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Os esportes em documentos oficiais da 

educação infantil e do ensino fundamental, Ciclo I

The sports in official documents of the children education and of the fundamental education, Cycle I

 

Professor da Rede Pública Estadual Paulista (SEE/SP)

Professor do Centro Universitário Claretiano (CEF/CEUCLAR)

Pesquisador e Diretor Financeiro da

Sociedade de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana (SPQMH)

Membro do Núcleo de Estudos de Fenomenologia

em Educação Física (NEFEF/UFSCar)

Doutorando em Educação (PPGE/UFSCar)

www.ufscar.br/~defmh/spqmh/

Fábio Ricardo Mizuno Lemos

fabiomizuno@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste trabalho é a apresentação de um bosquejo acerca dos esportes em dois documentos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental – Ciclo I.

          Unitermos: Esporte. Educação Física. Escola. Documentos oficiais

 

Abstract

          The objective of this work is the presentation of a summary related to sports in two documents of Children Education and Fundamental Education – Cycle one.

          Keywords: Sport. Physical Education. School. Official documents

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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Introdução

    Diante de um contexto de Educação Física escolar, ainda, amplamente “esportivizado”, tendo nessa “esportivização” de ações escolares a cristalização de uma “clara concepção de esportes que, acima de tudo, é uma derivação do esporte de rendimento do sistema desportivo extra-escolar.” (KUNZ, 2004, p.127), é que se insere o presente trabalho.

    Nessa óptica, ao esporte na escola estaria a finalidade de “melhoria do rendimento esportivo através de exercícios técnicos, táticos e físicos com auxílio de conhecimentos da teoria do treinamento esportivo, onde o progresso alcançado pode ser facilmente mensurado e comparado, tanto pelo professor como pelo próprio aluno.” (KUNZ, 2004, p.127). Assim, a Educação Física serviria ao ideal da competição e da concorrência, “procurando reproduzir exatamente o desporto-competição clubístico.” (KUNZ, 2004, p.127).

    A partir de Betti (2009), também é possível constatar a perpetuação do panorama “esportivista” nas aulas de Educação Física: “programas reduzidos à prática do futebol, o esporte escolar elitizado e reprodutor, a Educação Física totalmente desvinculada do projeto educacional das escolas” (BETTI, 2009, p.15).

    Ainda sobre a “esportivização”, Betti (2009) a denomina como um dos projetos de Educação Física escolar que circulam, nos discursos, pelo sistema.

    Esportivização. Projeto que se revigorou a partir do discurso das mídias sobre o desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos de Sidney/2000, considerado insatisfatório; tal qual na década de 1970, a Educação Física continua vista como base para a formação de atletas, colocada em posição subalterna ao esporte espetáculo. Na verdade, tal projeto nunca deixou de estar presente entre os professores de Educação Física, apenas havia perdido um pouco de força diante dos discursos pedagógicos renovadores. (BETTI, 2009, p.218).

    Isso posto, todavia surge, entre outras, as seguintes indagações: qual a perspectiva adotada para o esporte, pelos documentos oficiais da Educação Básica relacionados ao componente curricular Educação Física? O conteúdo esporte está associado ao fenômeno “esportivização”?

    Procurando subsidiar as respostas aos questionamentos, o objetivo deste trabalho é a apresentação de um bosquejo acerca dos esportes nos seguintes documentos:

  • Referencial curricular nacional para a educação infantil – volume 3: conhecimento de mundo (BRASIL, 1998);

  • Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física – ensino de primeira à quarta série (BRASIL, 1997).

    A apresentação do compêndio está dividida em duas partes: Capítulo I – Os esportes no Referencial curricular nacional para a Educação Infantil – volume 3: conhecimento de mundo e Capítulo II – Os esportes nos parâmetros curriculares nacionais: Educação Física – ensino de primeira à quarta série.

    Cada capítulo está organizado com três divisões. Em um primeiro momento (1.1 – REFERÊNCIAS AOS ESPORTES; 2.1 – REFERÊNCIAS AOS ESPORTES), são apresentados os trechos dos documentos em que há ocorrências da palavra esporte e suas variações. Em 1.2 – REFERÊNCIAS AOS ESPORTES ESPECÍFICOS e 2.2 – REFERÊNCIAS AOS ESPORTES ESPECÍFICOS, são destacados os excertos relacionados aos quatro esportes, comumente, mais desenvolvidos nas aulas de Educação Física escolar: basquetebol, futebol, handebol e voleibol. Finalmente, em 1.3 – REFERÊNCIAS AOS OBJETIVOS e 2.3 – REFERÊNCIAS AOS OBJETIVOS, são expostos os objetivos da Educação Física escolar na Educação Infantil e no Ensino Fundamental – Ciclo I.

    É importante salientar que, visando facilitar a visualização, as palavras relacionadas com esporte, assim como, com basquete, vôlei, handebol e futebol, e suas variações, estão destacadas em letras maiúsculas.

I.     Os esportes no referencial curricular nacional para a educação infantil – Volume 3: conhecimento de mundo (BRASIL, 1998)

1.1.     Referências aos esportes

Introdução

    “As maneiras de andar, correr, arremessar, saltar resultam das interações sociais e da relação dos homens com o meio; são movimentos cujos significados têm sido construídos em função das diferentes necessidades, interesses e possibilidades corporais humanas presentes nas diferentes culturas em diversas épocas da história. Esses movimentos incorporam-se aos comportamentos dos homens, constituindo-se assim numa cultura corporal. Dessa forma, diferentes manifestações dessa linguagem foram surgindo, como a dança, o jogo, as brincadeiras, as práticas ESPORTIVAS etc., nas quais se faz uso de diferentes gestos, posturas e expressões corporais com intencionalidade.” (BRASIL, 1998, p.15).

    “É muito grande a influência que a cultura tem sobre o desenvolvimento da motricidade infantil, não só pelos diferentes significados que cada grupo atribui a gestos e expressões faciais, como também pelos diferentes movimentos aprendidos no manuseio de objetos específicos presentes na atividade cotidiana, como pás, lápis, bolas de gude, corda, estilingue etc. Os jogos, as brincadeiras, a dança e as práticas ESPORTIVAS revelam, por seu lado, a cultura corporal de cada grupo social, constituindo-se em atividades privilegiadas nas quais o movimento é aprendido e significado.” (BRASIL, 1998, p.19).

Crianças de quatro a seis anos

    “As práticas culturais predominantes e as possibilidades de exploração oferecidas pelo meio no qual a criança vive permitem que ela desenvolva capacidades e construa repertórios próprios. Por exemplo, uma criança criada num bairro em que o FUTEBOL é uma prática comum poderá interessar-se pelo ESPORTE e aprender a jogar desde cedo. Uma criança que vive à beira de um rio utilizado, por exemplo, como forma de lazer pela comunidade provavelmente aprenderá a nadar sem que seja preciso entrar numa escola de natação, como pode ser o caso de uma criança de ambiente urbano. Habilidades de subir em árvores, escalar alturas, pular distâncias, certamente serão mais fáceis para crianças criadas em locais próximos à natureza, ou que tenham acesso a parques ou praças.” (BRASIL, 1998, p.24-25).

