Cuidados intensivos durante o procedimento de aspiração orotraqueal e traqueostomia Los cuidados intensivos durante el procedimiento de aspiración e intubación traqueal Health field professionals' profile related to suction procedure |
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*Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória Universidade Tuiuti do Paraná **Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória Centro Universitário de Maringá ***Professor do curso de pós-graduação em Cardiorrespiratória, Inspirar |
Sabrina Weiss Sties* Roberta Cristina Leandro** Manoel Luiz de Cerqueira Neto*** (Brasil) |
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Resumo Serão discutidos aspectos relacionados aos procedimentos da aspiração pelo sistema aberto via tubo orotraqueal e traqueostomia realizados por enfermeiros, técnicos em enfermagem, auxiliares de enfermagem e fisioterapeutas. O objetivo deste estudo foi verificar utilização adequada de procedimentos (os maiores cuidados) no atendimento a pacientes em Ventilação Mecânica (VM) executados pelos profissionais durante a conduta de aspiração, com intuito de prevenir: infecções, lesões endotraqueais, quedas de oxigenação, alterações hemodinâmicas bem como proporcionar maior conforto ao paciente. Além, de salientar a importância dos cuidados realizados durante a técnica para proteger os profissionais do risco de infecções. Os resultados de maior relevância foram relacionados ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) 36,8 % dos profissionais não utilizaram essa medida de profilaxia, e quanto à conduta de ausculta pulmonar 94,7% não realizaram este procedimento. As Infecções hospitalares preveníveis, em geral, estão relacionadas ao uso de equipamentos e/ou procedimentos específicos, apresentando, em sua origem, algum evento possivelmente alterável. Logo, atribui-se às falhas nos cuidados dispensados ao paciente, sendo freqüentemente causadas por microorganismos adquiridos no hospital. É importante repensar sobre a qualidade do atendimento e a assistência aos pacientes em VM, devendo ser implantadas estratégias de controle centrando as ações na padronização e no treinamento de condutas. De maneira geral, o sucesso depende do envolvimento de toda a equipe de atendimento, sendo fundamental a educação contínua de todos os profissionais que trabalham com pacientes predispostos a riscos. Unitermos: Aspiração endotraqueal. Cuidados intensivos. Qualidade da assistência à saúde
Abstract Aspects related to suction procedures by open system through orotracheal tube and tracheotomy executed by nurses, nurses assistants, nursing technicals, and physiotherapists will be debated. This work aims to investigate the improvement of wariness when mechanical ventilation (MV) is performed by professionals during the aspiration conduct, with the intention of preventing: infections, endotracheals injuries, oxygenation decrease, hemodynamic changes and also providing greater comfort for the patient. Furthermore, it will lay emphasis on the care accomplished during the procedures, aiming to protect the professionals from the risk of infections. Higher relevance results were related to the use of equipment for individual protection (IPEs), since 36.8% of the professionals did not made use of prophylaxis measures, and about 94.7% did not proceed with the pulmonary auscultation conduct. Avoidable hospitalar infections, in general, are related to use of specific equipments and/or procedures, which present any possibly changeable event in its origin. Then, it is known that patients' care fails are usually caused by microorganisms acquired in hospital. It is important to rethink the quality of MV patient's assistance and safeguard, with the duty to establish control strategies focused on conduct gauge and training. Overall, success relies on all staff, thus, it is essential that all professionals working with risks predisposed patients have a continuous education. Keywords: Endotracheal aspiration. Intensive care. Health assistance quality
Resumen Serán discutidos aspectos relacionados a los procedimientos de aspiración por sistema abierto vía tubo orotraqueal y traqueotomía realizados por enfermeros, técnicos en enfermaría, auxiliares de enfermaría y fisioterapeutas. El objetivo de este estudio es verificar la aplicación adecuada de los procedimientos en la atención a pacientes en Ventilación Mecánica (VM) ejecutados por los profesionales durante la práctica de aspiración, con el objetivo de prevenir: infecciones, lesiones endotraqueales, caídas de oxigenación, alteraciones hemodinámicas y también proporcionar mayor confort al paciente. Además se enfatiza la importancia de los cuidados realizados durante la técnica para proteger los profesionales de los riesgos de infecciones. Los resultados de mayor relevancia fueron relacionados al uso de equipos de protección individual (EPI’s); 36,8 % de los profesionales no utilizaron esa medida de profilaxia; en cuanto la conducta de auscultación pulmonar, 94,7% no realizaron este procedimiento. Las infecciones hospitalarias prevenibles en general, están relacionadas al uso de equipamientos y o procedimientos específicos, presentando, en su origen, alguna circunstancia posiblemente alterable. Luego se atribuyen a fallas en los cuidados dispensados al paciente, siendo frecuentemente causadas por microorganismos contagiados en el hospital. Es importante repensar sobre la calidad de la atención y la asistencia a los pacientes en VM, debiendo ser implantadas estrategias de control concentrando las acciones en la normalización y en el entrenamiento de hábitos. De manera general, el éxito depende del compromiso de todo el equipo que brinda atención siendo fundamental la educación continua de todos los profesionales que trabajan con pacientes predispuestos a riesgos. Palabras clave: Aspiración endotraquial. Cuidados intensivos. Calidad de asistencia en salud |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010 |
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Introdução
Serão discutidos aspectos relacionados aos procedimentos da aspiração pelo sistema aberto via tubo orotraqueal e traqueostomia realizados por enfermeiros, técnicos em enfermagem, auxiliares de enfermagem e fisioterapeutas.
