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Esporte escolar: o jogo de educar

Deporte escolar: el juego de educar

 

*Licenciados em Educação Física – Unitoledo – Araçatuba/SP

*Professor Orientador do Curso de Educação Física-Unitoledo

Mestre em Pedagogia do Movimento, Corporeidade Humana e Lazer – UNIMEP

(Brasil)

Douglas Augusto Barbosa*

Aroldo Oswaldo Mirio Jr*

José Ronaldo Sabbo*

Manoel Santos Jr **

santos-jr65@uol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O estudo analisa o Esporte Educativo, no âmbito da Educação Física Escolar, através de questionário com três perguntas direcionadas a vinte professores de Educação Física da região de Araçatuba, sobre a sua concepção, importância e aplicação do Esporte nas aulas de educação física, que nos remeteu a concluir que estes têm conhecimento do papel do esporte e dizem aplicá-lo de forma a contribuir para a formação global do aluno, principalmente nos aspectos relacionados ao respeito e a participação social, mas na prática apresentam dificuldades de desenvolver os conteúdos e objetivos por diversos obstáculos apresentados no ambiente escolar, focando-o como objeto de performance e participação, mas pouco valorizado sob aspecto educativo.

          Unitermos: Esporte. Esporte escolar. Educação Física escolar

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 144 - Mayo de 2010

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Introdução

    O esporte atualmente vem adquirindo espaço e importância cada vez mais no ambiente escolar, em nossa sociedade, basta olhar á nossa volta para que comprovemos isto verificando o espaço deixado pela mídia, constatamos que a maioria das revistas de atualidades e jornais de grande circulação no País apresenta cadernos ou seções dedicadas a ele. Os canais abertos de televisão possuem desde blocos nos telejornais, até programas diários, semanais ou internacionais especializados em esportes. É uma atividade que envolve muito dinheiro e movimenta a indústria de lazer, turismo, roupas, equipamentos esportivos, alta tecnologia e pesquisas cientificas.

    Seu significado é o conjunto de exercícios físicos, desporto, desporte.

    O esporte se tornou um estilo de vida, tanto que CAGIGAL apud DARIDO e RANGEL (2005) chegou a afirmar que o esporte é um dos hábitos que caracteriza o nosso tempo, ou como coloca TUBINO (1999)’’o maior fenômeno do século XX.

    O reconhecimento do esporte como um fenômeno social contemporâneo estimula reflexões sobre o seu tratamento como um conteúdo curricular escolar.

    Portanto, o objetivo deste trabalho é conceituar, classificar, caracterizar, refletir, discutir, e propor vivências apontando possibilidades de tratamento didáticas no sentido da construção de uma identidade escolar dos esportes através dos Parâmetros Curriculares Nacionais.

A História do Esporte

    O esporte moderno surgiu na Inglaterra, berço do Capitalismo, no final do século XIX, a mesma época da Revolução Industrial. O futebol, o atletismo moderno e o rúgbi surgiram nesta época.

    No Brasil, o inicio do esporte deu se na metade da década de 40. Entre 1946 e 1968 a Educação Física sofreu a influencia de um método criado na França, por AUGUSTO LISTELLO, conhecido como Método Desportivo.

    Generalizando, esse método procurou na Educação Física, dando ênfase ao aspecto lúdico. Iniciar os alunos nos diferentes esportes era o objetivo principal, e a estratégia utilizada era os jogos sendo ele, mais livre, flexível, rígido e com poucas regras, sendo com regras, técnicas e táticas impostas pela atividade esportiva praticada.

    Com a ascensão do Regime Militar, o esporte tornou se a razão de Estado e a Educação Física Escolar sucumbiram subordinadas a este durante toda a década de 70. Com nova regulamentação especifica, a aptidão física torna se a referência fundamental para orientar desde o planejamento até a avaliação de Educação Física com a inclusão da iniciação esportiva a partir da 5ª série do Ensino Fundamental, o desenvolvimento da aptidão física, mencionada na lei, se dá por meio do esporte.