Conteúdos

    “Os conteúdos deverão priorizar o desenvolvimento das capacidades expressivas e instrumentais do movimento, possibilitando a apropriação corporal pelas crianças de forma que possam agir com cada vez mais intencionalidade. Devem ser organizados num processo contínuo e integrado que envolve múltiplas experiências corporais, possíveis de serem realizadas pela criança sozinha ou em situações de interação. Os diferentes espaços e materiais, os diversos repertórios de cultura corporal expressos em brincadeiras, jogos, danças, atividades ESPORTIVAS e outras práticas sociais são algumas das condições necessárias para que esse processo ocorra.” (BRASIL, 1998, p.29).

Orientações didáticas

    “Os primeiros jogos de regras são valiosos para o desenvolvimento de capacidades corporais de equilíbrio e coordenação, mas trazem também a oportunidade, para as crianças, das primeiras situações competitivas, em que suas habilidades poderão ser valorizadas de acordo com os objetivos do jogo. É muito importante que o professor esteja atento aos conflitos que possam surgir nessas situações, ajudando as crianças a desenvolver uma atitude de competição de forma saudável. Nesta faixa etária, o professor é quem ajudará as crianças a combinar e cumprir regras, desenvolvendo atitudes de respeito e cooperação tão necessárias, mais tarde, no desenvolvimento das habilidades DESPORTIVAS.” (BRASIL, 1998, p.37).

Orientações gerais para o professor

    “Para que a criança avance na construção de novos conhecimentos é importante que o professor desenvolva algumas estratégias de ensino: * partir de perguntas interessantes — em lugar de apresentar explicações, de passar conteúdos utilizando didáticas expositivas sobre fatos sociais, elementos ou fenômenos da natureza, é necessário propor questões instigantes para as crianças. Boas perguntas, questionamentos interessantes, dúvidas que mobilizem o processo de indagação acerca dos elementos, objetos e fatos são imprescindíveis para o trabalho com este eixo. As boas perguntas além de promoverem o interesse da criança, possibilitam que se conheça o que pensam e sabem sobre o assunto. É importante que as perguntas ou problematizações formuladas pelo professor permitam às crianças relacionar o que já sabem ou dominam com o novo conhecimento. Esse tipo de questionamento pode estar baseado em aspectos práticos do dia-a-dia da criança, relacionados ao modo de vida de seu grupo social (seus hábitos alimentares, sua forma de se vestir, o trabalho e as profissões que seus familiares realizam, por exemplo); ou ainda ser formulado a partir de fotografias, notícias de jornais, histórias, lendas, filmes, documentários, uma exposição que esteja ocorrendo na cidade, a comemoração de um acontecimento histórico, um evento ESPORTIVO etc.;” (BRASIL, 1998, p.195).

1.2.     Referências aos esportes específicos

  • Basquetebol: nenhuma ocorrência.

  • Handebol: nenhuma ocorrência.

  • Futebol: Crianças de quatro a seis anos

    “As práticas culturais predominantes e as possibilidades de exploração oferecidas pelo meio no qual a criança vive permitem que ela desenvolva capacidades e construa repertórios próprios. Por exemplo, uma criança criada num bairro em que o FUTEBOL é uma prática comum poderá interessar-se pelo ESPORTE e aprender a jogar desde cedo. Uma criança que vive à beira de um rio utilizado, por exemplo, como forma de lazer pela comunidade provavelmente aprenderá a nadar sem que seja preciso entrar numa escola de natação, como pode ser o caso de uma criança de ambiente urbano. Habilidades de subir em árvores, escalar alturas, pular distâncias, certamente serão mais fáceis para crianças criadas em locais próximos à natureza, ou que tenham acesso a parques ou praças.” (BRASIL, 1998, p.24-25).

Orientações didáticas

    “É importante possibilitar diferentes movimentos que aparecem em atividades como lutar, dançar, subir e descer de árvores ou obstáculos, jogar bola, rodar bambolê etc. Essas experiências devem ser oferecidas sempre, com o cuidado de evitar enquadrar as crianças em modelos de comportamento estereotipados, associados ao gênero masculino e feminino, como, por exemplo, não deixar que as meninas joguem FUTEBOL ou que os meninos rodem bambolê.” (BRASIL, 1998, p.37).

Orientações didáticas

    “A comparação de comprimentos, pesos e capacidades, a marcação de tempo e a noção de temperatura são experimentadas desde cedo pelas crianças pequenas, permitindo-lhes pensar, num primeiro momento, essencialmente sobre características opostas das grandezas e objetos, como grande/pequeno, comprido/curto, longe/perto, muito/pouco, quente/frio etc. Entretanto, esse ponto de vista pode se modificar e as comparações feitas pelas crianças passam a ser percebidas e anunciadas a partir das características dos objetos, como, por exemplo, a casa branca é maior que a cinza; minha bola de FUTEBOL é mais leve e menor do que a sua etc. O desenvolvimento dessas capacidades comparativas não garantem, porém, a compreensão de todos os aspectos implicados na noção de medida.” (BRASIL, 1998, p.226).

  • Voleibol: nenhuma ocorrência.

1.3. Referências aos objetivos

Objetivos

Crianças de zero a três anos

    “A prática educativa deve se organizar de forma a que as crianças desenvolvam as seguintes capacidades: * familiarizar-se com a imagem do próprio corpo; * explorar as possibilidades de gestos e ritmos corporais para expressar-se nas brincadeiras e nas demais situações de interação; * deslocar-se com destreza progressiva no espaço ao andar, correr, pular etc., desenvolvendo atitude de confiança nas próprias capacidades motoras; * explorar e utilizar os movimentos de preensão, encaixe, lançamento etc., para o uso de objetos diversos.

Crianças de quatro a seis anos

    Para esta fase, os objetivos estabelecidos para a faixa etária de zero a três anos deverão ser aprofundados e ampliados, garantindo-se, ainda, oportunidades para que as crianças sejam capazes de: * ampliar as possibilidades expressivas do próprio movimento, utilizando gestos diversos e o ritmo corporal nas suas brincadeiras, danças, jogos e demais situações de interação; * explorar diferentes qualidades e dinâmicas do movimento, como força, velocidade, resistência e flexibilidade, conhecendo gradativamente os limites e as potencialidades de seu corpo; * controlar gradualmente o próprio movimento, aperfeiçoando seus recursos de deslocamento e ajustando suas habilidades motoras para utilização em jogos, brincadeiras, danças e demais situações; * utilizar os movimentos de preensão, encaixe, lançamento etc., para ampliar suas possibilidades de manuseio dos diferentes materiais e objetos; * apropriar-se progressivamente da imagem global de seu corpo, conhecendo e identificando seus segmentos e elementos e desenvolvendo cada vez mais uma atitude de interesse e cuidado com o próprio corpo.” (BRASIL, 1998, p.27).

II.     Os esportes nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física – Ensino de primeira à quarta série (BRASIL, 1997)

2.1.     Referências aos esportes

Apresentação

    “O trabalho de Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental é importante, pois possibilita aos alunos terem, desde cedo, a oportunidade de desenvolver habilidades corporais e de participar de atividades culturais, como jogos, ESPORTES, lutas, ginásticas e danças, com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções.” (BRASIL, 1997, p.15).