O objetivo deste estudo foi verificar a utilização adequada de procedimentos (os maiores cuidados) no atendimento à pacientes em Ventilação Mecânica (VM) executados pelos profissionais durante a conduta de aspiração, com intuito de prevenir: infecções, lesões endotraqueais, quedas de oxigenação, alterações hemodinâmicas bem como proporcionar maior conforto ao paciente. Além, de salientar a importância dos cuidados realizados durante a técnica para a proteger os profissionais do risco de infecções.
Revisão da literatura
A aspiração endotraqueal é um recurso mecânico simples e relevante na rotina hospitalar. É amplamente utilizada em pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) sob ventilação mecânica ou não, ou em pacientes de leito hospitalar que não conseguem expelir voluntariamente as secreções pulmonares traqueobrônquicas, sangue ou vômitos. Este recurso tem por finalidade manter as vias aéreas permeáveis, prevenir infecções, promover trocas gasosas, incrementar a oxigenação arterial e melhorar a função pulmonar11.
No entanto, a aspiração é um procedimento invasivo que pode trazer agravos ao paciente se não for realizada com critério39. É imprescindível que o profissional possua não só o domínio da técnica, como também o conhecimento da fisiopatologia do problema respiratório do paciente, pois, somente assim, o procedimento poderá ser aplicado de maneira segura, interferindo o mínimo possível na evolução e no sucesso do tratamento33.
A manutenção da permeabilidade das vias aéreas tem sido o maior desafio e o principal objetivo na assistência dos profissionais a pacientes intubados e em ventilação artificial. Isto porque, nesses pacientes, ainda que a patologia de base não seja de origem pulmonar, o acúmulo de secreções é inevitável, pois a canulação endotraqueal impede que os mecanismos de defesa das vias aéreas superiores como a filtração, umidificação e aquecimento do ar sejam utilizados4.
O uso de drogas incluindo sedativos, narcóticos e atropina, comumente usados no tratamento dos pacientes, compromete a expansibilidade torácica, o reflexo da tosse e a viscosidade do muco, dificultando a mobilização de secreções através do sistema mucociliar. Estes fatores, associados às condições clínicas do paciente e aos demais inconvenientes relacionados à ventilação mecânica, predispõem o paciente a severas infecções respiratórias26.
A aspiração é considerada um procedimento rotineiro, apesar disto, vários autores concordam que não deve ser realizada em intervalos regulares, mas somente quando o paciente dela necessite; pois os riscos da aspiração de rotina ultrapassam seus benefícios4,10,24.
O procedimento de aspiração expõe a sérios riscos, especialmente em pacientes sob ventilação mecânica, devendo ser cuidadosa para evitar complicações sérias como hipoxemia, atelectasia, arritmia e pneumonia, entre outras11,39.
A necessidade de aspiração é determinada principalmente pela observação visual do acúmulo de secreções e pela ausculta pulmonar, para determinar a presença de secreções ou obstrução nas vias aéreas23,44.