    Assim, investigar a inserção da pratica esportiva, no âmbito da Educação Física Escolar Brasileira, justifica-se por apresentar uma reflexão no atual discurso sobre o fenômeno esportivo presente nessa disciplina: “A influência do esporte sobre a educação tem um grande crescimento após a Segunda Guerra Mundial, afirmando-se como elemento hegemônico da cultura corporal’’(ASSIS, 2001, P. 15)

    O cenário político muda e a década de 80 fica marcada no meio acadêmico, pelo questionamento e pela reflexão sobre o papel da Educação Física e principalmente sobre o papel do esporte dentro da escola. Viajamos pela história desse fenômeno, mas afinal de contas, o que vem a ser esporte?

Conceitos dos Esportes

    Em sua origem a palavra esporte significa regozijo, ou seja, diversão continua, ainda hoje servindo de base para quase todas as definições atuais.

    Esporte é um fenômeno sociocultural, que envolve a prática voluntária de atividade predominante física competitiva com finalidade recreativa, educativa ou profissional, e predominantemente física não competitiva com finalidade de lazer, contribuindo para a formação, desenvolvimento e aprimoramento físico, intelectual e psíquico de seus praticantes e expectadores.

    Vários autores escreveram sobre os conceitos do esporte, porém, conceitos contraditórios. Conceitos estes que apresentam em comum uma estreita ligação entre o esporte e o jogo.

    FEIO apud DARIDO E RANGEL (2005) coloca que o esporte e o jogo têm em comuns elementos essenciais: liberdade, prazer e regras, mas esses elementos se diferenciam em atividades: a liberdade e a gratuidade são inerentes ao jogo no esporte, não se exclui a importância dada aos resultados, o que se faz é tão importante quanto à livre escolha que se fez no jogo, o prazer é processado imediatamente e unicamente pela motivação lúdica, o esporte, integra, em grande proporção gosto pelo esforço, o confronto com o perigo e os desafios do treinamento, as regras do esporte apresentam se restritivas, imperiosas, minuciosas e coerentes como o objetivo que se deseja alcançar.

    Para TUBINO (1999) acrescenta que, no esporte moderno, o jogo tinha sofrido uma atrofia considerável e que a sistematização levará a perda de qualidade de jogo à medida que esse não levava ao divertimento.

Classificação dos Esportes

    Diversas são as maneiras de classificar o esporte e vários são os autores que o fizeram (FERRANDO, 1990; KOLYNIAK FILHO, 1997; CAGIGAL, 1972).

    Optamos por uma classificação que se mostra bem interessante e adequada aos propósitos que foi apresentada por TUBINO (2000) e TUBINO et al. (2001). Este autor classificou o esporte sob três aspectos de sua manifestação: o esporte-educação; o esporte-participação e o esporte-performance ou de rendimento, embora, na realidade concreta, nem sempre seja fácil localizar ou diferenciar essas manifestações.

O Esporte Educação

    Focalizado na escola, tem por finalidade democratizar e gerar cultura pelo movimento de expressão do indivíduo em ação como manifestação social e de exercício crítico da cidadania, evitando a exclusão e a competitividade exacerbada. Assim, o professor, ao trabalhar o esporte-educação, além de proporcionar aos alunos a vivência de diferentes modalidades, deve levá-los a refletir de forma crítica, não só sobre os problemas que envolvem o esporte na sociedade, tais como a utilização de drogas ilícitas para melhoria da performance, a corrupção e violência, mas também sobre seus aspectos positivos, como a geração de empregos, o desenvolvimento de pesquisas científicas, tanto no tocante a novas tecnologias, como na área médica.

    Concordando com Paes (2002) e Tubino (2002), temos que acreditar em nossos estudos, pois se o esporte esta presente na vida do indivíduo, o mesmo, tem que ser inserido nas aulas de Educação Física escolar. Apresentando o objetivo de auxiliar na formação do cidadão e em sua convivência na sociedade.

    CRUM (1993) ajuda-nos a reforçar a idéia da necessidade de oferecimento do esporte na escola, pois segundo o autor, o esporte está presente em clubes, escolas especializadas em esporte, etc.; porém não é toda a camada da população que é atingida, além disso, apesar destas instituições também poderem atuar educacionalmente, os objetivos principais não são os mesmos do ambiente escolar.

