Análise do consumo de agentes antioxidantes por indivíduos praticantes de atividade física |
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Alegre Sport Center Academia de Ginástica (Brasil) |
Luis Paulo Gonçalves da Rocha |
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Resumo O exercício físico, com a devida moderação, traz benefícios orgânicos. Entretanto, atividades físicas que ultrapassam os limites fisiológicos promovem um aumento na produção de radicais livres de oxigênio, os quais, quando não são devidamente neutralizados, podem iniciar um processo deletério nas células e tecidos, denominado estresse oxidativo. Esse processo degenerativo pode originar diversas doenças e, além disso, parece desempenhar um papel importante no processo de envelhecimento precoce. O objetivo deste trabalho foi avaliar os níveis de consumo de alimentos antioxidantes e de conhecimento sobre seus benefícios em indivíduos, praticantes de atividade física, de ambos os sexos, da cidade de Alegre – Espírito Santo. Para a coleta dos dados utilizou-se uma tabela de freqüência de consumo alimentar. A população alvo consistiu de 10 homens, com faixa etária entre 18 a 40 anos, e 10 mulheres entre 18 a 40 anos, todos praticando atividade física por no mínimo 1 hora por dia. Observou-se que estas pessoas não possuem informações suficientes sobre os mecanismos de ação dos antioxidantes no organismo, bem como sobre seus efeitos na prevenção de doenças e envelhecimento precoce. Em relação à freqüência de consumo de alimentos antioxidantes, o sexo masculino apresentou um consumo baixo a tratando-se de ingesta de selênio e flavonóides, mas equilibrados no consumo e Vitamina C, Vitamina A, Vitamina E, Betacaroteno. As mulheres apresentaram-se mais interessadas e com maior consumo de vitamina C, Vitamina A, Betacaroteno, respectivamente. Portanto, torna-se evidente a necessidade de informar pessoas praticantes freqüentes de atividade fisica sobre a importância de uma alimentação variada e equilibrada, para que os alimentos antioxidantes façam parte de seu dia-a-dia, possibilitando a prevenção de doenças crônicas e o envelhecimento precoce. Unitermos: Radicais livres. Antioxidantes. Envelhecimento precoce
Abstract Physical exercise, with due moderation, is beneficial organic. However, physical activities that exceed the physiological promote increased production of oxygen free radicals, which, when not appropriately neutralized, can initiate a deleterious process in cells and tissues, called oxidative stress. This degenerative process can lead to various diseases and, moreover, seems to play an important role in the process of aging. The objective was to assess the levels of consumption of antioxidant foods and knowledge about its benefits in individuals engaged in physical activity, of both sexes, the city of joy - the Holy Spirit. To collect data we used a table of food frequency. The target population consisted of 10 men, aged between 18 and 40, and 10 women aged 18 to 40 years, all practicing physical activity for at least 1 hour per day. It was observed that these people do not have enough information about the mechanisms of action of antioxidants in the body and on its effects in preventing disease and premature aging. Regarding the intake of antioxidant foods, males had a low consumption in case of intake of selenium and flavonoids, but balanced in consumption and Vitamin C, Vitamin A, Vitamin E, Beta carotene. The women were more interested and greater intake of vitamin C, Vitamin A, Beta carotene, respectively. Therefore, it becomes evident the need to inform people frequent practitioners of physical activity on the importance of a varied and balanced diet, that food antioxidants are part of your day to day, enabling the prevention of chronic diseases and premature aging . Keywords: Free radicals. Antioxidants. Aging
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 144 - Mayo de 2010 |
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Introdução
Nas últimas décadas, inúmeras pesquisas foram realizadas objetivando esclarecer o papel dos radicais livres em processos fisiopatológicos aberrantes, bem como sua relação com a atividade física intensa. Sabe-se que o aumento do consumo de oxigênio, assim como a ativação de vias metabólicas especificas durante ou após o exercício, resultam na formação de radicais livres ou radicais livres de oxigênio (RLO). O termo radical livre refere-se a moléculas com átomos altamente reativos, que contêm numero impar de elétrons em sua última camada eletrônica. Cerca de 95% dos átomos de oxigênio advindos da respiração são neutralizados pela cadeia respiratória celular, terminando seu ciclo em água. Porém, os 5% restantes são transformados em radicais livres, cujo excesso é prejudicial ao organismo, podendo ocasionar situações patológicas (1).
