de lazer e esportes, podendo ser recreação ou competição. O exercício pode ser considerado um componente voluntário da atividade física. (SIMÃO, 2004).
A atividade física é um tema muito comentado neste início de século XXI, com especialistas apontando benefícios e malefícios, indicações e também aplicações. De forma consensual, afirma-se que, se o exercício físico for prescrito adequadamente pode trazer vários benefícios para a saúde e qualidade de vida, principalmente em relação a prevenção de doenças do aparelho cardiovascular. (FLORES, ROSSI e SANTOS, 2006).
Para realizar os exercícios, o organismo necessita de energia e, para isso, é preciso consumir diariamente carboidratos, gorduras e proteínas. Os nutrientes principais no exercício para obter a energia são as gorduras e os carboidratos, enquanto as proteínas contribuem com uma pequena quantidade da energia total. (POWERS e HOWLEY, 2000). Esses nutrientes, denominados macronutrientes, além de ser um combustível biológico, desempenham papéis importantes na manutenção estrutural e funcional do organismo. (MCARDLE, KATCH e KATCH, 1998)
Os carboidratos são compostos por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. São armazenados como uma forma de energia rapidamente disponível: um grama de carboidrato pode fornecer cerca de 4 kcal de energia e são encontradas sob três vias: (1) monossacarídios, (2) dissacarídios, (3) polissacarídios. Cada tipo de carboidrato caracteriza-se pelo número de açúcares simples em combinação dentro da molécula. (POWERS e HOWLEY, 2000).
Com importância nutricional, os monossacarídeos são representados por glicose, frutose e galactose. Os dissacarídios ou açucares duplos, são compostos pela combinação de duas moléculas de monossacarídios. Os três dissacarídios principais são: sacarose, lactose e maltose. Os polissacarídios são a união de três ou mais moléculas de açúcares, podendo ser vegetal ou animal. Duas formas comuns de polissacarídios vegetais são o amido e as fibras e o polissacarídio animal é o glicogênio. (MCARDLE, KATCH e KATCH, 1998).
Com a alimentação excessiva, o organismo adquire energia em demasia, sendo que o excesso de glicose é armazenado na forma de glicogênio nos músculos e no fígado, ou transformado em gordura para o armazenamento dessa energia. (ROBERGS e ROBERTS, 2002).
As gorduras contêm os mesmos elementos químicos que os carboidratos, mas a relação entre o carbono e o oxigênio é muito maior nas gorduras. (POWERS e HOWLEY, 2000). Segundo Mcardle, Katch e Katch (1998), as gorduras podem ser classificadas comumente em três grupos: gorduras simples, gordura compostas e gorduras derivadas. Classificam como gorduras simples as gorduras neutras e as ceras; como gordura composta os fosfolipídios, os glicolipídios e as lipoproteínas; e como gorduras derivadas os ácidos graxos, os esteróides e os hidrocarbonetos.
Para o exercício prolongado, a gordura corporal armazenada é uma ótima fonte de energia, pois as moléculas de gordura contêm grande quantidade de energia por unidade de peso: um grama de gordura pode fornecer cerca de 9 kcal de energia. As gorduras não são hidrossolúveis e podem ser encontradas tanto nos vegetais como nos animais, podendo ser classificadas em quatro grupos gerais: (1) ácidos graxos, (2) triglicerídeos, (3) fosfolipídeos e (4) esteróides. Os ácidos graxos são a principal fonte de gordura utilizada como via de energia para a célula. (POWERS e HOWLEY, 2000).
As proteínas são compostas por subunidades pequenas denominadas aminoácidos, são necessários ao menos vinte tipos diferentes de aminoácidos para que o corpo forme vários tecidos. Nove aminoácidos, considerados essenciais não podem ser produzidos pelo corpo e por isso devem ser consumidos em alimentos. Como fonte de energia, esse nutriente fornece cerca de 4 kcal por grama. (POWERS e HOWLEY, 2000).