    [...], partindo do principio de é desejável que todos os jovens tenham oportunidades iguais para se familiarizarem com uma série de aspectos da cultura motora no seio da qual crescem, parece óbvio que a escola tem de desempenhar um papel central no processo de socialização de movimento (CRUM, 1993, p.143)

O Esporte Participação

    Referenciadas pelos princípios do prazer lúdico, essas manifestações ocorrem em espaços não comprometidos como tempo e livres de obrigações da vida cotidiana, apresentam como propósitos a demonstração, a diversão, o desenvolvimento pessoal e a interação social. O esporte-participação pode ser praticado por jovens, adultos, indivíduos da terceira idade, portadores de necessidades especiais, homens, mulheres.

    É comum observarmos as pessoas se organizando para jogar futebol, basquetebol, voleibol, praticar ciclismos, ginástica, realizar caminhadas ou ainda esportes de aventura, em espaços públicos de lazer e esporte, nos clubes, nas praias, nas ruas e também em algumas instituições de ensino que cedem espaços para a realização de tais atividades nos finais de semana (escola da família) ou nos períodos de ociosidade das atividades cotidianas.

O Esporte Performance

    Também chamado de esporte de rendimento, traz consigo os propósitos de novos êxitos e a vitória sobre os adversários. As diferentes modalidades esportivas estão ligadas a instituições (ligas, federações, confederações, comitês olímpicos) que organizam as competições locais, nacionais ou internacionais e têm a função de zelar pelo cumprimento das regras e dos códigos éticos. É exercido sobre regras universalmente preestabelecidas, e apresenta uma tendência a ser praticada pelos talentos esportivos, tendência que marca o seu caráter antidemocrático. Certamente que, em meio a tantos aspectos negativos, também a um grande número de aspectos positivos é citado o esporte de competição como uma atividade cultural que proporciona intercâmbio internacional o envolvimento de recursos humanos qualificados, o que provoca a existência de várias profissões especializadas no esporte, a geração de turismo, o efeito-imitação como influência ao esporte popular e o crescimento de mão-de-obra especializada na indústria de produtos esportivos. Exemplos dos esportes-performance podem ser vistos nos finais de semana, algumas modalidades com maior ou menor freqüência, pelas transmissões televisivas dos campeonatos nacionais e internacionais de futebol, voleibol, vôlei de praia, automobilismo, basquetebol, surf, judô, ginástica artística, natação, entre outros.

PCNs. Sobre esporte conceitos e procedimentos

    Nesta perspectiva, os PCN recomendam uma Educação Física que extrapole suas atividades curriculares, visando à construção de uma escola comprometida com a transformação social, permitindo o conhecimento crítico da realidade, onde a educação para a cidadania possibilitará que questões sociais sejam apresentadas para uma maior reflexão. Entendendo os conteúdos como produtos sócio-culturais, a Educação Física no Ensino Fundamental amplia a participação do aluno e transforma sua ação pedagógica. Assim, o esporte entra no contexto escolar de forma recreativa, na compreensão dos aspectos históricos, sociais, vivência de esportes individuais e coletivos no contexto participativo e também competitivo, organização de campeonatos dentro da escola, na capacidade de adaptar espaços e materiais para realização de esportes.

    Os PCNs ainda mostram a importância dos temas transversais para a área de Educação Física, já que, ao discutir questões como: ética, pluralidade cultural, orientação sexual, meio ambiente, trabalho e consumo, saúde, historia das olimpíadas, inclusão e exclusão da mulher e do negro em determinados momentos históricos e entre outros, permite-se o debate relevante e urgente de questões fundamentais para o país, onde valores enraizados na Educação Física serão questionados, visando modificar atitudes e comportamentos apresentados pelos alunos construindo gesto esportivo com percepção e desenvolvimento das capacidades físicas e habilidades motoras relacionadas ás atividades desportiva.

