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A importância do treinamento pliométrico para a otimização 

da performance do salto vertical dos e das atletas voleibolistas

La importancia del entrenamiento pliométrico para un rendimiento óptimo del salto vertical en jugadoras y jugadores de voleibol

 

*Pós-graduando em Fisiologia do Esporte ASSEVIM

Instituto Passo 1. Uberlândia, MG

**Faculdade Atenas – Paracatu, MG

(Brasil)

Hércules Antônio da Silva Souza*

herculesgate@hotmail.com

Thiago Montes Fidale**

thiagofidale@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          A pliometria é um método de treinamento que possibilita a obtenção de maiores distâncias no salto. Portanto, é comumente usado por atletas que realizam provas de alta velocidade ou esportes que utilizam saltos. Os exercícios pliométricos são definidos como aqueles que ativam o ciclo excêntrico-concêntrico do músculo esquelético, provocando sua potenciação mecânica, elástica e reflexa. O objetivo deste trabalho de revisão bibliográfica consistiu em rever e descrever a fisiologia do exercício pliométrico, os métodos utilizados para a realização das avaliações da performance do salto vertical, bem como, os tipos mais comuns de exercícios pliométricos voltados para a otimização deste salto. Considerando a hipótese de que este método possa contribuir sobremaneira para o desempenho do salto vertical dos e das atletas voleibolistas. Destarte, a pesquisa realizada, além de ter contemplado nossos objetivos permitiu-nos, também, concluir que o referido método representa uma alternativa eficaz, podendo agregar os planos de treinamentos dos treinadores e técnicos das equipes de voleibol, haja vista a maximização da performance dos saltos verticais que a prática do método, em muitos casos, demonstrou ser capaz de promover.

          Unitermos: Pliometria. Voleibol. Avaliação pliométrica. Exercícios pliométricos

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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1.     Introdução

    O voleibol vem se configurando na atual conjuntura como uma das principais predileções desportivas do planeta. Sua influência abarca povos distintos e passa a constituir cada vez mais o conjunto das práticas sociais, tornando-se um elemento indissociável da cultura humana.

    A Federação Internacional de Voleibol (FIVB), em 1994, divulgou que o público praticante do desporto era equivalente a 200 milhões de pessoas. Muito embora não tenhamos fontes mais atualizadas, a evidência da ascensão deste número, posterior a esta data, é algo que nos parece irrefutável.

    O voleibol é um desporto coletivo jogado por duas equipes num terreno dividido ao meio por uma rede. O objetivo principal do jogo consiste em enviar regularmente a bola por cima da rede, de forma a tocar o campo contrário e impedir, por outro lado, que ela toque o chão do seu próprio campo. A jogada desenvolve-se até que a bola toque o chão, seja enviada para fora ou uma das equipes não consiga devolver corretamente e, em cada jogada é ganho um ponto sagrando-se vencedora a equipe que obtiver o maior número de pontos (CBV, 2008).


    O jogo é realizado através do saque, recepção, levantamento, ataque, bloqueio e defesa (EOM & SCHUTZ, 1992). Por ser coletivo, a seqüência de movimentos é acíclica, portanto, sua prática requer velocidade, potência e resistência para obter um alto rendimento (BOMPA, 2000).

    No voleibol, o bloqueio, o salto vertical, o passe e a cortada são movimentos imprescindíveis, que podem determinar a vitória ou a derrota da equipe, dependendo do seu nível de treinamento e performance.

    Em geral, nos esportes coletivos como o voleibol, basquete e futebol, entre outros, a demonstração de força e poder é consubstanciado com o salto, sendo este, portanto, a parte dos fundamentos de muitos esportes.

    Deste modo, a otimização da força muscular e potência dos membros inferiores permite ao atleta o aumento da sua capacidade de realização do salto vertical. E, um dos métodos mais amplamente utilizados para o desenvolvimento do salto é o treinamento de pliometría.

2.     Pliometria

    A palavra pliometria vem do grego plethyeien, que significa obtenção de maiores distâncias no salto (SOUSA, 2002). Segundo Bompa (2004), os exercícios pliométricos sempre foram praticados pelas crianças do mundo todo, nas brincadeiras de amarelinha ou elástico. Esse autor ainda destaca que nos anos de 1919, 1920 e 1930 os atletas de atletismo do norte e leste europeu utilizavam esse tipo de treinamento durante o inverno.

