Comparação da cinemática do saque no voleibol da categoria juvenil entre atletas do sexo feminino e masculino Comparación de la cinemática del saque de voleibol entre jugadores y jugadoras de la categoría juvenil |
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*Licenciada em Educação Física pela Faculdade Assis Gurgacz Especializanda em Docência no Ensino Superior na Faculdade Assis Gurgacz **Mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria Docente da Faculdade Assis Gurgacz, PR |
Francielle Cheuczuk* Lissandro Moisés Dorst** (Brasil) |
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Resumo Este estudo teve por objetivo analisar as variáveis cinemáticas espaciais e espaços-temporais do saque no voleibol, a fim de verificar se elas exercem alguma influência do acerto em relação ao erro. A amostra do estudo é composta por (12) doze atletas de voleibol da categoria juvenil feminino (CJF) e (12) doze atletas da categoria juvenil masculino (CJM). Para análise cinemática bidimensional foi utilizada uma câmera de marca Canon, cuja freqüência de aquisição das imagens é de 60 Hz. Para processamento dos dados foi utilizado o sistema de análise Simi Twinner. O saque obteve êxito quando atingiu uma região com 3 metros de largura por 9 metros de comprimento, demarcada na quadra adversária. A câmera estava localizada no plano sagital do movimento. Cada atleta realizou 10 saques por cima, sendo que deveriam ser somente na paralela. As variáveis analisadas foram: comprimento da base de sustentação (CBS), ângulo de inclinação do membro superior do saque (AIMS), ângulo de inclinação do tronco (AIT), ângulo de saída da bola (ASB), velocidade de saída da bola (VSB), altura de saída da bola (HSB) e altura de saída da bola em relação à cabeça (HSBC). Em ambas as categorias o índice de acerto foi 56,67%, e de erro 43,33%. Observa-se que tanto na CJF como na CJM não houve diferença significativa para um p ≤ 0,05 nas variáveis cinemáticas entre os saques certos e errados. No entanto ao comparar os resultados obtidos dos saques êxito pela CJF em relação à CJM, verificou-se que a única variável que não apresentou diferença significativa foi AIMS. Já ao comparar os saques errados entre as duas categorias obteve-se duas variáveis que não apresentaram diferença significativa, que foram ASB e HSB. Por fim percebemos que apesar de apresentar diferenças significativas em algumas das variáveis, como também na diferença de idade e tempo de prática, esses resultados não se mostraram influentes na relação erro e acerto, visto que as duas categorias atingiram o mesmo percentual final. Unitermos: Cinemática. Voleibol. Saque
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 144 - Mayo de 2010 |
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Introdução
O voleibol é um esporte coletivo, em que os fundamentos individuais são primordiais, pois a execução de cada movimento técnico pode implicar na marcação do ponto ou em perdê-lo (BEZAULT, 2002).
Um dos fundamentos de relevante importância entre a relação erro/acerto num jogo de voleibol é o saque. Pois Ribeiro (2008) nos lembra que o primeiro conceito do saque era de por a bola em jogo, mas com a evolução na modalidade o saque passou a ser a primeira ação ofensiva no rally.
Baiano (2005) cita que o saque também exerce uma posição tática muito importante dentro de uma partida, onde sua boa ou não execução pode implicar no resultado final da mesma. Pois ele tem a função de desequilibrar a recepção da equipe adversária, ou ainda o sacador pode tentar realizá-lo a fim de tentar o ice (ponto direto). E o seu desperdício comete em ponto direto ao adversário, por isso a importância de diminuir o índice de erros do mesmo (BIZZOCCHI, 2004).
Segundo Ribeiro (2008), temos cinco tipos de saque: por baixo, por cima ou tipo tênis, japonês, em suspensão (viagem) e o saque americano. Dando ênfase em nosso estudo no saque por cima ou tipo tênis. Pois para Ribeiro (2008), o saque por cima é um dos mais utilizados no voleibol moderno, por apresentar todas as características ideais, além de ser à base do estilo no aprendizado e aperfeiçoamento dos outros saques (COSTA, 2003).