    Quando a Educação Física considera que o homem em movimento produz cultura, estabelecendo relações de valores nas suas diversas dimensões, ela está possibilitando vivências de práticas corporais que reconhecem ética, pluralidade cultural e saúde, entre outras, na discussão sobre o corpo inserido na sociedade de consumo, questionando seu papel na relação com o mundo.

    Ao tratar da inclusão no ambiente escolar não se refere apenas em alunos portadores de necessidades especiais, ou aqueles que apresentam problemas neurológicos e sim a preocupação de todos os alunos estarem incluídos no processo de ensino e aprendizagem. Para não se repetir a característica onde só era privilegiada a participação nas aulas de Educação Física os alunos dotados e habilidosos, deixando de lado os alunos venham a ter dificuldades como os gordinhos e os de baixa estatura. Respeitando as diferenças de todos, pois cada sujeito possui a sua individualidade.

    É preciso ensinar aos alunos a competição saudável, a que permite que o jogo se torne atrativo. Assim a competição no esporte deve ser desenvolvida de maneira que não ponha em risco o risco princípio lúdico, ou seja, não interfira no prazer de se praticar o jogo.

    No contexto escolar, há a necessidade de que os alunos percebam o elemento competitivo do esporte no seu sentido primeiro, ou seja, como um fator motivacional. A principal competição a ser incentivada e a do aluno consigo mesmo na busca da superação de seus próprios resultados.

Objetivos

    No Ensino Fundamental, serão oportunizadas diversas vivências que valorizem o aluno como produtor do conhecimento, estimulando a reflexão crítica e a utilização do corpo como instrumento de interpretação do mundo. Para isso, o ensino da Educação Física oferecerá a organização de um ambiente que possibilite desenvolver as capacidades de:

  • Conhecer e utilizar o corpo em movimento no tempo e no espaço;

  • Dominar os movimentos básicos do corpo;

  • Ampliar o repertório motor na combinação de movimentos e habilidades;

  • Identificar e utilizar as atividades ludo-pedagógico do cotidiano escolar na organização do lazer;

  • Repudiar a violência, evidenciando o respeito mutuo, a ética, a dignidade e a solidariedade;

  • Incorporar as manifestações corporais das diversas culturas ao acervo lúdico;

  • Demonstrar autonomia na legislação da regra dos jogos;

  • Entender a diversidade cultural e conviver com ela na organização e execução das práticas corporais;

  • Compreender a importância da atividade física e do esporte para a saúde, relacionando-a com os fatores sócio-culturais;

  • Adquirir habilidades esportivas, reconhecendo a importância do gesto motor, despertando o prazer pelo esporte;

  • Responsabilizar-se pelo desenvolvimento e manutenção de suas capacidades físicas (resistência aeróbica, força, velocidade e flexibilidade)

  • Valorização e respeito com sensações, emoções, limites, integridade física e morais pessoais e dos colegas.

  • Reconhecimento e valorização de atitudes não discriminatórias, quanto à habilidade, sexo, cor e outras.

  • Predisposição em cooperar com colega ou grupo, participar em jogos esportivos, recreativos.

    Propõe-se, assim, a valorização do aluno, dando movimento a cada idéia dentro da escola numa perspectiva interdisciplinar, cabendo ao professor mediar às vivências, desenvolvendo habilidades e competências na formação do ser crítico participativo.

    O esporte é uma ótima forma dos alunos aprenderem que a vida não é feita só de vitórias e que nem sempre se consegue tudo o que se almeja. Os esportes os põem frente à derrota, o que os obrigam a aprenderem a superar suas frustrações CAGIGAL, (1981, p.203)

O esporte nas aulas de Educação Física

    O esporte serve muitas vezes como ajuda na socialização das crianças, e nas aulas de Educação Física não é diferente, mas também estando atento em um tratamento didático e pedagógico, ensinando-lhes a maneira correta que se deve trabalhar, sempre tirando dúvidas e as desafiando cada vez mais, não querendo transformar em superatletas, mais com o objetivo de que se tornem pessoas melhores e é nesse fim que nós futuros professores temos que trabalhar.

