efdeportes.com

Detecção de talentos na escola: possibilidades e limitações

Detección de talentos en la escuela: posibilidades y limitaciones

 

*Maestría en Ciencias de la Educación Física, el Deporte y la Recreación

Facultad de Cultura Física de Matanzas (Cuba)

Professor “Universidade Presidente Antonio Carlos” (UNIPAC) – Itabira (Brasil)

**Facultad de Cultura Física de Matanzas (Cuba)

Msd. André Magalhães Queiroz*

andrmqueiroz@yahoo.com.br

DrC. Luis Cortegaza Fernández**

luis.cortegaza@umcc.cu

 

 

 

 

Resumo
          A seleção esportiva constitui hoje em dia um dos aspectos mais polêmicos no campo da Teoria e Metodologia do Treinamento como ciência independente. Este processo deve iniciar desde a infância tendo como matéria prima fundamental os meninos que participam nos planos e programas de educação física, processo que segundo critérios dos autores possui muitas limitações e a sua vez possibilidades de melhorar dentro do sistema educacional e esportivo brasileiro. Pelo que o presente artigo nos traz uma aproximação ao que deva ser proposto

          Unitermos: Seleção esportiva. Possibilidades. Limitações

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 144 - Mayo de 2010

1 / 1

Introdução

    É inegável a contribuição da educação física na formação de hábitos que possam contribuir sensivelmente para a promoção da saúde da população, a escola está concebida como o lugar de formação junto à família e construção de hábitos e conhecimentos saudáveis que poderiam e deveriam permitir sua ampla utilização do movimento (Marques & Gaya 1999) o desenvolvimento de atitudes, habilidades e hábitos que possam auxiliar futuramente na adoção de um estilo de vida ativo fisicamente na idade adulta (Brum et al. 2004, Santos & Simões 2007, Ceschini 2009), no entanto, nessa ordem de idéia, é necessário fazer investigações que demonstrem como se podem beneficiar a indivíduos que ainda se encontram em processo de maturação (Matsudo et. al. 1997, Tourinho Filho & Tourinho, 1998).

    De acordo com Guedes & Guedes (1997) existe uma unanimidade entre as diferentes propostas de programas que são adotados nas escolas, portanto, no campo da educação física deve se prestar plena atenção a duas metas prioritárias: a) promover experiências motoras que possam repercutir de forma satisfatória na saúde dos indivíduos e b) levar os educandos a assumir atitudes positivas em relação a prática de atividades físicas.

    A prática da educação física desde as primeiras idades faz-se no ensino com os adolescentes, que é um período da vida em que estes se vêem muito influenciados pelas mudanças biológicas e psicológicas normais pelos que atravessam os adolescentes. A Educação Física tem que apresentar um vasto conteúdo formado pelas diversas manifestações corporais, no entanto, não é o que se observa na maioria das classes de Educação Física (Rosário & Darido, 2005).

    Apesar da grande inquietude que vive a Educação Física escolar brasileira no que se refere a seu marco teórico, a seu “verdadeiro” objeto de estudo não há como negar a força expressiva que o desporto apresenta no médio escolar. Desporto este, que é constantemente bombardeado de críticas e novos conceitos, partindo da análise de muitos estudiosos da área (Vadio,1996; Moreno & Machado, 2006; Matsudo et al, 2003, Gaya, 2000).

    Recentemente, Brasil ao ser indicado como sede dos Jogos Olímpicos e com o desejo de se fazer um país verdadeiramente olímpico vem passando por um fenômeno de busca e apoio a talentos esportivos nas escolas de todo país. No entanto, a cultura, a formação dos professores presentes nas escolas, sem esquecer a estrutura curricular e material em muito limita a possibilidade de busca e formação de talentos esportivos, limita, mas não impede. A prática escolar deve estar pautada em buscar uma grande participação de todos os estudantes em seus eventos internos, para que assim possa ter maior sucesso no processo de detecção, captação e desenvolvimento de talentos. É necessário que este processo seja acompanhado de uma rigorosa orientação cognitiva e de comportamentos, para que o desporto seja como um bilhete à transformação escolar e social destes alunos. O processo de detecção deve estar sempre direcionado por um programa de desenvolvimento com sustentação científica, direcionado por índices e metas a ser atingidas. Uma organização estruturada por um modelo de fases e objetivos concretos onde possa direcionar a formação atlética dos alunos, passando pela formação e pelo desenvolvimento esportivo finalizando com a confirmação do trabalho realizado na captação de meninos e jovens com aptidões especiais para uma modalidade esportiva determinada.