Os alimentos que contêm todos os aminoácidos essenciais para manter o equilíbrio nitrogenado e permitir o crescimento e reparo dos tecidos são conhecidos como proteínas completas ou proteínas de alta qualidade, as quais incluem ovos e carnes em geral. Quando o alimento carece de um ou mais aminoácidos essenciais são chamados de proteínas incompletas ou de baixa qualidade, como os encontrados nos vegetais, tais como lentilhas, feijões, nozes e cereais. Entretanto, pode-se obter todos os aminoácidos essenciais se for consumida uma ampla variedade de alimento, cada um com uma quantidade e qualidade de aminoácidos. (ROBERGS e ROBERTS, 2002).
A energia fornecida pelos alimentos não é utilizada imediatamente pelas células, pois a energia dos nutrientes, liberada através da oxidação é contida e transportada como uma forma acessível de energia química, que é o composto de fosfato de alta energia denominado adenosina trifosfato (ATP) (MCARDLE, KATCH e KATCH, 1998). Embora o ATP não seja a única molécula transportadora de energia, ela é a mais importante, e sem a quantidade suficiente de ATP as células podem morrer rapidamente. (POWERS e HOWLEY, 2000).
As células musculares armazenam uma quantidade limitada de ATP. Com isso, a célula precisa de suprimento constante desse composto para que forneça energia necessária à contração muscular. Existem vias metabólicas celulares com capacidade de produção rápida, podendo ser produzido por qualquer uma ou pela combinação das três vias metabólicas: (1) formação de ATP pela transferência da creatina fosfato; (2) formação de ATP por meio da degradação da glicose ou do glicogênio (denominada glicólise) e (3) da utilização do oxigênio na mitocôndria. (POWERS e HOWLEY, 2000; ROBERGS e ROBERTS, 2002; NEVES e SANTOS, 2003).
O corpo humano conta com dois processos metabólicos para manter a concentração muscular de ATP: anaeróbio e aeróbio. A produção de ATP a partir da degradação da creatina fosfato (CP) e por meio da degradação da glicose é chamado de metabolismo anaeróbio, com insuficiência de oxigênio, enquanto que a produção de ATP pela respiração mitocôndrial é designado como metabolismo aeróbio, também chamado de metabolismo oxidativo, realizado na presença suficiente de oxigênio. (ROBERGS e ROBERTS, 2002; NEVES e SANTOS, 2003; SIMÃO, 2004).
Os sistemas metabólicos, anaeróbio e aeróbio contribuem com o ATP durante o exercício, dependendo do tipo de esforço físico realizado, do estado de treinamento e nutrição do indivíduo (FOX, BOWERS e FOSS, 1991). Contudo, o sistema aeróbio fornece a maior parte da energia exigida pela potência aeróbia máxima (VO2 máx), a qual é definida como velocidade máxima com que o oxigênio pode ser consumido (FOX, BOWERS e FOSS, 1991). Durante o exercício físico os indivíduos treinados possuem valores de VO2 máx, até duas vezes maiores que os sedentários, enquanto que em repouso esse consumo é relativamente similar entre o indivíduo treinado e o sedentário. (CARPENTER, 2002).
Além das condições metabólicas de produção de energia durante o exercício físico, há determinantes antropométricos que estão relacionados com tal prática. Nesse sentido, a avaliação de medidas antropométricas é útil para identificar riscos à saúde, determinar perfis de aptidão física, monitorar crescimento e envelhecimento. É também um potencial instrumento para avaliar e prescrever a atividade física com fins de melhorar o desempenho físico, da estética corporal e da saúde (MONTEIRO e FARINATTI, 2000).
Uma variável antropométrica bastante útil na avaliação de praticantes de exercícios físicos é a composição corporal, a qual divide o peso corporal total em massa corporal magra e em massa gorda, sendo a primeira composta de músculos, ossos, pele, água e sangue, enquanto a segunda é integrada de estoques de gorduras vicerais e tecido adiposo (HEYWARD e STOLARCZYK, 2000; NOVAES e VIANNA, 2003). Em adultos, aproximadamente metade da gordura corporal total é representada por gorduras subcutâneas e o restante por gorduras internas. À medida que o individuo envelhece aumenta proporcionalmente os reservatórios de gordura, tanto interno como subcutâneo. (MCARDLE, KATCH e KATCH, 1998).