    Devemos valorizar o conhecimento do conteúdo, construindo uma análise no esporte em geral, conhecendo suas modalidades, códigos, regras, instalações e aparelhos aprendendo e debatendo com esportistas e professores de determinadas modalidades conforme formos trabalhando.

    Acreditamos que no ambiente pedagógico devemos tentar mostrar aos alunos atividades espontâneas com materiais que devem facilitar a atividade, desencadeando problemas para que eles resolvam, mudando os métodos quando esses mudam as formas de pensar, citando exemplos e atividades alternativas, ensinando-lhes a observar os fatos e o que não souberem indagarem, tentando trabalhar em grupo e fazendo com que desenvolvam habilidades de comunicação e socialização.

    RAMIREZ apud SCARPATO (2007) Trabalhar com os conteúdos dos esportes na escola tem como pressuposto o aspecto de servir ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor, como individuo e a construção do conhecimento.

    Para trabalhar com os esportes inclusive nas escolas, é necessário compreendê-los a partir de suas modalidades e dos pontos em comum que elas apresentam,não há desenvolvimento e esporte rico possível sem uma estrutura que lhe dê origem e o sustente, sem uma estrutura que não passe pelo sujeito.

    O esporte nas aulas de Educação Física deve estar segundo KUNZ apud DARIDO E RANGEL (2005) pedagogicamente transformado, esporte escolar tem como pressuposto o aspecto de servir ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor, e à construção do conhecimento. Nós educadores devemos permitir que as crianças descobrissem novos métodos de diversão e aprendizagem, pois brincadeiras exercidas por eles em casa já são realizadas cotidianamente, se nós educadores dermos atividades já executadas por eles, estaremos permitindo que eles fiquem estáticos, ou seja, que eles não aprendam nada de novo.

    Refletir sobre o esporte nas aulas de Educação Física escolar procuramos destacar uma educação fazendo de seus conteúdos uma ferramenta para o processo de formação dos alunos. A maneira que é utilizada o esporte nas aulas, destaca-se o sistema escolar, caracterizando o não esporte da escola e sim o esporte na escola, concordando com o (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.07), é questionado a forma de ser trabalhado o esporte no ambiente escolar, pois é repassados regras e regulamentos dos esportes competitivos aos alunos. O professor acaba se tornando um treinador de seus alunos atletas, onde começam a ser exigido resultados e comparações a talentos esportivos.

    Reforçando a critica de coletivos de autores, da utilização do esporte como rendimento no contexto escolar sendo esta forma, a conseqüência de frustração para a maioria dos alunos que não rendem o necessário, fazendo com que eles convivam com o sentimento de incapacidade e improdutividade.

    Uma escola que assume por missão consolidar a capacidade e a vontade dos indivíduos de serem atores e ensinar a cada um a reconhecer no outro a mesma liberdade que em si mesmo, o mesmo direito a individualização e a defesa de interesses sociais e valores culturais é uma escola de democracia. (TORAINE 1998, p.339)

    Os conteúdos do esporte nas aulas de Educação Física e sua tematização como nos advertem KUNZ apud DARIDO E RANGEL (2005) devem existir a partir da compreensão do esporte como fenômeno sociocultural, de maneira que os alunos não o façam acontecer apenas por sua ação motora, e sim principalmente por sua ação reflexiva.

    Cada vez mais os alunos estão desinteressados pelas aulas propostos pelos professores, e sim interessados naquilo que os satisfazem, que na maioria das vezes acaba não sendo o ideal para eles, e infelizmente não existe uma relação dialética entre educador e aluno, onde a autoridade é o professor e o aluno deve fazer um papel passivo obedecendo.

    Historicamente uma das primeiras classificações surgiu a partir dos esportes atléticos. Eles compreendiam as corridas, marchas, lançamentos e saltos, além de algumas provas combinadas, como o pentatlo e o decatlo. Além de existir uma divisão dos esportes em olímpicos e não olímpicos, individuais ou coletivos. Dentro dessa perspectiva, ainda pode-se notar os esportes artísticos, náuticos, militares, radicais e os de aventura. Outra tentativa para se classificar os esportes toma como foco as habilidades, estas se separam, conforme BOMPA apud DARIDO E RANGEL (2005) em cíclicas, acíclicas e combinadas.