A literatura demonstra que a prática moderada de exercícios físicos promove benefícios aos sistemas orgânicos. Entretanto, quando não são levados em consideração os limites fisiológicos, esta prática pode acarretar vários danos ao organismo como o aumento da produção de radical livre. Esses radicais, quando não são devidamente neutralizados, podem iniciar um processo deletério nas células e tecidos, chamado de estresse oxidativo. Esse processo pode ocasionar diversas doenças, incluindo as neurodegenerativas, cardiovasculares, câncer e envelhecimento precoce (1).
Sabe-se, atualmente, que as condições de vida, o meio ambiente (ação de poluentes, drogas, estresse físico e mental), fatores genéticos, nutricionais e culturais exercem enorme influência no processo de doenças degenerativas e envelhecimento. A literatura demonstra que uma alimentação natural e equilibrada, com a inclusão de vegetais folhosos, legumes, frutas frescas, nozes, castanhas, cereais integrais, carnes magras, ovos e laticínios reforça o sistema imunológico e combate os radicais livres e seus efeitos maléficos sobre o organismo (6).
O sistema de defesa antioxidante humano é composto por principalmente pelas enzimas catalase, superóxido dismutade (SOD) e glutationa peroxidase. Essas enzimas são capazes de modificar os radicais livres, inativando seus efeitos maléficos sobre o organismo (2).
A enzima catalase capta o peróxido de hidrogênio e o decompõem em oxigênio e água antes que ele possa formar radicais hidroxilas. O oxigênio e a água produzidos nesse processo são então reutilizados pelas células como parte do metabolismo normal. A catalase atua apenas nas porções aquosas da célula, portanto, as partes lipídicas como a membrana celular permanecem desprotegidas e susceptíveis à ação dos peróxidos de hidrogênio.
A glutationa peroxidase é a enzima antioxidante mais abundante no corpo humano. Essa enzima atua tanto no meio intracelular quanto extracelular em busca de moléculas de peróxido de hidrogênio que possam ter escapado da ação da catalase. Além disso, a glutationa peroxidase protege as membranas celulares contra a peroxidação lipídica, uma reação em cadeia que age enfraquecendo a membrana citoplasmática, podendo ocasionar a morte da célula (3).
A grande proporção de enzimas antioxidadantes no organismo justifica-se pelo fato de que o estresse oxidativo pode levar à destruição das macromoléculas celulares como lipídios, proteínas e ácidos nucléicos. Dessa forma, esse processo pode estar associado a uma diminuição da performance física, fadiga muscular e estresse muscular em atletas (5).
A produção das enzimas antioxidantes, porém, requer a presença de níveis adequados de minerais como zinco, cobre e selênio, além de quantidades suficientes de proteínas de alta qualidade e vitaminas. Tanto o cobre quanto o zinco são particularmente importantes para a produção da superóxido dismutase dentro da mitocôndria, onde a maior parte dos radicais livres é produzida, e o selênio é essencial para a formação da glutationa peroxidase. Além disso, tanto a vitamina C quanto as vitaminas do complexo B são necessárias para a produção de catalase extra. Sem vitamina B6 (piridoxina) suficiente, por exemplo, o organismo não tem como produzir glutationa peroxidase (4). Desta maneira, o consumo regular de determinados minerais e vitaminas é indispensável para o funcionamento do sistema antioxidante do organismo, principalmente em casos de estresse físico
O objetivo deste trabalho foi avaliar os níveis de consumo de alimentos antioxidantes e de conhecimento de seus benefícios para a saúde, em pessoas praticantes de atividade fisica, de ambos os sexos, da cidade de Alegre – ES e alertar sobre a ação dos agentes antioxidantes na redução do risco de doenças crônicas e envelhecimento precoce por meio da neutralização de radicais livres no organismo.