A inatividade física contribui para que o organismo acumule peso de forma excessiva, o que gera desconforto orgânico, dando uma sobrecarga ao coração, pois as células adiposas não fabricam ATP para realizar a contração muscular, limitando-se a armazenar lipídios. Consequentemente o percentual de gordura elevado é prejudicial ao bom desempenho físico por dois fatores: as células não contribuem para uma produção energética e transportar a gordura é um gasto energético extra. (FOX, BOWERS e FOSS, 1991). Contudo, a influência do exercício físico sobre a composição corporal não é duradoura. Durante a inatividade, diminui a utilização metabólica dos ácidos graxos e estes produtos se liberam com maior lentidão a partir dos depósitos de gordura e o acúmulo de gordura aumenta (PIRES e FARIA, 1983).
Desta forma, a procura por atividades físicas com o objetivo de melhorar a composição corporal e, consequentemente, as condições de saúde, tem aumentado nos últimos anos. Essa situação é decorrente, dentre outros fatores, do aumento do número de estudos epidemiológicos em atividade física, os quais indicam os benefícios proporcionados pelos exercícios físicos em diferentes grupos populacionais. (FLORES, ROSSI e SANTOS, 2006).
De acordo com Costa et al. (2003), entre as mulheres a atividade preferencialmente realizada é a caminhada, sendo a ginástica a segunda atividade física mais praticada, seguidas de ioga, musculação e depois a corrida. Em contrapartida, Salgado e Chacon-Mikahil (2006), ressaltam que tem aumentado o número de indivíduos que estão buscando a prática de algum tipo de atividade física ao ar livre, como as corridas e, especificamente, às corridas de rua, praças e parques. Isso se deve ao fato de que tal tipo de exercício físico pode ser acessível a toda população apta, demandar baixo custo para os organizadores, assim como para o treinamento e a participação, caracterizando-se como uma atividade física popular ou de massa, consideradas atividades também relevantes na perspectiva do lazer, já que uma grande parcela da população pode ter acesso a ela.
A participação da população em corridas de rua, no Brasil, teve um aumento importante nos últimos anos, já se sabe que a prática da corrida de longa duração traz uma série de benefícios, tanto físicos, quanto mentais, aos praticantes (PAZIN et al., 2008; HINO et al., 2009). Desta forma, associado a estes benefícios à saúde, alia-se à facilidade da prática, sobretudo das corridas, que vêm atraindo cada vez mais adeptos e se tornando uma modalidade esportiva cada vez mais popular (SALGADO e CHACON-MIKAHIL, 2006).
Considerando as informações descritas anteriormente, realizou-se este estudo, cujo objetivo foi descrever o perfil antropométrico de mulheres participantes de um grupo de corrida de rua do município de Campo Grande–MS.
Materiais e métodos
O presente estudo caracteriza-se como sendo do tipo transversal e documental, envolvendo mulheres que participam regularmente de um grupo de corrida de rua do município de Campo Grande-MS.O critério de inclusão dos indivíduos no estudo foi a condição de freqüentarem o grupo de corrida por pelo menos 3 meses sem interrupções e que estivessem na faixa etária de 20 a 40 anos.
Como se trata de um estudo do tipo documental, para obter os dados referentes as avaliações antropométricas, foi utilizado o banco de dados do Grupo de Corrida Runners, o qual conta com profissionais que realizam as avaliações físicas e a prescrição dos exercícios.
Os dados antropométricos analisados nesta pesquisa foram as dobras cutâneas, utilizadas para o cálculo do percentual de gordura corporal (%G); o peso corporal e a estatura, utilizados para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC).
Os procedimentos adotados pelos profissionais que realizam a avaliação física no grupo estudado são os seguintes:
Para a avaliação de dobras cutâneas (medidas em milímetros) utiliza-se um adipômetro de marca Sanny, com pressão de 10g/mm² em qualquer abertura, segundo o fabricante. Os pontos anatômicos mensurados são abdômen, supra-ilíaca, axilar-média, subescapular, tricipital, peitoral e coxa, com os quais realiza-se o cálculo do percentual de gordura corporal (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE - ACSM, 2003). Três medidas são tomadas em cada ponto anatômico em seqüência rotacional, sendo registrado o valor mediano.