Desse modo é que evidenciamos a importância de realizar estudos a fim de auxiliar técnicos e professores no seu processo de ensino e aprendizagem. E uma das formas salientada por Samaranch (2004) é a biomecânica, pois ela auxilia através de pesquisas a melhorar e aperfeiçoar o desempenho nos fundamentos técnicos, como na prevenção de lesões. Apesar de muitos professores de educação física não agregarem a biomecânica no seu contexto de trabalho observa-se a mesma como um instrumento fundamental em suas aulas ou treinamentos (CORRÊA e FREIRE, 2004).
Hay (1981) define: “biomecânica é a ciência que examina as forças internas e externas que atuam no corpo e seus efeitos”, afim de ajudar treinadores e professores de educação física enfrentarem problemas detectados na execução do movimento de tal modalidade que estão tratando.
Segundo Carr (1998) a técnica é o padrão e a seqüência dos movimentos que os atletas utilizam para realizar determinada habilidade esportiva.
No entanto, a biomecânica afirma que a técnica é um método e não a característica do atleta. Pois a escolha desse método ideal de realizar determinado fundamento técnico poderá ser baseada em diferentes critérios, sendo eles biológicos, fisiológicos, morfológicos e psicológicos, ou seja, deve-se respeitar em qual estilo o atleta se adapta melhor (SHALMANOV, 1998).
Hall (2000) ressalta sobre a importância de análises cinemáticas minuciosas do desempenho de habilidades para professores de educação física, médicos e técnicos. O mesmo ainda define cinemática como uma subdivisão adicional do estudo biomecânico, que tem por finalidade descrever certo movimento, levando em consideração o espaço e o tempo.
Nessa perspectiva, essa pesquisa tem por objetivo analisar as variáveis cinemáticas espaciais e espaços-temporais do saque no voleibol, verificando se elas exercem alguma influência do acerto em relação ao erro.
Materiais e métodos
Esta pesquisa foi encaminhada ao comitê de ética da Faculdade Assis Gurgacz, e aprovada sob o protocolo 185/2009 de acordo com a resolução 196\96. O presente estudo é descritivo realizado de maneira transversal.
A amostra do estudo foi composta por (12) doze atletas de voleibol da categoria juvenil feminino (CJF) com média de 15,25 ± 1,14 anos de idade, possuindo 4,75 ± 2,56 anos de prática na modalidade. E também (12) doze atletas da categoria juvenil masculino (CJM) com média de 16,08 ± 1,16 anos de idade, onde possuem 2,72 ± 1,53 anos de prática, todos atletas município de Cascavel (PR).
Para análise cinemática bidimensional foi utilizada uma câmera de marca Canon, cuja freqüência de aquisição das imagens é de 60 Hz. Para processamento dos dados foi utilizado o sistema de análise Simi Twinner Pro.
Após o aquecimento, cada atleta realizou 10 saques por cima, totalizando assim 240 saques. Sendo que os mesmos teriam que ser somente na paralela, Pois acreditamos que por não haver uma rotação de quadril que supostamente aconteceria num saque em diagonal, estaríamos assim diminuindo a probabilidade de erro na análise das imagens.
Os atletas foram posicionados na linha de fundo da quadra de voleibol, na região central. O saque efetuado obteve êxito quando atingiu uma região com 3 metros de largura por 9 metros de comprimento, demarcada na quadra adversária. A câmera estava localizada no plano sagital do movimento.
As variáveis analisadas foram:
Comprimento da base de sustentação (CBS) – distância entre a ponta dois pés, no instante em que a mão atinge a bola.
Ângulo de inclinação do membro superior do saque (AIMS) – ângulo do membro superior que realiza o saque em relação à horizontal, no instante em que a mão atinge a bola.
Ângulo de inclinação do tronco (AIT) – ângulo do tronco em relação à horizontal, no instante em que a mão atinge a bola.
Ângulo de saída da bola (ASB) – o ângulo da bola em relação à horizontal, após o contato da mão com a bola.
Velocidade de saída da bola (VSB) – velocidade da bola após o contato da mão com a mesma.
Altura de saída da bola (HSB) – distância da bola em relação ao solo, no instante em que a mão atinge a bola.
