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Pressão arterial em homens de diferentes estados nutricionais

Presión arterial en hombres con diferentes estados nutricionales

Blood pressure in men of different nutritional status

 

*Programa de Pós-Graduação da

Universidade Federal do Paraná

**Centro de Pesquisa em Exercício e Esporte

***Especialização em Fisiologia do Exercício

Universidade Federal do Paraná

(Brasil)

Rodolfo André Dellagrana* **

Luciana da Rocha Pombo***

André de Camargo Smolarek* **

radellagrana@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve como objetivo verificar o comportamento das variáveis antropométricas, pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) entre homens de diferentes estados nutricionais. A amostra constituiu-se de 81 homens sedentários, com idades entre 25 e 65 anos divididos em três grupos de acordo com a classificação do índice de massa corpórea: eutróficos (n=27), sobrepeso (n=27) e obesos (n=27). A pressão arterial foi aferida através de um esfigmomanômetro. A análise estatística foi descritiva e para verificar se existia diferença entre os indivíduos eutróficos, com sobrepeso e obesidade foi realizado uma ANOVA one way, seguida de um post Hoc de Tukey para verificar onde estão as diferenças com um p<0,05. A pressão arterial foi elevada para o grupo de obesos comparado ao grupo eutrófico. Conclui-se que os homens obesos apresentaram elevação de níveis pressóricos em relação aos eutróficos e sobrepeso, o que vem se somar ao pior prognóstico para doenças cardiovasculares desses indivíduos.

          Unitermos: Obesidade. Indice de massa corporal. Pressão arterial. Homens

 

Abstract

          The present study had as objective verifies the behavior of the anthropometrics variables, systolic blood pressure (SBP) and diastolic blood pressure (DBP) among men of different nutritional status. The sample was constituted of 81 sedentary men, with ages between 25 and 65 years divided in three groups in agreement with the classification of the body mass index: eutrophic (n=27), overweight (n=27) and obese (n=27). The blood pressure was confronted through a sphygmomanometer. The statistical analysis was descriptive and to verify if difference existed among the eutrophic individuals, with overweight and obesity was accomplished a ANOVA one way, followed by a post hoc of Tukey to verify where they are the differences with a p<0,05. The blood pressure was elevated for the group of obese compared to the eutrophic group. In conclusion, the obese men presented elevation of pressures levels in relation to the eutrophic and overweight, the one that comes add to the worst prognostic for those individuals cardiovascular diseases.

          Keywords: Obesity. Body mass index. Blood pressure. Men

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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Introdução

    A prevalência do excesso de peso e da obesidade tem aumentado de forma significativa nas últimas décadas, constituindo um grave problema de saúde pública, tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento.

    O índice de massa corporal (IMC) é um dos indicadores antropométricos mais utilizados, sendo considerada uma das opções para mensuração do grau de obesidade, pois diversos estudos têm mostrado alta correlação entre IMC e gordura corporal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o IMC um importante fator de risco para doenças crônicas, de forma que os riscos aumentam progressivamente na medida em que o IMC aumenta. Entre as doenças crônicas, a OMS destaca a doença cardiovascular que ainda é a maior causa de morte no mundo, matando 17 milhões de pessoas por ano.


    A associação entre excesso de peso e alteração na pressão arterial sistêmica foi verificada em diferentes estudos. Souza (2005), em sua pesquisa demonstrou que indivíduos com obesidade e/ou sobrepeso apresentaram maior prevalência de hipertensão arterial e diabetes em relação aos indivíduos eutróficos. Para a função pulmonar o aumento do peso corpóreo geralmente também causa anormalidades devido à diminuição do volume de reserva expiratório e ao maior gasto energético durante exercício muscular (CONCEIÇÃO et al. 2006). A pressão arterial diferem entre indivíduos sem cardiopatia classificados em estado de sobrepeso e obesidade.

    Entretanto poucos estudos buscaram verificar o comportamento das variáveis antropométricas em homens de diferentes estados nutricionais. Para levantar evidencias sobre a relação entre variavéis antropométricas e diferentes estados nutricionais, o objetivo deste trabalho foi verificar o comportamento das variáveis antropométricas e pressão arterial (sistólica e diastólica) entre homens de diferentes estados nutricionais.

Materiais e métodos

    A amostra foi composta por 81 homens sedentários, com idades entre 25 e 65 anos da cidade de Curitiba, como critério de exclusão foram retirados da pesquisa os que apresentavam imperfeições físicas que comprometessem a análise e coleta dos dados, indivíduos com diagnostico de hipertensão arterial e utilizavam medicamentos que alterassem a pressão arterial.