Segundo diversos autores, preconiza-se a aspiração somente na presença de ausculta de sons adventícios (roncos) pulmonares, aumento do pico de pressão inspiratória no ventilador ou quando a movimentação das secreções é audível durante a respiração23,24.
Em situações nas quais os pacientes apresentam risco de obstrução nas vias aéreas, ou nas quais a ventilação mecânica de longo prazo é necessária, dois tipos comuns de via aérea artificial podem ser utilizadas, tanto a via aérea oral ou a traqueostomia4,18,30.
A aspiração de secreções traqueobrônquicas consiste na introdução de uma sonda nas vias respiratórias do paciente, para a extração de secreção. Para que a secreção seja removida, a sonda de aspiração deve ser conectada a um aspirador com pressão de sucção ou de pressão negativa. O processo da aspiração é definido como um movimento de fluidos e gases de um lugar para outro por gradiente pressórico13.
A técnica mais comum de aspiração endotraqueal é aquela realizada pelo sistema aberto, que requer a desconexão do paciente do ventilador mecânico21.
No entanto, as práticas de aspiração endotraqueal têm sofrido mudanças ao longo dos anos através de pesquisas sobre as vantagens do sistema fechado, como: redução da hipoxemia e outras complicações associadas à aspiração41. Contudo, no sistema fechado a sonda de aspiração é envolta por uma capa plástica, tendo em sua ponta proximal uma porta de irrigação e um tubo T que fica conectado entre tubo endotraqueal e o circuito do ventilador mecânico, e, na sua ponta distal, há uma válvula para controle de sucção e uma ponta para adaptar o sistema do vácuo2,21.
Para realizar a aspiração das vias aéreas, se faz necessário dispor de: estetoscópio, fonte de oxigênio e conexões, sistemas a vácuo e conexões, monitor cardiorrespiratório e saturímetro, máscara descartável, luva estéril, luvas de aspiração estéril adequadas à idade ou a compleição física, solução fisiológica a 0,9%, compressa estéril, gaze estéril, seringas e ambú21.
A realização de aspiração traqueal num paciente intubado e sob ventilação mecânica deve ser conduzida por profissionais que tenham treinamento adequado para tal procedimento, como precaução de transmissão de doenças infecto-contagiosas25,29.
Mediante a constatação, da necessidade dos profissionais que trabalham em unidades de terapia intensiva saberem reconhecer os efeitos iatrogênicos que podem ser causados pela aspiração das vias aéreas, foram expostas medidas capazes de prevenir ou minimizá-los.
Materiais e métodos
A pesquisa caracteriza-se como estudo do tipo exploratório descritivo, com abordagem quantitativa. O trabalho foi desenvolvido na cidade de Lages - SC, na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Geral Maternidade Tereza Ramos. A amostra constou de 4 enfermeiros, 13 técnicos de enfermagem, 1 auxiliar de enfermagem e 1 fisioterapeuta, totalizando 19 profissionais que realizaram o procedimento de aspiração em pacientes intubados ou traqueostomizados em Ventilação Mecânica.
A coleta de dados foi realizada no mês de maio de 2008, os profissionais foram observados durante quatro períodos: sendo dois turnos noturnos, um turno matutino e um turno vespertino. Vale ressaltar que a técnica de coleta de dados utilizada foi a observação estruturada e não participante, sendo realizada somente uma vez para cada profissional.
Como forma de sistematização e registro dos procedimentos realizados pelos profissionais foi elaborado um questionário baseado nos fundamentos preconizados pela literatura1,8,25,41, sendo o Guidelines for Prevention of Nosocomial Pneumonia (CDC, 1997), a principal e desta forma comparado a ação destes durante a atividade de aspiração.
Para a realização deste estudo seguiram-se os princípios éticos e legais que regem as pesquisas em seres humanos, de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde Nº 196/96 6. Submeteu-se o projeto de pesquisa a apreciação da Comissão de Ética em Pesquisa (CEP) da UNIVALI, tendo sido aprovado.
Os profissionais foram convidados a participar de forma livre e esclarecida a partir da leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) antes do início do estudo. Para análise dos dados utilizou-se do programa Microsoft Excel, no qual foi realizada uma análise de freqüência simples.
Resultados e discussão
Foram pesquisados 16 passos durante a realização do procedimento da aspiração endotraqueal. Na Tabela 1 podemos observar estes procedimentos e seus respectivos valores.