Caracterização da área de Educação Física

Histórico

    “Do final do Estado Novo até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, houve um amplo debate sobre o sistema de ensino brasileiro. Nessa lei ficou determinada a obrigatoriedade da Educação Física para o ensino primário e médio. A partir daí, o ESPORTE passou a ocupar cada vez mais espaço nas aulas de Educação Física. O processo de ESPORTIVIZAÇÃO da Educação Física escolar iniciou com a introdução do Método DESPORTIVO Generalizado, que significou uma contraposição aos antigos métodos de ginástica tradicional e uma tentativa de incorporar ESPORTE, que já era uma instituição bastante independente, adequando-o a objetivos e práticas pedagógicas.” (BRASIL, 1997, p.20).

    “Na década de 70, a Educação Física ganhou, mais uma vez, funções importantes para a manutenção da ordem e do progresso. O governo militar investiu na Educação Física em função de diretrizes pautadas no nacionalismo, na integração nacional (entre os Estados) e na segurança nacional, tanto na formação de um exército composto por uma juventude forte e saudável como na tentativa de desmobilização das forças políticas oposicionistas. As atividades ESPORTIVAS também foram consideradas como fatores que poderiam colaborar na melhoria da força de trabalho para o “milagre econômico brasileiro”. Nesse período estreitaram-se os vínculos entre ESPORTE e nacionalismo. Um bom exemplo é o uso que se fez da campanha da seleção brasileira de FUTEBOL, na Copa do Mundo de 1970.” (BRASIL, 1997, p.21).

    “Em relação ao âmbito escolar, a partir do Decreto n. 69.450, de 1971, considerou-se a Educação Física como “a atividade que, por seus meios, processos e técnicas, desenvolve e aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando”. A falta de especificidade do decreto manteve a ênfase na aptidão física, tanto na organização das atividades como no seu controle e avaliação. A iniciação ESPORTIVA, a partir da quinta série, tornou-se um dos eixos fundamentais de ensino; buscava-se a descoberta de novos talentos que pudessem participar de competições internacionais, representando a pátria. Nesse período, o chamado “modelo piramidal” norteou as diretrizes políticas para a Educação Física: a Educação Física escolar, a melhoria da aptidão física da população urbana e o empreendimento da iniciativa privada na organização DESPORTIVA para a comunidade comporiam o DESPORTO de massa que se desenvolveria, tornando-se um DESPORTO de elite, com a seleção de indivíduos aptos para competir dentro e fora do país.” (BRASIL, 1997, p.21).

    “Na década de 80 os efeitos desse modelo começaram a ser sentidos e contestados: o Brasil não se tornou uma nação olímpica e a competição ESPORTIVA da elite não aumentou o número de praticantes de atividades físicas. Iniciou-se então uma profunda crise de identidade nos pressupostos e no próprio discurso da Educação Física, que originou uma mudança significativa nas políticas educacionais: a Educação Física escolar, que estava voltada principalmente para a escolaridade de quinta a oitava séries do primeiro grau, passou a priorizar o segmento de primeira a quarta e também a pré-escola. O enfoque passou a ser o desenvolvimento psicomotor do aluno, tirando da escola a função de promover os ESPORTES de alto rendimento.” (BRASIL, 1997, p.21).

    “As relações entre Educação Física e sociedade passaram a ser discutidas sob a influência das teorias críticas da educação: questionou-se seu papel e sua dimensão política. Ocorreu então uma mudança de enfoque, tanto no que dizia respeito à natureza da área quanto no que se referia aos seus objetivos, conteúdos e pressupostos pedagógicos de ensino e aprendizagem. No primeiro aspecto, se ampliou a visão de uma área biológica, reavaliaram-se e enfatizaram-se as dimensões psicológicas, sociais, cognitivas e afetivas, concebendo o aluno como ser humano integral. No segundo, se abarcaram objetivos educacionais mais amplos (não apenas voltados para a formação de um físico que pudesse sustentar a atividade intelectual), conteúdos diversificados (não só exercícios e ESPORTES) e pressupostos pedagógicos mais humanos (e não apenas adestramento).” (BRASIL, 1997, p.21).

A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CULTURA CORPORAL

    “A fragilidade de recursos biológicos fez com que os seres humanos buscassem suprir as insuficiências com criações que tornassem os movimentos mais eficazes, seja por razões “militares”, relativas ao domínio e uso de espaço, seja por razões econômicas, que dizem respeito às tecnologias de caça, pesca e agricultura, seja por razões religiosas, que tangem aos rituais e festas ou por razões apenas lúdicas. Derivaram daí inúmeros conhecimentos e representações que se transformaram ao longo do tempo, tendo ressignificadas as suas intencionalidades e formas de expressão, e constituem o que se pode chamar de cultura corporal. Dentre as produções dessa cultura corporal, algumas foram incorporadas pela Educação Física em seus conteúdos: o jogo, o ESPORTE, a dança, a ginástica e a luta. Estes têm em comum a representação corporal, com características lúdicas, de diversas culturas humanas; todos eles ressignificam a cultura corporal humana e o fazem utilizando uma atitude lúdica.” (BRASIL, 1997, p.23).

    “Trata-se, então, de localizar em cada uma dessas manifestações (jogo, ESPORTE, dança, ginástica e luta) seus benefícios fisiológicos e psicológicos e suas possibilidades de utilização como instrumentos de comunicação, expressão, lazer e cultura, e formular a partir daí as propostas para a Educação Física escolar.” (BRASIL, 1997, p.23).

    “A Educação Física escolar pode sistematizar situações de ensino e aprendizagem que garantam aos alunos o acesso a conhecimentos práticos e conceituais. Para isso é necessário mudar a ênfase na aptidão física e no rendimento padronizado4 que caracterizava a Educação Física, para uma concepção mais abrangente, que contemple todas as dimensões envolvidas em cada prática corporal. É fundamental também que se faça uma clara distinção entre os objetivos da Educação Física escolar e os objetivos do ESPORTE, da dança, da ginástica e da luta profissionais, pois, embora seja uma referência, o profissionalismo não pode ser a meta almejada pela escola. A Educação Física escolar deve dar oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos. Nesse sentido, cabe assinalar que os alunos portadores de deficiências físicas não podem ser privados das aulas de Educação Física.” (BRASIL, 1997, p.24).

Cultura corporal e cidadania

    “A Educação Física permite que se vivenciem diferentes práticas corporais advindas das mais diversas manifestações culturais e se enxergue como essa variada combinação de influências está presente na vida cotidiana. As danças, ESPORTES, lutas, jogos e ginásticas compõem um vasto patrimônio cultural que deve ser valorizado, conhecido e desfrutado. Além disso, esse conhecimento contribui para a adoção de uma postura não-preconceituosa e discriminatória diante das manifestações e expressões dos diferentes grupos étnicos e sociais e às pessoas que dele fazem parte.” (BRASIL, 1997, p.24).

    “O lazer e a disponibilidade de espaços para atividades lúdicas e ESPORTIVAS são necessidades básicas e, por isso, direitos do cidadão. Os alunos podem compreender que os ESPORTES e as demais atividades corporais não devem ser privilégio apenas dos ESPORTISTAS ou das pessoas em condições de pagar por academias e clubes. Dar valor a essas atividades e reivindicar o acesso a elas para todos é um posicionamento que pode ser adotado a partir dos conhecimentos adquiridos nas aulas de Educação Física.” (BRASIL, 1997, p.25).