    O Único Caminho para a verdadeira critica ao esporte é abandono da vivencia em prol do discurso filosófico e sociológico. 

    TOURAINE (1998) defende a idéia de uma transformação da escola, onde ela não deva ter a função exclusiva de instruir, mas sim se preocupar com o ato de educar, e acima de tudo aumentar a capacidade dos indivíduos a ser sujeito. (TOURAINE, 1998, p.327).

    Parece ser fundamental o aprendizado dos gestos motores na caracterização das atividades esportivas, e mais, é essencial a prática desses gestos para a progressão, visando à apropriação das modalidades esportivas. Talvez a questão central relacione-se á contraposição entre a prática consciente e a prática alienada. As dimensões dos conteúdos colocam-se como chave importante para a orientação nesse sentido. Como sugestão para uma abordagem metodológica envolvendo as reflexões acima apresentadas, destaca-se a proposição de objetivos que também levem em consideração as dimensões dos conteúdos.

O Esporte como algo a ser modificado

    Algumas discussões podem ser motivadas a partir da proposta de transformação do esporte. Os mais rigorosos podem entender que qualquer modificação na estrutura, que diz respeito às regras ou ao espaço físico no qual acontece a vivência, pode ser considerada uma descaracterização da prática esportiva. Porém no ambiente escolar, ou mesmo nas escolas de esporte que trabalham ao nível da iniciação, inúmeras adaptações com objetivo de adequação ás  características da clientela.

    Em geral, essas ações contribuem muito mais do que atrapalham na compreensão do que venha a ser esporte.

    Tendo em vista as diversas possibilidades de adaptação, os alunos devem compreender através da vivência e também da construção e desconstrução das regras, que o esporte caracteriza-se como um campo de ação aberto, e a atribuição de sentidos e significados pode ser orientada a adjetivos tais como a satisfação de um prazer intrínseco, uma atividade com fins sociais, uma vivência á aquisição e manutenção da saúde, entre outras possibilidades.

    Concordando com Cagigal (1981), quando ele aponta que o esporte é extremamente importante, onde em nossa sociedade cada vez menos pessoas se exercitam apresentando alto índice mortalidade em doenças cardiovasculares.

Metodologia

    O Artigo foi realizado através de pesquisas bibliográficas associada a uma pesquisa de campo de caráter quantitativa e apresentando um corte transversal da realidade investigada, contando com a colaboração de 20 (vinte) professores de Educação Física através de entrevistas sobre os conteúdos relacionados aos esportes praticados em suas disciplinas. A pesquisa foi desenvolvida em escolas da rede estadual de ensino de Birigui e Guararapes – SP, entre os meses de Agosto e Setembro de 2009.

    Perguntas realizadas junto aos profissionais de Educação Física com tratamento estatístico.

  1. Qual a diferença entre jogos e esportes?

  2. Qual a importância do esporte nas aulas de Educação Física para a formação dos alunos?

  3. De que forma você utiliza o esporte em suas aulas?

    Para a análise das respostas obtidas, utilizamos da técnica de análise de conteúdo de BARDIN (1977) para identificar os indicadores das respostas e, posteriormente transformá-las em números quantitativos para tratamento estatístico descritivo.

Resultados e análise

1 .     Qual a diferença entre jogos e esportes? 

Jogo

    Diante das respostas obtidas na pesquisa, podemos observar que 25,5% dos professores entrevistados classificam o jogo como uma brincadeira, já 18,2% entende que o jogo é relacionado sem regras flexíveis sendo que 41,8% visualizam como uma forma lúdica e a divertida, já 14,5% destacam o jogo como: cooperação, forma de educar, lazer e recreação.

Esportes

    Com relação ao esporte 24,3% dos entrevistados entende que o esporte está relacionado a atividades físicas, já 20% entende como regras estabelecidas, 10,0% entendem o esporte como cultura, e 35,7% compreendem o esporte como formação de atletas e competição, 10% classificam o esporte como individuais coletivos, com fins lucrativos.