Metodologia
Participaram desta pesquisa indivíduos adultos, sendo 10 homens, media de idade 21,8 anos com faixa etária entre 18 a 40 anos e 10 mulheres, media de idade 23,41 com faixa etária entre 18 a 40 anos, todos praticando atividade fisica por no mínimo 1 hora por dia..
Coleta de dados
Com a finalidade de avaliar o nível de consumo de alimentos antioxidantes e o conhecimento da população-alvo a respeito dos seus benefícios à saúde humana, uma tabela de freqüência de consumo alimentar foi elaborada e entregue aos entrevistados
Tabela 1. Os dados foram coletados e posteriormente analisados.
Resultados e discussão
Apesar de diversos estudos epidemiológicos indicarem que os radicais livres estão associados a uma maior predisposição ao desenvolvimento de doenças crônicas como, por exemplo, o câncer, grande parte dos entrevistados não possuíam conhecimento suficiente sobre o assunto.
A importância da alimentação no desempenho esportivo depende de uma série de fatores, como sexo, idade, peso corporal, estilo de vida e tipo de modalidade esportiva. Em geral, a informação dos atletas sobre a relação da alimentação e desempenho físico se baseia na ingestão de carboidratos e proteínas, visando o controle da fadiga e da síntese de proteínas musculares, respectivamente (9). Neste estudo os entrevistados demonstraram ter conhecimento sobre a importância da alimentação para o desempenho físico, porém, possuem pouco conhecimento sobre a função dos radicais livres e o mecanismo de ação dos antioxidantes na neutralização dos mesmos, em pessoas praticantes de atividade física (Figura 1 e 2).
De fato, a insuficiência dos nutrientes energéticos necessários, como glicogênio muscular ou glicose do sangue, pode causar fadiga. A fadiga é definida como impossibilidade de manter o esforço num nível desejado de intensidade. Pode ser conseqüência de uma taxa insuficiente de produção de energia para suprir as demandas do organismo. A importância da nutrição para a fadiga é determinada pela inter-relação intensidade-duração, sendo que uma dieta pobre pode acelerar o seu início (8). Porém, a fadiga também pode ser provocada pela incapacidade de funcionamento ideal dos sistemas de energia à falta de outros nutrientes, como vitaminas e minerais, incluindo antioxidantes.
Entre os antioxidantes encontrados na alimentação, a vitamina C é um dos mais poderosos e, segundo Willians (8; 9), a deficiência de vitamina C pode resultar em câimbras musculares e fraqueza e, em alguns casos a anemia também pode fazer parte deste quadro. Estes sintomas prejudicam o desempenho físico, promovem sensações de fraqueza e dificultam a resistência aeróbica.
Sabe-se que certas formas de treinamento físico para esportes, sobretudo o treinamento intenso, podem induzir lesão muscular e dor. O exercício exaustivo induz a geração de radicais livres que, em quantidade excessiva, podem induzir a peroxidação de lipídios, danificando a integridade das membranas celulares dos músculos e provocando dor muscular. Assim o uso de antioxidantes pode atuar na prevenção de danos no tecido muscular e tornar o treinamento mais eficaz melhorando o resultado da competição (8).
Altos níveis de antioxidantes, particularmente a vitamina E, vitamina C, betacaroteno (um precursor da vitamina A encontrados em plantas) e selênio, podem desempenhar um papel preventivo vital em indivíduos que praticam atividades físicas afim de antagonizar o efeito dos radicais livres que são formados durante o exercício (6,8).