Altura de saída da bola em relação a cabeça (HSBC) – distância da bola em relação a parte superior da cabeça, no instante em que a mão atinge a bola.
Para análise dos dados da pesquisa, foi utilizado valores de média, desvio padrão e coeficiente de variação (CV). Para comparar se as variáveis entre os saques acertados e errados na mesma categoria como também entre as duas foi utilizado o Teste t de Student.
Resultados
Neste capítulo são apresentados os resultados dos acertos e erros dos saques no voleibol e das variáveis cinemáticas espaciais e espaços-temporais, dos (24) vinte e quatro atletas da categoria juvenil, sendo (12) doze do sexo feminino e (12) doze do masculino.
A porcentagem de acertos dos saques na categoria feminina foi 56,67% contra 43,33% de erro. Na categoria masculina surpreendentemente esses números se repetiram.
Os resultados médios das variáveis cinemáticas espaciais e espaços-temporais, como também o CV e o desvio padrão das atletas de voleibol da CJF estão apresentados na tabela 1.
Tabela 1. Resultados das variáveis cinemáticas das atletas de voleibol juvenil feminino
Variáveis |
Saque |
|||||
Acertos |
Erros |
|||||
Média |
Desv. Padrão |
C V (%) |
Média |
Desv. Padrão |
C V (%) |
|
CBS (cm) |
65,81 |
39,23 |
59,61 |
56,81 |
34,34 |
60,45 |
AIMS (°) |
83,68 |
3,73 |
4,46 |
84,69 |
5,45 |
6,44 |
AIT (°) |
83,60 |
6,92 |
8,28 |
81,60 |
6,78 |
8,31 |
ASB (°) |
17,75 |
8,01 |
45,15 |
15,85 |
6,98 |
44,04 |
VSB (m/s) |
23,42 |
10,61 |
45,31 |
21,95 |
9,31 |
42,40 |
HSB (cm) |
230,22 |
14,68 |
6,38 |
228,32 |
10,08 |
4,41 |
HSBC (cm) |
55,14 |
5,91 |
10,72 |
55,39 |
5,88 |
10,62 |
(CBS) Comprimento da base de sustentação - (AIMS) Ângulo de inclinação do membro superior do saque
(AIT) Ângulo de inclinação do tronco - (ASB) Ângulo de saída da bola – (VSB) Velocidade de saída da bola
(HSB) Altura de saída da bola -(HSBC) Altura de saída da bola em relação a cabeça
A seguir na tabela 2 apresentamos os resultados referentes à CJM em relação aos erros e acertos das variáveis cinemáticas espaciais e espaços-temporais.
Tabela 2. Resultados das variáveis cinemáticas dos atletas de voleibol juvenil masculina
Variáveis |
Saque |
|||||
Acertos |
Erros |
|||||
Média |
Desv. Padrão |
C V (%) |
Média |
Desv. Padrão |
C V (%) |
|
CBS (cm) |
38,32 |
15,05 |
38,78 |
39,31 |
16,17 |
40,52 |
AIMS (°) |
84,35 |
6,42 |
7,61 |
82,68 |
4,73 |
5,72 |
AIT (°) |
88,13 |
4,76 |
5,40 |
88,50 |
4,98 |
5,62 |
ASB (°) |
21,07 |
6,25 |
29,65 |
21,85 |
7,42 |
33,97 |
VSB (m/s) |
14,65 |
2,64 |
18,05 |
15,13 |
2,55 |
16,83 |
HSB (cm) |
224,52 |
8,15 |
3,63 |
225,22 |
8,86 |
3,93 |
HSBC (cm) |
49,59 |
4,78 |
9,64 |
49,95 |
5,76 |
11,53 |
(CBS) Comprimento da base de sustentação - (AIMS) Ângulo de inclinação do membro superior do saque
(AIT) Ângulo de inclinação do tronco - (ASB) Ângulo de saída da bola – (VSB) Velocidade de saída da bola
(HSB) Altura de saída da bola -(HSBC) Altura de saída da bola em relação a cabeça
Observa-se que tanto na CJF como na CJM não houve diferença significativa para as variáveis cinemáticas entre os saques que obtiveram êxito e os que não obtiveram êxito na execução para um p ≤ 0,05.
