Evolução do desempenho físico, motor e técnico após mesociclo de treinamento em jogadores de futebol sub-13 Evolución del rendimiento físico, motor y técnico después de un mesociclo de entrenamiento en jugadores de fútbol sub-13 Evolution of performance physical, motor and technique after mesocycle of training in soccer players under-13 |
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*Especialista em Atividade Física pela Universidade Estadual de Ponta Grossa **Docente da Universidade Estadual de Ponta Grossa Departamento de Ciencias Biologicas e Educação Física |
Josias Batista da Silva* Flávio Guimarães Kalinowski** (Brasil) |
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Resumo O intuito do presente estudo foi de mensurar a evolução da performance física, motora e técnica de 25 jogadores de futebol da categoria sub-13 de uma escola de Futebol após um mesociclo de treinamento. Para tanto, foi aplicada a bateria de testes e classificações descrita por Silva e Santos (2009), aferindo as medidas de massa corporal, estatura, cálculo do índice de massa corporal (IMC) e os testes motores de sentar e alcançar (flexibilidade), salto horizontal (força de membros inferiores), corrida de 20 metros (velocidade), teste do quadrado (agilidade), saltos com corda (coordenação motora), teste de Legger (resistência cardiovascular) e os testes específicos de Futebol, sendo eles o de teste do “Paredão” (domínio de bola), teste de passes curtos, médios e longos (precisão no passe), teste de chute a gol com deslocamento (precisão no chute) e o teste do retângulo alternado (condução de bola). Tratando-se da condição física, não ouve mudanças, permanecendo o percentual de 80% com o peso normal e 20% diagnosticados com sobrepeso. Na primeira avaliação motora, 12% dos avaliados ficaram no Nível 0, 28% no Nível 1 e 28% no Nível 2, já 32% alcançaram o Nível 3. Na reavaliação 32% ficaram no nível 2, 56% no nível 3 e 12% no nível 4. Na primeira avaliação técnica especifica, 24% dos avaliados ficaram no Nível 1, 28% no Nível 2, 44% alcançaram o Nível 3 e apenas 4% no Nível 4. Na reavaliação, 16% alcançaram o nível 2, o nível 3 44% e 40% o nível 4. No desempenho global individual, 8% dos avaliados ficaram no Nível 0, 36% no Nível 1, 32% no Nível 2 e 24% alcançaram o Nível 3 na avaliação. Na reavaliação 36% alcançaram o nível 2, 56% o nível 3 e 8% dos avaliados o nível 4, o que equivale a uma melhora global de performance do grupo de 17,92%. Conclui-se que os resultados evidenciaram melhora de performance dos avaliados em todas as variáveis, onde os testes referidos neste estudo é um ótimo instrumento avaliativo destas variáveis. Unitermos: Performance. Avaliação física. Futebol. Sub-13
Abstract The purpose of this study was to measure the evolution of performance physical, motor skills and technique of 25 Soccer players from the category Under-13 from a Soccer school after a mesocycle of training. To that end, was applied to test battery and classifications described by Silva and Santos (2009), which sent the measured weight, height, body mass index (BMI) calculation and testing motors skills sit and reach (flexibility), horizontal jump (power lower limbs), running 20 meters (speed), the square test (agility), jumps rope (coordination), Legger test (cardiovascular endurance) and specific tests for Soccer, and they test the "Big Wall"(ball field) test of short passes, medium and long (precision passing), test shots on goal displacement (accuracy in the chute) and the alternate test of the rectangle (driving the ball). As regards the physical condition, not hear changes, the remaining percentage of 80% with normal weight and 20% diagnosed with overweight. In the first motor skills evaluation, 12% of the individuals were in Level 0, 28% at Level 1 and 28% at Level 2, 32% have reached Level 3. At reassessment 32% were at Level 2, 56% at level 3 and 12% at level 4. The first specifies the technical evaluation, 24% of the individuals were at Level 1, 28% at Level 2, 44% achieved Level 3 and only 4% in Level 4. At reassessment, 16% reached level 2, level 3 44% and 40% level 4. In the overall individual performance, 8% were rated at Level 0, 36% at Level 1, 32% at Level 2 and 24% achieved Level 3 in the evaluation. In re 36% achieved level 2, 56% at level 3 and 8% of the assessed level 4, equivalent to a global improvement of group performance of 17.92%. It is concluded that results showed improved performance of the individuals in all variables, where tests of this study is an excellent evaluation instrument these variables. Keywords: Performance. Physical evaluation. Soccer. Under-13 |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010 |
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Introdução
O Esporte em geral é um fenômeno amplamente estudado, incluso nisto esta o futebol, que é a modalidade esportiva com maior numero de praticantes no mundo, que apresenta um leque muito grande de objetos de estudo.