A nutrição adequada é essencial para garantir ao indiviuo um suprimento suficiente de nutrientes na dieta não só para fornecer a energia necessária, como carboidrato, gordura e proteínas, mas também para garantir o metabolismo ideal do substrato de energia via vitaminas, minerais e água (8).
Figura 1. Freqüência de consumo de alimentos antioxidantes pelos indivíduos do sexo masculino
Figura 2. Freqüência de consumo de alimentos antioxidantes pelos indivíduos do sexo feminino
Conclusão
Concluiu-se que os indivíduos do sexo masculino praticantes de atividade física entrevistados não possuem informações suficientes sobre os mecanismos de ação dos antioxidantes na prevenção de doenças crônicas e envelhecimento precoce na prática desportiva. A população feminina demonstrou o maior consumo e interesse no consumo dos agentes antioxidantes, principalmente no consumo de Vitamina C, Vitamina E, Betacaroteno . Em termos práticos, cerca de 50% da população masculina, demonstraram-se serem regulares, com uma alimentação de maneira insatisfatória, em relação a agentes antioxidantes, principalmente no que se referem as fontes de selênio, flavonoides. Esta pesquisa deixou clara a necessidade de informar às pessoas que realizam atividade física sobre a importância da alimentação variada e equilibrada, condizente com seu padrão sócio-econômico para que os alimentos antioxidantes façam parte dos seus hábitos diários. As pessoas praticam atividade física, frequentemente, mas não sabem alimentar-se corretamente.
Considerando que a nutrição é a base sobre a qual se desenvolvem todos os processos fisiológicos e patológicos, que nenhum fenômeno orgânico normal ou anormal ocorre sem que haja um componente nutricional envolvido e ainda que o papel primordial da nutrição é o da promoção, manutenção e recuperação da saúde, torna-se necessário investir mais em ações de educação alimentar e nutricional como suporte e estratégia para a garantia de tais privilégios, na construção de uma vida longa com maior qualidade, em um contexto de adversidades. Precisa-se levar principalmente aos desportistas o esclarecimento, através do nutricionista, que é um educador capacitado a dar esclarecimentos e assistência à população, carente de serviços de prevenção e orientação.
Referência
KOURY, J.C. Zinco, estresse oxidativo e atividade física. Rev. Nutr., Campinas, 2003, v. 16, n. 4, p. 433-441.
SIGNORINI, J.L. Atividades físicas e radicais livres: aspectos biológicos, químicos, fisiopatológicos e preventivos. São Paulo: Ícone, 1999.
ATKINS, R.C. Dr. Atkins, a revolucionária dieta antienvelhecimento: como uma alimentação adequada pode ajudar a manter a juventude. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
BIANCHI, M.L. Radicais livres e os principais antioxidantes da dieta. Rev. Nutr., Campinas, 1999, v.12, n. 2, p. 123-130.
BACURAU, R.F. Nutrição e suplementação esportiva. Guarulhos: Phorte, 2001.
CLARK, N. Guia de nutrição desportiva: alimentação para uma vida ativa. Porto Alegre: Artmed, 1998.
FERREIRA, A.L.A. Radicais livres: conceitos, doenças relacionadas, sistema de defesa e estresse oxidativo. Rev. Ass. Med. Brasil, 1997, v.43, n.1, p. 61-68.
WILLIAMS, M. H. Nutrição para saúde, condicionamento físico desempenhoesportivo. São Paulo: Manole, 2002.
NIEMAN, D.C. Exercício e saúde. São Paulo: Manole, 1999.
FIAMONCINI, R.L. Radicais livres, antioxidantes e vitamina E no Esporte. Disponível em: http://www.nutricalempauta.com.Br/novo/65/nutriesporte.html. Acesso em: 15 nov. 2004.
FONSECA, A.B.P.B.L. Prática de atividade física e a formação de radicais livres. Rev. Nutrição Saúde & Performance, 2004, p. 45-46.
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