    “No âmbito da Educação Física, os conhecimentos construídos devem possibilitar a análise crítica dos valores sociais, tais como os padrões de beleza e saúde, que se tornaram dominantes na sociedade, seu papel como instrumento de exclusão e discriminação social e a atuação dos meios de comunicação em produzi-los, transmiti-los e impô-los; uma discussão sobre a ética do ESPORTE profissional, sobre a discriminação sexual e racial que existe nele, entre outras coisas, pode favorecer a consideração da estética do ponto de vista do bem-estar, as posturas não-consumistas, não preconceituosas, não-discriminatórias e a consciência dos valores coerentes com a ética democrática.” (BRASIL, 1997, p.25).

    “Em determinadas realidades, o consumo de álcool, fumo ou outras drogas já ocorre em idade muito precoce. A aquisição de hábitos saudáveis, a conscientização de sua importância, bem como a efetiva possibilidade de estar integrado socialmente (o que pode ocorrer mediante a participação em atividades lúdicas e ESPORTIVAS), são fatores que podem ir contra o consumo de drogas. Quando o indivíduo preza sua saúde e está integrado a um grupo de referência com o qual compartilha atividades socioculturais e cujos valores não estimulam o consumo de drogas, terá mais recursos para evitar esse risco.” (BRASIL, 1997, p.25-26).

Aprender e ensinar educação física no ensino fundamental

    “Trata-se de compreender como o indivíduo utiliza suas habilidades e estilos pessoais dentro de linguagens e contextos sociais, pois um mesmo gesto adquire significados diferentes conforme a intenção de quem o realiza e a situação em que isso ocorre. Por exemplo, o chutar é diferente no FUTEBOL, na capoeira, na dança e na defesa pessoal, na medida em que é utilizado com intenções diferenciadas e em contextos específicos; é dentro deles que a habilidade de chutar deve ser apreendida e exercitada. É necessário que o indivíduo conheça a natureza e as características de cada situação de ação corporal, como são socialmente construídas e valorizadas, para que possa organizar e utilizar sua motricidade na expressão de sentimentos e emoções de forma adequada e significativa. Dentro de uma mesma linguagem corporal, um jogo DESPORTIVO, por exemplo, é necessário saber discernir o caráter mais competitivo ou recreativo de cada situação, conhecer o seu histórico, compreender minimamente regras e estratégias e saber adaptá-las. Por isso, é fundamental a participação em atividades de caráter recreativo, cooperativo, competitivo, entre outros, para aprender a diferenciá-las.” (BRASIL, 1997, p.27).

Afetividade e estilo pessoal

    “Quanto mais domínio sobre os próprios movimentos o indivíduo conquistar, quanto mais conhecimentos construir sobre a especificidade gestual de determinada modalidade ESPORTIVA, de dança ou de luta que exerce, mais pode se utilizar dessa mesma linguagem para expressar seus sentimentos, suas emoções e o seu estilo pessoal de forma intencional e espontânea. Dito de outra forma, a aprendizagem das práticas da cultura corporal inclui a reconstrução dessa mesma técnica ou modalidade, pelo sujeito, por meio da criação de seu estilo pessoal de exercê-las, nas quais a espontaneidade deve ser vista como uma construção e não apenas como a ausência de inibições.” (BRASIL, 1997, p.31).

Objetivos gerais de educação física no ensino fundamental

    “Espera-se que ao final do ensino fundamental os alunos sejam capazes de: * participar de atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas e construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características físicas e de desempenho de si próprio e dos outros, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais; * adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em situações lúdicas e ESPORTIVAS, repudiando qualquer espécie de violência;” (BRASIL, 1997, p.33).

Blocos de conteúdos

    “Os conteúdos estão organizados em três blocos, que deverão ser desenvolvidos ao longo de todo o ensino fundamental, embora no presente documento sejam especificados apenas os conteúdos dos dois primeiros ciclos. Essa organização tem a função de evidenciar quais são os objetos de ensino e aprendizagem que estão sendo priorizados, servindo como subsídio ao trabalho do professor, que deverá distribuir os conteúdos a serem trabalhados de maneira equilibrada e adequada. Assim, não se trata de uma estrutura estática ou inflexível, mas sim de uma forma de organizar o conjunto de conhecimentos abordado, segundo os diferentes enfoques que podem ser dados: ESPORTES, jogos, lutas e ginásticas; Atividades rítmicas e expressivas; Conhecimentos sobre o corpo” (BRASIL, 1997, p.35).

    “As habilidades motoras deverão ser aprendidas durante toda a escolaridade, do ponto de vista prático, e deverão sempre estar contextualizadas nos conteúdos dos outros blocos. Do ponto de vista teórico, podem ser observadas e apreciadas principalmente dentro dos ESPORTES, jogos, lutas e danças.” (BRASIL, 1997, p.36).

Esportes, jogos, lutas e ginásticas

    “As delimitações utilizadas no presente documento têm o intuito de tornar viável ao professor e à escola operacionalizar e sistematizar os conteúdos de forma mais abrangente, diversificada e articulada possível. Assim, consideram-se ESPORTE as práticas em que são adotadas regras de caráter oficial e competitivo, organizadas em federações regionais, nacionais e internacionais que regulamentam a atuação amadora e a profissional. Envolvem condições espaciais e de equipamentos sofisticados como campos, piscinas, bicicletas, pistas, ringues, ginásios, etc. A divulgação pela mídia favorece a sua apreciação por um diverso contingente de grupos sociais e culturais. Por exemplo, os Jogos Olímpicos, a Copa do Mundo de FUTEBOL ou determinadas lutas de boxe profissional são vistos e discutidos por um grande número de apreciadores e torcedores.” (BRASIL, 1997, p.37).

    “Uma prática pode ser vivida ou classificada em função do contexto em que ocorre e das intenções de seus praticantes. Por exemplo, o FUTEBOL pode ser praticado como um ESPORTE, de forma competitiva, considerando as regras oficiais que são estabelecidas internacionalmente (que incluem as dimensões do campo, o número de participantes, o diâmetro e peso da bola, entre outros aspectos), com platéia, técnicos e árbitros. Pode ser considerado um jogo, quando ocorre na praia, ao final da tarde, com times compostos na hora, sem árbitro, nem torcida, com fins puramente recreativos. Pode ser vivido também como uma luta, quando os times são compostos por meninos de ruas vizinhas e rivais, ou numa final de campeonato, por exemplo, entre times cuja rivalidade é histórica. Em muitos casos, esses aspectos podem estar presentes simultaneamente.” (BRASIL, 1997, p.37-38).

    “Os ESPORTES são sempre notícia nos meios de comunicação e dentro da escola; portanto, podem fazer parte do conteúdo, principalmente nos dois primeiros ciclos, se for abordado sob o enfoque da apreciação e da discussão de aspectos técnicos, táticos e estéticos. Nos ciclos posteriores, existem contextos mais específicos (como torneios e campeonatos) que possibilitam que os alunos vivenciem uma situação mais caracterizada como ESPORTE.” (BRASIL, 1997, p.38).