Para o Índice de massa corporal (IMC) mede-se o peso corporal (em quilogramas), com o avaliado mantido na posição ortostática, vestindo o mínimo possível de roupas. Para a estatura (medida em centímetros) utiliza-se um estadiômetro fixado a uma parede, sendo que o avaliado é mantido na posição ortostática, procurando deixar em contato com a parede as superfícies posteriores de calcanhar, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital. A cabeça é mantida no plano de Frankfurt.
Os dados antropométricos obtidos no referido banco de dados foram submetidos à estatística descritiva (média e desvio padrão). Para realizar a classificação dos índices obtidos utilizou-se os valores propostos pela Organização Mundial de Saúde – OMS (2004) para o IMC, sendo que a classificação adotada foi “baixo peso”, “normal” e “excesso de peso” (sendo que agrupou-se em excesso de peso as classificações sobrepeso, obesidade leve, obesidade moderada e obesidade grave). Para a classificação do percentual de gordura foi adotada a sugestão de Jackson et al., que classifica como excelente, bom, média, elevado e muito elevado, conforme descrito por Heyward e Stolarczyk (2000).
Apresentação e discussão dos resultados
Os dados obtidos neste estudo são apresentados a seguir, sendo que a Figura 1 apresenta a distribuição da população pesquisada, conforme diferentes faixas etárias. Na Tabela 1 estão descritas as características antropométricas e nas Tabelas 2 e 3 a classificação de dois índices antropométricos utilizados no estudo, respectivamente IMC e percentual de gordura.
Figura 1. Distribuição por faixa etária das mulheres participantes
de um grupo de corrida de rua de Campo Grande-MS (n = 40)
Neste estudo, verifica-se que 77,5% das mulheres que frenquentam o grupo de corrida têm idade acima de 30 anos (Figura 1). Esta faixa etária, a partir dos 30 anos de idade, parece ser o período da vida em que as mulheres têm procurado mais pela prática de um exercício físico. Este fato pode ser notado com os resultados apresentados por Matsudo et al. (2002) que realizaram uma pesquisa no Estado de São Paulo, na qual a porcentagem de mulheres sedentárias foi similar nos grupos de idade mais jovens de 15-29 anos e nos mais velhos acima de 70 anos (10%). O mesmo fato aconteceu com a porcentagem de mulheres regularmente ativas que atingiu 44,5% no grupo de 15-29 anos e 46% nas maiores de 70 anos, sendo que na faixa etária de 30 a 69 anos a porcentagem de mulheres ativas superou 50%.
Em contrapartida, há estudos como o de Costa et al. (2003) que identificou as mulheres como o grupo mais sedentário, comparando-as com os homens. Estes autores desenvolveram o estudo na cidade do Rio de Janeiro, com funcionários técnico-administrativo de uma universidade e detectaram que a inatividade física é maior entre as mulheres, pois apenas 40,8% das entrevistadas referiram alguma prática de exercício físico, enquanto que entre os homens, esse percentual atingiu cerca de 52%. Observou-se também uma tendência maior a prática de exercício físico entre as mulheres mais velhas, com maior escolaridade e com maior renda familiar per capita.
Tabela 1. Características antropométricas de mulheres participantes de um grupo de corrida de rua de Campo Grande-MS (n = 40)
Variável |
Média |
Desvio Padrão |
Mínimo |
Máximo |
Peso corporal (kg) |
60,9 |
11,0 |
44,0 |
77,0 |
Estatura (m) |
1,60 |
0,1 |
1,50 |
1,70 |
Índice de massa corporal (kg/m2) |
22,1 |
2,9 |
17,9 |
32,2 |
Percentual de gordura corporal (%) |
17,7 |
5,1 |
12,0 |
34,5 |
Os valores da massa corporal e da estatura da população estudada resultaram num valor médio de índice de massa corporal de 22,1 kg/m², que de acordo com a classificação adotada neste estudo, é considerado normal. O mínimo encontrado foi de 17,9 kg/m², o qual é classificado como baixo e o IMC máximo encontrado foi de 32,2 kg/m², que é considerado elevado. Já a média encontrada no percentual de gordura foi de 17,7%, classificada como excelente, com o valor mínimo desta variável de 12,0% que também se classifica como excelente e o máximo de 34,5% que se classifica como muito elevado.