No entanto ao comparar os resultados obtidos dos saques êxito pela CJF em relação à CJM, verificamos que a única variável que não apresentou diferença significativa para um p ≤ 0,05 foi AIMS. Já ao comparar os saques errados entre as duas categorias tivemos duas variáveis que não apresentaram diferença significativa para um p ≤ 0,05, que foram ASB e HSB.
Discussão dos resultados
Considerando a porcentagem encontrada do número de acertos do saque tanto na CJF como na CJM (56,67%), observa-se um índice baixo, se analisarmos que num jogo se esses atletas cometessem a mesma quantidade de erro, com certeza o resultado da partida ficará bem comprometido. Pois atualmente um saque errado implica em ponto direto para o adversário e também desestrutura psicologicamente a equipe. Visto a importância que um bom serviço hoje influência numa partida de voleibol, esses números em relação ao aproveitamento deveria ser muito maior, ainda mais por ser tratar do saque tipo tênis, que de acordo com Borsari (2001), ele se caracteriza por ser o mais simples e eficiente de todos.
O saque é o único instante em que o atleta se encontra segundos sozinhos com a bola, então a concentração é primordial.
Ao analisar a variável do CBS verificamos que na CJF teve uma média de 65,8 cm nos saques acertados e de 56,81 cm nos erros, percebendo que quando essas atletas cometiam o erro elas diminuíam sua base em torno de 10 cm, o que poderia gerar um desequilíbrio do corpo. No entanto por o desvio padrão ter sido alto não chegou a apresentar uma diferença significativa. Na CJM observa-se que não houve praticamente diferença no CBS no saque acerto (38,32 cm) em relação ao erro (39,91 cm). Entretanto houve uma diferença significativa ao compararmos os números da CJF para a CJM tanto no acerto como no erro.
Todos os atletas eram destros e sacavam com o pé esquerdo a frente, como citam os autores na literatura.
Bizzocchi (2004), o indivíduo deve se preparar para o saque de frente a quadra, onde o pé contrário à mão que golpeará a bola deverá estar à frente.
Para que haja uma boa distribuição do peso do corpo, a fim de estar equilibrado no instante do contato com a bola, deve haver um afastamento das pernas, pois para Costa (2003), esse afastamento deve ser no prolongamento dos ombros, pois umas das falhas mais comuns que acontecem no momento da execução do saque e que podem influenciar no seu exito são: pés paralelos que geram desequilíbrio e a perda de força através da não transferência da perna de trás para frente. O mesmo ainda lembra que as pernas devem estar semiflexionadas, tronco ereto, e o braço a frente do corpo que estará segurando a bola deve estar na altura do peito, e o outro que golpeará estará semiflexionado com o cotovelo alto próxima a cabeça.
Esse movimento para acelerar a bola lembra a do arco e flexa. A mão que a golpeará deve estar plana e com o punho rígido, buscando atingir o centro da bola com a palma da mão e os dedos abertos (FIVB, 2007).
Bizzocchi (2004), ressalta que quando o braço que golpea a bola se eleva, ele se manterá atrás com uma flexão de 90° em relação ao ombro.
Pois de acordo com Deprá e Brenzikofer (2004), é na fase do ângulo inicial de lançamento da bola que defini o grau da habilidade de execução do gesto técnico do saque.
Na CJM observamos números maiores na média dos saques acertados (88,13°) e nos errados (88,50°) para a variável AIT, se comparados com a CJF onde teve os seguintes números 83,60° para os saques acertados e 81,60° para os errados. Verificamos que esses números comprovam uma menor inclinação anterior do tronco entre os meninos devido ao saque que a maioria estava realizando, chamado de saque “balão”. Nesse saque a bola é lançada bem na linha da cabeça, onde o atleta não projeta seu corpo em direção a bola, e sim trabalha somente o braço fazendo com que a bola tenha uma trajetória parabólica. Esse saque é de segurança, onde o jogador o realiza a fim de evitar o erro, no entanto não foi o constatado em nosso estudo já que apresentaram os mesmos números de erros em relação a meninas. Vale ressaltar também que hoje em dia ele não é utilizado pelos atletas durante uma partida, pois esse saque é muito inofensivo para o adversário. De acordo com Costa (2008) se o saque for bem efetuado dificultará a recepção do time adversário, ao contrário facilitará a recepção levando a equipe a organizar um forte ataque.