Tabela 1: Procedimentos realizados pelos indivíduos durante o procedimento da aspiração endotraqueal
Procedimento (aspiração endotraqueal) |
Sim |
Não |
Total |
|||
N |
% |
N |
% |
N |
% |
|
1. Lavagem das mãos antes do procedimento |
19 |
100,00 |
0 |
0,00 |
19 |
100,00 |
2. Lavagem das mãos após o procedimento |
19 |
100,00 |
0 |
0,00 |
19 |
100,00 |
3. Uso de EPI’s |
12 |
63,16 |
7 |
36,84 |
19 |
100,00 |
4. Dobra a FiO2 ou regula a 100% |
1 |
5,26 |
18 |
94,74 |
19 |
100,00 |
5. Uso de luvas estéreis |
19 |
100,00 |
0 |
0,00 |
19 |
100,00 |
6. Uso do cateter em calibre adequado |
19 |
100,00 |
0 |
0,00 |
19 |
100,00 |
7. Uso do cateter de aspiração estéril |
18 |
94,74 |
1 |
5,26 |
19 |
100,00 |
8. Conecta o VM no paciente nos intervalos de aspiração |
18 |
94,74 |
1 |
5,26 |
19 |
100,00 |
9. Tempo de aspiração é no máximo de 15 " |
19 |
100,00 |
0 |
0,00 |
19 |
100,00 |
10. Utiliza SF para fluidificar as secreções |
16 |
84,21 |
3 |
15,79 |
19 |
100,00 |
11. Utiliza ambú estéril |
3 |
15,79 |
16 |
84,21 |
19 |
100,00 |
12. Descarta o cateter após a aspiração |
19 |
100,00 |
0 |
0,00 |
19 |
100,00 |
13. Lavagem do látex com ABD ou SF após o final da aspiração |
19 |
100,00 |
0 |
0,00 |
19 |
100,00 |
14. Protege o látex após a aspiração com uma embalagem limpa e seca |
19 |
100,00 |
0 |
0,00 |
19 |
100,00 |
15. Retorna a FiO2 inicial |
1 |
5,26 |
18 |
94,74 |
19 |
100,00 |
16. Realiza ausculta pulmonar antes da aspiração |
1 |
5,26 |
18 |
94,74 |
19 |
100,00 |
EPI’s= Equipamentos de proteção individual; VM= Ventilador mecânico; SF= Soro fisiológico; ABD= Água boricada destilada
Quanto aos procedimentos que previnem o risco de infecções, pôde-se verificar que 100% (n=19) dos indivíduos realizaram a lavagem das mãos antes e após o procedimento de aspiração. Esses resultados vão ao encontro do preconizado na literatura, quando afirma que as mãos devem ser lavadas sempre antes e após qualquer procedimento, independente do uso de luvas, pois a não adesão a esta conduta, é o principal meio de transmissão das infecções hospitalares3,5,8. Santos36 afirma ainda, que este procedimento é considerado a ação isolada mais importante no controle de infecções em serviços de saúde. No entanto, a falta de adesão dos profissionais a esta prática é uma realidade em diversas partes do mundo, elevando o índice de infecções hospitalares a números assustadores.
Quanto à utilização de luvas estéreis, pôde-se observar que 100% (n=19) dos indivíduos fizeram uso destas durante a aspiração. Resultados que vão ao encontro ao estudo realizado por Sole et al41, no qual a maioria dos profissionais utilizaram luvas durante a aspiração. González et al20 afirmam que esse procedimento é necessário para evitar a contaminação da árvore traqueobrônquica e conseqüentemente o risco de infecção.
No que se refere ao uso de cateter de aspiração estéril, foi observado que este não foi utilizado somente por 1 (5, 26%) indivíduo. O profissional não soube realizar adequadamente a abertura e o manuseio do cateter, colocando o paciente em risco. Sabe-se que o cateter de aspiração traqueal pode introduzir microorganismos no trato respiratório baixo, portanto, deve ser estéril e de uso único28,39. Como se trata de uma técnica estéril, após a lavagem das mãos, deve-se abrir a ponta do cateter estéril, adaptá-lo à conexão do vácuo, abrir o vácuo e, em seguida, calçar luvas estéreis, segurando-o com uma das mãos e com a outra desconectando o respirador. Após o término da aspiração, retirar luvas, descartá-las e lavar as mãos em seguida15.