    O treinamento pliométrico é freqüentemente denominado “Treinamento de Elasticidade” Zanon (1975), “Treinamento Reativo” Schröder (1975), “Treinamento Excêntrico” Schmidt-bleicher e cols. (1978) e ainda, em sua subcategoria, “Treinamento de Saltos em Profundidade” (TSCHIENE,1976).

    Trata-se de um método de treinamento baseado no uso do ciclo alongamento-encurtamento (CAE) cujo componente elástico de um determinado grupo muscular ao ser precedido por uma ação excêntrica (pré-alongamento) na ação concêntrica resultante geraria uma força maior (acúmulo de energia potencial elástica) (ZATSIORSKY, 1999).

    O termo pliometria foi introduzido pelo treinador norte-americano Fred Wilt em 1975. Essa técnica tornou-se popular nos anos 60 e 70 e foi responsabilizada pelo sucesso dos atletas do leste europeu na época (KUTZ, 2003).

    Os treinadores norte-americanos já usavam saltos com bancos, o pular corda, porém não conheciam sua base fisiológica. Foi então, o treinador soviético Yuri Verkhoshanski, durantes o final da década de 60, quem começou a transformar o que eram apenas saltos aleatórios, em treinamento pliométrico organizado (PRENTICE, 2003).

    O propósito dos exercícios de ciclo alongar-encurtar ou de contra movimento é melhorar a capacidade de reação do sistema neuromuscular e armazenar energia elástica durante o pré-alongamento, para que esta seja utilizada durante a fase concêntrica do movimento (DESLANDES, 2003).

    O método pliométrico é comumente utilizado para treinamento de atletas que realizam provas de alta velocidade ou em esportes que utilizam saltos, como por exemplo, saltos em altura, distância, triplo, no voleibol e no basquetebol, entre outros (MCARDLE, KATCH E KATCH, 2003).

    Portanto, o seu emprego visando à otimização do salto vertical é algo que nos parece ser imprescindível a qualquer plano de treinamento físico, direcionado para a prática do voleibol, bem como, para as modalidades desportivas que possuem características semelhantes.

    Nesse sentido, este trabalho de revisão bibliográfica teve como objetivo descrever a fisiologia do exercício pliométrico, os métodos utilizados para a realização das avaliações da performance do salto vertical e, por fim, descrever os tipos mais comuns de treinamentos pliométricos voltados para a otimização do salto vertical. Considerando a hipótese de que este método possa contribuir sobremaneira para o desempenho do salto vertical dos(as) atletas voleibolistas.

3.     Fisiologia do exercício pliométrico

    A pliometria é baseada na combinação dos reflexos de estiramento muscular e nas propriedades mecânicas e, principalmente, elásticas do sistema músculo-tendíneo.

    Fisiologicamente, quando o alongamento excessivo e violento torna-se possível, os receptores de alongamento criam impulsos nervosos proprioceptivos para serem enviados à medula espinhal e, por meio de uma ação reflexa, eles são recebidos novamente nos receptores.

    Através dessa ação reflexa, ocorre um efeito de freio aplicado, evitando o alongamento das fibras musculares e, o mais importante em termos de pliometria, uma contração muscular com muita potência é liberada (BOMPA, 2004).

    De acordo com Deslandes et al. (2003), o comportamento muscular é representado como um modelo de três componentes, como mostrado na figura 1, que são um componente contrátil – CC, formado pela actina e miosina, um componente elástico em série – CES, que se encontra em série com o CC e possui uma parte passiva, correspondente ao tendão.

    O componente elástico em paralelo - CEP encontra-se em paralelo com o CC e corresponde ao sarcolema, ao endomísio, ao perimísio e ao epimísio. Este é responsável por manter as fibras unidas, e juntamente com CES, confere importante rigidez funcional para aprimorar a transmissão da força de contração do músculo para o tendão e osso (NORDIN, 2003).

Figura 1. Deslandes et al., 2003

    Segundo Fleck e Kraemer (1999), a energia elástica pode ocasionar uma diferença de cerca de 20 a 30% entre um salto contra movimento (com mudança rápida da contração excêntrica para a concêntrica) sobre um não-contra movimento (que não envolve o ciclo alongamento-encurtamento, devido a um maior tempo gasto na mudança da contração excêntrica para concêntrica).