Silva e Santos (2009) sugerem que:
Não é novidade afirmar que o futebol é o esporte mais popular em todo o planeta, principalmente no Brasil, tradicionalmente conhecido como o País do futebol, devido a inúmeros craques que o país revelou e também por todas as conquistas que tanto a seleção nacional quanto os clubes brasileiros obtiveram nas principais competições mundiais ao longo da historia do futebol.
Porém, mesmo com essa popularidade comprovada, os estudos científicos que estudam os fenômenos na pratica do futebol no Brasil ainda não estão sendo capazes de suprir toda a demanda que se tem necessidade para se entender melhor estas variáveis e tirar proveito através de descobertas feitas e da incorporação de tecnologias que avançam a cada dia.
Para Norton e Olds (2000) a Antropômetria vem sendo utilizada frequentemente para acompanhar o desenvolvimento dos indivíduos e também para auxiliar na seleção de atletas. Mas geralmente estes dados não são publicados e compartilhados com outros interessados em comparar com os dados verificados em outros estudos.
Segundo Garcia, Muiño e Teleña (1977) podem ser verificadas as melhoras de desempenho dos jogadores de futebol através dos testes físicos, que auxiliam também na indicação dos jogadores para cada posição, no descobrimento de novos talentos e na reavaliação do trabalho. Tirando proveito desta informação, através não só dos testes físicos e motores, mas também dos testes técnicos específicos de futebol pode-se desenvolver um trabalho mais personalizado conforme as necessidades do grupo.
Este estudo tem o intuito de avaliar as capacidades físicas, motoras e técnicas pré e pós aplicação de um programa de treinamento, objetivando obter parâmetros para identificar o método correto de treinamento a ser aplicado de acordo com os objetivos do seu idealizador e também de avaliar o desempenho do grupo avaliado, se o programa de treinamento surtiu os resultados esperados e traduzir em números esta evolução.
Procedimentos metodológicos
Neste estudo foi adotado o procedimento correlacional, com intuito de avaliar o desenvolvimento físico, motor e técnico antes e após um mesociclo de dez meses de treinamento em uma escolinha de futebol na cidade de Ponta Grossa, Paraná, analisando 25 avaliados da categoria sub-13. Para tanto, foi aplicada a bateria de testes proposta por Silva e Santos (2009).
Esta bateria de testes foi dividida em três dias de uma mesma semana, sendo na segunda-feira aferidas as medidas de massa corporal, estatura e cálculo do índice da massa corporal, e realizado os testes de sentar e alcançar (flexibilidade) e de salto horizontal (força de membros inferiores).
A massa corporal dos avaliados foi obtida em uma balança digital, da marca Filizolla, com precisão de 0,1 kg, com o avaliado descalço e vestindo apenas calção, e a estatura foi determinada em um estadiômetro de madeira, com precisão de 0,1 cm, com o avaliado em apnéia inspiratória e com a cabeça posicionada no plano de Frankfurt (GORDON; CHUMLEA; ROCHE, 1988), para então calcular o índice de massa corporal (IMC) por meio do quociente massa corporal/(estatura)², sendo a massa corporal expressa em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m).
Na quarta-feira foram realizados os testes de corrida de 20 metros (velocidade), teste do quadrado (agilidade), saltos com corda (coordenação motora) e o teste de Legger (resistência cardiovascular). Já na sexta-feira foram aplicados os testes técnicos específicos de futebol, sendo o teste do “Paredão” (domínio de bola), teste de passes curtos, médios e longos (precisão no passe), teste de chute a gol com deslocamento (precisão no chute) e o teste do retângulo alternado (condução de bola).
Conforme descrito por Silva e Santos (2009), faz-se então a soma dos pontos nos testes motores e técnicos dos indivíduos avaliados, para classificá-los em:
Nível |
Percentil |
Classificação |
Nível 0 |
P < 20 |
Muito Fraco |
Nível 1 |
P 20-40 |
Fraco |
Nível 2 |
P 40-60 |
Mediano |
Nível 3 |
P 60-80 |
Bom |
Nível 4 |
P 80-98 |
Muito Bom |
Nível 5 |
P > 98 |
Excelente |
Após dez meses a bateria de testes foi repetida exatamente com os mesmos procedimentos para reavaliar o desempenho do grupo. Todos os avaliados apresentaram autorização por escrito, assinado pelo responsável autorizando o uso dos dados, mantendo em sigilo a identidade dos avaliados.