    Para mensuração da massa corporal o avaliado posicionou-se em pé, no centro da plataforma da balança, procurando não se movimentar. O cursor da escala foi movido manualmente até haver equilíbrio; a massa corporal foi registrada em kg, com resolução de 100 gramas. Utilizou-se uma balança eletrônica, com capacidade para 150 KG e divisões de 1/10 de kg (Gordon, Chumlea & Roche,1988).

    Já para a estatura a distância compreendida entre a planta dos pés e o ponto mais alto da cabeça (vértex) foi considerada. O sujeito permaneceu descalço, com postura padrão recomendada ângulo reto com o estadiômetro, procurando colocar em contato o aparelho de medida, os calcanhares, a cintura pélvica, a cintura escapular e a região occipital. A cabeça fica orientada no plano de Frankfurt. A medida foi registrada em centímetros, estando o indivíduo em apnéia, após inspiração profunda (Gordon, Chumlea & Roche, 1988).

    O Índice de massa corporal foi estimado pela razão entre a massa corporal em quilogramas pela estatura ao quadrado (QUETELET, 1970) e a classificação foi realizada pelos dados da OMS (1998), onde foram considerados eutróficos os com valores menores que 24,99 Kg/m2, sobrepeso os que obtiveram valores entre 25,00 Kg/m2 e ≤ 29,99 Kg/m2 e obesos os que apresentaram valores ≥ 30 Kg/m2.

    A pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) foram aferidas mediante a utilização de um esfigmomanômetro de coluna de mercúrio da marca MOD/PLUS® para adultos.

    A (PAS) foi determinada no aparecimento do primeiro som (fase I de Korotkoff), e a (PAD) com o desaparecimento do som (fase V de Korotkoff). Os indivíduos foram classificados como hipertensos se a PAS fosse maior ou igual a 140 mmHg e a PAD maior ou igual a 100 mmHg (ACSM, 2003).

    A pressão arterial média deu-se pela fórmula:

    Após serem devidamente coletados os dados do estudo, foram realizados os seguintes teste compostos por uma estatística descritiva com média, desvio padrão e freqüência relativa, para verificar se existia diferenças entre os indivíduos eutróficos, com sobrepeso e obesidade foi realizado uma ANOVA one way seguida de um post Hoc de Tukey para verificar onde estão as diferenças. O nível de significância foi estipulado em 95% com um p<0,05.

Resultados e discussão

    Os resultados analisados referiram-se a uma amostra composta por 81 homens, divididos em 3 grupos: 27 eutróficos, 27 sobrepesos e 27 obesos. A idade média de cada grupo: eutróficos (35,74±6,86 anos), sobrepeso (40,33±7,26 anos) e obesos (42,22±8,64 anos). A média do IMC entre os grupos foi: eutróficos (22,78±1,66 kg/m2), sobrepeso (27,57±1,31 kg/m2) e obesos (32,93±3,00 kg/m2). As principais características dos grupos estudados encontram-se na tabela 1.

Tabela 1. Descrição da amostra e diferenças de valores médios entre eutróficos, sobrepeso e obesos

Variáveis

Eutróficos

(n=27)

Sobrepeso

(n=27)

Obeso

(n=27)

 

F

Idade (anos)

35,74

(±6,86)

40,33

(±7,26)

42,22

(±8,64)

-

Massa corporal (Kg)

67,51a,b

(±7,28)

84,92c

(±7,96)

98,37

(±12,09)

73,74*

Estatura (cm)

172,03

(±7,01)

175,33

(±6,43)

172,70

(±8,14)

1,56

IMC (Kg/m2)

22,78a,b

(±1,66)

27,57c

(±1,31)

32,93

(±3,00)

154,25*

PAS (mm/Hg)

118,14 a,b

(±6,81)

128,14

(±11,44)

135,92

(±20,42)

10,81*

PAD (mm/Hg)

75,55 a,b

(±6,86)

83,33

(±9,19)

88,33

(±11,84)

12,62*

* = p<0,05.

a = Diferença significativa (p<0,05) entre Eutrófico e Sobrepeso.

b = Diferença significativa (p<0,05) entre eutróficos e Obeso.

c = Diferença significativa (p<0,05) entre Sobrepeso e Obeso.

    A tabela 1 demonstra que existe diferença nos valores médios entre eutróficos e indivíduos com sobrepeso nas seguintes variáveis MC, IMC, PAS e PAD. Já as diferenças encontradas entre eutróficos e obesos foram para as variáveis de MC, IMC, PAS e PAD. E ainda, as diferenças entre as médias encontradas entre indivíduos com sobrepeso e obesidade foram nas variáveis de MC e IMC.