    Acredita-se que ocorre um aumento significativo na produção de força muscular concêntrica quando imediatamente precedida por uma contração muscular excêntrica, devido à reutilização dessa energia elástica pelo músculo (PRENTICE & VOIGHT, 2003).

    Como se sabe, a eficiência mecânica do trabalho muscular é de aproximadamente 25%, ou seja, somente esse valor da energia química gasta se converte em energia mecânica, o que significa que os outros 75% são transformados em energia térmica, calor, uma energia que não interessa em termos de desempenho (MOURA, 1994). Entretanto, para que esta conversão aconteça Moura & Col. (2001) enfatiza que é necessário a realização de um pré-alongamento de pequena amplitude, com grande velocidade e tempo de amortização bastante curto, caso contrário, muita dessa energia será dissipada em calor.

    Se a passagem de uma fase para a outra ocorre rapidamente, “a ação concêntrica resultante é mais do que se nenhuma ação excêntrica tivesse sida realizada” (FLECK e KRAEMER, 1999). McArdle, Katch e Katch (2002) afirmam que, quando acontece um alongamento, “as fibras musculares e a participação do reflexo miotático se combinam para produzir uma contração concêntrica poderosa”.

    Bompa (2004) relata que o reflexo miotático (vide fig. 2) é muito sensível e é determinado pela velocidade de estiramento, de forma que em um estímulo lento, a resposta motora será muito fraca, ao passo que estímulo feito rápido e bruscamente resultará em uma contração muscular rápida e explosiva, portanto, numa contração concêntrica com pré-estiramento rápido, como na pliometría, há um aumento da ativação neuromuscular e uma melhora do rendimento muscular.

    O reflexo miotático, produzido pelos fusos musculares, é um dos mais rápidos, pois sua latência ou tempo de reação é de cerca de 30 a 40 mseg. É através dele que somos capazes de ter uma resposta rápida diante de forças, traumas ou mudanças de direções repentinas, e, portanto, possui papel protetor através da estabilização muscular reflexa.

    Este reflexo pode ainda promover o recrutamento de unidades motoras adicionais, as quais atuariam no recuo elástico, contribuindo para um maior armazenamento de energia elástica (PRENTICE & VOIGHT, 2003).

Figura 2. Representação esquemática do reflexo miotático

    Outro reflexo de grande importância na fisiologia do ciclo excêntrico e concêntrico - CEC, é o reflexo do órgão tendinoso de Golgi - OTG, que ocorre quando a tensão muscular aumenta a ponto de colocar em risco a integridade músculo-tendinosa, nesse momento, o OTG envia sinais à medula espinhal, a qual manda eferências inibitórias ao músculo contraído, causando seu relaxamento e evitando uma possível lesão (KUTZ, 2003).

    O OTG é uma estrutura encapsulada localizada na junção músculo-tentinosa, onde as fibras de colágeno do tendão se juntam às extremidades das fibras musculares extrafusais (vide fig. 3). Os feixes de colágeno na cápsula do órgão tendinoso dividem-se em finos fascículos. Cada OTG é enervado por um axônio do grupo IB, que perde a sua bainha de mielina após atravessar a cápsula e se ramifica em numerosas terminações, as quais se entrelaçam à volta dos fascículos de colágenos.

    O estiramento das fibras de colágeno também estira o OTG. Isto comprime e alonga as terminações nervosas, provocando a sua despolarização. Os OTG são muito sensíveis a alterações na tensão do músculo, ao contrario dos Fusos Musculares que são sensíveis a alterações do comprimento muscular (CHAVES e Col., 2002).

    Tendo em vista o OTG ser um receptor inibidor da tensão muscular, ele limita a produção da força. Entretanto, a prática dos exercícios pliométricos provoca a dessensibilização do OTG, possibilitando assim o aumento da força explosiva. Com a sua dessensibilização, seu limiar de ativação é elevado, de forma que maior quantidade de força e de carga sobre o sistema musculoesquelético pode ser aplicada (PRENTICE, 2003).