Resultados
Após a tabulação dos dados, foram elaborados gráficos com as performances gerais em cada capacidade analisada antes e após o mesociclo de treinamento, podendo identificar os resultados alcançados.
Gráfico 1. Diagnostico geral do Índice de massa corporal dos avaliados
No contexto geral não ouve variação no nível de índice de massa corporal (IMC) dos avaliados após o treinamento, permanecendo 80% dos avaliados com o peso normal e 20% com diagnostico de sobrepeso.
Gráfico 2. Desempenho geral dos avaliados nos testes motores
Na primeira avaliação 12% dos avaliados ficaram no Nível 0, 28% no Nível 1 e também 28% no Nível 2, já 32% alcançaram o Nível 3 e nenhum avaliado chegou ao Nível 4 e 5. Na segunda avaliação nenhum individuo ficou no nível 0 ou 1, já no nível 2 foram 32%, no nível 3 o percentual foi de 56% e 12% no nível 4. Nenhum avaliado alcançou o nível 5.
Gráfico 3. Desempenho geral dos avaliados nos testes técnicos específicos
Na primeira avaliação nenhum avaliado ficou no Nível 0, 24% no Nível 1, 28% no Nível 2, já 44% alcançaram o Nível 3 e apenas 4% alcançou o Nível 4 e nenhum avaliado chegou ao Nível 5. Na segunda avaliação, não teve nenhum avaliado no nível 0 ou 1, 16% alcançaram o nível 2, no nível 3 o percentual foi de 44% e 40% no nível 4. Nenhum avaliado chegou ao Nível 5.
Gráfico 4. Desempenho global individual dos avaliados em todos os testes
Na primeira avaliação 8% dos avaliados ficaram no Nível 0, 36% no Nível 1, 32% no Nível 2 e 24% alcançaram o Nível 3, nenhum avaliado chegou ao Nível 4 e 5. Na segunda avaliação nenhum individuo ficou no nível 0 ou 1, já no nível 2 foram 36%, no nível 3 o percentual foi de 56% e de 8% dos avaliados no nível 4. Nenhum avaliado alcançou o nível 5.
Gráfico 5. Média Geral de performance na Bateria de testes
A média aritmética geral do desempenho alcançado na primeira avaliação foi de 45,04% de aproveitamento. Na segunda avaliação a média de aproveitamento foi de 62,96%, uma melhora de 17,92% na performance geral do grupo.
Discussão dos resultados
Tendo em mãos estes resultados, é possível observar a curva de melhora de performance do grupo avaliado em todas as capacidades aferidas e também no desempenho geral dos avaliados, o que já era esperado devido a diversos fatores, como a melhora das capacidades físicas devido a pratica orientada de atividades físicas, o próprio desenvolvimento físico característico da faixa etária analisada e o aperfeiçoamento dos gestos motores e técnicos devido ao programa de treinamento realizado.
Segundo Rinaldi e Arruda (2001, p. 187), “a avaliação física dos jogadores de futebol tem se mostrado importante no sentido de oferecer parâmetros mais exatos para um programa de treinamento”. Sabendo-se disso, no primeiro momento, o principal objetivo deste estudo é através da bateria de testes aqui descrita, avaliar o nível físico, motor e técnico que os atletas se encontravam antes, e então no segundo momento mensurar a evolução dos mesmos após o programa de treinamento adotado.
O treinamento tem como principal objetivo causar adaptações biológicas destinadas a aprimorar o desempenho numa tarefa específica (MCARDLE; KATCH; KATCH, 1991). De acordo com Reis (1994), o método analítico é quando os fundamentos são fragmentados e só após o domínio de todos os fundamentos é que se trabalha com todos os fundamentos ao mesmo tempo no jogo propriamente dito, e o método global parte da totalidade dos movimentos do jogo, do aprender jogando através de jogos pré-desportivos que envolvam todos os fundamentos.
Desconsidera-se aqui qual o método é o mais eficiente, porem sabe-se que através de todos estes métodos obtêm-se melhoras no desempenho desportivo se trabalhado de maneira correta e continua. Neste estudo de caso o método de treinamento adotado foi o misto, intercalando atividades de método analítico e da mesma forma do método global.