    O excesso de peso e a obesidade vem sofrendo um aumento crescente e assustador em vários países do mundo, atingindo tanto países desenvolvidos como em desenvolvimento, entre eles o Brasil. Segundo informações do IBGE (2004), 12,7% das mulheres e 8,8% dos homens adultos brasileiros são obesos. Quanto as diferenças de gênero e idade, pode-se observar que as prevalências de obesidade são semelhantes para homens e mulheres até os 40 anos. A partir dos 40 anos as mulheres passam a apresentar obesidade duas vezes mais elevadas que os homens. Este fato pode ser explicado devido as mulheres apresentarem proporção maior de quantidade de gordura corporal que os homens (SALVE, 2006). Devido ao menor número de pesquisas com adultos de sexo masculino quando comparado a adulto do sexo feminino o presente estudo teve por finalidade avaliar apenas homens adultos.

    Considerando a obesidade um fator de risco cardiovascular, pode ser explicado devido o excesso de gordura corporal estar relacionado ao aparecimento de inúmeras disfunções metabólicas e funcionais, tornando um problema atual de saúde pública (McARDLE, 1990). Existe uma forte associação entre obesidade e desenvolvimento de diabetes mellitus, disfunções pulmonares, doenças cardiovasculares, problemas biliares e até de alguns tipos de câncer (LOPES, 2004).

    Segundo o ministério da saúde (2006), o diabetes mellitus e hipertensão arterial ocorrem 2,9 vezes mais freqüentemente em indivíduos obesos do que naqueles com peso adequado. E se tratando da obesidade, é apontado que um indivíduo obeso tem 1,5 vezes mais propensão a apresentar níveis sanguíneos elevados de triglicerídeos e colesterol do que pessoas não obesas (SALVE, 2006).

    Quando observamos os resultados antropométricos da presente amostra, verificamos uma grande diferença na massa corporal dos indivíduos com sobrepeso e obesidade, entretanto a estatura mantém a mesma média, sendo esta uma justificativa de que o problema está no aumento do peso. Gouvêa (2000), em seu estudo mostrou que o excesso de peso está claramente associado com o aumento da morbidade e mortalidade e que este risco aumenta progressivamente de acordo com o ganho de peso em pessoas com estatura aproximada.

    Para avaliar a obesidade recorre-se ao IMC, sendo o método mais utilizado por ter boa correlação com a percentagem de gordura corporal (REZENDE, 2006). Devido à facilidade de sua mensuração e a grande disponibilidade de dados de massa corporal e estatura. Além da sua relação com morbi-mortalidade, é o método mais apropriado e utilizado como indicador do estado nutricional em estudos epidemiológicos até que outras metodologias que expressem a composição corporal sejam desenvolvidas (ANJOS, 2002).

    Rezende (2006) observou em seu estudo que com o aumento do IMC houve elevação principalmente da glicemia, da pressão arterial e redução do HDL. Neste contexto o mesmo foi apresentado por Gigante (1997), que mostrou a freqüência de síndrome metabólica maior em homens com sobrepeso e obesidade. Além disto, outros autores evidenciaram que a frequência de fatores de risco cardiovascular aumentam com o IMC elevado (MONTEIRO, 1999).

    Em relação à alteração da pressão arterial nos grupos eutróficos e obesos houve diferença significante de pressão elevada no grupo de obesos, como mostra o gráfico 1.

Gráfico 1. Porcentagem de indivíduos que apresentam a pressão arterial alterada em diferentes estados nutricionais

    Em relação à alteração da pressão arterial o risco de desenvolver doença arterial coronariana cresce na proporção que níveis pressóricos aumentam. Os hipertensos são indivíduos com maiores chances de patologias em comparação a populações com pressões arteriais menos elevadas (ROCELA et al. 2000).

    A elevação da pressão arterial sendo de caráter patológico é um grave problema de saúde, pois estando a hipertensão arterial freqüentemente associada ao infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e hemorragia. Em uma pesquisa realizada no Rio Grande do Sul com 1657 pessoas sobre a prevalência e fatores de risco da hipertensão arterial sistêmica, revelou que entre os obesos a prevalência de HAS foi de 33% e para os indivíduos de peso corporal normal a prevalência foi de 2,52% (FERNANDES, 2006).

    No presente estudo os avaliados com sobrepeso não apresentaram alteração significativa da pressão arterial quando comparados aos eutróficos, porém pesquisas apontam que mesmo os indivíduos com sobrepeso que tem pressão arterial elevada desenvolvem a hipertensão arterial sistêmica (GUS et al. 1998).

Conclusão

    O presente estudo demonstrou o comportamento das variáveis antropométricas, pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica entre homens de diferentes estados nutricionais.

    Os resultados mostraram que indivíduos obesos do sexo masculino apresentam maiores valores antropométricos e de pressão arterial (sistólica e diastólica) quando comparado com indivíduos eutróficos. O grupo sobrepeso não apresentou diferença significativa em relação aos eutróficos.

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