    Moura e Col. (2001), ressaltam também que; o exercício pliométrico é um meio que pode melhorar a força e a potência muscular com o recrutamento seletivo de fibras tipo IIb, haja visto que essas fibras respondem melhor o pré-alongamanto de alta velocidade e pequena amplitudes.

Figura 3. Representação esquemática do Órgão Tendinoso de Golgi - OTG

    Mesón e Ramos (2001), denominam o termo pliometria como sendo um método de preparação de força com o objetivo de desenvolver a “força explosiva e a capacidade reativa do sistema neuromuscular (passagem rápida de um trabalho excêntrico ao concêntrico)”, que tem o tipo de fonte de energia anaeróbia alática (ATP-PCr).

    Por meio dessas referências podemos compreender, de maneira mais clara, a fisiologia do método pliométrico, bem como, a sua relevante influência sobre a performance do salto vertical do(a) atleta. Entretanto, para que o método seja aplicado, visando a otimização do salto vertical, necessário se faz a realização de avaliações do desempenho deste salto. Sendo assim, ilustraremos a seguir os métodos mais comuns, utilizados na avaliação do salto vertical.

4.     Métodos de avaliações da performance do salto vertical

    Para avaliar a “performance” do salto vertical, são comumente utilizados dois métodos, sendo eles o Sargent Jump Test e o Jump Test (CARNAVAL, 1998).

    O Sargent Jump Test, é o mais simples dos métodos de avaliação. Para sua realização são necessários apenas uma superfície lisa com aproximadamente três metros de altura graduada de 1 cm em 1 cm e pó de giz (vide fig. 4).

Figura 4. Representação do método Sargent Jump Test

    Na técnica empregada para a sua realização, o testando deverá assumir a posição em pé, de lado para a superfície graduada, e com o braço estendido acima da cabeça, o mais alto possível, mantendo as plantas dos pés em contato com o solo, sem flexioná-los. Deverá fazer uma marca com os dedos, na posição mais alta que possa atingir. Para facilitar a leitura, os dedos do testando deverão estar sujos de pó de giz. O teste consiste em saltar o mais alto possível, sendo facultado ao testando, a flexão das pernas e o balanço dos braços para a execução do salto.

    O resultado é dado em cm, subtraindo-se a marca mais alta do salto da mais baixa, feita pelo testando sem o salto. Geralmente são feitas três tentativas, sendo computado o melhor dos três saltos (CARNAVAL, 1998).

    O Jump Test consiste em uma plataforma de contato composta por circuitos eletrônicos que mede o tempo em que o indivíduo fica sem contato com a mesma (vide fig. 5), durante a execução do salto, com precisão de milisegundos, acoplado a um pequeno “software” que calcula a elevação do centro de gravidade, em centímetros e milímetros (ex. 45,7 cm), através da fórmula, h = t ² x 8 -¹ (BOSCO e Col. 1995).

Figura 5. Representação do Jump Test

    Este método possibilita a realização de várias técnicas de saltos, elevando assim, a capacidade de obtenção de dados, que são fatores essenciais para a análise da performance de um(a) atleta.

    Dentre as técnicas de saltos no método Jamp Test, as mais comuns são: Squat Jump, Caunter Movement Jump, Multi Jump, Drop Jump e Stiffness Test (VER ANEXO I).

    A versatilidade da plataforma de contato contribui, sobremaneira, para uma leitura mais fidedigna sobre o real potencial do sujeito avaliado.

    Não obstante, outras avaliações, que não foram citadas, são possíveis de serem realizadas, tanto no método Sargent Jump Test como no Jump Test. Citemos como exemplo, a avaliação dos saltos unilaterais, em que o(a) atleta utiliza somente uma das pernas. Este procedimento permite avaliar tanto a altura do salto, como também o déficit bilateral existente no sujeito avaliado.

    Trata-se, portanto, de uma avaliação que não deve ser negligenciada quando se pretende elaborar um plano de treinamento calcado na perspectiva de se otimizar a performance de qualquer atleta que utiliza dos saltos verticais para a prática do desporto.

5.     Maneiras de se aplicar o treinamento pliométrico

    A pliometria pode ser aplicada de forma simples, utilizando-se materiais de fácil aquisição, como caixas de madeira, cones, bolas e elásticos (BATISTA e Col. 2003).