O erro de lançamento da bola, às vezes sendo muito alta, para os lados ou fora do seu campo de visualização (para trás), faz com que o braço não complete o movimento e o indivíduo incline o tronco para trás (COSTA, 2003), o que não se observou em nosso estudo, pois os meninos ficaram praticamente com o tronco ereto, apresentando em torno de 2° de inclinação para frente.
Existem muitas modalidades em que atletas ou objetos são projetados no ar, tendo como características três fatores que podem influenciar no seu caminho: ângulo de saída, velocidade de saída e altura de saída (CARR, 1998). O voleibol é um exemplo dessas modalidades. Segundo Hall (2000), para se determinar a melhor maneira de projetar uma bola é necessário compreender como esses fatores interagem no desporto.
Levando em conta a altura que um projétil é lançado em relação à superfície que ele aterrissa, para o atleta atingir a melhor distância o ângulo de altura deveria ser em torno de 45°, no entanto isso nem sempre é possível, pois para ter sucesso um atleta não deve pensar em atingir o máximo em somente um dos fatores e sim no conjunto, pois será essa combinação que fará o atleta a ter uma melhor execução (CARR, 1998).
Esses fatores são citados por Fraccaroli (1988), onde salienta que ao considerar uma quadra de voleibol possuindo 18 (dezoito) metros de comprimento, o ângulo ideal deveria ser 45°, porém se o sacador estiver posicionado na linha de fundo, sacando de uma altura de 2,13 m, e tendo como objetivo atingir o fundo da quadra adversária, o lançamento deverá ter um ângulo de 30° e uma velocidade inicial de 12.80 m∕s.
Em nossa pesquisa podemos observar os seguintes números, onde para a média da CJF: 17,75° para ASB, 23,42 m∕s para a VSB e 230,22 cm para HSB nos saques acertos. Já no saques errados obtivemos respectivamente os seguintes valores: 15,85°; 21,95 m∕s; 228,32 cm. Não encontrando diferenças significativas na comparação desses valores na CJF e nem na CJM. Pois entre os meninos tivemos os seguintes resultados para os saques acertados: 21,07° para ASB, 14,65 m∕s para VSB e 224,52 cm HSB. Nos saques errados seguindo a mesma ordem podemos verificar os números: 21,85°; 15,13 m∕s; 225,22 cm.
Ao comparar os números obtidos em nosso estudo pelos citados anteriormente por Fraccaroli (1988), verificamos que eles se encontram um pouco acima. Esses resultados podem ser explicados pelas características atuais do saque, onde o mesmo hoje é realizado com grande potência, com alto nível técnico e tático (COSTA, 2008). Pois o saque não deve ser alto, devido à velocidade que se pretende alcançar para que o mesmo seja ofensivo, e também vale lembrar que nas regras atuais o saque pode tocar a fita superior da rede, o que não podia acontecer anos atrás, mais um motivo para se explicar sobre os números por nós encontrados.
Hoje no voleibol o saque apresenta características desejáveis que influenciam no seu êxito. Sendo elas: precisão, potência, regularidade ou irregularidade da trajetória, que poderão ter graus diferenciados em relação ao tipo e a maneira que o serviço poderá ser executado (RIBEIRO, 2008).
Convém ressaltar que atualmente os jogadores da modalidade de voleibol possuem uma média de altura mais alta ao comparada com a década de 80, onde podemos explicar o porquê de nossa média de HSB ter sido maior do que o descrito por Fracarolli (1988).