    “Incluem-se neste bloco as informações históricas das origens e características dos ESPORTES, jogos, lutas e ginásticas, valorização e apreciação dessas práticas. A gama de ESPORTES, jogos, lutas e ginásticas existentes no Brasil é imensa. Cada região, cada cidade, cada escola tem uma realidade e uma conjuntura que possibilitam a prática de uma parcela dessa gama. A lista a seguir contempla uma parcela de possibilidades e pode ser ampliada ou reduzida: * jogos pré-DESPORTIVOS: queimada, pique-bandeira, guerra das bolas, jogos pré-DESPORTIVOS do FUTEBOL (gol-a-gol, controle, chute-em-gol-rebatidadrible, bobinho, dois toques); * jogos populares: bocha, malha, taco, boliche; * brincadeiras: amarelinha, pular corda, elástico, bambolê, bolinha de gude, pião, pipas, lenço-atrás, corre-cutia, esconde-esconde, pega-pega, coelho-sai-da-toca, duro-ou-mole, agacha-agacha, mãe-da-rua, carrinhos de rolimã, cabo-de-guerra, etc.; * atletismo: corridas de velocidade, de resistência, com obstáculos, de revezamento; saltos em distância, em altura, triplo, com vara; arremessos de peso, de martelo, de dardo e de disco; * ESPORTES coletivos: FUTEBOL de campo, FUTSAL, BASQUETE, VÔLEI, VÔLEI de praia, HANDEBOL, FUTVÔLEI, etc.; * ESPORTES com bastões e raquetes: beisebol, tênis de mesa, tênis de campo, pingue-pongue; * ESPORTES sobre rodas: hóquei, hóquei in-line, ciclismo; * lutas: judô, capoeira, caratê; * ginásticas: de manutenção de saúde (aeróbica e musculação); de preparação e aperfeiçoamento para a dança; de preparação e aperfeiçoamento para os ESPORTES, jogos e lutas; olímpica e rítmica DESPORTIVA.” (BRASIL, 1997, p.38).

Segundo ciclo

Ensino e aprendizagem de Educação Física no segundo ciclo

    “No segundo ciclo é de se esperar que os alunos já tenham incorporado a rotina escolar, atuem com maior independência e dominem uma série de conhecimentos. No que se refere à Educação Física, já têm uma gama de conhecimentos comum a todos, podem compreender as regras dos jogos com mais clareza e têm mais autonomia para se organizar. Desse modo, podem aprofundar e também fazer uma abordagem mais complexa daquilo que sabem sobre os jogos, brincadeiras, ESPORTES, lutas, danças e ginásticas.” (BRASIL, 1997, p.51).

Objetivos de Educação Física para o segundo ciclo

    “Espera-se que ao final do segundo ciclo os alunos sejam capazes de: * participar de atividades corporais, reconhecendo e respeitando algumas de suas características físicas e de desempenho motor, bem como as de seus colegas, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais; * adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em situações lúdicas e ESPORTIVAS, buscando solucionar os conflitos de forma não-violenta;” (BRASIL, 1997, p.52).

Conteúdos de Educação Física para o segundo ciclo

    “As crianças geralmente estão muito motivadas pelos ESPORTES porque os conhecem por meio da mídia e pelo convívio com crianças mais velhas e adultos. Por isso, os jogos pré-DESPORTIVOS e os ESPORTES coletivos e individuais podem predominar nesse ciclo.” (BRASIL, 1997, p.53).

    “Ao longo do segundo ciclo serão abordados conteúdos nas dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais. Como no primeiro ciclo, os conteúdos estão integrados e não separados por blocos. Explicita-se a seguir a lista daqueles que continuam a ser abordados além dos que deverão começar a ser desenvolvidos nesse ciclo e poderão ser aprofundados e/ou tornarem-se mais complexos nos ciclos posteriores: * participação em atividades competitivas, respeitando as regras e não discriminando os colegas, suportando pequenas frustrações, evitando atitudes violentas; * observação e análise do desempenho dos colegas, de ESPORTISTAS, de crianças mais velhas ou mais novas; * expressão de opiniões pessoais quanto a atitudes e estratégias a serem utilizadas em situações de jogos, ESPORTES e lutas; * apreciação de ESPORTES e lutas considerando alguns aspectos técnicos, táticos e estéticos;” (BRASIL, 1997, p.53-54).

Orientações didáticas

Introdução

    “Dentro do universo de conhecimentos que a Educação Física procura abordar, quando a metodologia utilizada é a de ensino por condicionamento, o resultado é uma aprendizagem restrita e limitada. Isso ocorre basicamente por dois motivos: o movimento corporal não pode ser esvaziado ou fragmentado a ponto de perder seu significado pessoal, social e cultural, e o movimento corporal deve refletir uma intenção do sujeito e não depender exclusivamente de um estímulo externo. Por exemplo: ao sistematizar a aprendizagem do BASQUETE, a metodologia consistia em eleger os movimentos mais comuns, mais freqüentes nesse ESPORTE (chamados “fundamentos”) e treiná-los em separado, visando uma automatização, na equivocada esperança de que bastava ao aluno conhecer os “pedaços” do movimento presente nessa modalidade para poder praticá-la. Fazendo uma rudimentar analogia com a alfabetização, seria acreditar que decorar as letras e as sílabas fosse condição suficiente para se aprender a ler e a escrever. Na situação de jogo, os movimentos de arremessar, passar, receber e bater a bola acontecem num contexto dinâmico de deslocamentos, de coordenação de trajetórias da bola e dos jogadores, em que cada movimento precisa ser executado em função de uma situação específica que contém muitas variáveis. Quando fora desse contexto, a repetição pura e simples perde o sentido, torna-se enfadonha e cansativa e não necessariamente promove um aprimoramento do desempenho na situação de jogo.” (BRASIL, 1997, p.57).

    “A justificativa da presença da Educação Física no ensino tem sido vinculada à formação do homem integral, que ocorreria por meio do exercício físico e da disciplina do corpo. Entretanto, na prática, a amplitude das questões referentes às relações entre o corpo e a mente, dentro de um contexto sociocultural, não foram amplamente abordadas. Falava-se de “enobrecer o caráter”, mas não existiam conteúdos dentro das aulas que tratassem desse assunto. Pregava-se que o ESPORTE afastava o indivíduo das drogas, mas não se abordava esse assunto na sua dimensão afetiva, psicológica, política, econômica ou sociocultural. Separavam-se meninos e meninas para a prática ESPORTIVA ou ginástica, considerando apenas as diferenças de rendimento físico, sem questionar se não haveria situações em que a diferença entre os sexos pudesse ser enfocada de maneira proveitosa. Alardeava-se o mérito quase exclusivo dos ESPORTES na integração social, mas não se enxergavam os alunos que ficavam excluídos por não terem capacidades a priori, sendo que era função da própria área promover essas capacidades. Sabe-se, hoje, que exercitar ou disciplinar o corpo não resulta obrigatoriamente na formação completa do ser humano. Sabe-se, por exemplo, que o caráter pode ser corrompido pelas glórias do ESPORTE, favorecendo a atitude de obter a vitória a qualquer custo e até mesmo com o uso de drogas. Sabe-se, ainda, que a integração social pode transformar-se em desintegração, com guerras entre torcidas e brigas dentro de campos e quadras.” (BRASIL, 1997, p.58).