    No centro do treinamento pliométrico, exercitam-se saltos de todos os tipos e em diversas combinações possíveis. Weineck (2003), denomina a pliometria em “Simples”, “Pequena” ou “Pura” quando os saltos deste treinamento forem executados sem peso adicional, sem aparelhos de apoio (caixas, obstáculos), ou com obstáculos de pequena altura. Este autor define como “Pliometria Média” o treinamento em que os saltos ocorrem sobre caixas e obstáculos de média altura e, “Pliometria Intensiva”, quando os obstáculos incluídos neste treinamento tiverem grande altura.

    No treinamento pliométrico pode incluir saltos sobre uma perna, saltos sobre as duas pernas, salto em altura e distância, saltos em corridas, saltos para frente, saltos laterais, saltos para trás, saltos sobre obstáculos, etc. (COMETT, 1988).

    Weineck (2003), considera os saltos em arcos (bambolês) adequados para o treinamento de força de crianças e adolescentes; para avançados e jovens, os saltos sobre caixas ou saltos (transversais) sobre bancos longos e, para os (as) atletas de alto desempenho, saltos sobre obstáculos ou sobre caixas altas (apoios).

    Os tipos de saltos utilizados no método pliométrico de treinamento são basicamente três (BARBANTI, 1986): saltos horizontais, onde o atleta projeta seu corpo horizontalmente (pulando para frente); saltos verticais, com impulsões para cima e sem sair do lugar e saltos em profundidade, que promovem força reativa, onde o atleta “cai” de determinada altura, e após o amortecimento da queda realiza outro(s) salto(s)

    Os exercícios pliométricos podem ser executados com diversos ângulos de flexão – 30º, 90º, 150º - através dos quais sua eficácia é aumentada ou diminuída. Comett (1988) alega que; dependendo do ângulo de flexão, os elementos contráteis (miosina e actina) sobrepõe-se de diferentes maneiras, provocando conseqüentemente diferentes estímulos para a otimização da formação das pontes de ligação.

    Outro aspecto bastante importante, quanto à maneira de se realizar o treinamento pliométrico, é a altura de queda adequada, que difere bastante na opinião dos estudiosos. Os motivos para tal diferença, na opinião de Barbanti (1986), podem ser em virtude das características diferentes dos estudos realizados, ou pelo nível de condicionamento das pessoas testadas. No quadro seguinte podemos observar as alturas de quedas sugeridas por alguns estudiosos.

Quadro 1. Altura de quedas para o salto em profundidade, segundo alguns autores (BARBANTI, 1986, p. 59)

    Segundo Verkhochanski apud Fleck e Kramer (1999), a altura máxima da queda para o trabalho de força deve ser 110 cm, tendo em vista que alturas maiores não produzem o efeito desejado, devido à lentidão com que acontece a mudança da contração excêntrica para a concêntrica.

    Dantas (2003) leva em consideração a capacidade física a ser trabalhada para decidir a altura da queda. Propõe que para trabalhar a velocidade, a altura da queda deve ser de 50 a 73 cm, e para a força explosiva a altura deve ser de 74 a 110 cm.

    A importância de se definir uma altura ideal para os saltos reside no fato de que ela está diretamente associada e eficácia do treinamento (WEINECK, 2003). Alturas muito elevadas, por exemplo, estão sendo consideradas por autores, como sendo um dos principais fatores responsáveis pelo acometimento de lesões durante a aplicação do treinamento do CAE (FLECK e KRAEMER, 1999).

    Muito embora a definição da altura ideal de queda seja objeto de preocupação quando da elaboração de um plano de treinamento pliométrico, a observância de alguns fatores, como por exemplo, a intensidade e o volume do treinamento, constitui-se em um ato essencial que deve compor o leque de procedimentos adotados neste treinamento.

    Mormente a intensidade do esforço, Bompa (2004) alega que “o nível de intensidade é diretamente proporcional à altura e/ou a duração do exercício” e divide os exercícios em dois grupos principais, conforme o grau de impacto desses exercícios no sistema neuromuscular. Os exercícios de baixo impacto são caracterizados por saltos com corda, skipping, saltos diversos (passada curta e baixa, e hops) e saltos sobre bancos baixos (25-35 cm). Já os exercícios de alto impacto são representados por saltos em distância e triplo, saltos com passadas altas e longas, saltos sobre bancos altos (mais de 35 cm) e saltos em profundidade (saltos reativos).