    Temos claro que faz falta um trabalho a longo prazo, que se inicia com a captação dos meninos com aptidões que se vão acima da média no plano motriz e jovens de suas idades, no entanto, há que desenvolver um clima psicológico social que propicie explodir as potencialidades detectadas, sempre com a intenção de criar um sentimento de atração onde ele busque atingir resultados superiores que propiciarão a ele condições de avançar no processo de formação e orientação esportiva. (Añó 1997).

    Matsudo (1999) menciona que, apesar de ter ocorrido um avanço científico relativo na área, iniciativas isoladas têm sido feitas: há programas mais elaborados como os de Cuba (Hernández 2003) e da Escola de Colônia na Alemanha, que consistem na avaliação anual de milhares de escolares por médio de provas básicas em várias etapas, selecionadas no período inicial, avançando para atividades específicas e, em seguida, os que se especializam para obter o alto nível. Todas as etapas devem melhorar as capacidades reais dos atletas que podem manifestar durante a aprendizagem e sendo consequências do inato e adquirido, tanto no âmbito biológico como o social. (Lanaro Filho & Bhöme, 2001; João 2002, Kiss et AL, 2004; Dantas et al, 2004). De acordo com Drobnic & Figueroa (2007) diferentes áreas contribuem com o rendimento esportivo e devem ser amplamente analisadas como previsão de resultado futuro. De acordo com os autores a condição física geral, o estado de saúde, as características fisiológicas e psíquicas, a capacidade de tomar decisões técnicas e táticas e as características sociológicas do indivíduo deveriam ser critérios de exclusão ou de inclusão em um programa de desporto especializado (Drobnic & Figueroa, 2007; Gaya, 1999). A necessidade de refinamento na busca por talentos nos espaços escoares, faz-se necessária a elaboração de modelos de conduta a partir de experiências bem sucedidas, o que permite a construção e a adoção de perfis válidos quando pretende se propor a seleção de forma organizada e efetiva (Manso et a o.2003, Silva et al, 2006). Os critérios para detecção de talentos devem passar por etapas preestabelecidas e que diferem de acordo com a modalidade (Bojikian & Böhme, 2008; Eleno et al, 2002; Lorenzo, 2003; Massa et al, 1999, Prestes et al, 2006, Queiroga et al, 2005). A capacidade de comparar qualquer pessoa com tais modelos e perfis é o ponto crucial na busca de procedimentos corretamente concebidos para identificar e desenvolver o talento no desporto.

Referências bibliográficas

  • AÑÓ V. Planificacion y organizacion del entrenamiento juvenil. España: Gymnos editorial 1997.

  • BOJIKIAN L.P., BÖHME M.T.S. Crescimento e composição corporal em jovens atletas de voleibol feminino Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.22, n.2, p.91-102, abr./jun. 2008.

  • BRUM P.C., FORJAZ C.L.M., TINUCCI T., NEGRÃO C.E. Adaptações agudas e crônicas do exercício físico no sistema cardiovascular Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004.

  • CESCHINI F.L., ANDRADE D.R., OLIVEIRA L.C., ARAUJO JUNIOR J.F., MATSUDO V.K.R Prevalence of physical inactivity and associated factors among high school students from state's public schools. J Pediatr (Rio J). 2009;85(4):301-306.

  • DANTAS E.H.M., PORTAL M.N.D., SANTOS L.A.V. Plano de expectativa individual: uma perspectiva científica para a detecção de talentos esportivos. Individual Expectation Plan: A Scientific Perspective to Detect Talent in Sport R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 12, n. 2, p. 72-100, 2004

  • DROBNIC F. FIGUEROA J. Talento, experto o las dos cosas. Apunts Medicina del’ Esport. 2007; 156: 186-95.

  • ELENO T.G., BARELA J.A., KOKUBUN E. Tipos de esforço e qualidades físicas do handebol. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 24, n. 1, p. 83-98, set. 2002.

  • GAYA, A. Projeto Centro de Excelência Esportivo UFRGS/INDESP. Principais Linhas de Ação. Rev. Perfil, Ano 3, 1999.

  • GAYA, A.; Sobre o Esporte para Crianças e Jovens. Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2.

  • GUEDES J.E.R.P. GUEDES D.P. Características dos programas de educação física. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 11(1):49-62, jan./jun. 1997.

  • HERNÁNDEZ H.P. Selección de talentos para el deporte, 27 años de experiencia en Cuba. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 9, N° 62, Julio de 2003. http://www.efdeportes.com/efd62/talento.htm

  • JOÃO A. Identificação do perfil genético, somatotípico e psicológico das atletas brasileiras de ginástica olímpica feminina de alta qualificação esportiva. Fitness e Performance. Vol.1 – Nº2 – Março / Abril 2002.