Os resultados evidenciaram de forma geral grande melhora dos avaliados em todas as variáveis analisadas, até superando as expectativas iniciais. Os avaliados que na primeira avaliação obtiveram os resultados mais baixos foram os que apresentaram maior evolução, fenômeno esse que pode ser explicado pelo principio da perspectiva evolutiva, onde explica que quanto menos treinado as capacidades, mais fácil será de se alcançar melhoras de performance e de forma inversa, quanto mais treinado menor será a evolução.
A única variável que não apresentou mudanças significativas foi o índice de massa corporal, porém o que chama atenção nesta variável é o numero elevado de avaliados diagnosticados como sobrepeso (20%), onde mesmo após o programa de treinamento este numero não diminuiu. E estes avaliados tanto na primeira quanto na segunda avaliação obtiveram resultados abaixo da média em todas as variáveis analisadas.
Uma correlação que pode ser feita observando os resultados é que os avaliados que obtiveram melhores resultados nos testes motores também encabeçaram o ranking das melhores performances nos testes técnicos, sugerindo assim que para alcançar melhores resultados técnicos, deve-se primeiro dar ênfase em melhorar a parte física e motora, para então enfatizar o treinamento técnico especifico para obter melhor desempenho desportivamente falando.
Segundo Cunha (2003) a grande maioria dos treinadores e preparadores físicos não pode usufruir de técnicas mais científicas em seus programas de treinamento devido a problemas estruturais em seus estabelecimentos. A bateria de testes aqui proposta pode ser aplicada em qualquer equipe de futebol, independente da faixa etária ou dos recursos materiais e financeiros, pois não necessita de aparelhos caros e de difícil manuseio, onde um professor de Educação Física pode facilmente aplicar e destrinchar todas as possibilidades desta bateria de acordo com os seus objetivos.
Conclusão
Conclui-se com este estudo que ouve melhora significativa de performance nas capacidades avaliadas em todo o grupo após o mesociclo de treinamento. Isto traduz a importância de se enfatizar as valências físicas, motoras e técnicas de forma equivalente na montagem de um programa de treinamento, pois foi evidenciada a correlação entre estas capacidades no desempenho final dos fundamentos do futebol.
Porem, um bom desempenho físico, motor e técnico não significa que o avaliado se tornará um bom jogador, pois para isso envolve outros vários aspectos, como a capacidade de leitura do jogo, um bom equilíbrio psicológico e emocional, a capacidade de tomar decisões corretas de acordo com as necessidades momentâneas do jogo, ter habilidade de se relacionar com seus companheiros dentro e fora de campo, se encaixar taticamente de acordo com as suas funções no jogo entre outros aspectos que não se tem como mensurar, como o talento nato entre outros.
Através de métodos de treinamento já conhecidos e de eficácia comprovada, é possível melhorar a performance dos atletas, se aplicados de maneira correta e com comprometimento do treinador e dos atletas. Os testes referidos neste estudo é um bom instrumento para se avaliar a evolução física, motora e técnica individual e geral do grupo avaliado, podendo assim identificar os pontos fortes e fracos e então montar um programa de treinamento em cima destes dados, individualizando as atividades desenvolvidas conforme as necessidades, o que com certeza promovera melhores resultados.
Referencias bibliográficas
CUNHA, F. A.; Estudo do treinamento físico aplicado à categoria juvenil (sub-17) em equipes de futebol do Estado de São Paulo. Dissertação (Mestrado) - Universidade Guarulhos, Guarulhos. 2003
GARCIA, C. M.; MUIÑO, E. T.; TELEÑA, A. P. La Preparación Física en el Fútbol. Madrid, 1977
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. Tradução de Giuseppe Taranto. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991
NORTON, K; OLDS T.; Antropométrica. Biosystem Servicio Educativo. Rosário – Argentina, 2000
REIS, H. H. B.; O ensino dos jogos esportivizados na escola. Dissertação (Mestrado) UFSM, Santa Maria, 1994
RINALDI, W.; ARRUDA, M.; Teste de campo para avaliação de VO2max de jogadores de futebol juvenil. In: Congresso Internacional De Educação Física E Motricidade Humana, 2.: Simpósio Paulista De Educação Física, 8. 2001, Rio Claro. Resumos... Rio Claro: Motriz, 2001. v. 7, n. 1, Suplemento, p. 187
SILVA, J. B.; SANTOS, T. K.; Correlação antropométrica, motora e técnica em jogadores de Futebol Sub-13. In Simpósio de Educação Física e Desportos do Sul do Brasil, 20., 2009, Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa: UEPG, 2009.
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