Em relação aos cuidados em descartar o cateter após sua utilização, lavar o látex com água boricada destilada (ABD) ou soro fisiológico (SF) no final do procedimento e proteger o látex com uma embalagem limpa e seca, 100% (n=19) dos profissionais realizaram o procedimento de maneira correta. Dreyer et al15, ressaltam a relevância destes cuidados já que visam evitar a contaminação do ambiente.
Dos 19 indivíduos observados, somente 3 (15,79%) deles fizeram o uso do ambú estéril devido a presença de rolha no momento da aspiração. Porém este dado não é significativo já que, a necessidade de utilizar este equipamento ocorreu em apenas três casos. O ambú é usado para ventilar o paciente intubado, para hiperinsuflação nos intervalos das aspirações das vias aéreas e na fisioterapia respiratória, para tanto deverá estar estéril ou desinfectado17. Acrescentando a esses dados, Hinrichsen21 e Sole40 afirmam que as secreções depositadas nesse equipamento podem ser aerolizadas para dentro da árvore traqueobrônquica do paciente ou contaminar as mãos da equipe de atendimento, favorecendo a contaminação cruzada.
No que se refere ao procedimento de ausculta pulmonar somente 1 (5,26%) indivíduo a realizou para comprovar a existência de ruídos adventícios ou rolhas. No entanto, Smeltzer e Bare38 ressaltam que.a ausculta é imprescindível pois, as aspirações traqueais somente devem ser realizadas com base na avaliação dos ruídos adventícios ou sempre que as secreções estiverem visíveis, pois aspirações desnecessárias podem causar bronco espasmo, traumatismo da mucosa da traquéia além de desconforto ao paciente.
Quanto ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) foi verificado que 12 (63,16%) indivíduos fizeram uso dos mesmos e 7 (36,84%) não usaram essa medida de profilaxia, isto é, não utilizaram todos os equipamentos durante a aspiração, que compreendem luvas, gorros, óculos, máscaras e capotes. Gomes19 afirma que as luvas devem ser usadas para tocar sangue, fluidos corpóreos, secreções e excreções, objetos contaminados, mucosas e pele não íntegra. As máscaras e óculos servem para proteger as mucosas quando houver riscos de respingos e o capote para prevenir a contaminação das roupas e proteger a pele de sangue, fluidos corpóreos, secreções e excreções. Esses EPI’s também devem ser usados para diminuir a transmissão de um paciente ou fonte para outro paciente19,25.
Neste estudo, podemos verificar que 100% (n=19) dos indivíduos realizaram a aspiração no tempo máximo de 15”. O que vai ao encontro a estudos realizados por outros autores15,23,24,32, os quais consideram que o tempo de introdução da sonda deve ser o mais rápido possível, sendo que duração não deve ser superior a 15 segundos. Sendo, o fator tempo um determinante muito importante, uma vez que o conteúdo aéreo nos pulmões fica reduzido, podendo levar a hipóxia e a alterações hemodinâmicas, já que juntamente com as secreções, aspira-se também o ar15,23.
No que diz respeito à conduta de dobrar ou elevar a FiO2 a 100%, foi observado que somente 1 (5,26%) indivíduo realizou este procedimento, sendo que no final da aspiração o mesmo retornou a FiO2 inicial. Estes resultados são devido a menor presença de profissionais habilitados para esta conduta ou seja, fisioterapeutas e enfermeiros do que técnicos e auxiliares em enfermagem. Sobre este procedimento, autores entram em contradição Dreyer et al15 salientam que se deve hiperoxigenar o paciente minutos antes, para prevenir hipoxemia e não agravar o seu quadro clínico. Sole et al41 relatam durante pesquisa que nos Estados Unidos muitas instituições realizam esta conduta. Já, David et al12 e Smeltzer e Bare37 afirmam que uma concentração muito elevada de oxigênio pode levar a efeitos tóxicos, como alterações da fisiologia normal, podendo ocorrer depressão da respiração, diminuição da eritropoiese e débito cardíaco, vasodilatação pulmonar, vasoconstrição sistêmica, efeitos citotóxicos e traqueobronquite.
Em relação a conectar o ventilador ao paciente nos intervalos da aspiração, pôde-se verificar que 18 (94,74%) indivíduos realizaram o procedimento corretamente. Hudack e Galo24 destacam a relevância de restabelecer a assistência ventilatória pra permitir que o paciente receba três a cinco respirações antes da repetição do procedimento.