Encontrou-se um valor semelhante quando Cyrino et al. (2002), realizaram uma pesquisa com 11 culturistas brasileiras, sendo que a média do IMC descrita pelos pesquisadores foi de 21,3 kg/m², classificado como normal e para o percentual de gordura foi 8,1%, classificado como excelente.
Tanto nos resultados deste estudo, quanto das pesquisas referenciadas, entende-se que a prática regular de exercícios físicos tem proporcionado boas condições antropométricas, o que é confirmado por Mcardle, Katch e Katch (1998).
Tabela 2. Classificação do índice de massa corporal (IMC) de mulheres participantes de um grupo de corrida de rua de Campo Grande-MS (n = 40)
Índice de massa corporal (IMC) |
N |
% |
Baixo |
1 |
2,5% |
Normal |
33 |
82,5% |
Elevado |
6 |
15,0% |
O resultado da pesquisa mostra que 82,5% da população estão com o peso corporal proporcional a sua estatura, conforme classificação do IMC, tida como normal. Apenas 2,5% estão com o peso baixo e 15,0% estão com o peso corporal elevado.
Na faixa etária de 20-24 anos e de 25-29 anos, todas as mulheres estavam com o IMC normal, enquanto que entre as mulheres de 30-34 anos encontrou-se 3 casos de IMC elevado e de 35-40 encontrou-se um caso de IMC baixo e 3 casos de IMC elevado.
De acordo com Heyward e Stolarczyk (2000), há uma perda de 10 a 16% da massa corporal magra entre as idades de 25 e 65 anos, devido as perdas substanciais de massa óssea, músculo esquelético e água corporal total, pois esses componentes vão diminuindo conforme a idade aumenta, fato este que se reflete em uma composição corporal diferente para mulheres idosas e mais jovens. Esta explicação dada pelas autoras citadas pode justificar o fato de que neste estudo encontrou-se classificação de peso elevado somente em mulheres com idade acima de 30 anos.
Conforme descrito anteriormente, o IMC é uma técnica bastante utilizada em estudos antropométricos, mas é incapaz de quantificar suas variações. Outro parâmetro importante a ser levado em consideração é a composição corporal, já que o percentual de gordura é um fator importante na qualidade de vida e também para a prática de exercícios físicos, como no caso da corrida.
Tabela 3. Classificação do percentual de gordura corporal (%G) de mulheres participantes de um grupo de corrida de rua de Campo Grande-MS (n = 40)
Percentual de gordura corporal (%G) |
N |
% |
Excelente |
24 |
60,0% |
Bom |
4 |
10,0% |
Média |
11 |
27,5% |
Elevado |
0 |
0,0% |
Muito elevado |
1 |
2,5% |
Ao analisar o percentual de gordura corporal, pode-se notar que a maioria das mulheres do grupo investigado obteve percentuais excelentes, que no total equivale a 60% da população. Houve também 10% com o percentual de gordura corporal bom, 27,5% estão na média da população e apenas 2,5% muito elevado. Não foi encontrado nenhum caso de percentual elevado na população investigada. Além disso, apenas na faixa etária de 35-40 anos encontrou-se um caso de %G elevado, o restante variou entre excelente, bom e média.
A corrida, por ser uma modalidade esportiva com predominância de metabolismo aeróbio, pode justificar os resultados encontrados, pois a fonte energética para suprir as necessidades são os estoques de gordura.
Em uma pesquisa semelhante, na qual Guedes et al. (2002) avaliaram mulheres de 17 a 34 anos, atletas de corrida de rua do estado de Sergipe, a média para o %G encontrada foi de 17,35 com a classificação de excelente e apenas uma atleta estava com seu percentual de gordura corporal elevada.
Conclusão
Os resultados apresentados no presente estudo indicaram normalidade no que se refere ao IMC e baixos índices de adiposidade corporal nas atletas de corrida de rua.
Com esses resultados entende-se que a prática da corrida de rua tem um papel importante para o controle e adequação da composição corporal, pois a maioria da população investigada obteve resultado satisfatório em relação à saúde.
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