  • KISS M.A.P.D., BÖHME M.T.S. , MANSOLDO A.C., DEGAKI E., REGAZZINI M. Desempenho e Talento Esportivos Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, v.18, p.89-100, ago. 2004.

  • LANARO FILHO P. BÖHME M.T.S. Detecção, seleção e promoção de talentos esportivos em ginástica rítmica desportiva: um estudo de revisão. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 15(2): 154-68, jul./dez. 2001.

  • LORENZO, A. Estudio del pensamiento de los entrenadores sobre el proceso de detección de talentos en baloncesto. Revista Motricidad. European Journal of Human Movement. 10, 23-51 (2003).

  • MANSO J.M.G., GRANELL J.C., GIRÓN P.L., ABELLA C.P. Formación de elites deportivas. El talento deportivo. Ed. Gymnos Madrid: Espanha 2003.

  • MARQUES A.T., GAYA A. Atividade física, aptidão física e educação para a saúde: estudos na área pedagógica em Portugal e no Brasil. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 13(1): 83-102, jan./jun. 1999.

  • MASSA M., TANAKA N.I., BERTI, A.F., BÖHME M.T.S., MASSA I.C.M. Análises univariadas e multivariadas na classificação de atletas de voleibol masculino. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 13(2):131-45, jul./dez. 1999.

  • MATSUDO S.M., PASCHOAL V.C.P., AMANCIO O.M.S., Atividade física e sua relação com o crescimento e a maturação biológica de crianças. Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição. Cadernos de Nutrição 14: 01-12, 1997.

  • MATSUDO, V. K. R. Detecção de talentos. In: BARROS, T. L.; GHORAYEB, N. O exercício: preparação fisiológica, avaliação médica, aspectos especiais e preventivos. São Paulo: Atheneu, 1999. p. 335-349.

  • MATSUDO V.K.R, ANDRADE D.R., MATSUDO S.M.M., ARAÚJO T.L., ANDRADE E., OLIVEIRA L., BRAGGION G., RIBEIRO M. A. “Construindo” saúde por meio da atividade física em escolares R. bras. Ci. e Mov. Brasília v. 11 n. 4 p. 111-118 out./dez. 2003.

  • MORENO R.M.; MACHADO A.A. Re- significando o esporte na educação física escolar: uma perspectiva crítica Movimento & Percepção, Espírito Santo de Pinhal, SP, v.6, n.8, jan./jun. 2006.

  • PRESTES J., LEITE R. D., LEITE G.S., DONATTO F. F., URTADO C.B. , BARTOLOMEU NETO J., DOURADO A.C. Características antropométricas de jovens nadadores brasileiros do sexo masculino e feminino em diferentes categorias competitivas. Rev. Bras.Cineantropom. Desempenho Hum. 2006;8(4):25-31.

  • QUEIROGA M.R. , FERREIRA S.A., ROMANZINI M. Perfil antropométrico de atletas de futsal feminino de alto nível competitivo conforme a função tática desempenhada no jogo. Rev. Bras. Cine. Des. Hum. 2005;7(1):30-34.

  • ROSÁRIO L.F.R., DARIDO S.C. A sistematização dos conteúdos da educação física na escola: a perspectiva dos professores experientes Motriz, Rio Claro, v.11 n.3 p.167-178, set./dez. 2005.

  • SANTOS A. L., SIMÕES A. C. A influência da participação de alunos em práticas esportivas escolares na percepção do clima ambiental da escola Rev Port Cien Desp 2007(1) 26–35.

  • SILVA, L.J.; ANDRADE, D.R.; OLIVEIRA, L.C.; ARAÚJO, T.L.; SILVA, A.P.; MATSUDO, V.K.R. Associação entre “shuttle run” e “shuttle run” com bola e sua relação com o desempenho do passe no futebol. R. bras. Ci e Mov. 2006; 14(3): 7-12.

  • TOURINHO FILHO H. TOURINHO L.S.P.R. Crianças, adolescentes e atividade física: aspectos maturacionais e funcionais. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 12(1): 71-84, jan./jun. 1998.

  • VAGO T.M. O "esporte na escola" e o "esporte da escola": da negação radical para uma relação de tensão permanente. Um diálogo com Valter Bracht. Movimento - Ano III - Nº 5 - 1996/2.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

revista digital · Año 15 · N° 144 | Buenos Aires, Mayo de 2010  
© 1997-2010 Derechos reservados