No que se refere à utilização do cateter de calibre adequado, observou-se que os 19 indivíduos (100%) que participaram da pesquisa fizeram o uso do mesmo. O número do cateter de aspiração nos tamanhos 12 ou 14, para adultos é aceita e utilizada pela maioria dos pesquisadores2,11,23. Diversos autores ressaltam que os cateteres traqueais devem ser maleáveis, descartáveis, com três orifícios (no mínimo) na extremidade distal, dispostos lateralmente e na ponta, para que não haja colabamento da traquéia, fato que pode provocar ulcerações e sangramentos e recomenda que o cateter deve ser macio, de material transparente, com ponta arredondada, possuir válvula digital para controle de pressão do vácuo e que o diâmetro externo não deve exceder 1/3 do diâmetro interno do tubo endotraqueal ou traqueóstomo11,20,31,35,42.
Quanto à existência ou não da interferência do calibre das sondas de aspiração em relação à saturação de oxigênio, os trabalhos mostram que a utilização das sondas de aspiração endotraqueais de calibre 12, 14, 16, não apresentam variações evidentes nos níveis de saturação de 0234.
O procedimento de utilização de soro fisiológico (SF) para fluidificar as secreções foi aderido por 16 (84,21%) indivíduos durante a aspiração. Sole et al41 relatam que a maioria das instituições inclui esta conduta diante da presença de secreções espessas. No entanto, os riscos desta prática ultrapassam os benefícios40. Diversos autores16,22,43 afirmam que a instilação de solução salina pode ter efeito adverso na saturação de oxigênio (SatO2), no ritmo cardíaco além do risco de infecção, não devendo ser utilizada como rotina. Nesse mesmo aspecto, Colombrini et al9 ressaltam que a instilação com SF pode prejudicar ainda o bem-estar do paciente, causando desconforto. Contudo, para prevenir a oclusão do tubo traqueal é recomendado fazer a umidificação dos gases inspirados e hidratar o paciente adequadamente9.
Segundo Nurs27, a instilação de solução salina para fluidificar as secreções não mostra evidências suficientes para comprovar sua eficácia e recomenda que esse procedimento deve ser limitado apenas a casos de rolhas e obstrução que não se reverta somente com a aspiração. Conforme estudos realizados por Costa11, para fluidificar, mobilizar as secreções e estimular a tosse deve ser instilada intrabronquicamente pequenas quantidades de soro fisiológico (até 5 ml).
As Infecções hospitalares preveníveis, em geral, estão relacionadas ao uso de equipamentos e/ou procedimentos específicos, apresentando, em sua origem, algum evento possivelmente alterável. Logo, atribui-se à falhas nos cuidados dispensados ao paciente, sendo freqüentemente causadas por microorganismos adquiridos no hospital7.
Considerações finais
As condutas realizadas adequadamente durante o procedimento de aspiração endotraqueal podem propiciar inúmeros benefícios para o paciente entre estes, a diminuição do tempo de internação e diminuição da morbimortalidade. É importante repensar sobre a qualidade do atendimento e a assistência aos pacientes em VM, devendo ser implantadas estratégias de controle centrando as ações na padronização e no treinamento de condutas. De maneira geral, o sucesso depende do envolvimento de toda a equipe de atendimento, sendo fundamental a educação contínua de todos os profissionais que trabalham com pacientes predispostos a riscos.
A realização deste estudo nos remete a necessidade de aprofundar melhor a temática, explorando outros fatores que podem interferir na correta utilização de procedimentos durante a técnica de aspiração. Sugere-se que sejam instituídos ainda, protocolos referentes: às técnicas de higiene oral (aspiração e escovação dos dentes) já que estas propiciam infecções; verificação da pressão de cuff, e com qual freqüência esta é verificada; utilização de cateter único para aspiração oral/nasal/endotraqueal; verificação da posição do tubo; com qual freqüência é realizado o procedimento de aspiração.
A melhor decisão é aquela baseada na perspicácia clínica, nas características individuais de cada um e em ações que tragam segurança para o profissional e para a manutenção da vida dos pacientes.
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digital · Año 15 · N° 143 | Buenos Aires,
Abril de 2010 |