2.     Qual a importância do Esporte nas aulas de Educação Física para a formação dos alunos?

    Neste gráfico observamos que 20,5% acreditam que a saúde contribui na formação dos alunos e 28,2% responderam que a disciplina e o respeito são fundamental, 32,1% dos entrevistados alegam que a socialização e cooperação têm como o mais importante no ambiente escolar, e apenas 19,2% relatam que a educação, espírito de equipe, companheirismo, inclusão e desempenho são os fatores principais na formação dos alunos.

3.     De que forma você utiliza os esportes em suas aulas?

    De acordo com nossos entrevistados, 18,8% utilizam o esporte em suas aulas como uma participação coletiva dos alunos, 20,0% relata que o respeito é usado nas aulas através dos esportes e 17,5% afirmam que a disciplina é desenvolvida, já 12,5% alegam que através dos esportes conseguem a interação como objetivo, 15,0% afirmou que se utiliza o esporte como competição e como método ideal, e outros 16,2% usam em suas aulas como iniciação esportiva, fundamentos táticos e técnicos, colaboração, jogos, conteúdos educacionais.

Conclusão

    Diante da pesquisa realizada com os Profissionais de Educação Física, podemos concluir que todos os entrevistados têm conhecimentos que devem aplicar os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) em seus projetos pedagógicos.

    Mas a aplicação dos PCNs está somente na teoria, considera-se este artigo uma tentativa de refletir, a partir das vivencias colhidas na entrevista sobre o esporte no ambiente escolar presenciando o descaso com os alunos, pois são aplicadas atividades repetitivas como bola queimada, futebol e vôlei.

    Embora todos os profissionais entrevistados tenham conhecimentos sobre a importância de aplicar os PCNs em seus projetos pedagógicos, o que criaria mudanças e melhorias nas aulas de Educação Física, os mesmos não são aplicados por vários fatores como: falta de espaço, material de trabalho, comodismo por parte de professores e alunos e o desinteresse devido a salários insatisfatórios.

    Concluímos que o esporte é um fenômeno sociocultural, que envolve a prática voluntária de atividade predominante física competitiva com finalidade recreativa ou profissional e educativa, predominantemente física não competitiva com finalidade de lazer, contribuindo para a formação, desenvolvimento e ou aprimoramento físico, intelectual e psíquico de seus praticantes e expectadores, e a discussão sobre o melhor método pedagógico a ser aplicado irá continuar, esperamos ver novos artigos relacionados a este assunto.

Referências bibliográficas

  • ASSIS DE OLIVEIRA, Sávio. A reinvenção do esporte: possibilidade da prática pedagógica. Campinas-SP: Autores Associados, 2001.

  • BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

  • CAGIGAL, J.M. Oh Desporte (Anatomia de un Gigante). Spain: Editorial Mihón. 1981. (Collección KINÉ de Educación y Ciência Desportiva). 234p.

  • CRUM, B. A crise de identidade da Educação Física. Ensinar ou não ser, eis a questão. Boletim SPEF, nº 7/8, p. 133-148, 1993.

  • DARIDO, Suraya Cristina, RANGEL Irene Conceição Andrade. Educação Física na Escola: Implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2005.

  • MEC/SEF. Parâmetros Curriculares Nacionais. V7. Educação Física, Brasília: Secretária de Educação Fundamental, 1998.

  • PAES, R.R. A pedagogia do esporte e os jogos coletivos. In ROSE JR., D. de; et al. Esporte e Atividade Física na Infancia e na Adolescencia. Porto Alegre: Artmed, 2002, p.89-98.

  • RAMIREZ, Fernanda. O Esporte nas Aulas de Educação Física in SCARPATO, Marta (Org.) Educação Física – como planejar as aulas na Educação Física, São Paulo, Editora Avercamp, 2007 (59-75)

  • TOURAINE, A. Podemos viver juntos? Iguais e diferentes. Petrópolis: Vozes, 1998.

  • TUBINO, Manuel José Gomes. O que é Esporte, - Coleção primeiros passos; São Paulo, Editora Brasiliense, 1999.

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