Devido ao tipo de saque que a CJM vinha realizando, conseguimos verificar essas características do “saque balão” em mais uma variável analisada: HSBC. Onde ao comparar o saque acerto das meninas (55,14 cm) em relação aos meninos (49,59 cm), como também o saque erro feminino (55,39 cm), com o erro do masculino (49,95 cm), encontramos diferença significativas. Já que visualizamos que os meninos por lançar a bola mais baixa realizavam o saque como vulgarmente falamos com o “braço encolhido”.
Segundo Borsari (2001), a bola deverá ser lançada para o alto acima da linha da cabeça, a mais ou menos 80 cm, onde a impulsão do braço esquerdo e extensão das pernas levarão ao quadril se projetar para frente, para assim possibilitar a entrada de baixo da bola e o aumento da alavanca, pois a mesma já se forma quando a bola se encontra a uns 40 cm.
O desafio dos profissionais da área desportiva não é somente observar o desempenho de seu atleta, mas também reconhecer fatores que contribuem para uma ótima execução da técnica (PAULA, 2002). Já que as ações vivenciadas nos treinos são planejadas a fim de se refletirem em situações durante o jogo (DEPRÁ e BRENZIKOFER, 2004).
Conclusão
Por fim percebemos que apesar de apresentar diferenças significativas em algumas das variáveis, esses resultados não se mostraram influentes na relação erro e acerto, visto que as duas categorias atingiram o mesmo percentual final.
A diferença entre as duas categorias em relação à idade e tempo de prática também não exerceu influência final no número de acertos e erros.
Embora não tenha sido encontrado nesse estudo variável a fim de exercer influência sobre o êxito do saque, é inegável a importância de um trabalho de qualidade realizado pelos técnicos e professores juntamente com o apoio da prefeitura municipal para que tenhamos jogadores com melhor nível técnico e tático, já que verificamos que o percentual de acerto cometido pelas duas categorias é muito baixo.
Referências
BAIANO, Adilson. Voleibol: Sistemas e Táticas. Rio de Janeiro: Sprint, 2006.
BEZAULT, Pierre. O voleibol: As regras, a técnica, a táctica. Lisboa: Estampa, 2002.
BIZZOCCHI, Carlos “Cacá”. O voleibol de alto nível: Da iniciação à competição. 2.ed. Barueri: Manole, 2004.
BORSARI, J. R. Voleibol: Aprendizagem e treinamento, um desafio constante. 3.ed. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 2001.
CARR, Gerry. Biomecânica dos esportes: Um guia prático. São Paulo: Manole, 1998.
CORRÊA, Sônia C; FREIRE, Elizabete S. Biomecânica e Educação Física Escolar: possibilidades de aproximação. Revista Markenzie de Educação Física e Esporte. n. 3. p. 107-123. 2004
COSTA, A. D. Voleibol: Fundamento e Aprimoramento técnico. 2.ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.
COSTA, Simone D. Voleibol de Alto Rendimento: Análise da eficácia do saque e da recepção. 2008. Monografia em Educação Física- Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Maringá.
DEPRÁ, Pedro P; BRENZIKOFER, René. Comparação de atletas de voleibol através da analise cinemática e dinâmica de trajetórias de bolas de saque. Revista da Educação Física / UEM. Maringá, v.15, n. 1, p. 7-15. sem. 2004.
FIVB. Federatión Irtenacionale de Volleyboll. Técnicas do Serviço. Disponível em http: www.fivb.org acesso em 31 de out. de 2009.
FRACCAROLI, José L. Análise Mecânica dos Movimentos: Gímnicos e Esportivos. 3.ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1988.
HALL, Susan J. Biomecânica Básica. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanbara Koogan, 2000.
HAY, James G. Biomecânica das técnicas desportivas. 2.ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1981.
PAULA, Alexandre H. Análise Biomecânica através da Observação Visual. Revista Digital. Buenos Aires. n. 51. Agos. 2002.
RIBEIRO, J. L. S. Conhecendo o Voleibol. 2.ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2008.
SAMARANCH, J. A. Introdução. In: ZATSIORSKY, V. M. Biomecânica no esporte: Performance do desempenho e prevenção de lesão. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
SHALMANOV, A. A. Voleibol: Fundamentos Biomecânicos. São Paulo: Phorte, 1998.
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