Competição & competência

    “Nas atividades competitivas as competências individuais se evidenciam e cabe ao professor organizá-las de modo a democratizar as oportunidades de aprendizagem. É muito comum acontecer, em jogos pré-DESPORTIVOS e nos ESPORTES, que as crianças mais hábeis monopolizem as situações de ataque, restando aos menos hábeis os papéis de defesa, de goleiro ou mesmo a exclusão. O professor deve intervir diretamente nessas situações, promovendo formas de rodízio desses papéis, criando regras nesse sentido. Por exemplo, a cada ponto num jogo de pique-bandeira, o grupo de crianças que ficou no ataque deve trocar de posição com o grupo que ficou na defesa, ou simplesmente observando a regra do rodízio do VOLEIBOL, que foi instituída exatamente com esse propósito. Cabe ainda ao professor localizar quais as competências corporais em que alguns alunos apresentem dificuldades e promover atividades em que possam avançar.” (BRASIL, 1997, p.60).

Problematização das regras

    “Os jogos, ESPORTES e brincadeiras são contextos favoráveis para a intervenção do professor nesse sentido, por várias razões. A primeira delas diz respeito ao próprio desenvolvimento dos conhecimentos relativos à cultura corporal. Mover-se dentro de limites espaciais, gestuais, de relação com objetos e com os outros constitui um problema a ser resolvido, ou seja, não é qualquer tipo de movimento que vale, mas um certo tipo que se ajuste àquelas delimitações que a regra impõe. Nos jogos pré-DESPORTIVOS e nas brincadeiras, nem sempre as regras prevêem regulamentação para todas as situações que surgem; nesses casos, é necessário discutir e legislar a respeito e essa prática deve ser incentivada pelo professor.” (BRASIL, 1997, p.61).

Uso do espaço

    “Sabe-se que na realidade das escolas brasileiras os espaços disponíveis para a prática e a aprendizagem de jogos, lutas, danças ESPORTES e ginásticas não apresentam a adequação e a qualidade necessárias. Alterar esse quadro implica uma conjugação de esforços de comunidade e poderes públicos.” (BRASIL, 1997, p.61).

Apreciação/crítica

    “Prestar atenção aos próprios colegas em ação também é uma situação interessante. O professor, em todas essas ocasiões, deve, juntamente com seus alunos, pontuar quais os aspectos que devem ser observados, para que depois se façam comentários, sistematizando o que pode ser aprendido e contribuindo com aqueles que foram assistidos. É possível que uma pessoa goste de praticar um ou outro ESPORTE, fazer uma ou outra atividade física; entretanto, apreciar é algo que todos podem fazer e amplia as possibilidades de lazer e diversão. A crítica está bastante vinculada à apreciação; entretanto, trata-se de uma avaliação mais voltada à questão da mídia.” (BRASIL, 1997, p.62).

    “Nesse sentido, o professor pode questionar a forma como os meios de comunicação apresentam padrões de beleza, saúde, estética, bem como aspectos éticos. Assim, pode, por exemplo, fazer leituras dos cadernos ESPORTIVOS e discutir termos como “inimigos”, “guerra”, “batalha de morte”, que são empregados para descrever jogos entre dois times ou seleções e quais as implicações dessa utilização. Pode também pesquisar os tipos físicos em evidência nas propagandas, novelas, etc., e sua relação com o consumo de produtos e serviços.” (BRASIL, 1997, p.63).

2.2.     Referências aos esportes específicos

Basquetebol

Automatismos e atenção

    “No ser humano, constata-se uma tendência para a automatização do controle na execução de movimentos, desde os mais básicos e simples até os mais sofisticados. Esse processo se constrói a partir da quantidade e da qualidade do exercício dos diversos esquemas motores e da atenção nessas execuções. Quanto mais uma criança tiver a oportunidade de saltar, girar ou dançar, mais esses movimentos tendem a ser realizados de forma automática. Menos atenção é necessária no controle de sua execução e essa demanda atencional pode dirigir-se para o aperfeiçoamento desses mesmos movimentos e no enfrentamento de outros desafios. Essa tendência para a automatização é favorável aos processos de aprendizagem das práticas da cultura corporal desde que compreendida como uma função dinâmica, mutável, como parte integrante e não como meta do processo de aprendizagem. Por exemplo, quanto mais automatizados estiverem os gestos de digitar um texto, mais o autor pode se concentrar no assunto que está escrevendo. No BASQUETEBOL, se o aluno já consegue bater a bola com alguma segurança, sem precisar olhá-la o tempo todo, pode olhar para os seus companheiros de jogo, situar-se melhor no espaço, planejar algumas ações e isso o torna um jogador melhor, mais eficiente, capaz de adaptar-se a uma variedade maior de situações.” (BRASIL, 1997, p.27-28).

Esportes, jogos, lutas e ginásticas

    “Incluem-se neste bloco as informações históricas das origens e características dos ESPORTES, jogos, lutas e ginásticas, valorização e apreciação dessas práticas. A gama de ESPORTES, jogos, lutas e ginásticas existentes no Brasil é imensa. Cada região, cada cidade, cada escola tem uma realidade e uma conjuntura que possibilitam a prática de uma parcela dessa gama. A lista a seguir contempla uma parcela de possibilidades e pode ser ampliada ou reduzida: (...) * ESPORTES coletivos: FUTEBOL de campo, FUTSAL, BASQUETE, VÔLEI, VÔLEI de praia, HANDEBOL, FUTVÔLEI, etc.;” (BRASIL, 1997, p.38).

Segundo ciclo

Ensino e aprendizagem de Educação Física no segundo ciclo

    “O grau de dificuldade e complexidade dos movimentos pode aumentar — um pouco mais específicos, com desafios que visem um desempenho mais próximo daquele requerido nas atividades corporais socialmente construídas. Por exemplo, correr quicando uma bola de BASQUETE, saltar e arremessar em suspensão, receber em deslocamento, chutar uma bola de distâncias mais longas, etc.” (BRASIL, 1997, p.51).

Orientações didáticas

Introdução

    “Dentro do universo de conhecimentos que a Educação Física procura abordar, quando a metodologia utilizada é a de ensino por condicionamento, o resultado é uma aprendizagem restrita e limitada. Isso ocorre basicamente por dois motivos: o movimento corporal não pode ser esvaziado ou fragmentado a ponto de perder seu significado pessoal, social e cultural, e o movimento corporal deve refletir uma intenção do sujeito e não depender exclusivamente de um estímulo externo. Por exemplo: ao sistematizar a aprendizagem do BASQUETE, a metodologia consistia em eleger os movimentos mais comuns, mais freqüentes nesse ESPORTE (chamados “fundamentos”) e treiná-los em separado, visando uma automatização, na equivocada esperança de que bastava ao aluno conhecer os “pedaços” do movimento presente nessa modalidade para poder praticá-la. Fazendo uma rudimentar analogia com a alfabetização, seria acreditar que decorar as letras e as sílabas fosse condição suficiente para se aprender a ler e a escrever. Na situação de jogo, os movimentos de arremessar, passar, receber e bater a bola acontecem num contexto dinâmico de deslocamentos, de coordenação de trajetórias da bola e dos jogadores, em que cada movimento precisa ser executado em função de uma situação específica que contém muitas variáveis. Quando fora desse contexto, a repetição pura e simples perde o sentido, torna-se enfadonha e cansativa e não necessariamente promove um aprimoramento do desempenho na situação de jogo.” (BRASIL, 1997, p.57).