    Bompa (2004), ressalta que deve-se realizar uma progressão do treinamento pliométrico, onde a pliometria de alto impacto é introduzida após quatro anos de treinamento, sendo este tempo necessário para a ocorrência de adaptação e a aprendizagem correta da técnica.

    No tocante ao fator volume, segundo a metodologia da Escola Alemã, Dantas (2003), o treinamento proposto para atletas de médio rendimento é sem sobrecarga, realizando de 6 a 10 séries com 5 a 7 repetições. Para atletas de alto rendimento, trabalha-se de 6 a 10 séries com 8 a 10 repetições.

    Mesón e Ramos (2001), afirmam “o limite de exercício com saltos deve acontecer muito antes do atleta se sentir cansado”. O limite é determinado pela carga nos ligamentos e “pela diminuição da capacidade do sistema nervos central de manter o nível elevado da intensidade e da corrente dos estímulos motores”.

    Entretanto, é importante ressaltar que a execução do treinamento pliométrico deve ser precedida por um aquecimento, que pode ser dividido em geral e específico. O primeiro envolve atividades como corrida lenta, seguida de exercícios calistênicos e alongamentos. O segundo engloba atividades repetidas que preconizam os padrões neuromusculares da habilidade esportiva (BOMPA, 2004).

    Weineck (2003), enfatiza que os riscos de lesões, quando da prática do treinamento pliométrico, estão intimamente relacionados à falta de aquecimento. Sendo assim, os técnicos e treinadores físicos devem estar atentos quanto à importância desta prática, no sentido de evitar efeitos deletérios que possam comprometer a integridade física do(a) atleta.

    É importante ressaltar que os exercícios pliométricos são contra-indicados para pessoas que se encontram nos períodos pós-operatórios imediatos, presença de inflamação aguda, dor, edema ou derrame articular (WILK e Col., 1993).

6.     Considerações finais

    As referências bibliográficas que abordam o tema pliometria, às quais tivemos a oportunidade de analisar, atestam a importância do método de treinamento pliométrico enquanto atividade estimuladora da potenciação muscular.

    Foi possível verificar e, por conseguinte descrever, a partir destas referências que; o aproveitamento da energia química produzida pela queima das reservas energéticas estocadas no organismo eleva-se em detrimento da execução dos saltos rápidos praticados no CEC, possibilitando, desse modo, uma maior conversão desta energia em trabalho mecânico. Além do mais, havendo um estiramento rápido das fibras musculares o reflexo miotático é ativado e, a combinação destes dois fatores resulta em uma contração rápida e explosiva.

    Observamos também, no campo da fisiologia do exercício pliométrico, que a prática do CEC provoca a dessensibilização do OTG. Este acontecimento possibilita o aumento da força explosiva do(a) atleta, uma vez que seu limiar de ativação é elevado, permitindo assim a aplicação de maior quantidade de força e de carga sobre o sistema musculoesquelético do(a) atleta.

    Constatamos que a pliometría é um método de treinamento composto por exercícios de natureza simples, uma vez que muitos destes podem ser considerados como uma evolução dos movimentos mais comuns que preenchem o cotidiano da maioria das pessoas podendo, inclusive, serem praticados em qualquer ambiente.

    De igual maneira, agregam-se os métodos e técnicas de avaliação do salto vertical, considerando os que foram expostos neste trabalho, tendo em vista não ser necessários, para tais fins, recursos que fogem a capacidade de acesso de qualquer avaliador.

    Neste sentido, o referencial teórico revisado, permitiu-nos compreender um pouco mais a respeito do tema pliometria, suas peculiaridades nos aspectos fisiológicos, os métodos de avaliação dos saltos verticais, bem como, a maneira de se aplicar o treinamento pliométrico com o objetivo de se obter uma otimização da performance do salto vertical.

    Diante do que fora revisto e descrito, concluímos que, o método pliométrico responde com imperativa coerência a hipótese levantada por nós, configurando-se como uma alternativa viável, com condições propícias de compor os planos de treinamentos físicos dos treinadores e técnicos de voleibol que almejam o ápice da performance dos(as) atletas que constituem seus times.

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