Uso do espaço

    “Mesmo que não se tenha uma quadra convencional, é possível adaptar espaços para as aulas de Educação Física. As crianças fazem isso cotidianamente e é comum vê-las jogando gol-a-gol na porta de aço de uma garagem, ou usando um portão como rede para um jogo de VOLEIBOL adaptado. O professor pode utilizar um pátio, um jardim, um campinho, dentro ou próximo à escola, para realizar as atividades de Educação Física. Estender cordas entre árvores, para que as crianças se pendurem e se equilibrem, ou organizem VOLEIBOL em pequenos grupos, pendurar pneus e aros nas árvores para funcionarem como alvos em jogos de arremesso e BASQUETE em pequenos grupos, utilização de desníveis de terreno como parte dos circuitos com materiais diversos e obstáculos são sugestões de formas de utilização do espaço físico.” (BRASIL, 1997, p.61).

Futebol: Caracterização da área de Educação Física

Histórico

    “Na década de 70, a Educação Física ganhou, mais uma vez, funções importantes para a manutenção da ordem e do progresso. O governo militar investiu na Educação Física em função de diretrizes pautadas no nacionalismo, na integração nacional (entre os Estados) e na segurança nacional, tanto na formação de um exército composto por uma juventude forte e saudável como na tentativa de desmobilização das forças políticas oposicionistas. As atividades ESPORTIVAS também foram consideradas como fatores que poderiam colaborar na melhoria da força de trabalho para o “milagre econômico brasileiro”. Nesse período estreitaram-se os vínculos entre ESPORTE e nacionalismo. Um bom exemplo é o uso que se fez da campanha da seleção brasileira de FUTEBOL, na Copa do Mundo de 1970.” (BRASIL, 1997, p.21).

Aprender e ensinar educação física no ensino fundamental

    “Trata-se de compreender como o indivíduo utiliza suas habilidades e estilos pessoais dentro de linguagens e contextos sociais, pois um mesmo gesto adquire significados diferentes conforme a intenção de quem o realiza e a situação em que isso ocorre. Por exemplo, o chutar é diferente no FUTEBOL, na capoeira, na dança e na defesa pessoal, na medida em que é utilizado com intenções diferenciadas e em contextos específicos; é dentro deles que a habilidade de chutar deve ser apreendida e exercitada. É necessário que o indivíduo conheça a natureza e as características de cada situação de ação corporal, como são socialmente construídas e valorizadas, para que possa organizar e utilizar sua motricidade na expressão de sentimentos e emoções de forma adequada e significativa. Dentro de uma mesma linguagem corporal, um jogo DESPORTIVO, por exemplo, é necessário saber discernir o caráter mais competitivo ou recreativo de cada situação, conhecer o seu histórico, compreender minimamente regras e estratégias e saber adaptá-las. Por isso, é fundamental a participação em atividades de caráter recreativo, cooperativo, competitivo, entre outros, para aprender a diferenciá-las.” (BRASIL, 1997, p.27).

Portadores de deficiências físicas

    “Garantidas as condições de segurança, o professor pode fazer adaptações, criar situações de modo a possibilitar a participação dos alunos especiais. Uma criança na cadeira de rodas pode participar de uma corrida se for empurrada por outra e, mesmo que não desenvolva os músculos ou aumente a capacidade cardiovascular, estará sentindo as emoções de uma corrida. Num jogo de FUTEBOL, a criança que não deve fazer muito esforço físico pode ficar um tempo no gol, fazer papel de técnico, de árbitro ou mesmo torcer. A aula não precisa se estruturar em função desses alunos, mas o professor pode ser flexível, fazendo as adequações necessárias.” (BRASIL, 1997, p.31).

Esportes, jogos, lutas e ginásticas

    “Assim, consideram-se ESPORTE as práticas em que são adotadas regras de caráter oficial e competitivo, organizadas em federações regionais, nacionais e internacionais que regulamentam a atuação amadora e a profissional. Envolvem condições espaciais e de equipamentos sofisticados como campos, piscinas, bicicletas, pistas, ringues, ginásios, etc. A divulgação pela mídia favorece a sua apreciação por um diverso contingente de grupos sociais e culturais. Por exemplo, os Jogos Olímpicos, a Copa do Mundo de FUTEBOL ou determinadas lutas de boxe profissional são vistos e discutidos por um grande número de apreciadores e torcedores.” (BRASIL, 1997, p.37).

    “Uma prática pode ser vivida ou classificada em função do contexto em que ocorre e das intenções de seus praticantes. Por exemplo, o FUTEBOL pode ser praticado como um ESPORTE, de forma competitiva, considerando as regras oficiais que são estabelecidas internacionalmente (que incluem as dimensões do campo, o número de participantes, o diâmetro e peso da bola, entre outros aspectos), com platéia, técnicos e árbitros. Pode ser considerado um jogo, quando ocorre na praia, ao final da tarde, com times compostos na hora, sem árbitro, nem torcida, com fins puramente recreativos. Pode ser vivido também como uma luta, quando os times são compostos por meninos de ruas vizinhas e rivais, ou numa final de campeonato, por exemplo, entre times cuja rivalidade é histórica. Em muitos casos, esses aspectos podem estar presentes simultaneamente.” (BRASIL, 1997, p.38).

    “Incluem-se neste bloco as informações históricas das origens e características dos ESPORTES, jogos, lutas e ginásticas, valorização e apreciação dessas práticas. A gama de ESPORTES, jogos, lutas e ginásticas existentes no Brasil é imensa. Cada região, cada cidade, cada escola tem uma realidade e uma conjuntura que possibilitam a prática de uma parcela dessa gama. A lista a seguir contempla uma parcela de possibilidades e pode ser ampliada ou reduzida: * jogos pré-DESPORTIVOS: queimada, pique-bandeira, guerra das bolas, jogos pré-DESPORTIVOS do FUTEBOL (gol-a-gol, controle, chute-em-gol-rebatidadrible, bobinho, dois toques); (...) * ESPORTES coletivos: FUTEBOL de campo, FUTSAL, BASQUETE, VÔLEI, VÔLEI de praia, HANDEBOL, FUTVÔLEI, etc.;” (BRASIL, 1997, p.38).

Diferenças entre meninos e meninas

    “O raciocínio inverso também poderia ser feito, pois existem habilidades que as meninas acabam por aperfeiçoar em função de uma maior experiência; mas o fundamental é que existe um estilo diferenciado entre meninos e meninas, como também existe entre diferentes pessoas de praticar uma mesma atividade lúdica ou expressiva. São modos diferentes de ser e atuar que devem se completar e se enriquecer mutuamente, ao invés de entrar em conflitos pautados em estereótipos e preconceitos. As intervenções didáticas podem propiciar experiências de respeito às diferenças e de intercâmbio: dividir um grupo de primeiro ciclo em trios, cada um deles contendo pelo menos uma menina, e colocar para elas a tarefa de ensinar uma seqüência do jogo de elástico; ou ainda atribuir aos meninos o papel de técnicos num jogo de FUTEBOL disputado por times de meninas.” (BRASIL, 1997, p.59-60).

Apreciação/crítica

    “Assistir a jogos de FUTEBOL, olimpíadas, apresentações de dança, capoeira, entre outros, é uma prática muito corrente fora da escola; entretanto, dentro das aulas de Educação Física isso não acontece. Ao se apreciarem essas diferentes manifestações da cultura corporal, o aluno poderá não só aprender mais sobre corpo e movimento de uma determinada cultura, como também a valorizar essas manifestações.” (BRASIL, 1997, p.62).

Handebol: Esportes, jogos, lutas e ginásticas

    “Incluem-se neste bloco as informações históricas das origens e características dos ESPORTES, jogos, lutas e ginásticas, valorização e apreciação dessas práticas. A gama de ESPORTES, jogos, lutas e ginásticas existentes no Brasil é imensa. Cada região, cada cidade, cada escola tem uma realidade e uma conjuntura que possibilitam a prática de uma parcela dessa gama. A lista a seguir contempla uma parcela de possibilidades e pode ser ampliada ou reduzida: (...) * ESPORTES coletivos: FUTEBOL de campo, FUTSAL, BASQUETE, VÔLEI, VÔLEI de praia, HANDEBOL, FUTVÔLEI, etc.;” (BRASIL, 1997, p.38).

Voleibol: A educação física como cultura corporal

    “Independentemente de qual seja o conteúdo escolhido, os processos de ensino e aprendizagem devem considerar as características dos alunos em todas as suas dimensões (cognitiva, corporal, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal e inserção social). Sobre o jogo da amarelinha, o VOLEIBOL ou uma dança, o aluno deve aprender, para além das técnicas de execução, a discutir regras e estratégias, apreciá-los criticamente, analisá-los esteticamente, avaliá-los eticamente, ressignificá-los e recriá-los.” (BRASIL, 1997, p.24).

Esportes, jogos, lutas e ginásticas

    “A gama de ESPORTES, jogos, lutas e ginásticas existentes no Brasil é imensa. Cada região, cada cidade, cada escola tem uma realidade e uma conjuntura que possibilitam a prática de uma parcela dessa gama. A lista a seguir contempla uma parcela de possibilidades e pode ser ampliada ou reduzida: (...) * ESPORTES coletivos: FUTEBOL de campo, FUTSAL, BASQUETE, VÔLEI, VÔLEI de praia, HANDEBOL, FUTVÔLEI, etc.;” (BRASIL, 1997, p.38).

Orientações gerais

Organização social das atividades e atenção à diversidade

    “Deve-se, portanto, favorecer a troca de repertórios e os procedimentos de resolução de problemas de movimento, fazendo uso de variadas formas de organização das atividades. Por exemplo, ao se organizar uma aula em que o conteúdo gire em torno do VOLEIBOL, pode-se dividir a classe em três grupos, tendo como critério o grau de habilidade dos alunos. Um grupo com os mais hábeis, outro com os médios e outro com os menos hábeis. Essa organização permite ao professor visualizar em que ponto estão as habilidades de cada grupo e propor um desafio adequado para cada um. Além disso, aqueles que têm menos habilidade podem arriscar algumas tentativas sem se exporem frente ao grupo dos mais habilidosos. Numa aula posterior com a mesma classe, o professor pode dividir o grupo, usando os mais hábeis como “cabeças de chave”, distribuindo-os entre os três grandes grupos. Nessa situação, a natureza da aprendizagem estará vinculada à troca de informações e à cooperação, e na tentativa de se superar, enfrentando um grau maior de desafio, as crianças podem avançar nas suas conquistas.” (BRASIL, 1997, p.59).

Competição & competência

    “Nas atividades competitivas as competências individuais se evidenciam e cabe ao professor organizá-las de modo a democratizar as oportunidades de aprendizagem. É muito comum acontecer, em jogos pré-DESPORTIVOS e nos ESPORTES, que as crianças mais hábeis monopolizem as situações de ataque, restando aos menos hábeis os papéis de defesa, de goleiro ou mesmo a exclusão. O professor deve intervir diretamente nessas situações, promovendo formas de rodízio desses papéis, criando regras nesse sentido. Por exemplo, a cada ponto num jogo de pique-bandeira, o grupo de crianças que ficou no ataque deve trocar de posição com o grupo que ficou na defesa, ou simplesmente observando a regra do rodízio do VOLEIBOL, que foi instituída exatamente com esse propósito. Cabe ainda ao professor localizar quais as competências corporais em que alguns alunos apresentem dificuldades e promover atividades em que possam avançar.” (BRASIL, 1997, p.60).

Uso do espaço

    “Mesmo que não se tenha uma quadra convencional, é possível adaptar espaços para as aulas de Educação Física. As crianças fazem isso cotidianamente e é comum vê-las jogando gol-a-gol na porta de aço de uma garagem, ou usando um portão como rede para um jogo de VOLEIBOL adaptado. O professor pode utilizar um pátio, um jardim, um campinho, dentro ou próximo à escola, para realizar as atividades de Educação Física. Estender cordas entre árvores, para que as crianças se pendurem e se equilibrem, ou organizem VOLEIBOL em pequenos grupos, pendurar pneus e aros nas árvores para funcionarem como alvos em jogos de arremesso e BASQUETE em pequenos grupos, utilização de desníveis de terreno como parte dos circuitos com materiais diversos e obstáculos são sugestões de formas de utilização do espaço físico.” (BRASIL, 1997, p.61).

2.3.     Referências aos objetivos

Objetivos gerais do ensino fundamental

    “Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam como objetivos do ensino fundamental que os alunos sejam capazes de: * compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; * posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; * conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao País; * conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais; * perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente; * desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania; * conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva; * utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação; * saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos; * questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação.” (BRASIL, 1997, p.9).

Objetivos de Educação Física para o primeiro ciclo

    “Espera-se que ao final do primeiro ciclo os alunos sejam capazes de: * participar de diferentes atividades corporais, procurando adotar uma atitude cooperativa e solidária, sem discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais, físicas, sexuais ou culturais; * conhecer algumas de suas possibilidades e limitações corporais de forma a poder estabelecer algumas metas pessoais (qualitativas e quantitativas); * conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar de algumas das diferentes manifestações de cultura corporal presentes no cotidiano; * organizar autonomamente alguns jogos, brincadeiras ou outras atividades corporais simples.” (BRASIL, 1997, p.47).

Objetivos de Educação Física para o segundo ciclo

    “Espera-se que ao final do segundo ciclo os alunos sejam capazes de: * participar de atividades corporais, reconhecendo e respeitando algumas de suas características físicas e de desempenho motor, bem como as de seus colegas, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais; * adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em situações lúdicas e ESPORTIVAS, buscando solucionar os conflitos de forma não-violenta; * conhecer os limites e as possibilidades do próprio corpo de forma a poder controlar algumas de suas atividades corporais com autonomia e a valorizá-las como recurso para manutenção de sua própria saúde; * conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar de algumas das diferentes manifestações da cultura corporal, adotando uma postura não-preconceituosa ou discriminatória por razões sociais, sexuais ou culturais; * organizar jogos, brincadeiras ou outras atividades corporais, valorizando-as como recurso para usufruto do tempo disponível; * analisar alguns dos padrões de estética, beleza e saúde presentes no cotidiano, buscando compreender sua inserção no contexto em que são produzidos e criticando aqueles que incentivam o consumismo.” (BRASIL, 1997, p.52).

Referências

  • BETTI, M. Educação Física e sociedade: a educação física na escola brasileira. 2. ed. ampl. São Paulo: Editora Hucitec, 2009.

  • BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física – ensino de primeira à quarta série. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf. Acesso em: 27 dez. 2009.

  • BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para a educação infantil – volume 3: conhecimento de mundo. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf. Acesso em: 27 dez. 2009.

  • KUNZ, E. Educação Física: ensino & mudanças. 3. ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2004.

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